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Ministério Público

No documento Direito Constitucional. Prof. Otávio Piva (páginas 134-139)

CAPÍTULO 10 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

10.2 Ministério Público

Nos termos do art. 127 da CF/88, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à atividade da Justiça, tendo por incumbências a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

Não obstante a existência de controvérsia (MAZZILLI, 2008) sobre a posição constitucional e a natureza jurídica do MP, pode-se afirmar tratar-se de instituição constitucional autônoma (NOVELINO, p. 705).

10.2.1 Estrutura Orgânica do Ministério Público

Ministério Público da União

Ministério Público dos Estados

Ministério Público

Ministério Público Federal

Ministério Público Militar

Ministério Público do DF e Territórios Ministério Público do Trabalho

10.2.1.1 Ministério Público do Tribunal de Contas

Em que pese o art. 128 da CF/88 não ter inserido em sua lista o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, é importante frisar que essa instituição encontra- se constitucionalmente prevista no art. 73, § 2.º, I, e no art. 130, ambos da CF/88.

Este MP, em que pese a seus integrantes serem aplicáveis todas os direitos, vedações e forma de investidura estabelecidas, genericamente, ao Ministério Público, é regido por Lei Orgânica própria (Lei 8.443/92), de iniciativa do próprio Tribunal de Contas. Consequentemente, o Ministério Público que atua nos Tribunais de Contas não faz parte do Ministério Público da União ou, conforme o caso, não integra o Ministério Público dos Estados (ADI 2884), mas se qualifica como órgão de extração constitucional, fazendo parte da intimidade estrutural da Corte de Contas (ADI 789).

10.2.2 QUADRO DE NOMEAÇÃO, MANDATO, RECONDUÇÃO E DESTITUIÇÃO DO PROCURADOR-GERAL

Procurador-Geral da República (art. 128, §§ 1.º e 2.º)

NOMEAÇÃO Pelo Presidente da República

REQUISITOS

+ de 35 anos de idade Integrante da carreira Aprovação por maioria absoluta do Senado Federal

MANDATO Dois anos

RECONDUÇÃO Permitida de forma indeterminada

DESTITUIÇÃO

Por iniciativa do Presidente da República, após autorização de maioria absoluta do Senado Federal

Procurador-Geral de Justiça (art. 128, §§ 1.º e 2.º)

NOMEAÇÃO

Pelo Governador de Estado/DF, através de lista

tríplice

REQUISITOS

Integrante da carreira Outros previstos na lei

respectiva

MANDATO Dois anos

RECONDUÇÃO Permitida uma única vez

DESTITUIÇÃO

Por deliberação de maioria absoluta do respectivo

Poder Legislativo

10.2.3 PRINCÍPIOS INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO (art. 127, § 1.º)

a) Unidade: o Ministério Público é uma instituição única, sob a chefia de uma única autoridade. As divisões eventualmente existentes são de caráter estritamente funcional. Advirta-se que essa unidade se afirma dentro de cada respectivo MP, não podendo, por exemplo, o membro de um Ministério Público exercer funções próprias de outro ramo.

b) Indivisibilidade: decorrente do princípio da unidade, possibilita a substituição de um membro do MP por outro do mesmo ramo, desde que observadas as previsões legais.

c) Independência funcional: os membros no MP não se submetem a nenhum poder hierárquico para exercitar suas funções, podendo atuar nas suas missões constitucionais da maneira que cada integrante entender conveniente.

10.2.4 FUNÇÕES INSTITUCIONAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

Evitando-se transcrições desnecessárias do texto constitucional, remete-se o leitor ao art. 129 da CF/88 o qual descreve, de forma exemplificativa, as funções do Ministério Público.

10.2.5 PODER DE INVESTIGAÇÃO E O MP

Permanece pendente de apreciação final no STF a discussão sobre o MP possuir, ou não, poderes de investigação, considerando os termos do art, 129, VIII, da CF/88 ou se essa atividade seria exclusiva da polícia.

No RE 535.478 (21-11-2008), a 2.ª Turma do STF, restritivamente, entendeu que a denúncia pode ser instruída tão somente por peças de informação obtidas pelo próprio Ministério Público, não havendo necessidade de inquérito policial.

Na decisão, a 2.ª Turma do STF citou a Teoria dos Poderes Implícitos, segundo a qual, quando a Constituição Federal concede os fins, consequentemente, dá os meios para que esses mesmos fins sejam alcançados.

Seguindo essa teoria, se a CF/88 deu ao MP a privatividade de promover a ação penal pública (art. 129, I), não se pode vedar que essa mesma instituição realize a colheita de prova para essa mesma atividade, mesmo porque o CPP (art. 46, § 1.º) autoriza que “peças de informação” fundamentem a denúncia.

Ocorre que, como inicialmente se alertou, trata-se de decisão de Turma do STF. O plenário, por sua vez, está para se manifestar sobre a questão nos autos de diversas ADI (2.943, 3.309, 3.317, 3.318, entre outras) que foram propostas questionando essa delicada questão dos poderes do MP.

10.2.6 GARANTIAS DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

As garantias visam assegurar a plena liberdade do membro do Ministério Público no desenvolvimento de suas funções constitucionais. Nos termos da Constituição Federal (art. 128, § 5.º, I), ao parquet são asseguradas:

a) Vitaliciedade: adquirida após dois (2) anos de efetivo exercício da carreira, determina que a perda do cargo somente se dê por sentença judicial transitada em julgado, através de ação civil própria (proposta pelo respectivo Procurador- Geral, perante o TJ local, após autorização do Colégio de Procuradores), nos seguintes casos (art. 38, §§ 1.º e 2.º, da LONMP):

 Prática de crime incompatível com o exercício do cargo, após decisão judicial transitada em julgado;

 Exercício da advocacia;

Abandono do cargo por prazo superior a trinta dias corridos.

b) Inamovibilidade: uma vez titular do cargo, o membro do Ministério Público somente poderá ser removido ou promovido por iniciativa própria, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;

c) Irredutibilidade de subsídios: o subsídio do parquet é irredutível e fixado na forma do art. 39, § 4.º, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, § 2.º, I, todos da CF/88.

10.2.7 VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS

Também denominadas de “garantias de imparcialidade”,3 as vedações constitucionais impostas aos membros do MP estão consignadas no art. 128, § 5.º, II) e são as seguintes:

a) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;

b) exercer a advocacia;

c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;

e) exercer atividade político-partidária;

f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei.

10.2.8 CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O Conselho Nacional do Ministério Público compõe-se de quatorze membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, tendo por competência realizar o controle da atuação administrativa e

financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros.

Integram o Conselho Nacional do Ministério Público (art. 130-A):

I - o Procurador-Geral da República, que o preside;

II - quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;

III - três membros do Ministério Público dos Estados;

IV - dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;

V - dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VI - dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

No documento Direito Constitucional. Prof. Otávio Piva (páginas 134-139)