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Capítulo IV – Inquérito de opinião sobre imigração em Portugal

4.1. Apresentação de resultados

4.1.4. Discussão de resultados com base nos testes de associação de variáveis

4.1.4.1. Idade

A maior parte dos respondentes, 55,8 por cento, sem distinção entre sexos, contacta frequentemente com imigrantes, com maior expressão para aqueles que têm mais idade, o que parece natural uma vez que a sua permanência em Portugal se faz essencialmente por motivos de trabalho e em correspondência com faixa etária da população activa (ver Anexo III, Quadro 122).

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A análise do grau de simpatia sentido pelos imigrantes segundo as várias regiões de origem não faz apresenta diferenças relevantes por faixas etárias, portanto, a maior ou menor simpatia por determinada comunidade de imigrantes não se explica pelo factor da idade (ver Anexo III, Quadros 123 a 132).

O mesmo acontece relativamente à importância que os imigrantes dão ao trabalho, à impressão e a forma como os portugueses agem os imigrantes e vice-versa, e à influência da presença dos imigrantes face à situação criminal do país, independentemente das regiões de origem dos imigrantes, pelas faixas etárias dos inquiridos (ver Anexo III, Quadros 133 a 172).

No estudo de Lages et al. (2006), a análise acerca da relação entre imigrantes e crime não revelou existirem diferenças em função da idade. A análise apresentada faz a separação dos imigrantes por origem.

Com valores baixos de incerteza, quase sempre a maioria dos respondentes considera que os imigrantes não tiram trabalhos aos portugueses. Com alguma lógica, é excepção a este entendimento o grupo mais jovem, e daí por diante este considerando vai sendo cada vez maior com o aumento da idade. Isto talvez se relacione com o maior conhecimento, de facto, que os respondentes mais velhos têm do mercado de trabalho, daquilo que eles fazem em comparação com aquilo que fazem os imigrantes, mas também por um certo receio do grupo jovem em aceder ao mercado de trabalho, vendo nos imigrantes mais um factor de concorrência (ver Anexo III, Quadro 173).

O trabalho dos imigrantes em condição legal irregular não tem apreciação suficientemente diferenciada em função da idade dos respondentes a não ser em relação ao grau de incerteza que vai diminuído com o aumento da idade, sendo de apenas 5,9 por cento para aqueles que têm 66 ou mais anos. Esta faixa etária tem, neste aspecto, uma posição maioritária, talvez até porque estão na condição de reformados e sabem, por isso, que a mesma depende dos descontos realizados por parte de quem trabalha (ver Anexo III, Quadro 174).

A legislação que rege a imigração não é para a maioria dos respondentes adequada, sendo esta ideia mais evidente para os que são mais novos, 63,4 por cento do que para os mais velhos, 41,2 por cento (ver Anexo III, Quadro 175).

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É assumido pela maioria dos respondentes que os imigrantes contribuem para o nosso desenvolvimento económico. Com o aumento da idade é mais forte esta afirmação, dos 62,1 por cento para os mais novos, chegando aos 83,2 por cento para os mais velhos e, em correspondência, é menor o grau de incerteza, 15,4 por cento e 0,0 por cento (ver Anexo III, Quadro 176).

No estudo efectuado por Lages et al. (2006), verificou-se que a faixa etária entre os 35 e os 44 anos mostrou-se mais favorável à imigração do que os que tinham mais de 45 anos. O grau de incerteza é grande face ao pagamento de impostos por parte dos imigrantes. Com o aumento de idade dos respondentes essa incerteza é reduzida, aumentando ainda a opinião de que os imigrantes são cumpridores (ver Anexo III, Quadro 177).

Não é relevante a diferença entre as faixas etárias dos respondentes no que concerne ao benefício que os imigrantes retiram dos impostos pagos, à ideia de que o Estado deve assegurar a igualdade de tratamento entre nacionais e imigrantes, à assunção pelo Estado da função de expulsar os imigrantes do País (ver Anexo III, Quadros 178 a 181).

A grande maioria admite aceitar os imigrantes como membros das suas famílias, como amigos, como vizinhos, como colegas de trabalho, como residentes nas imediações do espaço em que vivem e como residentes no espaço em que vivem, sem que se verifique uma evolução linear com os grupos de idades (ver Anexo III, Quadros 182 a 187).

O mesmo não acontece no estudo de Lages et al. (2006), no qual, à medida que aumenta a idade, aumenta a tendência para manifestar atitudes racistas, sendo os mais velhos aqueles que manifestam mais preconceito. No entanto, face à percepção da diferença cultural, acontece o contrário, diminuiu com o aumento da idade.

Os respondentes mais velhos revelam-se maioritariamente a favor de uma selecção, por parte do Estado, daqueles que pretendem vir para Portugal. De forma gradativa, a exigência passa dos 81,2 por cento, para os que têm entre 65 e mais anos, para os 47,6 por cento, para os que têm entre 16 e 25 anos (ver Anexo III, Quadro 188).

Entre aqueles que consideram que o Estado deve fazer uma selecção dos imigrantes, a quase totalidade considera que não deve haver preferência entre sexos, posição esta que não

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apresenta uma distinção clara face aos grupos de idades considerados (ver Anexo III, Quadro 189).

A incerteza relativamente à preferência pela idade dos imigrantes é maior para os mais jovens, 45,1 por cento para os que têm entre 16 e 25 anos face a 17,6 por cento para os que têm 66 ou mais anos. A distribuição das justificações para as preferências nas idades que consideram mais adequadas à imigração para Portugal, não apresenta diferenças significativas no que respeita à idade dos inquiridos (ver Anexo III, Quadros 190 e 191).

As preferências pela escolaridade dos imigrantes e a justificação para as escolhas feitas não revelam diferenças de monta perante as faixas etárias dos respondentes (ver Anexo III, Quadros 192 e 193).

Para os inquiridos mais jovens é menor a percentagem daqueles que pensam que o Estado deve dar uma prioridade aos imigrantes casados, 5,7 por cento, do que para os mais velhos, 35,3 por cento. Por outro lado, com o aumento da idade dos inquiridos é menor o número daqueles que não têm opinião formada a este respeito, de 43,3 por cento a 23,5 por cento. No entanto, é indiferente a idade dos inquiridos na distribuição das justificações pelo tipo de motivação apresentada (ver Anexo III, Quadros 194 a 195).

A idade do inquirido também não é importante para as questões da integração faseada e do estabelecimento de quotas (ver Anexo III, Quadros 196 e 197).

Chandler e Tsai (2001), elaboraram um estudo que explora os factores sociais que influenciam a opinião pública no que respeita à política de imigração nos EUA, no qual verificaram que os respondentes mais velhos são os que mais defendem a diminuição no número de admissões de imigrantes legais. A idade não era um elemento estatisticamente significativo no que respeitava à atitude face aos imigrantes ilegais.

Segundo Lages et al. (2006), as representações e atitudes não se distribuem uniformemente pelo tecido social, as características sócio-demográficas, a situação económica percebida pelos inquiridos, a frequência e a qualidade do contacto com os imigrantes, a experiência de emigração, directa ou indirecta, e os valores sociopolíticos vão determinar as suas tendências face à imigração.

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Embora não tenha existido, segundo os dados do estudo de Lages et al. (2006), uma relação linear entre idade e oposição à imigração, observaram-se diferenças significativas: as pessoas com 65 anos ou mais são as que mais se opõem à imigração; mas quanto aos outros grupos etários, os que se opõem em menor número à imigração são os de 35 a 44 anos, seguidos dos de 18 a 24 e dos de 55 a 64 anos.

A consideração sobre o grau de restrição a colocar à entrada de imigrantes de acordo com a sua origem não revela diferenças significativas perante a idade daqueles que respondem. No entanto, verifica-se uma tendência para uma percentagem persistentemente mais elevada para a faixa dos 26 aos 35 anos relativamente à indecisão para qualquer das origens dos imigrantes no que respeita ao grau de restrição (ver Anexo III, Quadros 198 a 207).

O mesmo acontece no que respeita ao grau de escolaridade e de experiência profissional que os imigrantes devem ter para desempenharem funções nas várias categorias profissionais em Portugal (ver Anexo III, Quadros 208 a 226).