• Nenhum resultado encontrado

A embalagem surgiu com a necessidade do homem nô- made em conter, proteger, transportar e armazenar seus alimentos. Para isso, utilizou recursos provenientes da na- tureza, como folhas, palhas, conchas, troncos ocos, cou- ro, crânios e bexigas de animais. Estima-se que as primei- ras embalagens conhecidas datem de 4.000 anos antes de Cristo.

Em seguida, vieram os artigos em cestaria de diversos tipos de fibras trançadas, e depois os recipientes feitos de argila.

Posteriormente, utilizaram-se artefatos de cerâmica, teci- dos, vidros e metais. As primeiras garrafas rústicas de vi- dro surgiram por volta de 3.000 a.C., sendo utilizadas pa- ra perfumes, óleos e cosméticos. São consideradas as primeiras embalagens feitas para o consumo. Com o de- senvolvimento da técnica de sopro no ano 300 a.C., as garrafas passaram a ser confeccionadas com mais rapi- dez e em tamanhos variados. Neste mesmo período sur- giram as primeiras tampas de argila ou chumbo, e a utili- zação da madeira como caixotes e barris, o que permitiu o transporte de líquidos.

Aparentemente, a identificação do produto e do fabri- cante iniciou-se com o aumento do uso de recipientes de vidro, marcadas em muitas tampas de argila ou chumbo utilizadas.

Os romanos desenvolveram o processo de fabricação de embalagens de vidro e introduziram muitas inovações nas embalagens no Ocidente.

Entretanto, com a queda do Império Romano, as emba- lagens sofreram poucas modificações até durante a re- nascença, período em que surgiram algumas inovações como a fabricação do papel e a impressão.

A fabricação de vidro se difundiu na Inglaterra durante o século XVII, e o vidro passou a substituir o couro e o barro. Até o final da Idade Média, as embalagens mais utilizadas eram:

|

Materiais MateriaisMateriais

Materiais Tipo de embalagemTipo de embalagemTipo de embalagemTipo de embalagem

Couro Sacolas, garrafas, couro amar-

rado

Barro Potes, jarras, vasos, tigelas,

urnas

Tecido Sacos, tecidos amarrados

Madeira Barris, caixas, tonéis, baús

Pedra Pequenos potes, jarras

Metais Potes, xícaras, tigelas

Vidro Jarra, garrafas, xícaras, tigelas

Fibras Vegetais ou lascas de madeira

Cestos e esteiras

As grandes navegações trouxeram a descoberta de no- vos lugares, estabelecendo novas rotas comerciais e novos mercados. Estava iniciada a globalização.

Com o aumento das distâncias percorridas, a carência de embalagens mais resistentes e duradouras que con- servassem os produtos por mais tempo aumentou. A necessidade de identificação dos produtos que atraves- savam as fronteiras de seus países de origem também se intensificou.

A identificação do produto e da embalagem difundiu-se com o aperfeiçoamento96 da técnica de impressão por

96 Segundo Moura e Banzato (2000), a primeira impressão sobre pa-

pel, a partir de blocos de madeira entalhada, ocorreu na China por volta de 868 d.C. A utilização dos blocos de madeira individuais para impressão de caracteres teria acontecido também na China, em 1041 d.C.

Johann Gutemberg, por volta de 1450, o que permitiu o uso dos rótulos de papel.

Desta forma, a embalagem, assim como os rótulos, foi desenvolvida para atender as novas necessidades.

Com o aumento da produção de embalagens de vidro e rótulos de papel, a indústria farmacêutica se desenvolveu. Talvez tenha sido a primeira indústria a usar embalagens mais extensivamente na venda de produtos de consumo. A Revolução Industrial e o aumento da necessidade de embalagens fizeram surgir formatos mais convenientes como a lata, o saco de papel e a caixa de papel/papelão. Nos 50 anos, subseqüentes à Revolução Industrial, me- tade do século XVIII, aconteceram mais inovações do que foi verificado desde o início da civilização.

O aumento da produção e a diminuição dos custos oca- sionados pelo rápido desenvolvimento de dispositivos mecânicos e refinamentos no motor a vapor resultaram na expansão dos mercados. Conseqüentemente, os fa- bricantes de embalagem desenvolveram equipamentos e acessórios para acompanhar o crescimento da produção de artigos de consumo: novos tipos de tampas surgiram, embalagens a vácuo foram comercializadas e equipa- mentos de fabricação de garrafas foram melhorados.

|

O descobrimento da litografia, em 1798, possibilitou a reprodução de ilustrações e a impressão a cores no pa- pel, tornando-se o meio mais avançado da época na de- coração de embalagens metálicas.

No final do século XIX e início do século XX, ocorreu uma mudança significativa na Inglaterra e nos Estados Unidos. Houve aumento no volume de produção com o contínuo aperfeiçoamento do sistema produtivo e cons- tante aumento da concorrência, gerando uma super- produção. Os produtos não eram mais consumidos au- tomaticamente, dando margem para o consumidor fazer uma seleção e tornar-se mais exigente. Assim, verifica- ram-se várias alterações no mercado e na embalagem. Muitas das inovações tiveram origem nos Estados Uni- dos.

No contexto da busca pelo consumidor de melhor quali- dade a preços baixos e da demanda dos trabalhadores por melhores salários e menor jornada de trabalho, foi desenvolvido o sistema de produção em massa, visando o aumento no consumo.

Os consumidores buscavam primeiro a segurança, e de- pois a qualidade, tudo isso a preços baixos. A relação en- tre produto e consumidor propiciou o surgimento de uma legislação que controlasse o saneamento e a pureza dos produtos, além de suas condições de identificação e se- gurança. Também promoveu o uso da embalagem unitá- ria e impulsionou a propaganda.

A propaganda aliada à identificação da embalagem permitiu ao consumidor selecionar melhor o produto. A embalagem unitária ganhou ênfase por proteger melhor o produto, atendendo às necessidades dos consumido- res, e por reduzir os custos na distribuição em massa, atendendo aos anseios dos fabricantes.

Quando os fabricantes perceberam as vantagens que a propaganda podia oferecer ao exaltar as qualidades do produto e criar uma imagem favorável a sua marca, a embalagem passou a ter uma nova função, a de levar a marca até o consumidor.

Somente na década de 1930 é que o valor da embala- gem como instrumento de marketing foi reconhecido. Ela passou a representar a marca, informar e atrair o consumidor para a compra. Assim, problemas de apa- rência visual como forma, cor e estética das embala- gens receberam tratamento especial, tornando-as emba- lagens mais atrativas.

Outro fator que contribuiu para o sucesso da embalagem foi a adoção do sistema de auto-serviço, primeiramente nas lojas de departamento e depois nos supermercados dos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950, em diferentes setores do varejo. Desta forma, a embalagem passou a substituir o balconista, agregando a função de informar e vender o produto.

Assim, a embalagem passou a ser vista como estratégica para as empresas. Uma forma de instigar, atrair, seduzir

|

os consumidores e fazê-los perceber as qualidades, os benefícios do produto e a imagem do fabricante.

A partir da década de 1960, surgiram consumidores com maior poder aquisitivo e dispostos a pagar preços mais al- tos por embalagens melhores e mais convenientes.

Com o advento de um novo perfil de consumidores, maior atenção foi dada ao aspecto visual das embalagens, com o intuito de atender a este público. É neste momento que começam a surgir as embalagens luxuosas e sedutoras.