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2 TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: OS PROJETOS POLÍTICO-PEDAGÓGICOS, AS INQUIETUDES E COMPREENSÕES DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

No documento Anais completos (páginas 42-49)

Conforme a Proposta Curricular de Santa Catarina, os Projetos Político-Pedagógicos analisados seguem o referencial teórico-metodológico histórico-cultural, no qual partem do pressuposto de que o desenvolvimento acontece do social para o individual, com a interação com o meio o sujeito se constitui, constrói conceitos, saberes e reflexões.

Expresso no marco situacional do Projeto Político Pedagógico do município de Paraíso (2014, p. 10) “[...] a educação precisa ser dialógica, interativa, deve partir do pressuposto de que o ser humano vem de uma série de conceitos, que vem com uma cultura [...] e a escola vai dialogar com essa cultura para a construção de novos conhecimentos.” A partir disso percebe-se o papel que a escola assume, sendo um ponto de encontro cultural, de interação e mediação para a construção de novos significados.

Da mesma forma que o PPP da escola do município de Paraíso, o da escola de São Miguel do Oeste (2018, p. 34) expõe que “[...] a questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio.” Ainda se percebe que é reconhecido o processo de educação como um movimento contínuo, que faz e se refaz a cada momento, possibilitando o debate, a opinião, as críticas e as diferentes posturas (SÃO MIGUEL DO OESTE, 2018).

No que se refere ao PPP da escola do Município de Bandeirante, observa-se como característica desta proposta teórico-metodológica também são expressos pressupostos da teoria histórico-cultural, “[...] uma vez que a construção do conhecimento se dá por meio da interação do sujeito com o meio social e se efetiva com a articulação dos conceitos empíricos com os conceitos científicos tendo o meio social como mediador do processo.” (SÃO MIGUEL DO OESTE, 2018, p. 12).

Os profissionais participantes da pesquisa, mostraram que são conhecedores do PPP da instituição que atuam, citando que a proposta teórico-metodológica da PCSC também está orientando o processo pedagógico e de funcionamento da escola.

Sabendo que a linha de pensamento que a PCSC segue é o sociointeracionismo, de Vigotsky, indagou-se os profissionais sobre as linhas desse raciocínio e observou-se que ocorre uma confusão entre os pressupostos teóricos de Vigotsky e Piaget, alguns entrevistados entendem que as teorias seguem a mesma linha de pensamento.

Neste sentido, os profissionais ainda ressalvam que além da PCSC possibilitar o embasamento para os que atuam na educação formal, há contribuições a partir dos relatos que efetivam e aponte que teoria é relevante, pois é a partir disso que poder-se-á refletir sobre como o embasamento teórico- metodológico que a PCSC organiza reflete no trabalho e reflexão pedagógica nos municípios.

Ainda, cabe ressaltar o relato de um Professor (2018), onde ele reconhece que a partir do pressuposto teórico-metodológico histórico-cultural “a função social da escola reside na socialização do saber sistematizado às camadas populares, abrindo espaço para que essas forças emergentes se insiram num processo mais amplo de construção de uma nova sociedade.”

Da mesma forma torna-se importante destacar o relato do Gestor (2018), o qual, compreende a partir de seu escrito a relação, conforme a proposta, do social com o individual. “Construção coletiva de estratégias e metas para suprir possíveis dificuldades apresentadas pelo educando, levando em consideração a realidade em que vive, bem como as suas particularidades.”

Contudo, observou-se fragilidades em relação a PCSC nas escolas, tais inquietudes estão explanadas no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Principais fragilidades de compreensão quanto aos aspectos da Teoria Histórico-Cultural entre os professores e gestores entrevistados

Fonte: os autores.

Identificou-se que as maiores dificuldades estão relacionadas aos conceitos de processos psicológicos superiores, teoria da Atividade e percurso formativo.

Percebeu-se a fragilidade dos entrevistados em relação a conceitos muito pontuais da Teoria Histórico-Cultural, conceitos importantes que merecem momentos de estudo e reflexão, pois o desconhecimento ou fragilidade de compreensão, muitas vezes, é pela falta de estudo, sendo assim, torna-se importante considerar formação continuada. Julgando as fragilidades do corpo docente, parece fácil a mudança, porém é preciso ir mais fundo; a culpa é dos educadores ou de um meio

44 II Congresso de Educação | Currículo e Gestão na Escola de Educação Básica Eixo 1 - Currículo e formação de professores

são de suma importância e estão relacionados à realidade do meio social, mas, além disso, existem vários outros programas governamentais a serem reproduzidos na escola além dos currículos e dos conteúdos propriamente ditos. As fragilidades também podem estar relacionadas à organização desse corpo docente, desses conteúdos, da formação dos indivíduos, mas como “organizar”, se muitas vezes a própria escola não tem estrutura para desenvolver tudo o que é proposto, ou ainda mais impactante, há falta de docentes qualificados para formar os indivíduos que ali se encontram. É preciso entender que a responsabilidade deve ser assumida por todos.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Proposta Curricular de Santa Catarina movimentou muitas discussões no âmbito da educação regional, diversas escolas municipais aderiram aos pressupostos em que nela são expressos e a partir disso alterou-se sistemas, concepções, ações e intenções nas relações travadas na educação.

Em virtude de obter compreensão de como desenvolveu-se este movimento nas escolas da região, analisou-se três Projetos Políticos Pedagógico de municípios diferentes, os quais são Bandeirante, São Miguel do Oeste e Paraíso, além dos PPP’s, foram questionados um grupo de profissionais da educação de várias escolas, incluindo as escolas em que se analisou o PPP.

Se fizeram presentes os embaraços entre os pensadores da proposta e as dificuldades sobre a compreensão dos principais aspectos da proposta com ênfase nos conceitos de processos psicológicos superiores e de percurso formativo.

Através do exposto percebe-se que nas escolas ocorrem as adaptações, por vezes apresentando algumas dificuldades, tais dificuldades são justificadas por aspectos pontuais: a formação inicial e continuada, tanto internas como externas (planejamentos, cursos, estudos, dentre outras).

“Trabalho e educação são atividades especificamente humanas. Isso significa que, rigorosamente falando, apenas o ser humano trabalha e educa.” (SAVIANI, 2007, p. 152).

REFERÊNCIAS

BANDEIRANTE. Projeto Político Pedagógico. mar. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília, DF, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag3.pdf. Acesso em: 21 dez. 2018.

LEONTIEV, Alexei N. Actividad, conciencia y personalidad. Buenos Aires: Ediciones Ciencias del Hombre, 1978.

PARAÍSO. Projeto Político Pedagógico. Centro Integrado de Ensino Fundamental, 2014.

SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Proposta Curricular de Santa Catarina: formação integral na educação básica. Florianópolis, 2014.

SÃO MIGUEL DO OESTE. Projeto Político Pedagógico. Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Amália Daltoé Agostini. 2018.

SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, jan./abr. 2007.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alex N. (org.). Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1978. p. 57.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11. ed. São Paulo: Ícone, 2010.

AVALIAÇÃO DO PERFIL DO INGRESSANTE DA

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