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iii. Outros sectores agrícolas

No documento REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU (páginas 143-147)

Diversificar a agricultura além dos sectores básicos que são a casta-nha-de-caju e o arroz representa também um objectivo importante da estratégia Guiné-Bissau 2025, tanto para a gestão sustentável dos solos (diversificação de usos), o fortalecimento da segurança alimentar quanto para a política de empoderamento das popula-ções mais destituídas, especial-mente as mulheres.

Programa 44: Criação de animais.

Potenciais de oferta e demanda elevados, mas produção fraca.

A criação de animais, deficiente pela insuficiência de infra-estruturas e pelo roubo de gado, não pode satisfazer a demanda de proteínas animais (carne, leite e

ovos para consumo). A Guiné-Bissau continua muito dependente de importações de carne para satisfazer a demanda doméstica.

Esta, à semelhança doutros países africanos, conhece um crescimen-to forte e regular, proveniente da demografia e da urbanização rá-pida. O consumo anual médio de produtos animais na Guiné-Bissau será da ordem de 11,3 kg de car-ne (média subsaariana de 13 kg/ano), 10,8 litros de leite e 13 ovos por habitante. Continua fra-co e muito abaixo das prefra-coniza- preconiza-ções. Portanto, a Guiné-Bissau dis-põe dum importante potencial de produção (recursos de pastagens, terras férteis e água), propício ao desenvolvimento de sectores de criação de animais competitivos.

Hoje a criação de animais repre-senta cerca de 17% do PIB nacio-nal e quase 32% do PIB agrícola, com uma valorização da ordem

144 de 194 mil milhões de francos CFA

(recenseamento 2009). A criação animal extensiva (bovinos e pe-quenos ruminantes) praticada es-sencialmente nas regiões de Ga-bu, Bafatà e Oio, é afectada pela insuficiência de gestão de semea-das, de infra-estruturas de abebe-ramento, pela indisponibilidade de pastagens em estação seca e pe-lo roubo de gado. Este último fe-nómeno assume um aspecto en-démico e estende-se até a região de Casamance, Senegal: ele constitui um factor importante de insegurança e de conflitos, com a possibilidade de afectar o desen-volvimento dos sectores de pasto-rícia. Por outro lado, apesar da importância do seu gado, a Gui-né-Bissau não têm recursos forra-geiros e terras propícias ao desen-volvimento de culturas, como mi-lho ou soja, destinados aos secto-res de criação animal intensiva (avicultura e especialmente pe-cuária suína).

A meta da Guiné-Bissau é desen-volver uma oferta de proteínas animais competitiva e de qualida-de, graças ao desenvolvimento de seus sectores pastorais (criação de bois, ovelhas e cabras) e a cri-ação de animais intensiva (avicul-tura, criação de suínos e até mes-mo aquacultura). Para além do objectivo de auto-suficiência, a Guiné-Bissau tem os trunfos-chave para tornar-se exportadora

regio-nal de produtos à base de carne.

A realização da meta necessitará para os sectores de pastorícia: i.

uma política decidida a valorizar o gado bovino, exploração ade-quada de importantes recursos de pastagem, especialmente graças à implementação de planos de gestão, ii. a luta eficaz contra os incêndios florestais e a organiza-ção e protecorganiza-ção dos percursos do gado permitem evitar os conflitos agricultores/pastores, iii uma co-bertura adequada de percursos pelos pontos de água e estações de abeberamento, iv. um dispositi-vo de acompanhamento dis-positivo de alerta, práticas de qua-rentena). Para lutar contra o roubo de gado, será necessária a utiliza-ção de novas tecnologias, espe-cialmente chips RFID. Esta tecno-logia oferece garantias quanto à rastreabilidade de produtos de criação animal e assim abre pers-pectivas novas para a exporta-ção. Ela pode servir de ponto de partida para a implementação duma base de dados de identifi-cação de bois e ajudar a controlar melhor as crises sanitárias.

Trata-se também de desenvolver as infra-estruturas de abate espe-cialmente com a construção dum

145 centro moderno de abate em

conformidade com as normas de Bissau, dotado dum cercado para o gado, a dispor dum dispositivo de controlo veterinário antes da entrada. O desenvolvimento inten-sivo de sectores de criação de animais, especialmente a avicultu-ra e a criação de suínos necessita antecipadamente duma verda-deira política de desenvolvimento de sectores de cereais e proteagi-nosas (milho, soja). Uma solução que deve ser privilegiada no de-senvolvimento de sectores de cri-ação de animais intensiva será incentivar um operador internaci-onal do sector privado, especiali-zado no sector (avícola ou suínos) e controlo da cadeia de valor, a investir na integração de todo o sector. Também seria responsável pela inserção, formação e en-quadramento de produtores gui-neenses, bem como a recompra da produção com os preços ne-gociados. Ele desenvolverá outra infra-estrutura apropriada ao sec-tor (explorações agrícolas, centro de encubação, abate em con-formidade com as normas...).

A Guiné-Bissau aplicará os regu-lamentos regionais e internacio-nais em matéria de criação de animais e segurança alimentar. As Autoridades garantirão a aplica-ção adequada do dispositivo normativo que rege os sectores de criação de animais, bem como a

segurança sanitária dos alimentos.

A promoção da produção local deverá acompanhar os dispositi-vos de protecção apropriados (ex.: taxação das importações de frango de "gama baixa". O quadro regulamentar assegurará também a segurança sanitária a aplicar um plano de luta contra as doenças animais (ex.: epizootias). Para além disto, a Guiné-Bissau deverá dotar-se dum dispositivo de vigilância transmissíveis. O dispositivo terá um papel-chave no enquadramento e controlo de sectores locais de criação de animais e deverá ser acompanhado dum laboratório equipado e acreditado, com pes-soal formado e competente. Ele permitirá disponibilizar capacida-des de análises e de va-cinas aos criadores.

Para além da gestão de percursos, o desenvolvimento da criação de animais passará por uma série de infra-estruturas-chave. Será neces-sário desenvolver prioritariamente infra-estruturas de abeberamento (ligadas às de fontes de água

pe-146 renes) o que permitirá que o gado

tenha acesso à água saudável. As regiões de Gabu, Bafatá e Oio, principais zonas de criação de animais, deverão ser privilegiadas no investimento em infra-estruturas de abeberamento no tocante à importância do gado nestas regi-ões e às dificuldades de abebe-ramento na estação seca. Trata-se também de atribuir a estas regiões um dispositivo de assessoria e acompanhamento veterinário, inspirado nos modelos de exercício destas funções pelo sector privado (cf. Senegal).

No tocante ao nível actual de ma-turidade dos sectores de criação de animais, as necessidades de formação e fortalecimento de ca-pacidades dizem respeito ao en-quadramento, à assessoria e às capacidades técnicas dos acto-res. O dispositivo abrangerá a for-mação, o acompanhamento e seguimento dos promotores de projectos nos diferentes sectores de criação de animais, especial-mente os sectores intensivos. Tam-bém abordará as necessidades de formação de recursos humanos destinados ao enquadramento e gestão de sectores. Para enfrentar as várias necessidades, será ne-cessário criar um Centro Nacional dedicado à formação profissional em criação de animais. Além da formação de produtores,

transfor-madores, formadores e enqua-dradores, o Centro acolherá um conselho de apoio à inserção nos sectores. O Centro será um pólo de preparação e de facilitação de inserção nos sectores de cria-ção de animais. Ele acompanhará os promotores do projecto após o estudo de seus projectos até a realização e o acompanhamento dos projectos, a passar por elabo-ração de plano de negócios e captação de financiamentos.

Programa 45: Horticultura.

O desenvolvimento da horticultura será encorajado pela assistência à produção e à comercialização de produtos hortícolas. Isso permitirá garantir a diversificação da agri-cultura para além do caju ou fora do caju, promover os grupos de mulheres, principais participantes da horticultura, e promover a di-versidade alimentar. Os dois pro-jectos-chave serão a gestão de 500 ha de perímetros hortícolas e o apoio à protecção de frutas e le-gumes contra os insectos. A políti-ca de encorajamento da horticul-tura será facilitada pelo arranque de plantações de caju e participa-rá da preservação da biodiversi-dade. As acções de fortalecimen-to das capacidades visarão as cooperativas de mulheres que se-rão as parcerias privilegiadas, es-pecialmente para as compras de cantinas escolares.

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c. Desenvolver um sector de pesca sustentável e de forte

No documento REPÚBLICA DA GUINÉ-BISSAU (páginas 143-147)