• Nenhum resultado encontrado

Capítulo IV – Inquérito de opinião sobre imigração em Portugal

4.1. Apresentação de resultados

4.1.4. Discussão de resultados com base nos testes de associação de variáveis

4.1.4.7. Região de origem

Numa análise baseada na agregação dos concelhos por NUT’s (Reis, 1994), as regiões mais representativas são Lisboa e Vale do Tejo, 32,4 por cento, Norte, 30,4 por cento e Centro, 18,0 por cento. Para além das NUT´s, o estudo agregou numa categoria autónoma todos quantos nasceram fora do País, 11,5 por cento, estando ou não nacionalizados, de forma a podermos perceber se os entendimentos em relação a diversas questões, de alguma forma, apresentavam diferenças. E esta opção justificou-se pelo facto de Portugal ter uma tradição de diáspora com largos reflexos no retorno, mesmo para situações de segunda e de terceira gerações (ver Anexo III, Quadros 748).

109

Aqueles que provêm das regiões mais a Sul, sobretudo do Algarve, 78,4 por cento, são os que assumem maior contacto com imigrantes. Para os que provém de países estrangeiros, o local de residência e vizinhança é o de maior contacto com imigrantes, enquanto para os que nasceram em Portugal o local privilegiado é o de trabalho, sendo também de salientar, para os que provém do Algarve e das regiões insulares, o comércio, os serviços e a restauração (ver Anexo III, Quadros 749 e 750).

As diferenças pela simpatia sentida em relação aos imigrantes, à importância que os imigrantes dão ao trabalho, à impressão e à forma de agir dos imigrantes face aos portugueses e dos portugueses face aos imigrantes e da influência da presença de imigrantes na situação criminal do país não se revela significativa consoante a origem de quem responde, independentemente da origem dos imigrantes (ver Anexo III, Quadros 751 a 800).

No que respeita à possibilidade dos imigrantes ilegais trabalharem, destacam-se os que provêm do estrangeiro com uma posição favorável, 46,3 por cento, e os que provêm do Algarve com uma opinião desfavorável, 49,1 por cento, sendo os mais indecisos aqueles que provém das regiões insulares, 20,4 por cento. Face à adequação da legislação que rege a imigração, os que provém das regiões insulares destacam-se numa posição afirmativa, 22,4 por cento, e os que provém do Algarve numa posição negativa, 64,2 por cento. São também os das regiões insulares que revelam maior indecisão, 32,7 por cento (ver Anexo III, Quadro 802 e 803).

Aqueles que provêm do estrangeiro são os que mais defendem que os imigrantes contribuem para o desenvolvimento do País, 75,2 por cento, enquanto os que provêm do Algarve destacam-se na opinião contrária, 18,9 por cento, sendo os que provêm das regiões insulares os que sentem maior incerteza, 24,5 por cento. No que respeita ao pagamento dos impostos, destacam-se os que provém de Lisboa e Vale do Tejo, e os que provém do estrangeiro, ambos com 25,2 por cento, com uma opinião positiva. Com opinião contrária destacam-se aqueles que provêm do Algarve, 50,9 por cento, sendo mais uma vez os que provêm das regiões insulares aqueles que se destacam pela incerteza, 51,0 por cento. Os que provêm do Alentejo são os que mais defendem que os imigrantes beneficiam os impostos que pagam, 36,1 por cento, enquanto os que provêm do estrangeiro são os que mais defendem o contrário, 34,7 por cento, e os que provêm das regiões insulares os que revelam maior incerteza, 59,2 por cento (ver Anexo III, Quadros 804 a 806).

110

O que provêm das regiões insulares são os que mais defendem que o Estado deve assegurar igualdade de tratamento entre nacionais e imigrantes, 85,7 por cento, enquanto os que provêm do Algarve revelam maior opinião contrária, 28,3 por cento. Os que provêm do Norte são os que mais defendem que o Estado deve assegurar maior ajuda aos imigrantes, 67,4 por cento, enquanto os que provém do Algarve são os que se destacam pela opinião contrária, 30,2 por cento, e os que provêm das regiões insulares os que revelam maior incerteza, 22,4 por cento. Os que provêm do Alentejo são os que mais defendem que o Estado deve assumir a função de expulsar os imigrantes, 29,5 por cento, enquanto os que provêm das regiões insulares são os que defendem mais o contrário, 73,5 por cento. Os que revelam maior incerteza são os que provêm do Centro do País, 13,4 por cento (ver Anexo III, Quadros 807 a 809).

Os que provém do Norte são os que revelam uma opinião mais favorável, no que respeita à aceitação de imigrantes como membros da sua família, 86,2 por cento, enquanto os que revelam maior incerteza são os que provêm do Alentejo, 18,0 por cento. Também no que respeita à aceitação de imigrantes como amigos, são os do Norte que se destacam com a opinião mais favorável, 88,8 por cento, enquanto os que provêm do estrangeiro revelam maior incerteza, 15,3 por cento. A aceitação dos imigrantes como vizinhos é maior entre os que provêm do Norte, 87,1 por cento, enquanto os que provêm do Centro revelam maior incerteza 17,1 por cento. Os que revelam maior aceitação dos imigrantes como colegas de trabalho são os que provêm do Algarve, 88,7 por cento, enquanto os que provêm do Alentejo revelaram maior incerteza, 16,4 por cento. Os que provêm do Algarve são os que revelam maior aceitação dos imigrantes como residentes nas imediações do espaço em que vivem, 88,7 por cento, sendo os que revelam maior incerteza, aqueles que provêm das regiões insulares, 18, 4 por cento. No entanto, são os que provêm do Norte que revelam maior aceitação dos imigrantes como residentes no espaço em que vivem, 75,0 por cento, enquanto os que provêm do Algarve se destacam na opinião contrária, 18,9 por cento. Os que revelam maior incerteza, aqueles que provêm das regiões insulares, 22,4 por cento (ver Anexo III, Quadros 810 a 815).

Os que provêm de Lisboa e Vale do Tejo são os que mais defendem que o estado deve seleccionar os imigrantes que pretendem vir para Portugal, 67,8 por cento, enquanto os que provêm do Norte são os que mais se expressam em contrário, 48,0 por cento (ver Anexo III, Quadro 816).

111

No que respeita a critérios de selecção baseados no sexo dos imigrantes, não se verificam diferenças relevantes entre as regiões de origem de quem responde. Aqueles que provêm do estrangeiro destacam-se numa preferência pelo 20 aos 29 anos como idade ideal para os imigrantes virem para Portugal, 28,8 por cento, enquanto os que provêm do Algarve se destacam na preferência pela faixa etária dos 30 aos 39 anos, 17,0 por cento. Os que provêm do Algarve são os que se destacam por não ter preferência pela idade, 20,8 por cento, e os que provêm do Alentejo pela incerteza, 52,5 por cento. Aqueles que deram mais justificações e cariz económico e social foram os que provêm do Alentejo, 75,0 por cento, os que deram mais justificações de cariz educacional aqueles que provêm das regiões insulares, 17,6 por cento, e os que deram mais justificações centradas nos interesses dos imigrantes foram os que provêm do Algarve, 39,1 por cento (ver Anexo III, Quadros 817 a 819).

No que respeita às preferências acerca da escolaridade dos imigrantes, os que mais apontaram para o ensino secundário são os que provêm do Alentejo, 21,3 por cento, enquanto os que mais apontaram o ensino superior foram os do Algarve, 18,9 por cento. Os que revelaram maior incerteza são os que provêm das regiões insulares. Os que provêm do estrangeiro destacaram-se nas justificações de cariz económico e social, 73,9 por cento, e os que se destacam nas justificações educacionais e centradas nos interesses dos imigrantes do Algarve, 2,0 por cento e 26,1 por cento, respectivamente (ver Anexo III, Quadros 820 e 821).

Os que provêm das regiões insulares destacam-se pela preferência de imigrantes solteiros, 11,1 por cento, enquanto os que provêm do Alentejo se destacam pela preferência por imigrantes casados, 19,7 por cento, os que se destacam por não revelarem preferência, aqueles que provém do estrangeiro, 49,3 por cento. No que concerne às justificações dadas pelas preferências pelo estado civil dos imigrantes, os que provêm das regiões insulares e do Alentejo destacam-se com motivos de cariz económico, social e educacional, 84,6 por cento e 73,7 por cento, enquanto os que provêm do Algarve se destacam com motivos centrados nos interesses dos imigrantes, 50,0 por cento (ver Anexo III, Quadros 822 e 823).

Entre aqueles que defendem que a integração dos imigrantes deve ser feita por fases, destacam-se, com 58,5 por cento, os que provêm do estrangeiro. Os que revelam maior incerteza são os que provém do Alentejo, com 45,9 por cento. No que se refere aos

112

estabelecimento de um número máximo de imigrantes a entrar em Portugal por ano, são os que provêm das regiões insulares que se destacam com uma posição afirmativa, 61,7 por cento, e os que provém do Alentejo que revelam maior incerteza, 44,3 por cento (ver Anexo III, Quadros 824 e 825).

Aqueles que provêm do Algarve e do estrangeiro são os que mais defendem que nenhum grau de restrição deve ser colocado à entrada de imigrantes, independentemente da sua origem (ver Anexo III, Quadros 826 a 835).

As diferenças do grau de escolaridade e de experiência profissional necessárias para o exercício de profissões pertencentes as várias categorias não se revela significativa face à região de origem daqueles que respondem (ver Anexo III, Quadros 855 a 853).