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The trend is shifting from static taxonomies to more dynamics

Questão 6. Em sua opinião, qual o maior defeito do(s) dicionário(s) que você consulta? E a maior qualidade?

A Questão 6 revelou um certo descontentamento dos sujeitos com relação aos dicionários que consultam. Os comentários a seguir apresentados revelam as qualidades e defeitos apontados pelos sujeitos nos dicionários bilíngües e monolíngües, divididas em informações sobre a apresentação e o conteúdo dos dicionários. Como não houve variação significativa entre os dados das três instituições, optamos por reuni-los.

Quanto à apresentação do dicionário, as qualidades do DM mais citadas foram: (1) presença de ilustrações, figuras, tabelas, quadros explicativos; (2) presença de índice; (3) texto colorido; (4) separação de sílabas. No caso do DB, as qualidades se restringiram a: (1) formato prático e fácil consulta; e (2) localização rápida. A questão de serem bem estruturados, ou seja, as informações são fáceis de se encontrar, apareceu como qualidade tanto para o dicionário monolíngüe quanto para o bilíngüe.

A respeito dos defeitos apontados, no caso do DB, os sujeitos apontaram que tais dicionários não apresentam seção ilustrada e não cabem no bolso. Quanto ao último critério de avaliação dos sujeitos, é evidente que DBs não têm necessariamente que caber no bolso, uma vez que há no mercado os chamados mini-dicionários ou dicionários de bolso (pocket dictionary) que servem a esse propósito – carregar o dicionário para todos os lugares (sala de aula, viagens, etc). Os sujeitos também apontaram como defeitos que, tanto os dicionários monolíngües, quanto os bilíngües apresentam letras de tamanho muito pequeno e de difícil leitura nos verbetes e capas que estragam facilmente. Tais considerações devem fazer parte das preocupações dos editores dos dicionários e não dos lexicógrafos, pois tamanho de letra e capa são decisões da equipe de editoração de um dicionário.

Quanto ao conteúdo, os sujeitos apontaram como qualidade dos DBs o fato de serem dicionários cuja consulta é rápida, pois muitas vezes o objetivo do usuário é realmente checar a tradução do item na LM. No que se refere aos dicionários monolíngües, os sujeitos apontam principalmente a presença de exemplos (contextualização), definições completas e em linguagem simples (aqui percebemos a importância do vocabulário básico de definição presente em DMs para falantes não- nativos da língua) e informações gramaticais sobre o item; além disso, as notas culturais, a transcrição fonética e as expressões idiomáticas também são valorizadas pelos alunos. Os sujeitos ainda apontaram como qualidade o fato de encontrarem todas as palavras que procuram em DMs.

Um sujeito apontou ainda, como qualidade do DM, a possibilidade de aquisição de vocabulário. A consulta ao DM proporciona, além da descoberta do significado

desejado, também o aprendizado de novos itens ou novos significados do mesmo item, se o usuário estiver disposto a ler as outras acepções, as notas culturais ou até mesmo checar a referência cruzada.

A questão da não-objetividade ou complexidade da definição nos verbetes do DM foi um dos defeitos apontados pelos sujeitos. Eles mencionam a dificuldade em localizar o sentido exato do item que está sendo consultado, dizendo que é preciso ler todas as informações do verbete para então entender o item consultado. Um sujeito comenta também o fato de o DM não conter tradução, deixando clara, neste caso, sua preferência por dicionários híbridos, cujo verbete apresenta, além da definição escrita na LE, a tradução do item na LM.

A lista de defeitos do DB é extensa. Os principais defeitos apontados dizem respeito à falta de contextualização do item, o que dificulta a compreensão do significado exato do item consultado e à falta de verbetes (desatualização dos dicionários), uma vez que os usuários não encontram a palavra que querem consultar. Os sujeitos apontam também a falta de expressões idiomáticas e gírias; falhas na transcrição fonética (muitos DBs não usam o Alfabeto Fonético Internacional, adaptando símbolos e provocando certa confusão na pronúncia do item); falta de informações gramaticais (como por exemplo as formas dos verbos irregulares); falta de notas culturais e de uso; falta de referência cruzada; e a falta de distinção entre AmE e BrE (inglês americano e britânico).

Três sujeitos, entretanto, ao apontarem os defeitos nos dicionários, sugeriram que o problema está no próprio usuário que não sabe usar a ferramenta adequadamente. Afirmaram que os dicionários, sejam monolíngües ou bilíngües, apresentam seus verbetes adequadamente, cabendo ao usuário consultá-los corretamente.

Apenas um sujeito, finalmente, apontou o problema ideológico dos DMs. Uma vez que a definição é escrita por um lexicógrafo, ela traz uma visão de mundo e pode formar opiniões. Ele defende, portanto, o uso dos dicionários bilíngües, que só contêm equivalentes, em qualquer consulta. Tal argumento não invalida o uso do DM, uma vez que todo dicionário carrega em toda frase escrita dentro dele a ideologia implícita nos objetivos de seus autores, suas convicções, posturas e expectativas.

Não existe texto neutro quanto à ideologia, se se entende esta como um conjunto de idéias, opiniões, valores, crenças etc., que expressam, explicam ou justificam a ordem social, as condições de vida do homem

em suas relações com os outros homens. Quem fala ou escreve pretende sempre colocar [sugerir, propor, impor, inculcar], mesmo que implicitamente, seu modo de ver e sentir o universo, seus pontos de vista e suas convicções, seu sistema de crenças etc. Quem recebe o texto pode aceitar ou discutir o que recebe como também pode captar totalmente, parcialmente ou mesmo nulamente o que está implícito. Para isso é preciso não apenas ter um certo lastro de informações, mas ainda um certo traquejo em manejar idéias e conceitos, ou seja, um certo grau de consciência de cidadania, já que todos os setores da vida social são controlados por uma ideologia: política, econômica, filosófica, religiosa etc. (BORBA, 2003, p. 307)]

Borba (2003) esclarece a questão ideológica por trás da confecção de dicionários, deixando claro que é papel do usuário aceitar ou discutir o que está implícito em uma definição lexicográfica. Os usuários em questão neste trabalho – estudantes universitários e futuros professores de língua estrangeira – não são usuários iniciantes (se tomarmos como base todos os anos de sua vida escolar), desse modo, não podem ser considerados usuários ingênuos quanto à percepção da ideologia implícita nas definições. Tais usuários devem ter em mente que

[...] um dicionário de língua, como produto cultural e instrumento pedagógico, resulta de um olhar sobre a estrutura e o funcionamento do sistema lingüístico num determinado momento da vida de uma comunidade. Por isso, é organizado a partir de uma ideologia. (BORBA, 2003, p. 308-9)

Fica claro, portanto, analisando as considerações acima, que alguns usuários têm consciência dos problemas de DMs e DBs quanto à apresentação e ao conteúdo. Percebemos, a partir de suas constatações, que os usuários na verdade tendem a valorizar a estrutura dos verbetes de dicionários semibilíngües, ou seja, querem a definição referencial (com contextualização), mas sentem necessidade de confirmar tal definição usando a tradução na LM. Höfling (2000, p.74), a partir de entrevistas com alguns usuários de dicionários, chega à mesma conclusão de que

[...] a escolha da definição lexicográfica pelo usuário assemelha-se ao estilo de definição de um dicionário híbrido, em que o verbete não apresenta somente o equivalente na outra língua, mas a explicação do item em termos de descrição, informações extras e, finalmente, a tradução do item na outra língua.

3.1.2.7 INFORMAÇÕES FUNDAMENTAIS EM UM DICIONÁRIO

A Questão 7 foi elaborada para fazer com que chegássemos a um conjunto de características cuja importância seria fundamental para os sujeitos. Nos estudos pilotos, os sujeitos tiveram dificuldade em pensar por si próprios nas características e partes mais importantes de um dicionário, o que fez com que re-elaborássemos a questão propondo um lista de 10 itens para que eles, então, pudessem avaliá-los utilizando os números de 01 a 10 de forma a deixar como 01 (um) a característica que consideravam mais fundamental e importante em um dicionário.

Questão 7. O que acha fundamental em um dicionário? Coloque as características abaixo em