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Capítulo IV – Inquérito de opinião sobre imigração em Portugal

4.1. Apresentação de resultados

4.1.4. Discussão de resultados com base nos testes de associação de variáveis

4.1.4.6. Opção religiosa

De acordo com as respostas dos inquiridos, aqueles que têm outra opção religiosa que não a católica são os que referem ter maior contacto com a população imigrante, 68,7 por cento, em relação aos que referem não ter religião, 60,8 por cento e os que se assumem como católicos, 51,8 por cento (ver Anexo III, Quadro 644).

Os católicos, sendo o grupo mais expressivo da amostra, são também aqueles que se revelam mais conservadores no que respeita à simpatia sentida pelos imigrantes,

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independentemente da sua origem, que expressam ser moderada (ver Anexo III, Quadros 645 a 654).

No que concerne à importância que os imigrantes dão ao trabalho, independentemente da sua origem, são os católicos que mostram uma opinião menos favorável e os que referem não ter nenhuma opção religiosa os que são mais favoráveis (ver Anexo III, Quadros 655 a 664).

No que respeita à impressão e à forma de agir dos imigrantes para com os portugueses, os católicos são os que assumem uma posição mais moderada para qualquer uma das origens. São também aqueles que, de uma forma geral, apresentam maior incerteza. O mesmo acontece no que respeita à impressão e à forma de agir dos portugueses para com os imigrantes (ver Anexo III, Quadros 665 a 684).

Os católicos são aqueles cuja opinião acerca da influência da presença de imigrantes na situação criminal do País é mais incerta. Os que assumem outras confissões, independentemente das origens geográficas, são os que mais consideram que os imigrantes influenciam a nossa situação criminal, quer como vítimas, quer como perpetrantes (ver Anexo III, Quadros 685 a 694).

Os que referem não ter opção religiosa são os que, curiosamente, mais defendem que os imigrantes não tiram o trabalho aos portugueses, 67,9 por cento, seguidos dos confessos de outros credos, com 58,1 por cento de respostas do género e os católicos com 51,6 por cento (ver Anexo III, Quadro 695).

Face a outras confissões, e aos que manifestam alheamento em relação ao posicionamento religioso, os católicos são os menos permissivos à ideia de os imigrantes trabalharem no nosso País em situação irregular: apenas o admitem em 36,4 por cento dos casos enquanto as outras opções estão acima dos 45,0 por cento. São ainda os católicos que apresentam o maior número de indecisos ou de desconhecimento, 16,5 por cento, face aos 9,6 por cento dos que não têm opção religiosa e dos 11,0 por cento dos que têm outra opção religiosa que não a católica (ver Anexo III, Quadro 696).

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São os que referem não seguir crenças religiosas que têm a opinião menos favorável em relação à legislação, 66,5 por cento, logo seguidos pelos de outros credos que não o católico, 65,4 por cento, ficando os católicos pelos 53,7 por cento, sendo os que sentem maior incerteza (ver Anexo III, Quadro 697).

Os que mais defendem que os imigrantes contribuem para o desenvolvimento económico do País são também os que não têm opção religiosa, 79,4 por cento, seguidos novamente pelos de outros credos, 76,5 por cento, ficando os católicos pelos 70,8 por cento, que sentem também maior incerteza face à questão (ver Anexo III, Quadro 698).

Os católicos são os que mais defendem que os imigrantes não pagam os impostos que devem, 43,5 por cento, seguidos pelos que são de outros credos, 39,0 por cento, ficando-se pelos 36,8 por cento, aqueles que não têm religião. Quanto ao benefício retirado desse impostos, são os que não têm religião que mais defendem que os imigrantes não beneficiam deles, 37,1 por cento, seguidos dos que são crentes de outras religiões que não a católica, 33,8 por cento, revelando os católicos uma grande incerteza, 41,6 por cento (ver Anexo III, Quadros 699 e 700), o que está de acordo com o estudo de Lages et al. (2006), que acentua que as pessoas sem religião valorizam mais a imigração do que as que dizem ter religião.

As culturas que subscrevem valores de mestria e de masculinidade projectavam menor optimismo acerca do multiculturalismo e menor apoio a políticas que promovam uma coexistência social harmoniosa. Estes estão relacionados com a realização pessoal, em oposição ou à custa da harmonia interpessoal, que aumenta a possibilidade dos imigrantes serem vistos como uma significativa fonte de ameaça e de competição, uma antecedente comum de relacionamentos intergrupais antagonistas (Leong e Ward, 2006).

Os que não têm religião são os que mais defendem que o Estado deve assumir a função de assegurar a igualdade de tratamento entre nacionais e imigrantes e assegurar maior ajuda aos imigrantes e que o Estado não deve assumir a função de expulsar os imigrantes (ver Anexo III, Quadros 701 a 703).

Os católicos são os que têm maior incerteza quanto à aceitação dos imigrantes como membros da família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho e residentes nas imediações da

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sua zona de residência. Os que não têm opção religiosa são os que mostram maior aceitação dos imigrantes no seu espaço de residência (ver Anexo III, Quadros 704 a 709).

Os que seguem outros credos que não o católico são os que se revelam mais a favor da selecção, por parte do Estado, dos imigrantes que pretendem vir para Portugal, 65,6 por cento, seguidos dos católicos, com 60,5 por cento, ficando os que não têm opção religiosa pelos 56,5 por cento (ver Anexo III, Quadro 710).

A preferência pelo género dos imigrantes que pretendem vir para Portugal não revela diferenças significativas pelas opções religiosas de quem responde (ver Anexo III, Quadro 711).

No que respeita à preferência pela idade dos imigrantes, os que não seguem credos religiosos são os que apresentam maior incerteza, 48,3 por cento, seguidos dos católicos, 42,3 por cento, ficando-se os de outros credos religiosos pelos 38,3 por cento, que são os que mais defendem qualquer idade, 24,1 por cento, face aos 20,3 por cento daqueles que não têm opção religiosa e aos 17,3 por cento dos católicos. A grande maioria das justificações apontadas são de cariz económico e social, mais expressivas para os católicos, 70,7 por cento, contudo, são os que não têm crenças religiosas que referem mais motivos centrados nos interesses dos imigrantes, 21,8 por cento (ver Anexo III, Quadros 712 e 713).

Os que não seguem credos religiosos são os que apresentam maior incerteza na preferência da escolaridade dos imigrantes, 60,2 por cento, e os católicos são os que exigem mais em termos de escolaridade, nomeadamente, ensino secundário, 15,6 por cento, e ensino superior, 16,8 por cento. Mais uma vez a maioria das justificações apontadas é de cariz económico e social, mais expressivas para os de outros credos que não o católico, 77,4 por cento, sendo os que não têm opção religiosa que referem mais justificações centradas nos interesses dos imigrantes, 17,3 por cento (ver Anexo III, Quadros 714 e 715).

Os que têm outros credos são os que têm maior percentagem de preferência por imigrantes casados, 14,0 por cento, sendo os católicos aqueles cuja opinião é de maior incerteza, 38,0 por cento. As justificações dos que afirmam não ter religião são as mais centradas nos interesses dos imigrantes, 17,3 por cento (ver Anexo III, Quadros 716 e 717).

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Quanto à possibilidade da integração dos imigrantes ser feita por fases e ao estabelecimento de quotas anuais para a entrada de imigrantes, são mais uma vez os que não têm crenças religiosas que têm maior incerteza, 41,6 por cento e 38,5 por cento (ver Anexo III, Quadros 718 e 719).

No estudo de Lages et al. (2006), verificou-se que, comparando as pessoas em função das suas identidades religiosas, quem diz não ter religião manifesta em geral uma atitude mais favorável aos imigrantes e que os inquiridos que se identificaram com alguma religião manifestam mais atitudes racistas em relação aos imigrantes em geral, assim como relativamente a cada um dos grupos de proveniência tidos em conta, nomeadamente, o do Brasil, o do Leste da Europa e o da África.

No que concerne ao grau de restrição face à entrada de imigrantes, independentemente da sua origem, são os que afirmam não ter religião que revelam maior incerteza. Os que seguem credos religiosos tendem a colocar mais restrições à entrada dos imigrantes (ver Anexo III, Quadros 720 e 729), o que vem ao encontro dos resultados do estudo de Lages et al. (2006).

Os que seguem credos religiosos são os que exigem aos imigrantes, para poderem desempenhar várias funções profissionais, maior escolaridade e maior experiência profissional. Os que apresentam maior incerteza, quanto a estas questões, são aqueles que não seguem crenças religiosas (ver Anexo III, Quadros 730 e 747).