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Imunidades Parlamentares

No documento Direito Constitucional. Prof. Otávio Piva (páginas 77-80)

CAPÍTULO 7 ORGANIZAÇÃO DOS PODERES

7.5 Imunidades Parlamentares

As imunidades, regra geral, são garantias constitucionais e objetivam assegurar a independência de um Poder em relação aos demais Poderes da República. No caso do Poder Legislativo, permite a plena atuação do parlamentar, impedindo constranger o pleno desenvolvimento das atribuições constitucionais do Congresso Nacional por qualquer tipo de ameaça, inclusive quanto a processos judiciais que poderiam ser de motivação puramente política.

Mandato do Senador: 8 anos

Composição: são eleitos 3 (três) representantes por

Estado-membro e pelo DF.

Sistema de eleição: majoritário Suplentes: 2

Alternância: a cada quatro anos, renovando-se,

alternadamente, 1/3 e 2/3. Senado Federal

A origem das imunidades parlamentares está no sistema constitucional inglês, provavelmente, em 1688, no Bill of Rigths, que proclamava a existência de dois princípios: a) freedom of speach (liberdade de palavra) ; b) freedom from arrest

(imunidade à prisão arbitrária).

Resumidamente, as imunidades dos parlamentares são as seguintes:

Imunidade material: os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos (art. 53).

Antes da Emenda Constitucional n.º 35, de 20 de dezembro de 2001, o Supremo Tribunal Federal entendia que a inviolabilidade material alcançava qualquer reflexo das manifestações parlamentares: civil, penal, administrativa e politicamente, desde que guardassem mínimo nexo de causalidade com o exercício do mandato:

Na interpretação do art. 53 da Constituição – que suprimiu a cláusula restritiva do âmbito material da garantia –, o STF tem seguido linha intermediária que, de um lado, se recusa a fazer da imunidade material um privilégio pessoal do político que detenha um mandato, mas, de outro, atende às justas ponderações daqueles que, já sob os regimes anteriores, realçavam como a restrição da inviolabilidade aos atos de estrito e formal exercício do mandato deixava ao desabrigo da garantia manifestações que o contexto do século dominado pela comunicação de massas tornou um prolongamento necessário da atividade parlamentar: para o Tribunal, a inviolabilidade alcança toda manifestação do congressista onde se possa identificar um laço de implicação recíproca entre o ato praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato, e a qualidade de mandatário político do agente. (STF, RE 210.917 - RJ - Informativo 232, 18-06-2001). Imunidades Parlamentares Inviolabilidades (Imunidades absolutas)

Invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer opiniões, palavras e votos.

Imunidades processuais (relativas ou formais) Art. 53, § 1.º Art. 53, § 2.º Art. 53, § 3.º Art. 53, § 4.º Art. 53, § 5.º

Ocorre que, com o advento da Emenda Constitucional n.º 35/2001, ao caput do art. 53, além da inclusão das expressões “civil e penalmente”, passaram os parlamentares a ser invioláveis por “quaisquer opiniões, palavras e votos”.

A leitura do novo art. 53 poderia levar à conclusão de que, com a EC 35/01, teria sido banida a exigência do nexo de causalidade entre a manifestação e o exercício do mandato, evidenciando-se ampliação das inviolabilidades.

Nada obstante, o STF, em julgamento realizado em 11 de julho de 2002, de relatoria do Ministro Nelson Jobim, ao decidir o Inquérito n.º 655, no qual Deputado Federal estava sendo processado pelo crime de calúnia supostamente praticado pelo então Diretor de uma autarquia federal, aparentemente firmou entendimento de que qualquer declaração feita nas dependências do Congresso Nacional, seja na tribuna, seja nas comissões, é objeto da imunidade parlamentar prevista pela Constituição Federal. No voto do ministro Nelson Jobim, ficou consignado que o Parlamento assegura a liberdade das manifestações dos congressistas, não sendo necessário analisar se existe ou não nexo causal entre as afirmações e o exercício do cargo para se aplicar a imunidade. Esse elo deveria ser comprovado somente nos casos em que o deputado, ou parlamentar, encontrar-se fora das dependências da Casa Legislativa (no mesmo sentido, Gilmar Ferreira Mendes, 2010, p. 1031).

Prerrogativa de foro: Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal (art. 53, § 1º);

Prisão: desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (art. 53, § 2.º;

Processos penais: recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação (art. 53, § 3.º);

Testemunhas: os Deputados e os Senadores não serão obrigados a

testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (art. 53, § 6.º);

Incorporação às Forças Armadas: a incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (art. 53, § 7.º);

Estado de defesa e Estado de Sítio: as imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida (art. 53, § 8.º).

7.5.1 Investigação policial e imunidades parlamentares

De acordo com decisão do STF (Informativo n.º 483), a abertura de inquérito e o indiciamento de qualquer autoridade com prerrogativa de foro (no STF) dependem de autorização judicial da Corte Suprema, sob pena de nulidade, situação na qual, evidentemente, estão inseridos os parlamentares.

7.5.2 Imunidades de parlamentares estaduais

Os deputados estaduais estão sujeitos ao mesmo regime de imunidades e de impedimentos dos parlamentares federais, nos termos do art. 27, § 1.º, da CF/88.

No documento Direito Constitucional. Prof. Otávio Piva (páginas 77-80)