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4.2 Cálculo dos Indicadores Quantitativos

5.1.2 Grau de Sustentabilidade e Fator de Criticalidade

Com todas as notas atribuídas pode-se partir para o cálculo tanto do Fator de Criticalidade quanto do Grau de Sustentabilidade. Estes são ambos indicadores únicos que irão agregar tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos permitindo uma melhor tomada de decisão acerca das cadeias. Ambos foram definidos inicialmente por Araújo et al., (2015), porém só incluíam a dimensão ambiental em sua forma original, este estudo visava expandi-los para a dimensão social. Enquanto o Fator de Criticalidade (CF) visa medir o impacto de cada elo da cadeia a sustentabilidade, o Grau de Sustentabilidade (SD) visa medir diretamente a sustentabilidade. Em uma primeira análise, todos os pesos dos critérios qualitativos foram considerados iguais para se saber como os sistemas iriam se comportar. Os resultados se encontram na Figura 12 e na Tabela 57.

Figura 12 - Valores de CF e SD ao longo das cadeias.

A Tabela 57 mostra que a etapa mais crítica das cadeias é a fabricação do metanol. Ao comparar este resultado com aqueles obtidos por Araújo et al., (2015), percebe-se que o maior valor obtido pelo estudo anterior foi de 240 enquanto a deste estudo foi de 244. Assim, as escalas se mantiveram entre ambos os estudos mostrando uma boa aplicabilidade da metodologia proposta para mais de uma dimensão da sustentabilidade. Por ser o pior processo, a fabricação do metanol foi utilizada como o processo de referência para o cálculo de SD. O grau de sustentabilidade é uma medida relativa de sustentabilidade, ele mede o quão melhor é um processo do que a referência. Com isto em mente, o processo de referência e, portanto, o de pior performance sempre terá um SD de 1.

0.00E+00 1.00E+00 2.00E+00 3.00E+00 4.00E+00 5.00E+00 6.00E+00

0.00E+00 5.00E+01 1.00E+02 1.50E+02 2.00E+02 2.50E+02 3.00E+02

SDCF

CF SD

Tabela 57- Fator de Criticalidade (CF) e Grau de Sustentabilidade (SD) ao longo das cadeias produtivas.

Processos CF SD

Agricultura da Soja 1.72E+02 1.42E+00 Transporte da Soja 1.22E+02 2.01E+00 Moagem e Refino da Agricultura da Cana 1.82E+02 1.34E+00 Transporte da Cana 1.22E+02 2.01E+00 Produção do Etanol 1.71E+02 1.43E+00 Transporte do Etanol 1.82E+02 1.34E+00

Contrariamente, o melhor desempenho de todos fica a cargo da transesterificação metílica. Este processo possui o menor CF e o maior SD. Isto demonstra uma característica interessante da cadeia metílica, a mesma possui o melhor (transesterificação metílica) e o pior processo (fabricação do metanol). Ao comparar as etapas agrícolas percebe-se que apesar dos problemas apontados durante as discussões dos indicadores quantitativos e qualitativos, a agricultura da soja apresentou um CF menor do que a agricultura da cana. Esta característica ocorre devido aos bons salários, baixa disparidade e alto número de empregos gerados pela soja quando comparados com a cana. Percebe-se que esta diferenciação se dá devido a uma melhor performance social, indicando que os impactos sociais podem ultrapassar os ambientais. A agricultura da cana e a produção do etanol se caracterizam por terem CF’s intermediários e assim é de se imaginar que a adição de diversas novas etapas com performance não ótimas geram uma cadeia menos atrativa.

As etapas de transporte a longas distâncias, nominalmente o transporte de metanol, biodiesel e etanol também se demonstraram como tendo performances muito ruins. O transporte, apesar de necessário é sempre muito impactante em qualquer análise de cunho

sustentável. Este tipo de elo não gera produto, não agrega valo ao produto, gera empregos com baixos salários além de consumirem muito combustível gerando emissões. Quanto maior for o transporte a ser feito pior é a performance e quanto mais etapas de transporte se fazem necessárias pior é uma cadeia. Assim, ao propor cadeias substitutas deve-se sempre procurar opções com um menor número de etapas gerais e etapas de transporte.

Os CF’s individuais de cada processo nos permitem montar um CFtotal representativo da cadeia do etanol e um para a cadeia do metanol. Como as cadeias operam em regime de substituição, ou seja, ou teremos a fabricação e transporte do metanol ou teremos a produção de etanol/agricultura da cana o CFtotal de cada cadeia é expresso como a soma do CF de todas as etapas que a compõem. Assim, para uma cadeia produtiva com um maior número de etapas ser mais sustentável, os processos substitutos devem ser bem menos impactantes do que o processo a ser substituído. A Figura 13 demonstra os CF’s agregados, os SD’s não serão representados pois por serem o inverso do CF ambos sempre indicam o mesmo resultado.

Figura 13 - CF's agregados para as cadeias do metanol e etanol.

O principal resultado da Figura 13, consiste no fato de que apesar de ter o pior processo de todos, a cadeia de biodiesel metílico se configura como mais sustentável do que a cadeia de biodiesel etílico. Portanto, a troca dos álcoois não se justifica, pois, a substituição não apresenta benefícios no que diz respeito a sustentabilidade. Como a cadeia etílica é mais intensa em etapas, sua escolha só seria justificada se a adição dos novos processos pouco afetasse a sustentabilidade geral da cadeia. Porém, como visto, a cadeia etílica adiciona duas etapas de transporte sendo que o transporte de etanol possui uma péssima performance geral. Já a

0.00E+00 2.00E+02 4.00E+02 6.00E+02 8.00E+02 1.00E+03 1.20E+03 1.40E+03 1.60E+03

CF de Biodiesel Metílico CF de Biodiesel Etílico

CF

agricultura da cana possui diversos problemas, principalmente de cunho social, que a tornam pior do que a agricultura de soja. Assim as melhorias ambientais que possivelmente motivariam uma troca do metanol pelo etanol não aparentam ocorrer. Por fim, observa-se também que pequenos ganhos em certos aspectos da dimensão ambiental, sob a forma de redução nas emissões de CO2, não justificam piores performances tanto econômicas quanto sociais.

A substituição do metanol envolve substituir dois processos com performances ruins, a fabricação e o transporte do metanol, por quatro processos a agricultura e transporte da cana e a produção e transporte do etanol. Para a substituição se justificar o impacto de agregar as quatro novas etapas deve ser inferior ao impacto das duas etapas do metanol. Ao calcular os CF’s desta substituição, a fabricação/transporte do metanol tem um impacto de 476 enquanto as quatro etapas do etanol possuem um CF de 656.

Os resultados também demonstram que apesar das transesterificações serem reações relativamente sustentáveis e pouco agressivas, a obtenção de seus insumos não são sustentáveis.

Este é um dos fatores críticos em análises de cadeia, pois apesar de certas tecnologias terem performances boas e potencial de melhorar aspectos ambientais/sociais/econômicos, as cadeias produtivas agregadas, de obtenção de insumos ou energia, podem tornar esta tecnologia menos atrativa.