• Nenhum resultado encontrado

I AS AGNOSIAS ESPACIAIS

No documento Neuropsicologia - Roger Gil.pdf (páginas 138-140)

A gir no mundo que nos cerca im plica não só poder conhecer os parâm etros espaciais dos objetos (volume, direção, m ovimento) e suas relações espaciais, mas, lambém saber m ovim entar nosso corpo num espaço real já conhecido ou explorado, graças à leitura, num m apa ou num a planta, das relações topográ­ ficas. De acordo com Hecaen (1972), podem os diferenciar os distúrbios da percepção espacial dos distúrbios da m anipulação e da m em ória de dados espaciais e topográficos.

D IS T Ú R B IO S DA P E R C E P Ç Ã O E S P A C IA L _________

A d e s o r ie n ta ç ã o v is u a l d e H o lm e s e H o r r a x

E ssa desorientação reúne os distúrbios de localização dos objetos isolados. O doente pode declarar que os objetos lhe parecem grandes dem ais, ou pe­ quenos dem ais, ou m uito curvos, ou muito próxim os ou muito afastados ou, às vezes, esse distúrbio é confusam ente percebido (“As coisas não se pare­

cem com o que deveriam parecer”, Critchley, 1960). O sujeito não conse­

gue indicar, num grupo de objetos, aquele que está mais longe ou mais próxim o, o que está mais à direita ou mais à esquerda, o m ais com prido ou o mais curto. Para ele, é difícil apontar na direção de um estímulo ou de seguir um objeto em m ovim ento. Ele pode ter dificuldade em contar os objetos no espaço e esses distúrbios podem lim itar-se a um hem icampo visual, m esm o na ausência de hem ianopsia. As dificuldades podem predom inar num espaço m ais próxim o. A visão estereoscópica também pode ser enfraquecida, saben­ do que é preciso distinguir a percepção da profundidade real dos objetos no espaço e a percepção de relevo, ligada à visão binocular. A percepção dos m ovim entos pode ser extinta, m as essa extinção tam bém pode acontecer de m aneira isolada.

Os déficits de julgam ento da direção das linhas podem ser identificados quando apresentam os ao sujeito pares de linhas de direção diferente e pedi­ mos que ele escolha as duas linhas que vão na m esm a direção, num a disposi­ ção padronizada, organizada em leque (Benton, 1978, Fig. 8.1).

Os distúrbios da percepção espacial estão ligados a lesões posteriores dos hem isférios cerebrais, especialm ente do lado direito.

Os distúrbios da rotação mental indicam um a incapacidade para im aginar e, portanto, para determ inar, num a prova de m últipla escolha, com o evolui a representação de um a figura quando ela gira em torno do seu eixo. Em sujeitos “norm ais”, o tempo de reação aos julgam entos de rotação é mais dem orado quanto mais elevado for o valor do ângulo de rotação. Os distúrbios de rotação mental podem ser observados tanto depois de um a lesão esquerda quanto depois de um a lesão direita, e já foi dito que o hem isfério direito garante a transform ação das im agens mentais, enquanto o hem isfério esquerdo permite a evocação das im agens a partir do estoque m nésico.

A s a g n o s ia s espacInlH 123

F ig. 8.1. E x e m p lo e x t r a í d o d o t e s t e d e ju lg a m e n t o d e d ir e ç ã o d e lin h a s d e B e n t o n ( 1 9 7 8 ) .

A ta x ia e a g n o s ia d o e s p e lh o

O ser hum ano adquire, progressivam ente, ao longo da infância e na idade adulta, as adaptações visuom otoras necessárias para reconhecer o que se vê num espelho, inclusive seu próprio corpo, e para agir no objeto “real” , olhan­ do para o objeto “virtual”. É por isso que o ser hum ano pode fazer a barba, pentear-se, m aquiar-se, olhando-se num espelho e guiando suas ações por ele. A ataxia do espelho e a agnosia do espelho caracterizam -se pela incapacidade de alcançar um objeto real, ao olhar no espelho a im agem virtual.

A ataxia do espelho caracteriza-se, nas form as m ais intensas, pelo fato de que

o paciente, a quem pedim os que pegue um objeto real, ao olhar no espelho a im agem virtual, dirige a mão, espontaneam ente, para o objeto virtual e não pode corrigir-se de um a m aneira autônom a. No entanto, o sujeito pode dirigir sua m ão para o objeto real depois de o exam inador indicar-lhe a direção do m ovim ento por m eio do espelho, sendo que m esm o com essa ajuda ainda podem persistir alguns erros direcionais, tanto com o braço contralateral quanto com o braço homolateral. O distúrbio não é de natureza agnósica pois o objeto real é corretam ente diferenciado da im agem virtual. As form as mais suaves caracterizam -se por erros direcionais, sendo que o sujeito não dirige o braço para a im agem virtual e sim para o objeto. Não aparece nenhum distúrbio no teste de julgam ento de direção de linhas, de Benton (Fig. 8.1).

A agnosia do espelho caracteriza-se pela incapacidade em distinguir o espaço

real do espaço virtual visto no espelho: o objeto é, então, localizado no espe­ lho ou atrás dele e um a das m ãos dirige-se para o espelho, quando pedim os ao sujeito que pegue o objeto. As vezes, o sujeito dirige a m ão para o objeto real, o que acontece, na m aioria das vezes, com a m ão ipsilateral à lesão e não com a mão contralateral. A parecem perturbações no teste que avalia a capacidade

124 As a g n o s ia s e sp a cia is

de rotação mental (Peters et al., 1995) e no teste de julgam ento das linhas. As lesões afetam um dos lobos parietais e são expressas de m aneira bilateral, com m ais intensidade no hem icorpo contralateral.

Nas ataxias do espelho, as lesões estão localizadas .entre a parte posterior da porção inferior do giro pós-central e o giro supram arginal, assim com o no interior do sulco intraparietal anterior. Nas agnosias do espelho, as le­ sões afetam a junção têm poro-parieto-occipital, vizinha ao sulco temporal superior (Binkofski et a l, 1999).

D IS T Ú R B IO S NO M A N EJO

DO S D A D O S ES PA C IA IS E

DE O R IE N TA Ç Ã O T O P O G R Á F IC A ________________

No documento Neuropsicologia - Roger Gil.pdf (páginas 138-140)