• Nenhum resultado encontrado

Percebe-se que os dois termos, competência e habilidade, caminham juntos, não sendo possível conceituar um sem citar o outro. As competências não são alcançadas sem habilidades e vice-versa. O que provavelmente determina o que é um e o que é outro depende do contexto. A palavra habilidade tem sua origem no Latim, habilitas, que, no entendimento de Saraiva (1993, p. 539), significa “aptidão, destreza, disposição para alguma coisa”.

Na área da Educação, o ato de pensar torna-se primordial, para que ocorra o fortalecimento do indivíduo, produzindo sentidos para a ação. Portanto, o pensamento deve ser construído com um certo grau de rigor, para que se torne, na visão de Lipman (1995), um pensar de ordem superior, ou seja, um pensar crítico, no sentido de utilizar critérios e produzir juízos e, um pensar criativo, isto é, capaz de produzir novas relações. Para desenvolver o pensamento crítico, o autor enfatiza ser importante utilizar habilidades cognitivas, estimuladas por um processo educacional.

Para Lipman (1995), as habilidades cognitivas (ou habilidades de pensamento) são formadas por habilidades de investigação, raciocínio, formação de conceitos e tradução. “A Educação não é, portanto, uma questão de aquisição de habilidades cognitivas, mas de fortalecimento e aperfeiçoamento de habilidades” (p. 65).

As 4 (quatro) habilidades apresentadas por Lipman (1995, p. 72) são assim descritas: a) investigação: prática autocorretiva em que um tema é investigado com o objetivo de descobrir ou inventar maneiras de lidar com aquilo que é problemático. Os produtos da investigação são os julgamentos; b) raciocínio: processo de ordenar e coordenar aquilo que foi descoberto através da investigação; c) formação de conceitos: implica na organização de

52

informações para grupos relacionais, analisando-as e esclarecendo-as para facilitar sua utilização na compreensão e no julgamento; d) tradução: implica na transmissão de significados de uma Língua ou esquema simbólico, ou ainda modalidade de sentido, para outra, mantendo-os intactos.

Em geral, habilidades são consideradas algo menos amplo do que competências. Assim, a competência é constituída de várias habilidades. Perrenoud (2000) define habilidade como sendo um conjunto de comportamentos associado a uma ação, física ou mental, indicadora de uma capacidade, de saber fazer algo específico.

Um feixe de habilidades, referidas a contextos mais específicos, caracteriza a competência, no âmbito prefigurado da predeterminação; é como se as habilidades fossem microcompetências ou como se as competências fossem macrohabilidades (MACHADO, 2002).

Pode-se dizer que uma habilidade não é propriedade de uma determinada competência, tendo em vista que sua contribuição [da habilidade] pode ser para diferentes competências. Por exemplo, um palestrante é competente se ele consegue reunir várias habilidades, tais como saber ler, expressar-se claramente, saber administrar o tempo disponível, interagir com os participantes, conhecer bem o assunto, entre outros aspectos.

Considerando-se o exemplo do palestrante, a habilidade de saber administrar o tempo é imprescindível, para quem precisa ser competente no momento de conduzir uma reunião. Cada habilidade apresentada, dependendo do contexto, pode se transformar em uma nova competência, a qual vai requerer novas habilidades.

Na visão de Allessandrini (2002, p. 164), a competência relaciona-se ao “saber fazer algo”, que, por sua vez, envolve uma série de habilidades. A autora enfatiza que isto implica uma certa concorrência entre diferentes elementos presentes em uma situação-problema e “pode manifestar-se por intermédio da aptidão, para resolvê-los, ou seja, de habilidades que expressam a capacidade que o indivíduo possui para encontrar uma solução para a questão que se apresenta a ele”. Assim, “a competência manifesta-se em conjunto, por meio da articulação de diversas habilidades”.

Considerando que as pessoas gastam boa parte do tempo se comunicando, seja na vida pessoal ou profissional, é importante dialogar um pouco acerca das habilidades sociais necessárias, para que ocorra um saudável convívio na sociedade.

Del Prette e Del Prette (2001, p. 62) apresentam um estudo acerca das habilidades sociais, classificadas em 6 (seis) tipos:

53

a) habilidades sociais de comunicação: fazer e responder a perguntas, gratificar e elogiar, pedir e dar feedback nas relações sociais, iniciar, manter e encerrar conversação.

b) habilidades sociais de civilidade: dizer por favor, agradecer, apresentar-se, cumprimentar, despedir-se.

c) habilidades sociais assertivas de enfrentamento: manifestar opinião; concordar; discordar, fazer, aceitar e recusar pedidos, desculpar-se e admitir falhas, estabelecer relacionamento afetivo/sexual, encerrar relacionamento, expressar raiva e pedir mudança de comportamento, interagir com autoridades, lidar com críticas.

d) habilidades sociais empáticas: parafrasear, refletir sentimentos e expressar apoio. e) habilidades sociais de trabalho: coordenar grupo, falar em público, resolver problemas, tomar decisões e mediar conflitos.

f) habilidades sociais de expressão de sentimento positivo: fazer amizade, expressar solidariedade e cultivar o amor.

Como foi mencionado, anteriormente, os conceitos apresentados sobre autonomia, competência e habilidade, estão intrinsecamente ligados à formação de qualquer profissional. Portanto, torna-se urgente solicitar maior compromisso por parte dos educadores, no sentido viabilizarem a construção de um currículo atualizado, considerando as transformações vivenciadas pela sociedade moderna, para assim formar profissionais competentes.

É importante frisar que esses profissionais devem ficar atentos ao fato de que, muitas vezes, nesse processo de formação a que são submetidos, não há preocupação com o desenvolvimento do próprio ser humano; visa-se antes à instrumentalização do indivíduo a serviço do capitalismo. Essa questão deve ser sempre esclarecida aos secretários: que sejam competentes, porém críticos, e não submissos aos seus superiores.

Considera-se, neste trabalho, que o profissional Secretário Executivo é dotado de competências e habilidades que priorizam a formação humana, a partir da prática que valoriza o aprender a fazer, enfatizando, entre outros aspectos, que ser competente significa mobilizar recursos afetivos, saber comunicar, saber compreender, saber tomar decisões e agir solidariamente. Dessa forma, o conceito de competência está associado ao de autonomia, categoria de análise já comentada no capítulo anterior.

Tendo em vista que o profissional de interesse deste trabalho é o Secretário Executivo, o próximo capítulo é dedicado à sua formação, especificamente a daquele formado na Universidade Federal do Ceará.

54

4 FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL SECRETÁRIO EXECUTIVO – O CASO DA UFC

Para abordar o teor da formação do profissional Secretário Executivo na UFC, torna-se necessário compreender, inicialmente, a origem da profissão, de forma geral, o histórico da profissão no país e em que contexto foi criado o Curso de Graduação em Secretariado na referida Universidade.