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CAPITULO V: DOIS MUNICÍPIOS, DOIS CAMINHOS: O CASO DE ESTUDOS

5.2. Os Principais Problemas Urbanos

5.2.4 Infra-Estrutura e requalificação urbana

Este subcapítulo centra-se na necessidade das autarquias terem políticas de renovação do espaço urbano, com projectos estruturantes a serem consolidados, especialmente, a nível de ambiente e arruamento. Aplicação desses projectos implica envolvimento e buscas de

parcerias tanto com o Governo como Instituições financeiras e Associações de desenvolvimento. “A Política de renovação urbana é particularmente desafiante porque exige acção simultânea em muitas frentes” GIDDENS, (2010: 585).

No caso da Praia não deve ser encarada apenas como projectos de recuperação das áreas do Centro da Cidade, mas também do desenvolvimento sustentável dos bairros e dos arredores da cidade, como forma de garantir o bem-estar económico e social da população das áreas urbanas e rurais, mas também o equilíbrio arquitectónico e paisagístico da cidade.

A implantação desta política de requalificação da cidade e seu sucesso “dependerá de uma forte liderança local e de uma participação democrática alargada dos seus cidadãos. Os residentes devem ter um papel activo na tomada de decisões”(IDEM).

Esta participação dos cidadãos é fundamental, porque se trata de políticas relacionadas com o bem-estar dos residentes, tais como, pavimentação das ruas, arruamento, requalificação dos bairros, atribuição de endereços postais, fornecimento de energia e água, isto é, promoção de áreas urbanas saudáveis e vibrantes, combinados com os projectos de protecção do solo nas zonas rurais como forma de reduzir as disparidades entre zonas urbanas e rurais estes encontram-se em desvantagem em todos os aspectos.

Ainda, criar um espaço urbano saudável, com qualidade de vida, “com capacidade de

oferecer bens e serviços de utilidade económica e social, integrado e incluso, correspondendo aos direitos e legítimos interesses dos munícipes, mas também um espaço urbano que exige dos seus habitantes uma cultura de responsabilidade,” (ROSÁRIO, Liberal Online)70

A praia vem beneficiando, desde o inicio da década de 2000, de um grande impulso autárquico no sentido de criar uma grande rede de infra-estruturas que permite a requalificação e modernização da cidade. A Câmara em parceria com o governo tem desenvolvido estudos técnicos de qualificação viária e ambiental em vários Bairros da capital que resultou na construção da circular da Praia que permitiu ter o seu anel rodoviário que veio

70 -V. www.PAICV:com, S/data,

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descongestionar a única via de entrada existente, dando alternativa e facilita a movimentação do tráfico na entrada e saída da Cidade; calcetamento de alguns troços de penetração, através de um projecto que a CMP apresentou ao BADEA, que engloba também a asfaltagem Praia/Cidade Velha; Prainha/Quebra Canela entre outras, não só, mas também outros projectos de cooperação permitiram o calcetamento de maior parte dos bairros, sinalização das ruas, “Construção do Aeroporto internacional e modernização do Porto da Praia”.

A CMP, dispõe de projectos ambiciosos e, por isso, tem conhecido modernizações importantes nas áreas de saúde, Educação, Desporto etc. Foram construídos vários centros de saúde, centros multi-uso para juventude, jardins infantis, liceus, escolas, requalificação das áreas desportivas como o “Estádio da várzea com relva sintética”, modernização dos sistemas de redes de esgotos e de água potável, apoios à requalificação das habitações entre outros. Foram executadas outras obras municipais, como: Calcetamento de algumas vias em diversos bairros; reabilitação e asfaltagem da Avenida principal (Av. Cidade de Lisboa) e da Rua 5 de Julho que se quer transformar numa rua pedonal; construção e requalificação de Praças, requalificação das redes viárias e na casa “padja” no Parque 5 de Julho entre outras. Essas obras são fundamentais na melhoria de qualidade de vida dos munícipes e na obtenção de uma cidade sustentável e criativa.

Como forma de resolver o problema de circulação rodoviária, tem-se actuado nalguns arranjos da urbe, nomeadamente na resolução dos problemas de estacionamento, paragens dos autocarros, táxis e hiaces, sinalização das vias de circulação nos Bairros, Passagens pedonais nalgumas vias de circulação intensa. São actuações que podem melhorar a mobilidade urbana e peri-urbana, mas a Cidade torna-se cada dia mais exigente. Outras iniciativas estiveram presentes, não só, da autarquia, mas também do Governo e mesmo da sociedade para este efeito, por exemplo, o projecto da União Europeia e África 70 que visam a construção de infra-estruturas sociais nos Bairros.

No Platô (Centro histórico), por além de passar a ter uma rua pedonal, foram colocadas passadeiras nas ruas, desobstrução das vias públicas, remoção e penalização à ocupação de via pública com artigos de vendas nos passeios etc. O “Platô” precisa urgente de um programa de subsídio para reabilitação das casas pelos seus proprietários e incentivos de impostos para atrair os negócios como forma de reavivar as fortunas do centro histórico; de reabilitação de suas praças degradadas de sanitários públicos entre outros.

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Nos Bairros é necessário formular projectos de requalificação das construções clandestinas com aposta na criação de espaços verdes, meios de evacuação de lixos e excretas, a partir de um diálogo profícuo com os moradores sobre a sua organização e seu funcionamento, combater as construções clandestinas e repor a autoridade municipal.

Não vale de nada investir na construção de infra-estruturas, quando os moradores não estão sensibilizados para o seu uso adequado, isto, explica-se pelo facto, de que, muitas infra- estruturas sociais construídas nos Bairros são frequentemente vandalizadas ou destruídas.

Por este motivo, os projectos de reabilitação devem ser muito bem socializados junto das populações locais, como forma de clarificar as vantagens e as responsabilidades que os moradores tem na sua conservação e manutenção, mas também, para entenderem que o objectivo é melhorar as condições de vida dos moradores.

Em todo o caso a política de requalificação tem de passar pelo Ordenamento do Território, Saneamento e Urbanização associada à valorização dos “sites” históricos e patrimoniais.

A tabela que se segue, resume os factores que estão na base de degradação ambiental no Concelho da Praia.

Tabela 5 - Factores que concorrem à degradação ambiental na Praia

Àreas Factores

Economia -Baseada essencialmente nos sectores secundários e terciários, a agricultura e a pesca com pouca expressão. Elevada taxa de desemprego (53%) 71para classe

feminina na Praia urbana), baixo nível de escolaridade e alta Taxa de pobreza.72 Habitação -Grande precariedade devido ao aumento da População e o êxodo rural; na cintura

da cidade continua a nascer quantidades enormes de habitação clandestina sem as mínimas condições de habitabilidade.

Água e Energia -Quantidade insuficiente, deficit na distribuição, por além da qualidade indesejável. Saneamento Básico -O problema de lixo é uma realidade permanente e a autarquia mostra-se incapaz de

resolver o problema de recolha; apenas 14,8% das Famílias tem acesso à rede de esgoto e 31,4% deitam o lixo nos redores de suas casas.73

Requalificação Urbana -O Centro histórico (Platô) perde a sua beleza devido á degradação dos prédios e degradação dos centros de lazeres.

-Nos bairros periféricos as construções clandestinas degradam a arquitectura da cidade e as infra-estruturas sociais estão degradadas por falta de manutenção ou por mau uso por parte da comunidade.

Fonte: Autor, Maio, 2011.

71 - QUIBB (2007).

72 - QUIBB (2007), 25,1% da População vive mal. 73 - IDEM

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5.3. Picos São Salvador do Mundo