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4.1 Compilação das Matrizes de Inventário

4.1.2 Inventário da Moagem e Refino da Soja

A moagem e refino da soja é a etapa da cadeia produtiva onde os grãos de soja, oriundos da agricultura, são processados para produção de óleo de soja. Para obter o óleo os grãos devem ser descascados, limpos, cozidos, moídos entre diversas outras etapas até se chegar ao óleo refinado e o farelo de soja. Simplificando o inventário, todas estas etapas foram agregadas em um único item, a saber, a moagem e refino da soja. Por fazer parte da cadeia da soja, esta etapa tem características semelhantes a etapa a jusante, porém se distingue por ser mais industrializada do que obtenção dos grãos.

Figura 10 - Óleo de Soja destinado ao biodiesel. Fonte: elaborado a partir de ABIOVE, 2017;

A Figura 10 mostra que o óleo de soja sempre foi de uso majoritário como matéria prima para fabricação de biodiesel desde 2008. Em 2010 houve o maior uso percentual do óleo de soja em 82%, ou seja, 82% de todo o biodiesel produzido no país agregava a cadeia da soja em sua produção. Atualmente, apesar de utilizar-se aproximadamente 78% de biodiesel de soja tem-se que o volume está em seu maior valor histórico, em torno de 3 milhões de m3. Com isto,

ABIOVE (2017) aponta que uma parcela significativa do óleo de soja está sendo produzida já destinada à produção de biodiesel.

É importante ressaltar que as previsões para o futuro ainda são de aumento de demanda desse óleo para a produção do biocombustível. Isso se dá em razão da lei promulgada que rege um aumento gradual da adição de biodiesel na mistura com o diesel até 2019 (ANP, 2016a), e do fato da grande porcentagem do biodiesel advindo do óleo da soja, como demonstra a Figura 11.

Como fontes de dados, têm-se Castanheira et al. (2015) para o inventário material, Capaz (2009) para o inventário energético e Alejos (2013) para dados relativos ao consumo de água. Vale ressaltar que as fontes utilizadas alertam que a etapa de moagem e refino de soja não produz emissões diretamente, as emissões comumente associadas ao processo derivam da obtenção da energia necessárias ou em subsistemas de produção de insumos como o hexano.

Como estes elos da cadeia não fazem parte da fronteira definida neste trabalho o processo não produzirá emissões marcantes. As Tabelas 13 e 14 apresentam os inventários material e energético.

Tabela 13- Inventário material da moagem e refino de soja.

Material Unidade Moagem e Refino Insumos

Hexano kg/MJBiodiesel 1.47E-04 Metano kg/MJBiodiesel 1.48E-04 Grãos de Soja kg/MJBiodiesel 1.34E-01 Óleo Cru kg/MJBiodiesel 2.58E-04 Água kg/MJBiodiesel 4.04E-01 Produtos

Óleo de Soja kg/MJBiodiesel 1.09E-01 Farelo de Soja kg/MJBiodiesel 2.61E-02

Tabela 14-Inventário energético da moagem e refino do óleo de Soja.

Energia Unidade Moagem e Refino

Insumos

Energia Total MJ/MJBiodiesel 1.82E-01 Produtos Químicos (Excluindo Fertilizantes) MJ/MJBiodiesel 6.31E-03 Combustíveis MJ/MJBiodiesel 1.58E-02 Eletricidade MJ/MJBiodiesel 1.79E-02

O consumo material de água na extração e refino do óleo de soja supera a água utilizada na agricultura. Esta característica é observada em quase todas as etapas industriais, ou seja, as etapas agrícolas consomem menos água do que as etapas industriais. Ao se considerarem os gastos de água para irrigação esta característica pode parecer errônea, porém deve-se levar em consideração que a água gasta em processos industriais não é somente água como reagente, mas também água de resfriamento e utilizada na geração de vapor.

No inventário social, o CNAE correspondente a etapa de moagem e refino da soja é 1041-4/00. Este CNAE corresponde ao total de óleos vegetais, necessitando de adaptação antes de seu uso. A Figura 11 demonstra a produção brasileira de óleos vegetais, onde a fatia relativa a outros óleos consiste na união de diversos óleos de pequeno impacto no cenário macroeconômico do Brasil como amendoim, arroz, girassol, canola entre diversos outros. Desta forma o óleo de soja equivale a aproximadamente 88 % do total de óleos.

Figura 11 - Produção de óleos vegetais no Brasil. Fonte: Adaptado de CONAB, 2017 e ABIOVE, 2017.

Assim a proporção de 88% foi aplicada para se obter a fração relativa ao óleo de soja.

Com o total de óleo de soja produzido, ajusta-se os dados de agricultura da soja. Mostrado na Equação 23.

Soja88%

Palma 5%

Algodão 4%

Outros 3%

𝐺𝐺𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀 𝐻𝐻𝑀𝑀𝑐𝑐𝑀𝑀𝑀𝑀𝑆𝑆 𝑀𝑀𝑎𝑎𝐶𝐶𝐻𝐻𝐼𝐼𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀= 𝑁𝑁º 𝑎𝑎𝑀𝑀 𝑀𝑀𝐸𝐸𝐸𝐸𝑀𝑀𝑀𝑀𝑘𝑘𝑀𝑀𝐻𝐻 𝑘𝑘𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀𝐻𝐻 𝐼𝐼𝑀𝑀𝐼𝐼𝑀𝑀𝑀𝑀𝐻𝐻

𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝐶𝐶çã𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑀𝑀𝐼𝐼𝑀𝑀𝑆𝑆 𝑎𝑎𝑀𝑀 Ó𝑆𝑆𝑀𝑀𝑀𝑀 𝐻𝐻𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀 (𝑘𝑘𝑘𝑘)Ó𝑆𝑆𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑎𝑎𝑀𝑀 𝐻𝐻𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀 𝑎𝑎𝑀𝑀𝐻𝐻𝐼𝐼𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀 𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑇𝑇𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀𝑀𝑀𝐻𝐻𝑀𝑀𝑆𝑆(𝑘𝑘𝑘𝑘)

𝑃𝑃𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝐶𝐶çã𝑀𝑀 𝐼𝐼𝑀𝑀𝐼𝐼𝑀𝑀𝑆𝑆 𝑎𝑎𝑀𝑀 𝑇𝑇𝑀𝑀𝑀𝑀𝑎𝑎𝑀𝑀𝑀𝑀𝐻𝐻𝑀𝑀𝑆𝑆 (𝑘𝑘𝑘𝑘) 2.56 x 102 kg 𝑀𝑀𝑀𝑀

Equação 23

A Tabela 15 demonstra os dados necessários para os cálculos de ajustes do óleo de soja.

Tabela 15- Parâmetros para ajuste de unidade dos dados sociais do óleo de soja.

Dado Valor (kg) Fonte

Óleo para 1 kg de biodiesel 1.0195 Sangaletti-Gerhard et al. (2014) Biodiesel total em 2013 2,567,389,440.00 (ABIOVE, 2017 aproximado) Óleo de Soja total 2013 74,430,004,000.00 (ABIOVE, 2017 aproximado) Óleo de Soja para biodiesel 2013 1,909,403,725.00 (ABIOVE, 2017 aproximado)

O inventário social consolidado para esta etapa encontra-se na Tabela 16.

Tabela 16-Inventário Social da Moagem e refino do óleo de Soja.

Social Unidade Moagem e Refino

Salário Médio R$/MJBiodiesel 1.86E-08

Média Menores Salários Pagos R$/MJBiodiesel 1.60E-08 Média Maiores Salários Pagos R$/MJBiodiesel 2.01E-07

Menor Salário Pago R$/MJBiodiesel 2.44E-09

Maior Salário Pago R$/MJBiodiesel 9.99E-07

Número de Empregos Número de

Empregos/MJBiodiesel 6.13E-06 Casos de Trabalho Forçado Número de Casos/MJBiodiesel 0.00E+00 Número de Acidentes Número de Acidentes/MJBiodiesel 8.46E-10 Número de Óbitos Número de Óbitos/MJBiodiesel 3.92E-12

Idade Média do Trabalhador Anos 3.50E+01

O inventário do óleo de soja está associado a etapa industrial resultando em número de casos de trabalho forçado nulo, conforme a premissa estabelecida. Por outro lado, o número de óbitos registrados devido ao trabalho é uma ordem de grandeza maior do que o respectivo valor para a agricultura da soja. Observa-se também que o tratamento dos grãos de soja necessita de um solvente inorgânico, o hexano, e consome combustíveis fósseis como fontes de energia. Por

fim, uma grande vantagem do uso da soja, quando comparado com alguns dos outros óleos, é que o subproduto do seu processo de refino gera um subproduto com valor de mercado definido que é o farelo de soja. Neste estudo todos os inventários foram totalmente direcionados ao biodiesel, ou seja, não foi feita uma alocação para coprodutos como o farelo. Esta consideração foi feita pois como demonstra Frischknecht (2000), alocações não são realizadas para se obter uma “verdade” ambiental/econômica/social e acabam gerando tendências dentro do estudo. Ao não alocar, ou seja, atribuir todas as emissões para o biodiesel temos uma visão completa das emissões causadas. Como o biodiesel é o objetivo final de toda a cadeia, as emissões ocorrem devido a sua produção e não devido aos subprodutos (Schaltegger, 1996).