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“Se quisermos conhecer quais as sensações das pessoas; o que sofreram

ÁREAS Lingüística

18. Se sim, acha que foi importante e necessária? Acha que contribui para o modo como você consulta um dicionário hoje?

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(3) Primeiro esboço

Com o propósito de elaborar um primeiro esboço do questionário, é preciso listar os tópicos que devem ser discutidos pelos sujeitos, considerando-se cuidadosamente a seqüência desses tópicos, para em seguida escrever as questões.

Foram estipulados então alguns focos de análise para a obtenção dos dados. Tais focos foram elaborados de acordo com os objetivos do presente estudo – estabelecer um perfil do usuário do dicionário. São eles:

1. Perfil sócio-educacional do usuário; 2. Posse de dicionários;

3. Uso do dicionário e sua freqüência; 4. Situações de uso do dicionário; 5. Satisfação com o uso dos dicionários;

6. Entendimento da terminologia lexicográfica (verbete, transcrição fonética, exemplo, referência cruzada, entrada, definição, informação gramatical, tradução);

7. Partes fundamentais de um DB, DM e DS; 8. Leitura da introdução do dicionário;

9. Diferenças entre DB, DM e DS;

10. Informação suficiente e satisfatória na definição;

11. Recomendação, orientação e aulas explicativas de professores para o uso de dicionários;

12. Informação buscada dentro da definição e do dicionário; 13. Entendimento da definição;

14. Uso do dicionário em exercícios de compreensão de leitura do texto.

Em seguida, construímos o questionário levando em conta alguns questionamentos que Selltiz et al (1967) apresentam em seu estudo como um guia de pontos a considerar na formulação das questões, ajudando o pesquisador a “calibrar” as questões propostas no questionário: O tópico requer várias perguntas?; Os sujeitos possuem os dados adequados para responder à questão?; Deve a pergunta ser mais concreta, mas explícita e mais intimamente relacionada à experiência do sujeito?; O teor da questão induz a um tipo de resposta?; Os sujeitos fornecerão as informações desejadas?; A questão pode ser mal interpretada?; A questão contém linguagem difícil?; A questão é conduzida com naturalidade ou está numa ordem satisfatória?; entre outras considerações.

(4) Reexame e revisão das questões

No processo de revisão é indispensável que haja observação crítica de indivíduos familiarizados com métodos de questionários e com o tipo de estudo considerado na pesquisa. As falhas que possam existir na confecção do questionário devem ser corrigidas.

Terminada a construção do questionário, antes de sua aplicação, o instrumento foi submetido à leitura e análise de 02 juízes (pesquisadores experientes e familiarizados com a metodologia): Profª Drª Beatriz Nunes de Oliveira Longo – UNESP/Araraquara (orientadora da pesquisa); Profª Drª Luciana Maria Giovanni – PUC-SP (especialista em Metodologia de Pesquisa e Formação de Professores).

Houve também a análise de mais dois juízes: Prof. Dr. Bento Carlos Dias da Silva – UNESP/Araraquara e Profª Drª Dirce Charara Monteiro – UNESP/Araraquara (professores integrantes da Banca de Qualificação). Essa segunda análise ocorreu após a aplicação do primeiro teste experimental, em dezembro de 2003.

Após as análises dos dois primeiros juízes, o roteiro foi modificado, ou seja, algumas questões foram eliminadas, outras foram re-elaboradas para chegarmos ao roteiro que deveria ser submetido ao primeiro teste experimental.

(5) Teste experimental ou estudo piloto

O teste experimental ou o estudo piloto é um pré-teste e fornece um meio de se captar e solucionar problemas imprevistos na administração do questionário, tais como o estilo, a seqüência das questões e sua extensão. Ele pode indicar também a necessidade de questões adicionais ou de eliminação de algumas questões, bem como a adequação ou não das instruções para completar as respostas.

Os sujeitos que participam desta etapa da elaboração do questionário não são os sujeitos da pesquisa, mas devem apresentar similaridade com o perfil de sujeitos selecionados para a pesquisa e devem estar conscientes das finalidades do estudo. Devem ser informados sobre a intenção específica do questionário, visto que devem observar se a questão foi compreendida e respondida.

Terminada a execução do teste experimental, o pesquisador deve ficar atento às dificuldades encontradas pelos respondentes, como, por exemplo, quando respondem “não sei” a alguma questão. Deve, portanto, discutir com esses primeiros respondentes sua opinião a respeito das questões que tiveram dificuldade em responder.

A fim de reconhecer questões que falharam em apresentar dados, Goode e Hatt (1977) indicam alguns sinais de reconhecimento das falhas: ausência de ordem nas respostas; grande proporção de respostas “não sei”; grande número de comentários irrelevantes e variação substancial de respostas.

Perguntas como: Houve dificuldade para responder? Alguma pergunta lhe causou resistência ou embaraço? Teve que pedir explicações para responder? Achou o questionário muito cansativo? – devem ser feitas aos sujeitos a fim de se obter subsídios para a reestruturação das questões que, porventura, tenham causado algum problema para os sujeitos respondentes.

Na pesquisa aqui relatada, foram selecionados, portanto, dois grupos de sujeitos que fariam parte do teste experimental do roteiro do questionário. Aplicamos os questionários em duas classes do último ano do curso de Letras: 4º ano diurno (Língua Inglesa IV) da UNESP e no 4º ano noturno (Língua Inglesa 8) da UFSCar no segundo semestre de 2003.

Para a coleta das informações, pedimos ao sujeitos que indicassem à pesquisadora suas dúvidas no entendimento de questões ou escrevessem suas críticas com relação a questões singulares e ao questionário como um todo.

Em dezembro de 2003, após a avaliação do questionário e do protocolo verbal pelos dois docentes-pesquisadores membros da Banca Examinadora do Exame de Qualificação, foram realizadas mudanças no questionário, referentes ao modo como as instruções estavam apresentadas e à organização e seqüência das questões. Dividimos o questionário, então, em três partes: a primeira parte (primeira página) refere-se ao perfil sócio-educacional dos sujeitos com questões fixas; a segunda parte refere-se ao uso do dicionário propriamente dito (com 25 questões alternativas-fixas e abertas); e a terceira parte refere-se ao uso do dicionário em uma atividade de leitura e compreensão de um trecho de um texto em Língua Inglesa (com 26 questões alternativas-fixas e abertas).

Os sujeitos foram orientados quanto aos procedimentos de resposta às questões da segunda e da terceira parte. Além disso, algumas instruções para questões em particular foram reescritas de forma a acrescentar informações sobre como responder.

Os sujeitos que participaram do teste experimental levaram cerca de 60 minutos para responder ao questionário. Sendo um questionário extenso, perguntamos se a atividade foi cansativa e se deveríamos “enxugar” as questões. A análise dos sujeitos com relação à duração do questionário foi positiva, afirmando que, mesmo sendo extenso, o questionário não se tornava cansativo, na medida em que respondiam as perguntas fixas rapidamente e que as perguntas abertas, eram fáceis de entender e não tão demoradas para responder.

(6) Compilação e especificação das normas para o seu uso

Depois de completados os passos preliminares, com o questionário pronto, foi preciso dar início à tarefa editorial, tornando a apresentação e o emprego do questionário mais claros e fáceis. O questionário desta pesquisa terminou composto por instruções simples e claras, explicando ao sujeito apenas aquilo que esperávamos que ele fizesse.

Finalmente, o problema da validade deve ser considerado quando discutimos as questões referentes aos instrumentos de coleta de dados. É preciso saber se o sujeito da pesquisa responde as questões de forma verídica. No caso do questionário, o problema da veracidade é complexo, pois os sujeitos podem mesclar fatos da ficção e da realidade

(respondendo o que gostariam de fazer, ou que julgam que o pesquisador espera deles e não o que realmente fazem), ou podem simplesmente fazer declarações falsas (que não correspondem à realidade) por vergonha ou mesmo por medo de serem analisados ou criticados.

Sobre a validade dos questionários, Hatherall (1984, apud Hartman, 2001) faz a seguinte observação:“Será que os sujeitos estão dizendo o que eles fazem, ou o que eles pensam que fazem, ou o que eles acham que devem fazer, ou ainda uma mistura de tudo isso?... Será que nós não chegamos a um consenso, baseados nesses resultados, de como os sujeitos se comportam diante de um questionário ao invés de obtermos dados autênticos sobre como eles usam o dicionário?”

Segundo Goode e Hatt (1977, p. 209), uma verificação válida da resposta a fim de obter esclarecimento sobre sua veracidade pode ser obtida com o procedimento de comparar as respostas com outras anotações obtidas sobre os sujeitos.

O progresso das investigações depende de observações mais diretas como a utilização de protocolos, filmagens em áudio e vídeo, e entrevistas de usuários ‘em ação’.

No caso específico desta pesquisa, pudemos fazer essa comparação das respostas dadas no questionário com outros dados, apenas dos 10 sujeitos que foram selecionados para fazer parte da segunda etapa da coleta de dados – a aplicação do protocolo verbal. Foi interessante observar como primeiramente responderam às questões relativas ao uso do dicionário no questionário e como realmente usaram o questionário na atividade proposta no protocolo verbal. Essa análise está presente na apresentação dos resultados em seção posterior. É preciso esclarecer que os protocolos tiveram como objetivo confirmar ou não os resultados dos questionários, já que foram contrastados com os dados coletados nos questionários dos sujeitos que aceitaram participar desta segunda etapa da coleta.

Outra saída, segundo os autores, é recorrer ao auxílio de uma “questão-crivo”, ou seja, uma questão que investiga aqueles que não devem responder a questão porque não possuem o conhecimento e a experiência necessários. Essa questão pode anteceder ou seguir a questão considerada importante, assim determinará se o sujeito conhece algum fato sobre o assunto. Recorremos a esse procedimento em algumas questões propostas no questionário para confirmar se realmente o sujeito estava respondendo de acordo com a realidade que vivencia quanto ao uso dos dicionários.

A compreensão da tarefa que se tem em mãos e a familiaridade com ela estão relacionadas também à confiabilidade e validação dos dados, uma vez que não haveria sentido em cooperar sem um objetivo claro e bem definido. Todos os sujeitos que participaram desta etapa da coleta receberam explicação prévia sobre os objetivos da pesquisa e sobre a questão do seu direito ao anonimato9.

Com a finalização desta primeira etapa da coleta de dados, tínhamos em mãos dados suficientes para proceder a uma análise quantitativa e qualitativa na busca de respostas às questões de pesquisa. Ou seja, o uso do dicionário pelo usuário e suas considerações acerca das partes integrantes de um verbete e do dicionário como um todo estavam descritos em suas respostas, além de seu comportamento com relação ao uso do dicionário enquanto trabalhava com a habilidade de leitura em LE, nas questões propostas na terceira parte do questionário. No Quadro 13, delineamos as relações entre cada conjunto de questões que compuseram este instrumento e os objetivos da pesquisa.

QUADRO 13 – As questões do Questionário e suas relações com os objetivos da Pesquisa

QUESTÕES OBJETIVO

Perfil sócio-educacional Delineamento do perfil dos sujeitos quanto ao histórico escolar e proficiência em língua inglesa

Questões sobre uso do dicionário

Verificação do uso do dicionário pelos sujeitos em diferentes situações

Questões sobre leitura do texto sem o uso do dicionário

Verificação do uso de estratégias de leitura sem o uso do dicionário

Questões sobre leitura do texto com o uso do dicionário

Verificação do uso do dicionário como uma estratégia na leitura do texto

Entretanto, percebemos a necessidade de um segundo instrumento a fim de verificar com mais especificidade a relação usuário-dicionário. Para isso, era preciso colocar o usuário em um contexto real do uso do dicionário. A técnica de coleta de dados pela aplicação do protocolo verbal permitiu a verificação do uso do dicionário pelo usuário em um contexto específico de leitura em LE. Assim, a questão central que deveria ser respondida com esses novos dados seria: Em que momento da leitura de um texto em LE (cujo objetivo é a compreensão) o leitor/ usuário recorre ao dicionário e como ele o utiliza?

9

Como mais um fator de motivação (e também como manifestação de agradecimento pela participação), a pesquisadora entregou bombons aos alunos que se dispuseram a colaborar com a coleta.

Sendo assim, continuamos nosso percurso metodológico discorrendo sobre o uso desta técnica do protocolo verbal, considerada um instrumento de coleta de dados sobre leitura e a relação leitor-texto. Na subseção apresentada a seguir, mostramos a evolução e adaptação da técnica por alguns autores (SIMONS, 1971; OLSHAVSKY, 1976/1977; HOSENFELD, 1977/1984; CAVALCANTI, 1988) e também como adaptamos a técnica para servir aos propósitos deste presente estudo.

2.4.1.1 A COLETA DOS DADOS COM O QUESTIONÁRIO

Para a realização da coleta de dados, o primeiro passo foi delimitar o campo de investigação e estabelecer como melhor analisá-lo. Tendo em mente o contexto educacional específico (curso de Letras em nível de graduação), entramos em contato com as instituições selecionadas (UNESP – Campus de Araraquara, UFSCar – São Carlos e FADICS – São Carlos) por meio dos Chefes de Departamentos e dos Coordenadores de Curso que nos encaminharam aos professores. Fizemos contato com os professores responsáveis pelas disciplinas de Língua Inglesa nas instituições, com a finalidade de expor o projeto de pesquisa. Cientes do projeto e dos objetivos da coleta de dados, os professores concordaram em colaborar com a pesquisa disponibilizando, primeiramente, um contato com seus alunos.

Assim, obtivemos os horários das aulas de Língua Inglesa nas instituições e agendamos com os professores as aulas mais oportunas para nos apresentar aos alunos e apresentar o projeto de pesquisa e as intenções com a coleta de dados.

QUADRO 14 – Instituições, Disciplinas e Turmas

UNESP