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IndICadores de aCompanhamento dos tutores na medIação de aprendIzaGem

Os indicadores utilizados no acompanhamento do desempenho dos tutores tiveram como eixos norteadores as estratégias de mediação e a qualidade das intervenções.

No Quadro 1, a seguir, apresentam-se os indicadores de estratégias de mediação, que permitem o acompanhamento dos tutores no processo de ensino-aprendizagem dos estudantes. A partir desses indicadores, pode-se acompanhar se o tutor incentiva a aprendizagem coletiva e/ou individual dos estudantes, corrige equívocos na com- preensão de conceitos e práticas, estimula a interação com os colegas, assim como relata experiências.

Quadro 1 – Indicadores de estratégias de mediação

Fonte: adaptado de Guimarães e demais autores (2013).

As escolhas das estratégias de mediação utilizadas nas discussões dos fóruns te- máticos devem levar em consideração o ritmo de cada grupo. Portanto, cada tutor deve estar atento à dinâmica das discussões, observando as contribuições dos estudantes, as temáticas abordadas e, assim, verificar o momento ideal para introduzir as estra- tégias mais adequadas. Inicialmente, nas aberturas dos fóruns temáticos, observa-se

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a participação mais tímida dos estudantes, pois estes ainda estão se apropriando do tema em discussão. Nesse momento, recomenda-se que o tutor utilize a mediação individual, como forma de acolher a contribuição trazida para o grupo e, assim, vali- dar a participação do estudante.

Quando o fórum estiver com um volume significativo de participações, o tutor pode utilizar a estratégia de mediação em dupla ou trio, ou agrupar as contribuições que abordem o mesmo tema, utilizando a estratégia de mediação por grupo a partir do tema abordado. Assim, o tutor possibilita que os estudantes observem a interação e complementação das contribuições.

O Quadro 2 apresenta os indicadores de qualidade de narrativas, que permitem acompanhar se as intervenções problematizadoras dos tutores, nos fóruns temáticos, possibilitam o aprofundamento das discussões dos estudantes. Ainda, possibilitam constatar o incentivo aos relatos de experiências e à leitura dos referenciais teóricos básicos e complementares do curso, a partir de citações direta e indireta nas narra- tivas dos tutores. Nessas pode se evidenciar a desconstrução de conceitos, ou seja, a correção de intervenções dos estudantes, que contenham equívocos. Também, pode- se verificar a síntese das discussões realizadas, com o intuito de identificar os pontos mais importantes discutidos pelos estudantes no decorrer do fórum.

Além desses indicadores, destaca-se, também, a presencialidade do tutor no AVA, sendo possível relacioná-la ao seu comprometimento com o processo de aprendizagem colaborativa, evidenciada na construção de sentidos narrativos, a partir de experiências formativas apresentadas ao longo do desenvolvimento do curso. O acompanhamento do indicador “presencialidade” foi prioritário para a identificação dos momentos de ausência dos tutores por mais de 48 horas. Nesses casos, a equipe pedagógica assumia a mediação dos fóruns temáticos e esclarecimento de dúvidas, em substituição ao tu- tor, para evitar esvaziamentos das discussões, o que poderia desmotivar os estudantes. Os indicadores de qualidade de narrativas representam referências que possibi- litam maior consistência ao processo ensino e aprendizagem, já que os tutores os utilizam para a construção das narrativas dos fóruns temáticos. Permitem um diálogo mais profundo com a textualidade produzida no processo relacional e de aprendiza- gem dos estudantes.

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Como uma forma de organizar os níveis de construção de habilidades cognitivas para o alcance dos objetivos educacionais propostos, esses foram classificados, con- siderando os níveis de aprendizagem, como mostra o Quadro 3, elaborado com base nos níveis de domínio cognitivo, propostos na Taxonomia de Bloom (1956).

Quadro 2 – Indicadores de avaliação de qualidade das intervenções nos fóruns temáticos

Fonte: adaptado de Guimarães e demais autores (2013).

Nas atividades práticas dos tutores, na mediação de fóruns temáticos, os níveis de domínio cognitivo foram identificados a partir dos objetivos educacionais, segun- do a proposta da Taxonomia de Bloom (MONTEIRO; TEIXEIRA; PORTO, 2012), a seguir: • Conhecimento: nesta etapa, a memória é o objetivo educacional de maior

ênfase, se relacionando com a lembrança ou reconhecimento de fatos, sem a necessidade de um entendimento ou sistematização;

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• Compreensão: neste nível, é demonstrado o entendimento do que está sendo comunicado, que vai além da memorização. Apresenta capacidade de traduzir o conteúdo através da escrita ou da fala, indicando que com- preende, internaliza e sistematiza os conhecimentos;

• Aplicação: trata-se do domínio sobre um determinado tema, expresso pela capacidade de utilizar um conceito e intervir numa nova realidade para resolver um problema. Nesta fase, alcança-se a independência intelectual; • Análise: é a identificação de aspectos incluídos em uma comunicação, podendo ser elementos, relações e princípios organizacionais. A aná- lise desses elementos diz respeito à identificação dos componentes de uma comunicação. A análise de relações refere-se às conexões e interações da comunicação. A análise de princípios organizacionais compreende a organização, disposição e estrutura da comunicação. A análise implica na divisão do conhecimento e na capacidade de rela- cionar essas partes;

• Síntese: é a combinação de elementos e partes que formam um todo, anteriormente não evidenciado. A síntese é representada por uma forma de pensamento diferente;

• Avaliação: pressupõe um julgamento de valor, podendo ser em termos de evidência interna ou critérios externos. A avaliação tem se mostrado uma das mais importantes categorias de objetivos educacionais.

O acompanhamento desses indicadores, por um lado possibilitou verificar a rela- ção existente entre competências e colaboração, assegurada pelo compartilhamento das experiências no ambiente virtual, que favoreceram o exercício da assertividade, diálogo, escuta, dialogicidade e articulação teoria e prática. (RANGEL-S et al., 2016a) Por outro, possibilitou a ressignificação do processo de acompanhamento da apren- dizagem através da observação da interação nos fóruns, dispositivo que possibilita o uso da autonomia e da aprendizagem colaborativa.

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Quadro 3 – Indicadores de Níveis de domínio cognitivo

Fonte: elaborado pelas autoras.