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Que imaginários o sujeito ítalo-brasileiro tem em relação ao território que passa habitar/habita?

Quadro 9 – Recortes discursivos sobre o tema “território” (I)

RD1:Constatávamos ser verídico o que nos dizia Mário [...] dizendo-nos que, na América, a fartura e a caça era tanta, que se estendesse a rede na janela da própria casa, poderia se apanhar pássaros com toda a facilidade (LORENZONI, 1975, p. 52).

RD2: O terreno, em geral, é fertilíssimo e especialmente nos diversos vales [...]. O clima é salubérrimo e as águas, por onde se encontrem, são límpidas e cristalinas e de um sabor incomparável (LORENZONI, 1975, p. 61).

RD3: Não havia, é verdade, muitos contos de réis, mas vivia-se muito bem e nunca ouvi um colono queixar-se do Brasil. Sentíamos muito a falta de um médico, uma parteira e professores, mas, o que fazer? (LORENZONI, 1975, p. 102).

RD4: [chegamos a Porto Alegre] Entretanto, aquela terra não era a Itália, pátria dos maviosos sons, cantos e poemas. Era a terra de Tiradentes, de Dom Pedro II, da Casa de Bragança, terra mais que rica e hospitaleira, mas não era aquela... (POZZOBON, 1997, p. 50).

RD5: “Dio mio”, quanta fartura – carnes de gado bovino, suíno, ovino. De aves e peixes. Verduras e frutas, principalmente bananas e melancias. Ficamos impressionados com o tamanho destas, tanto que, ao partirmos uma, depois do almoço, comemos a valer e ainda sobrou um pedaço. “Il nono” soltou um tremendo arroto e comentou: “Mi son rivato qua ghe gera il leon baio, i tigri e o machachi. Adesso magno um bel cocomero...” [...] Faltava o vinho, todavia (POZZOBON, 1997, p. 50).

RD6: As terras eram férteis e planas, chamadas de várzeas, com abundantes aguadas. [...] Entretanto – e isso me entristeceu* –, não havia escola na redondeza (POZZOBON, 1997, p. 50).

RD7: Tudo dava a entender que estávamos residindo num “Paese Italiano”. As conversas eram no dialeto italiano vêneto; o sermão do Pe. Antônio, também, enfim até a polenta tinha sabor italiano (BELLINASO, 1995, p. 27).

RD8: Para todos nós foi um dia triste deixar aquele povoado alegre e aconchegante e um grande círculo de amizades [...] deixando um ambiente semelhante àquele que nós deixamos lá na Itália, há poucos anos; enfim era necessário resignar-se com a realidade do momento (BELLINASO, 1995, p. 35).

RD9: Quando aqui cheguei, em 1930, todas as encostas dos morros eram ocupadas com plantações: milharais, trigais, feijão, batatinha, fumo, etc... Havia 3 grandes armazéns abarrotados de produtos coloniais e dezenas de carroças que, diariamente, conduziam os produtos para Val de Serra, onde eram embarcados no trem, rumo à Serra ou à Fronteira” (BELLINASO, 1995, p. 142).

RD10: que a [sic] quarenta anos atrás pertencia a uma só família e hoje está repartida em centenas de pequenas propriedades rurais, e finalmente enxerga um povoado com um majestoso colégio e uma modesta igreja rodeada de umas cincoetas casas (CERETTA, 2015, p. 11).

RD11: especialmente por alguns que conheciam os vales fertilíssimos do rio Pó na Itália, vendo abundante colheita de milho que deram as primeiras roças feitas pelos primeiros compradores, compararam esta terra, egual aquela em fertilidade, e por isso começaram chamar-lhe, ao lugar, Polêsine” (CERETTA, 2015, p. 12).

RD12: [...] e o velho Mateus, [...] atirou um olhar abismado, naquela fartura de carne vermelha que trazia amarrada com tentos por baixo da tolda, e fez mais um comentário: “Zêlo gnanca stata, na festa de Re magi? Questa quá si zê na Mérica...” (BUSANELLO, 1999, p. 32).

RD13: Progredindo em seu caminho os “Venturini” verificaram que tudo o quanto ouviram contar da América, em relação a abundância, era uma grandiosa e magnífica realidade. É verdade que logo ali, em Val de Buia, tiveram uma desagradabilíssima surpresa. Encontraram um cemitério cheio de cruzes, onde tinha sido enterrada grande quantidade de emigrantes recém chegados anos atrás, vitimados pelo tifo preto, febre amarela e varicela... (BUSANELLO, 1999, p. 34).

RD14: [...] O velho Mateus: “Nulli rosae deest spina” (BUSANELLO, 1999, p. 34).

RD15: [...] Se o aspecto das vivendas (coisa que impressionava muito mal) era rústico e primitivo, isto se devia exclusivamente à falta de material e de artífices [...]. Em compensação havia realmente fartura; nunca se dividia comida em porções, a quem quer que fosse. [...] A abundância é escandalosa. [...] Falar de carestia de vida aqui? É um insulto! Vagabundagem, isso sim! Até o vadio não passa fome! (BUSANELLO, 1999, p. 34).

RD16: [...] O leitor porém, devia ter visto a alegria e a festa que fez quando conseguiu tirar a primeira farinha, feita com milho da sua roça. Mandou que Ângela puxasse o pescoço de 2 ou 3 frangos, que estavam na “caponéra” há semanas, e fizesse uma polenta bem grande, na “caldiéra” que trouxeram da Itália, e convidou uma turma de amigos, e, quando todos estavam à mesa, - recitado o “Ângelus Domini” (acompanhado corretamente em latim, também pelos pequerruchos), - ele mesmo, com ar triunfador, buscou a panela de ferro na cozinha, e deitou toda aquela massa fumegante, cor de ouro e odorosa, no meio da mesa, por cima do “tagier”, perante todos e, depois, passando o utensílio para a esquerda, levantou dramaticamente a mão direita, que estava livre, e exclamou vitoriosamente: - Signori, eco la polenta! Evira‟l Brasil!!! (BUSANELLO, 1999, p. 38).

RD17: [...] E voltando à nossa história, devemos ainda acrescentar que a vida, apesar de folgada pela abundância de mantimentos de toda a espécie, se ressentia da falta de certas comodidades e recursos. Não havia colégios, correio, farmácia, açougue. Outros melhoramentos de ordem material, também não eram conhecidos: fogões, camas de ferro, fechaduras e dobradiças, lampeões, ferros de engomar, o próprio calçado era deficiente, [...] (BUSANELLO, 1999, p. 34).

RD18: Ó Velha Querência, campo de trabalho e oração: fonte de vida para muitos filhos ilustres; depois, tapera a gerar saudades, e agora, paraíso ecológico, centro de fraternidade e até lugar sagrado. Velha Querência, símbolo e prova de um mundo rejuvenescido. [...] paraíso terrestre, numa Pasárgada [...] um santuário ecológico [...] (DIDONET, 1994, p. 28).

RD19: [...] levou o nome de Núcleo Norte. Algum tempo depois, esses moradores, vindos de Udine, Itália, mudaram o nome de Núcleo norte para Nova Udine. E em 1931, por imposição governamental, passou a ser chamada Ivorá. Na época, os vizinhos caçoavam com os ivorenses: “Cossa che i vorá quei lá?” (DIDONET, 1994, p. 34).

RD20: Foram as dificuldades do terreno acidentado da parte central para o cultivo, que motivaram a emigração de muitos colonos para o norte do Estado, como Frederico Westphalen, Tenente Portela e outros do Alto Uruguai (DIDONET, 1994, p. 35).

RD21 [...] Exaustos e praticamente perdidos, lamentavam-se: “Dio buono, che bruti posti, cosa faremo qua?”. Luigi tentou reanimar seus conterrâneos e respondeu- lhes: “Ve pare posti bruti, ma bisogna ricordare cha la terra lá zê nostra” (COSTA BEBER, 1996, p. 114).