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CAPITULO IV: PROBLEMAS E DESAFIOS AMBIENTAIS EM CABO VERDE

4.2. O Ambiente e os Problemas Sociais

4.2.3. Importância da Educação na Protecção Ambiental

A educação aparece como um sector de importância fundamental face aos objectivos de desenvolvimento humano (….) a utilização racional dos recursos do ambiente requer

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padrões comportamentais compatíveis com as exigências do desenvolvimento sustentável”, (…..) A questão está directamente associada à formação de mentalidades que viabilizem uma postura saudável em relação ao ambiente(PAM, Santa Catarina:16,34).

Segundo o mesmo documento, é, “Com base nesse pressuposto que a informação, a sensibilização e a educação ambiental constituem as vias privilegiadas para promover a mudança de práticas, atitudes e comportamentos nocivos para o meio ambiente, numa perspectiva de priorizar uma intervenção de natureza proactiva em detrimento de acções de carácter reactivo”.

Existe uma teoria segundo a qual “de ambiente todos entendemos por ser um tema

generalista”, é uma teoria que reforça a ideia de que a Educação ambiental é uma tarefa que

não pode ser exclusiva das escolas ou entidades ligadas ao ensino formal, mas sim de todas entidades e personalidades com influência de sensibilização social, a começar pelos pais e ou encarregados de educação, Associações Comunitárias, ONG`s, As Câmaras Municipais, serviços centrais e desconcentrados do Estado. Só assim se pode aproveitar todas as competências e desenvolver uma relação saudável entre a sociedade e o ambiente.

È nesta lógica que Evangelista (1999:8), defende a “união de esforços como forma de criar um quadro ambiental, que permite a todos sair da ideia generalista de que o ambiente se limita a alguns ciclos naturais e criar a consciência de como é importante a forma de utilizar os recursos naturais, que tanto pode contribuir para mantê-los em funcionamento como para o seu desequilíbrio”. Para, ele o ambiente não depende apenas das leis ecológicas mas sim da forma como tratamos os recursos naturais.

Em Cabo Verde, efectivamente, a ideia acima explicitada contínua patente nas comunidades menos instruídas e a Educação ambiental a nível das escola, onde é mais fácil passar a mensagem, depara com alguns problemas, especialmente, a falta de meios materiais necessários a um trabalho de informação, sensibilização, e educação ambiental adequado (materiais diversos, equipamentos audiovisuais, manuais escolares), apesar de existir alguns materiais nas escolas produzidas no âmbito do projecto PFIE, e alguns produzidos pelos alunos e professores nas aulas, o que são, no entanto, insuficientes para ilustrar cabalmente a nossa realidade ambiental.

A Escola deve servir como um dos veículos de transmissão, mas não como a única, porque, segundo Evangelista (1999:7) “A Educação Ambiental deve assentar numa base

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multidisciplinar”. A política de ensino dos problemas ambientais em Cabo Verde obedece este princípio porque a nível das escolas, a educação ambiental não figura como disciplina específica no currículo escolar, mas sim integrada em diferentes disciplinas, como é o caso de Homem Ambiente, das Ciências Integradas, e actividades práticas com cunho ambiental.

Os professores têm alguma preparação para actuar no domínio da educação ambiental, desde que os meios e os materiais necessários estejam disponíveis. De todo o modo, não se pode considerar o fornecimento de materiais como determinante para a Educação Ambiental, porque existe muitos exemplos de iniciativas e criatividades das escolas. Por exemplo a criação de horto escolar onde é possível, visitas de estudos, observação dos fenómenos naturais, realização de peças de teatro etc.

Estas actividades devem envolver não só os alunos e professores mas toda a comunidade, de forma que a mensagem seja colectiva, que a linguagem ambiental seja adquirida por todos num esforço colectivo para o bem comum, sabe-se que as populações rurais devido às suas carências não conseguem respeitar o ambiente, mas também não existem programas e acções de educação ambiental como alternativas, devido à fraca capacidade institucional para actuar nas localidades.

Nesta ordem de ideia, é preciso pensar na educação da sociedade enquanto processo formativo que assenta as suas raízes no ensino formal e complementado por outras formas de aprendizagem, com enfoque para as acções de educação ambiental e a formação profissional, neste caso, a educação figura como um sector estratégico e um requisito básico à construção de uma consciência cívica cada vez mais desenvolvida numa óptica do pleno exercício da cidadania.

O ideal é ter em Cabo Verde, um sistema no qual a Educação ambiental funciona na transversalidade, sem uma imposição curricular específica, mas sim diluída em todas as matérias e actividades escolares, de forma que a política social se concilie com o ambiente e o professor aparece como um intermediário que procura encontrar uma linguagem própria para o ambiente.

Actualmente, uma grande parte da sociedade cabo-verdiana, encontra-se envolvida no sistema de ensino, desde os Jardins-de-infância às Universidades, com envolvência de todas as estruturas políticas sociais e religiosas, isto é, as igrejas, o Governo, o Poder Local, ONG`S, os privados etc. Todos tem uma certa preocupação com o ambiente, mas, não há uma

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política institucional bem definida para aquisição de conhecimentos em matérias ligadas ao ambiente.

Portanto, deve haver uma política ambiental definida nas escolas, de forma que, no Pré-escolar, no EBI, Ensino Secundário, serão realizadas actividades práticas e de pesquisa, criando “Clubes ecológicos” nas Escolas Secundárias, em que os beneficiários adolescentes e jovens do Ensino Secundário poderão a partir da sua participação, constituir uma força poderosa na mudança das actividades e comportamentos relativos ao Ambiente. Para isso, devem ser orientados de forma a tomar consciência dos problemas e do seu papel pessoal no Ambiente e na melhoria da qualidade de vida. “Educar a população a ter um comportamento diferente em relação às plantas, lixo e aproveitamento da água sem desperdício”; Introduzir nos programas escolares o hábito do uso de materiais reciclados em certas actividades lúdicas e decorativas.

A solução está no comportamento de todos nós, por isso, deve-se realizar formação dos monitores de infância, Professores do EBI, Ensino Secundário e outros, “uma formação

em contacto com as realidades do ambiente natural e humano” FERNANDES, (1988:196). Já ao nível da Alfabetização e Formação Profissional, que tem por objectivo primeiro, a melhoria da capacidade de pessoas na sua forma de actuar sobre o ambiente e abranger a formação profissional a grupos diferenciados, como pais e encarregados de Educação, residentes em bacias hidrográficas, responsáveis de perímetros florestais, criadores de gado, comunidades piscatórias, entre outras, a ideia é a busca permanente de satisfação das necessidades de emprego por franjas populacionais não qualificadas, daí a sua aposta aparecer como forma de aliviar a pressão sobre o ambiente oferecendo uma qualificação aos jovens, desviando-os de certas actividades de carácter nocivo para o ambiente, como a apanha de areia, lenha e outras actividades.

Quanto ao Ensino Técnico, nem todos os municípios dispõe de uma Escola Técnica com condições de acolhimento e formação de alunos, quer seja em termos de estrutura física, quer seja em termos de equipamento. No entanto, as que existem, encontram-se subaproveitadas se termos em conta as suas potencialidades e a enorme carência de mão-de- obra qualificada em diversas áreas no país.

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A rentabilização desses espaços, passa pelo alargamento da sua oferta formativa e da diversificação do público-alvo, com enfoque para os jovens à procura do primeiro emprego, ou em activos, entre outros interessados.

Os espaços de qualificação Técnica figuram como uma oportunidade para a qualificação técnica da juventude numa perspectiva de habilitação para o emprego sustentável, como uma forma de aliviar a pressão humana exercida sobre o meio ambiente em resultado da falta de alternativas para a geração de recursos financeiros indispensáveis à satisfação das necessidades básicas.