• Nenhum resultado encontrado

Há outras formas de escrita da História ligadas à Igreja?

No documento Teoria Da Historia I (páginas 71-73)

Há outras formas de escrita da História ligadas à Igreja?

É também no período carolíngio que se dá a redação das primeiras

É também no período carolíngio que se dá a redação das primeiras

listas episcopais. Estas

listas episcopais. Estas Gesta episcoporumGesta episcoporum possuíam uma dupla função possuíam uma dupla função

em sua confecção. Por um lado, pretendiam a criação de linhagens

em sua confecção. Por um lado, pretendiam a criação de linhagens

episcopais e por outro, construir os bispos em sua dimensão de pais dos

episcopais e por outro, construir os bispos em sua dimensão de pais dos

fiéis. “Um modelo familiar, o do pai que alimenta, encarregado de zelar

fiéis. “Um modelo familiar, o do pai que alimenta, encarregado de zelar

pelo patrimônio” (BOURDÉ

pelo patrimônio” (BOURDÉ & MARTIN, 1990, p. 14).& MARTIN, 1990, p. 14).

 A prod

 A produção hagução hagiográfica iográfica medieval pmedieval possui ossui uma dimensuma dimensão espão específica,ecífica,

onde a construção de modelos arquetípicos é privilegiada sobre a

onde a construção de modelos arquetípicos é privilegiada sobre a

observação e cujas funções quer devocionais, quer legitimantes, se

observação e cujas funções quer devocionais, quer legitimantes, se

interconstituem na construção da especificidade do gênero.

interconstituem na construção da especificidade do gênero.

Outras dimensões específicas da historiografia cristã medieval

Outras dimensões específicas da historiografia cristã medieval

são as histórias eclesiásticas e nacionais. Produção de padres, a história

são as histórias eclesiásticas e nacionais. Produção de padres, a história

medieval, porém, não ignora a dimensão política e militar da história,

medieval, porém, não ignora a dimensão política e militar da história,

numa perspectiva no princípio nacional, como no caso da formação dos

numa perspectiva no princípio nacional, como no caso da formação dos

reinos germânicos, e em seguida dinástica, quando dos renascimentos

reinos germânicos, e em seguida dinástica, quando dos renascimentos

imperiais.

imperiais.

Entre os VI e VIII, foi produzida uma vasta literatura histórica

Entre os VI e VIII, foi produzida uma vasta literatura histórica

com essa dimensão: Jordanes, Bispo de Ravena, escreve a história dos

com essa dimensão: Jordanes, Bispo de Ravena, escreve a história dos

Ostrogodos; Gregório, Bispo de Tours, a história dos Francos; Isidoro,

   T  e   o   r    i  a    d  a    H    i  s    t    ó  r    i  a    1 71 UNIDADE 4 Bispo de Sevilha, compõe a história dos Visigodos; o monge Beda, o

 Venerável, escreve sua história dos Anglo-Saxões; e Paulo Diácono, monge de Monte Casino, constrói sua história dos Lombardos.

Porém, a função das histórias nacionais era, na maioria das vezes, constituir a história de dioceses e/ou de ações evangelizadoras da Igreja.

No entanto, mesmo quando movidos por um sentimento patriótico, como Isidoro e Paulo Diácono, ou por um espírito cortesão, monges e bispos escrevem como cristãos. Gregório de Tours (539-593) compõe a sua Historia Francorum com o intuito principal de fazer a história da sede episcopal de que é titular; a Historia Anglorum de Beda, o Venerável (673-735), é, na verdade, o relato da evangelização da Grã-Bretanha. Uma e outra são histórias eclesiásticas (CARBONELL, 1987, p. 56).

Mas o essencial da produção histórica da Igreja diz respeito à história eclesiástica propriamente dita. Por história eclesiástica compreende-se as histórias de sedes episcopais e de mosteiros ou comunidades eclesiais específicas.

Não se trata, de modo nenhum, de histórias gerais da Igreja - contentam-se com recopiar a de Eusébio, traduzida em latim por Rufino no dealbar do século V, prolongada por Sócrates, Sozomeno e Teodoreto, e harmonizada por Cassiodoro em 570 (CARBONELL, 1987, p. 56-57).

 A emergência da história eclesiástica é favorecida pela existência, no final do milênio, de Anais, que registravam anualmente os acontecimentos memoráveis. Com o passar do tempo, estes Anais, junto com as cartas de doação e de privilégio, se constituem em fontes privilegiadas para a construção de histórias das igrejas dioceses, mosteiros e comunidades.

 As histórias eclesiásticas são assim, a partir do século X, obras documentadas, tais como a História da Igreja de Reims, do cónego Flodoard (894-966), a História do Mosteiro de Saint-Bertin, do abade Folcuin (morto em 990), e a Crónica do Mosteiro de Farfa, redigida nos anos 1200, na qual o beneditino Gregório de Catina cita mais de 1324 textos oficiais (CARBONELL, 1987, p. 57).

   U  n    i  v  e   r   s    i    d  a    d  e    A    b  e   r    t  a    d  o    B  r   a   s    i    l 72 UNIDADE 4

chamadas “cronografias universais”. Embora, em sua maioria, desconexas e impressionistas, estas cronografias, inspiradas em Eusébio e Orósio, foram um gênero de escrita histórica muito popular durante todo o medievo. Elas traçavam a trajetória da humanidade desde Adão ou, com menos freqüência, desde Cristo.

 As [cronografias] de Beda (700), de Réginon de Prum (906), de Hermann, o Curto - ou o Contrafeito - um monge da abadia de Reichenau, de que As seis idades do mundo retomavam explicitamente a divisão agostiniana em seis épocas adaptadas pela maior parte dos cronógrafos, as do beneditino Sigebert de Gembloux (1113), do bispo Otão de Freisingem - que termina com o anúncio do fim dos tempos - contam-se entre as mais lidas e copiadas no Ocidente; as de Cédrénus (1057), de Scylitzes (1079) e de Zonaras (1117), as mais reputadas no Império Bizantino. Todas decorrem dentro da cronologia «sagrada» ab Adam - desde  Adão (CARBONELL, 1987, p. 58).

No documento Teoria Da Historia I (páginas 71-73)