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3 CIDADES REBELDES: “A CIDADE É NOSSA OCUPE-A”

3.6 GUERRA JURÍDICA: NA LEI OU NA MARRA?

3.6 Guerra jurídica: “na lei ou na marra

Talvez seja a palavra “guerra” que melhor designe o ambiente e o clima que se instalam na cidade em torno da proposta de implantação do Projeto Novo Recife.

Declarada ou não declarada, o fato é que a natureza desta guerra assume inúmeras facetas, por vezes abertamente violentas, noutras ocasiões economicamente restritivas e, em tantos outros momentos, socialmente repressivas.

Entre acusações e defesas, reivindicações e expectativas, tensões e negociações, é inegável, no horizonte de aprofundamento da cidadania e de disputa pelo espaço urbano, que os movimentos sociais urbanos, instituem, em sua ação contestatória, uma nova práxis jurídico-política que revela, por sua vez, diferentes problemas no campo da interpretação e aplicação do direito.

Por traz da legitimação e execução do empreendimento, há uma ordem e razão jurídica em disputa. Seus conteúdos e argumentos, no entanto, não estão destituídos de agência e de interesses. Muito pelo contrário, processam-se, em sua caracterização, sob o efeito de discursos e conflitos amealhados por denúncias no tocante à violência, à criminalização ou, ainda, à deslegitimação de militantes, movimentos sociais e, em última instância, de suas pautas políticas.

Não são poucas as ocasiões em que princípios técnico-jurídicos são acionados e problematizados, decisões tomadas e revogadas, audiências públicas convocadas e canceladas, terreno ocupado e reintegrado, tornando, desse modo, a disputa, além de social e simbólica, material e econômica, fundamentalmente jurídica e legal.

De um lado, o Consórcio Novo Recife, afirmando ter adquirido o terreno em um leilão aberto e sem irregularidades, alegando, ainda, ter sido o PNR aprovado por unanimidade pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano - CDU, da Prefeitura do Recife e, por fim, ter sido a iniciativa amplamente debatida com a sociedade por meio de audiências públicas na Assembleia Legislativa e Câmara Municipal.

Na outra direção, inicialmente, o DU e, em seguida, o MOE, somando-se a diversos outros atores, entidades e coletivos, questionando uma infinidade de aspectos necessários e não atendidos pelo PNV, além de outras irregularidades, como é possível acompanhar numa Carta do Direitos Urbanos enviada à Câmara Municipal sobre o Plano Urbanístico para o Estelita:

1. Ausência de estudos preliminares obrigatórios, como um estudo aprofundado da mobilidade na área, incluindo a análise dos impactos no sistema de transporte público da região; um levantamento detalhado sobre o patrimônio histórico existente na área; um estudo sobre os efeitos dos empreendimentos previstos sobre o preço do solo e o risco de expulsão da população de baixa renda, dentre outros. Este projeto de lei autoriza um adensamento na ordem de mais de 600 mil m² e a provável atração de mais de dez mil automóveis para área sem ter havido qualquer cuidado com um diagnóstico detalhado da capacidade da infraestrutura urbana suportar esse adensamento e sem um estudo dos efeitos desse adensamento sobre o Centro da Cidade.

2. O projeto de lei não levou em consideração precauções quanto ao patrimônio histórico‑cultural já reconhecido na área e uma das principais motivações para as manifestações que aconteceram. Não houve escuta do IPHAN, que recentemente inscreveu a área operacional do Pátio Ferroviário no registro da Memória Ferroviária Brasileira. Não se levou em consideração a candidatura do Forte das Cinco Pontas a Patrimônio da Humanidade e o impacto que empreendimentos na área poderiam ter sobre ela. Não houve o reconhecimento do significado cultural inequívoco das edificações remanescentes na área do Cais, significado que se tornou ainda mais forte e arraigado na memória da cidade depois dos #OcupeEstelitas e da ocupação do interior do Cais, chegando a juntar mais de dez mil pessoas num dia festivo.

3. O projeto de lei passou por cima do Plano Diretor, permitindo na área do Estelita uma área construída quase três vezes maior do que a do Plano Diretor e reduzindo a taxa de solo natural de 50% para 10%. Pior do que isso: o Plano se choca com as diretrizes que decorrem da definição daquela área como uma Zona de Ambiente Natural e também com os objetivos previstos pelo Plano Diretor para esse tipo de plano específico, que incluem “promover a inclusão sócioespacial” (art. 194, II) e “reabilitar e conservar o patrimônio histórico da cidade” (art. 194, IV). Todo esse desacordo com a lei que a Constituição Federal prevê como o instrumento básico da política urbana (art.182, §1º) torna inconstitucional o projeto de lei apresentado.

4. O artigo 22 do projeto de lei em questão, ao permitir a construção de empreendimentos aprovados antes desta lei conforme os parâmetros da lei vigente à época, concede ilegitimamente ao empreendedor um direito adquirido de construir não reconhecido no ordenamento jurídico nacional, conforme reiterado pronunciamento do STF. Mas, de forma mais grave, dá ao empreendedor a capacidade de implodir unilateralmente um longo processo de participação e de planejamento da cidade, tornando o presente projeto de lei um pedaço de papel sem valor.

5. O processo de discussão no Conselho da Cidade foi feito de forma irregular, descumprindo diversas previsões regimentais, como a necessidade de discussão do plano e das contribuições da audiência pública em uma Câmara Técnica, ocasião na qual as propostas da sociedade poderiam ser de fato incorporadas ao plano. Mas isso não aconteceu e o plano foi aprovado às pressas, da forma como a Prefeitura e o mercado imobiliário queriam, tratando a participação popular na gestão urbana, que deve se fazer presente desde o momento de diagnóstico e elaboração do plano, apenas como uma formalidade incômoda.222

O fato é que a intersecção entre esses dois polos, multiplicados em tantos outros, faz surgir, a partir da disputa do “terreno” do Cais José Estelita, um fenômeno jurídico constituído por “intrincados arranjos de propriedade, os quais são estabelecidos por meio de uma interlegalidade de normas tanto estatais quanto não estatais” (KONZEN, 2010, p. 227)223, revelando, por consequência, uma nova tensão existente em torno do paradigma sociojurídico.

Para além, permite, problematizar a ideia de que o Estado não constitui a fonte única e exclusiva de todo o direito (WOLKMER, 2001, p. 183)224 e que, portanto, exige o reconhecimento de que “[...] tanto no mundo atual quanto historicamente o direito manifesta- se em uma variedade de formas e em uma variedade de níveis”. (HOOKER, 1975, p. 1)225.

Tal ambiente, traz-me para uma experiência e uma realidade que implica, sobremaneira, reconhecer a coexistência de diferentes corpos de normas jurídicas no mesmo espaço social (MENSKI, 2006, p. 83), mais ainda, do rico fluxo existente nas interações

222Carta do Direitos Urbanos à Câmara Municipal sobre o Plano Urbanístico para o Estelita (PLE nº 08/2015). Disponível em: https://direitosurbanos.wordpress.com/2015/04/11/carta-do-direitos-urbanos-a-camara- municipal-sobre-o-ple-no-082015/. Acesso em: 10 de abril de 2015.

223

KONZEN, Lucas Pizzolatto. A Teoria do Pluralismo Jurídico e os Espaços Públicos Urbanos. In: Sequência, n. 61, p. 227-250, dez. 2010.

224

WOLKMER, Antônio Carlos. Pluralismo jurídico: fundamentos de uma nova cultura no direito. 3. ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 2001.

225

HOOKER, M. B. Legal pluralism: an introduction to colonial and neocolonial laws. Oxford: Clarendon Press, 1975.

realizadas entre as formas “oficiais e informais”, “não-oficiais e formais” e “não-oficiais e informais” de normatividade social (FRIEDMAN, 2005, p. 4).

Representa, portanto, uma conjuntura, como nos lembra Lucas Pizzolatto Konzen (2010) que, ao problematizar a juridicidade, exige contemplar suas múltiplas manifestações de modo integrado, já que as distintas ordens jurídicas superpõem-se, interpenetram-se, contradizem-se e misturam-se no pensamento e nas ações cotidianas. (KONZEN, 2010, p. 228).

O que tenho acompanhado, especialmente desde 2012, no caso da proposta de construção do empreendimento imobiliário “Novo Recife”, é que a vida jurídica tem sido, além de ativa, uma plataforma em que as diferentes ordens, inclusive jurídicas, estão em concorrência:

Em primeiro lugar, tem o papel tático. A gente tinha clareza até quando desenhava as estratégias. [...] existe uma crítica à ideia de que o Sistema Jurídico é um sistema já desenhado para ter a estrutura de poder e privilégios e isso fica claro em vários episódios. Não deixa de ser uma luta hegemônica e uma hegemonia muito mais difícil de disputar; não deixa de ser uma luta de discurso, então, eu acho que não pode ser abandonado. [...] tem uma luta de efetivação de direito à cidade que continua a luta que chegou na positivação do direito lá traz, que chegou ao direito à moradia, nos anos 80. Essa luta precisa ser continuada. (Leonardo Cisneiros, em entrevista.). No entanto, mais do que problemas abstratos, verifico a emergência de problemas concretos relativos à compreensão de um tema do cotidiano das cidades: a regulação jurídica dos espaços públicos urbanos, ou seja, uma “dimensão jurídica da produção dos espaços públicos urbanos” (KONZEN, 2010, p. 228).

Entre as reivindicações e expectativas, na tentativa de aprofundar a possibilidade de cidadania, os movimentos sociais urbanos vêm cercando-se, cada vez mais, da via jurídico- procedimental do aparelho de justiça, no processo de interpretação e aplicação do direito na esfera judicial, como é possível acompanhar no depoimento da advogada Liana Cirne, sobre as conquistas, no contexto da “ocupação”, após a violenta reintegração de posse, em julho de 2014:

Ao contrário do que muita gente fala, nós já temos em três anos de existência, então vou dizer rapidamente nesses últimos três anos o que já conquistamos: nós conseguimos impedir a construção dos viadutos na Agamenon que ia ser um caos para a cidade; nós conseguimos preservar o

Clube Líbano; Nós estamos lutando pela preservação da memória do Caiçara; Nós conseguimos fazer um pedido de tombamento da Fábrica da Torre; Nós fizemos uma representação junto ao Ministério Público que motivou a formulação do Plano Urbanístico para a Zona de Preservação do Patrimônio Histórico da Boa Vista; Nós derrubamos os camarotes VIPs do Governo no Marco Zero e Torre Malakoff; Nós propusemos a ação popular que impediu que o Projeto Novo Recife fosse aprovado lá no CDU em 2012 e nos dessem a oportunidade para nós estarmos aqui hoje; nós conseguimos instaurar uma negociação sobre o projeto que foi dado como definitivo e que não havia a menor chance de ser modificado, que o que nós estávamos fazendo era “mimimi” que era pra gente se conformar, que não havia a menor possibilidade de rever o Projeto Novo Recife, e nós conseguimos instaurar uma negociação para revisar esse projeto; Nós conseguimos colocar, em um mês de ocupação do Cais José Estelita, mais de vinte mil pessoas, felizes, fruindo arte, vivendo a cidade; Hoje o Cais do qual fomos expulsos, parece “Auschwitz”, que é uma metáfora para o Projeto Novo Recife, que é tirar vida e transformar num campo de concentração, quando a gente passa aqui e ver aquelas cercas todas e a violência simbólica que muito bem representa o Projeto Novo Recife; Nós “apaiamos” com cassetete, com bala de borracha, nós levamos chicotada, nós levamos bomba de gás lacrimogênio, nós levamos spray de pimenta, e nós resistimos. 226

Evidente que representa, considerando a especialização e restrição dos códigos, um movimento difícil e demorado, especialmente quando sopesamos o processo de instrumentalização das leis e do sistema judicial. A meu ver, nesse âmbito das lutas por democracia e mudanças, a construção de alianças estratégicas dentro do aparelho oficial de justiça tem apontado para alternativas. Um dos destaques, nesse caso, é a articulação realizada com o Ministério Público Federal – MPF e Ministério Público de Pernambuco – MPE:

NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

1. O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, ingressou com Ação Civil Pública questionando a legalidade dos procedimentos administrativos que licenciaram as obras do Projeto Novo Recife, sendo que a presente Ação encontra-se pendente de julgamento pelas instâncias superiores do Poder Judiciário. 2. Foi proposto Interdito Proibitório pelo Consórcio Novo Recife, solicitando a imediata retirada dos manifestantes do Cais José Estelita, sendo deferida liminar monocrática, no âmbito do TJPE, pelo Relator Substituto. Esta decisão foi objeto de Agravo manejado pelo MPPE ainda pendente de julgamento pela Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, com

226

Fala de Liana Cirne no evento “Som da Rural”, realizado na Praça Abelardo Rijo, Cais José Estelita, no dia 05 de julho de 2014.

julgamento previsto para 18/06/2014. 3. Considere-se, ainda, a tramitação de Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal onde diversas irregularidades são apontadas no licenciamento do Projeto Novo Recife, ainda pendente de julgamento pelas instâncias superiores da Justiça Federal, com decisão liminar proibindo a demolição e construção pelo Consórcio Grande Recife no local.

4. No mesmo diapasão ainda permanece pendente de julgamento Ação Popular movida por segmentos representativos da sociedade civil, a depender de julgamento pelo Poder Judiciário.

5. Após a realização de várias audiências no MPPE, e o ingresso da Prefeitura do Recife nas tratativas, foi formalizado em 16 de junho de 2014 uma proposta de procedimentos para redesenho, mediante acordo, do Projeto Novo Recife pelo Consórcio e Prefeitura, garantida a ampla participação popular e a estrita observância dos trâmites legais, no prazo de 30 dias, conforme previsão do art. 2º, II, da Lei 10.257/2001.

6. Em audiência realizada no Ministério Público Estadual, na data de 23 de maio de 2014, presentes a Polícia Militar de Pernambuco, Prefeitura do Recife, representantes do Projeto Novo Recife, Movimento Direitos Urbanos e sociedade civil, foi acordado que enquanto perdurassem as negociações entre as partes não haveria ação policial para eventual desocupação do local, sem a prévia comunicação ao Ministério Público de Pernambuco. Garantindo assim, como determina os instrumentos internacionais e nacionais de garantias de direitos que o uso de força pelo Estado seja implementado de forma moderada após esgotado todos os recursos de mediação e solução pacífica de conflitos, “Código de Conduta das Nações Unidas para os Responsáveis pela Aplicação das Leis” (1978), bem como os “Princípios Básicos das Nações Unidas sobre a utilização da Força e de Arma de Fogo pelos Responsáveis pela Aplicação da Lei” (1990).

7. Sendo assim, apesar do compromisso do Consórcio Grande Recife e da Polícia Militar de Pernambuco, foi noticiado que, na madrugada deste 17 de junho de 2014, sem o conhecimento do Ministério Público do Estado de Pernambuco, ocorreu a desocupação violenta do local, mediante a utilização de força policial, desconsiderando o diálogo entre as diversas partes, com a perspectiva iminente de celebração de um acordo para desocupação e redesenho do Projeto Novo Recife, evitando danos aos cidadãos, as instituições, a liberdade de expressão e ao Estado democrático de Direito. 8. O MPPE está atento as violações de direito eventualmente ocorridas e adotará as providencias legais dentro de sua competência institucional de defesa da liberdade de expressão, da ordem jurídica e do Estado democrático de Direito.227

227 Nota pública do MPPE publicada em 17 de junho de 2014, assinada pelos Promotores de Justiça Recife, RICARDO V. D. L. DE VASCONCELLOS COELHO, MAXWELL ANDERSON DE LUCENA VIGNOLI E MARCO AURÉLIO FARIAS DA SILVA. Documento publicado no Facebook do Direitos Urbanos. Disponível em:https://www.facebook.com/DireitosUrbanos/photos/a.475452062496389.100475.361724513869145/742521 339122792/?type=3&theater. Acesso em: 5 de outubro de 2016.

Formais ou não, as reivindicações, sobre o que consideram como direitos, apresentadas pelos movimentos sociais urbanos, encontraram guarida no Ministério Público, entidade sintonizada com a justiça social, com a garantia da participação democrática e, sobretudo, da defesa da sociedade.

Por outro lado, a judicialização dos conflitos exigiu uma atuação mais energética no sentido da defesa da ordem jurídica, exercida de várias formas, destacando-se as Audiências Públicas, Ações Civis Públicas, os Procedimentos Administrativos Preliminares, os Procedimentos Investigatórios Criminais, os Termos de Ajustamento de Conduta, etc. Nesse contexto, chamou-me atenção os pareceres emitidos e os esclarecimentos gerados, a exemplo do documento publicado, em 29 de dezembro de 2012, pela, à época, Promotora de Justiça do Meio Ambiente e do Patrimônio Histórico-Cultural do Recife, Belize Câmara Correia:

Trata-se de empreendimento que prevê a construção de 13 (treze) torres de até 40 (quarenta) pavimentos no Cais José Estelita, por parte do Consórcio Novo Recife (formado pela Moura Dubeux, Queiroz Galvão, G.L. Empreendimentos e Ara Empreendimentos).

O Projeto em questão foi objeto de três reuniões no Conselho de Desenvolvimento Urbano da Cidade do Recife (CDU), realizadas nos dias 30/11/12, 21/12/12 e 28/12/12, tendo sido aprovado na reunião ocorrida nesta última data, cuja validade está sendo discutida em juízo.

No dia 19 de dezembro de 2012, o Ministério Público ingressou com Ação Civil Pública em face do Município do Recife, demonstrando, através de documentos disponíveis a qualquer interessado, que o Projeto Novo Recife contém diversas ilegalidades, que motivaram os seguintes pedidos: em caráter liminar, a suspensão de todo e qualquer ato administrativo referente ao projeto e, no mérito, a declaração de sua nulidade desde o início.

O juízo da 7ª Vara da Fazenda Pública, para quem a ação ajuizada pelo MPPE foi distribuída, em razão do art. 2º da Lei nº. 8.437/92 (“No mandado de segurança coletivo e na ação civil pública, a liminar será concedida, quando cabível, após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de setenta e duas horas”) determinou a intimação do Município antes de se pronunciar sobre o pedido liminar.

Na citada Ação Civil Pública, o Ministério Público não avalia o conteúdo arquitetônico do Projeto (se é feio ou bonito, se é alto ou baixo, elitista ou democrático), mas a existência de vícios formais e ilegalidades na sua condução, conforme será explanado a seguir.

Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que, em obediência à Lei Federal nº 6.766/76 e à Lei Municipal nº. 16.286/97, a área onde se pretende edificar o empreendimento, de aproximadamente 10ha (dez hectares) ou 100.000 m2, tem que ser previamente parcelada. E o que é um parcelamento? É a transformação de uma grande área em “trecho de cidade”, com garantia de áreas públicas, vias de circulação, áreas verdes, equipamentos comunitários etc. Dito de outra forma, o parcelamento é o instrumento através do qual a