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Homologação de projetos aderentes ao conceito de inovação e (in) segurança

CAPÍTULO 1. SISTEMA BRASILEIRO DA INOVAÇÃO E POLÍTICA

1.1 Conceitos e tipos de inovação

1.1.3 Homologação de projetos aderentes ao conceito de inovação e (in) segurança

Antes da edição da Lei no11.196/05, em dezembro de 2005, o Brasil incentivava a inovação tecnológica com os programas denominados Programa de Desenvolvimento de        

legal, à redação da instrução. 3. Apelação e remessa oficial parcialmente providas, para reconhecer que o direito ao gozo do benefício é a partir da operação, nos termos do parágrafo1º, do artigo 1º da MP 2.199-14/2001, de logo explicitando que o término do benefício será após dez anos, nos termos do parágrafo 3º do mesmo artigo.”

21 Acórdão nº 12-53330 de 05 de Marco de 2013; Julgalmento: 05 de Março de 2013; Órgão Julgador: Min.

Fazenda-SR–DRF. EMENTA: IRPJ. Lucro real. Exclusões. Glosa de dispêndios com pesquisas e desenvolvimento de inovações tecnológicas. falta de detalhamento dos projetos. parecer do MCTI. A pessoa jurídica beneficiária do incentivo de que trata o art. 19 da Lei nº 11.196/2005 fica obrigada a prestar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI informações sobre seus programas de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica. Não logrando a interessada detalhar, com suficiente precisão, os projetos por ela executados, cabe a glosa do incentivo. Ratificação do parecer técnico emitido pelo MCTI, diante da ausência de elementos capazes de infirmá-lo ou desmenti-lo. IRPJ. Lucro real. Exclusões. Glosa de dispêndios com pesquisas e desenvolvimento de inovações tecnológicas. Dispêndios efetuados com empresas de médio e grande porte. A pessoa jurídica beneficiária do incentivo de que trata o art. 19 da Lei nº 11.196/2005 não está impedida de contratar, junto a empresas de médio e grande porte, serviços técnicos de apoio aos seus projetos de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovações tecnológicas. Para fazer jus, todavia, ao incentivo fiscal, a empresa deverá comprovar que os serviços contratados junto a estas empresas não caracterizam transferência, ainda que parcial, da execução do projeto. Na falta de tal comprovação, reputa-se correta a glosa do incentivo. Ano-calendário: : 01/01/2010 a 31/12/2010”.

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“MINISTÉRIO DA FAZENDA - SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM CURITIBA - 2 º TURMA - ACÓRDÃO Nº 06-33322 de 25 de Agosto de 2011; ASSUNTO: Normas de Administração Tributária; EMENTA: Projetos de P&D. IRPJ. Falta competência para análise. Às Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento - DRJ, compete conhecer e julgar em primeira instância, após instaurado o litígio, especificamente, impugnações e manifestações de inconformidade em processos administrativos fiscais, enquanto cabe ao MCT a supervisão e o controle das atividades da ciência e tecnologia. Benefícios fiscais dos incentivos à inovação tecnológica. Regularidade fiscal. Encerramento do período. O gozo dos benefícios fiscais dos incentivos à inovação tecnológica é condicionado à comprovação da regularidade fiscal da pessoa jurídica, por ocasião do encerramento do ano-calendário em que se deduziram do lucro real ou da base de cálculo da CSLL os dispêndios com P&D e a depreciação acelerada integral. Data do fato gerador: : 25/11/2009 a 25/11/2009”

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Ementa da solução de consulta n 21, de 16.03.2011, da RFB:BUBBLEDECKS. Possibilidade. A utilização

de bubbledecks no processo de construção de lajes, por ser considerada uma agregação de nova característica ao processo, é passível de enquadramento no conceito legal de inovação tecnológica previsto no § 1º do art. 17 da Lei no11.196/2005, desde que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade e resulte em maior competitividade no mercado.

Exemplo de decisão contrária ao enquadramento: Ementa da solução da consulta n.372, de 19.10.2007, RFB:O incentivo à inovação tecnológica de que trata o capítulo III da Lei nº11.196/05, não é aplicável ao desenvolvimento de projetos relacionados à comercialização, gestão e distribuição de produtos. Lei

Tecnologia Industrial (PDTI) e Programa de Desenvolvimento de Tecnologia no Agronegócio (PDTA). Nestes programas, no entanto, os incentivos só poderiam ser aproveitados caso houvesse ratificação prévia pelo MCTI de que efetivamente a empresa estava executando P&D nos projetos apresentados ao seu crivo. Ou seja, os incentivos eram utilizados pelas empresas somente após o MCT (atualmente, MCTI) homologar o projeto, através de um procedimento moroso em que se preenchia um formulário, enviava-se para Brasília o projeto, aguardava-se de seis meses a dois anos em média para sua aprovação e, finalmente, utiliza-se o montante apurado para redução da base de cálculo de impostos retroagindo no ano-base de sua execução alterando a DIPJ.

O procedimento burocrático e moroso de aprovação prévia dos projetos de pesquisa e desenvolvimento perante o MCTI desestimulava empresas a procurarem o benefício tributário, sendo utilizado por um número não muito maior do que uma centena de empresas, de acordo com os dados disponíveis.

Após 2005, com a publicação da Lei no11.196/05, o procedimento foi completamente reformulado, definindo que primeiro as empresas devem utilizar os incentivos reduzindo a base de cálculo de IR e CSLL no ano-base de execução do projeto e, depois, no ano seguinte, enviem o projeto para ser homologado a posteriori pelo MCTI.

Havendo um projeto no ano-base de 2013, por exemplo, pode ser elaborado pela empresa inventário de dispêndios com redução da base de cálculo de impostos a pagar (IR e CSSL) no próprio ano-base. O montante utilizado (redutor da base de cálculo) é informado em fichas contábeis específicas na DIPJ até junho de 2014. Depois disso, são submetidos os projetos ao MCTI, através de formulário, no mês de julho de 2014, com aprovação dos mesmos geralmente em dezembro do ano (2014).

Em julho de 2013, 962 empresas preencheram eletronicamente o relatório do MCTI informando que utilizaram a lei do “bem” para financiar parte de seus projetos de inovação tecnológica (entre 20,4% a 27,2%) no ano-base de 2012. No entanto, deste total, foram aprovados projetos de 767 empresas24, o que significou no ano uma rejeição de aproximadamente 25% das empresas que buscaram os incentivos, o que dentre outros fatores pode ainda representar a dificuldade das empresas interpretarem, de fato, o que é inovação tecnológica.

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Participaram em 2011, 154 empresas do setor de mecânica e transporte; 66 do setor químico; 65 do setor eletro-eletrônico; 57 de alimentos; 57 de software; 52 de bens de consumo; 43 de metalurgia; 37 de farmacêutica; 21 de moveleira; 14 do setor de papel e celulose; 13 do setor de agroindústria; 13 em construção civil; 13 para mineração; 10 no têxtil; 4 no setor de petroquímica; 2 de telecomunicações e 146 de outras industrias. Fonte: MCTI 

Atualmente, o fator crítico deste procedimento é que o MCTI de forma retroativa apresenta seu parecer favorável ou não as empresas após praticamente um ano do final do exercício fiscal. No último relatório de 2012, só houve publicação da lista de empresas beneficiadas em dezembro de 2013. O que se verifica é que não há qualquer dispositivo na Lei no11.196/05 que determine o que fazer, quando fazer e quais consequências terão a negativa do órgão (MCTI) ou, no futuro, uma eventual fiscalização da RFB apurando eventual irregularidade com a legislação.

Alguns entendem que basta retificar a DIPJ; outros interpretam como um recolhimento tardio com aplicação apenas de correção monetária; outros refletem sobre a aplicação de juros de mora do artigo 160, do CTN por não ser culpa a demora do contribuinte, ou até mesmo multa fiscal moratória do artigo 161, CTN.

A hipótese de insegurança parece presente neste caso, o que poderia ser resolvido com a edição de um dispositivo na Lei no 11.196/05 ou de uma instrução que deixasse mais claro as consequências para as empresas desenquadradas e o que fazer pós decisão do órgão administrativo não favorável.

No campo administrativo, para as empresas não enquadradas, o que sobra é elaborar um Recurso Administrativo explicando detalhadamente o projeto e sobre quais critérios se balizou para utilização dos incentivos da Lei no11.196/05, aguardando decisão final do órgão responsável por incentivos fiscais do MCTI.