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UMA DEMANDA DA SES/SC EM PARCERIA COM O IFSC

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Caroline de oliveira alves Charlene da silva

Fabio luiz zanzi

itamara almeida Cardoso rita de Cássia Flôr PatríCia Fernanda dorow Caroline de medeiros

Introdução

Nos primórdios da descoberta dos raios X, já se verificou que as radiações ionizantes tinham também seu lado indesejável. Relatos de casos de acidentes no uso da radiação X devido à ausência de medidas protetivas evidenciaram a demanda de conhecimento específico para sua prática segura. (RAWLE; PIGHILLS, 2018)

De acordo com Okuno (2013), o uso desenfreado da radiação X trouxe os primei- ros casos de efeitos determinísticos e estocásticos: os médicos começaram a perce- ber que ela poderia eliminar manchas de nascença e pintas, além de matar células.

Somente 30 anos após descobrir as radiações ionizantes, iniciou-se o processo de normatizar seu uso com a criação de normas de controle e grandezas físicas por

1 Agradecimentos: Os autores agradecem à Secretaria Estadual da Saúde de Santa Catarina pela parceria e à equipe no núcleo de educação a distância do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), Campus Florianópolis pela disponibilização dos recursos necessários à execução do projeto.

Práticas inovadoras da rede Una-sUs

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meio da Internacional Commission on Radiation Units and Measurements (ICRU). (OKUNO, 2013)

Com o uso dessas radiações ionizantes, os serviços de saúde, nas diferentes mo- dalidades de radiodiagnósticos – como raios X convencional, tomografia computa- dorizada, radiologia intervencionista, mamografia, radioterapia e medicina nuclear – fizeram com que a taxa de exposição média às radiações crescesse de 0,53% entre 1980 e 1982 para 3% em 2006. (ALBUQUERQUE; MASTROCOLA, 2017)

O estudo de Flôr e Gelbcke (2013) evidencia que os trabalhadores atuam em práticas envolvendo radiação ionizante sem conhecer os danos causados por essa exposição. Cumpre ainda enfatizar que essa necessidade foi discutida na primeira conferência internacional dedicada exclusivamente à proteção radiológica ocupacional, tendo como tema central a proteção do trabalhador contra a exposição à radiação ionizan- te, realizada na sede da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Suíça. Debateu-se a necessidade de manter educação permanente para assegurar boas práticas de segurança radiológica. Além disso, recomendou-se que as instituições que empregam radiação ionizante facilitem o acesso dos trabalhadores a cursos de capa- citação nessa área do conhecimento, assim como o preparo de materiais educativos elaborados por trabalhadores qualificados, mencionando a figura do docente, por ser bem preparado para ministrar esse tipo de capacitação. (ORGANISMO INTERNACIONAL DE ENERGÍA ATÓMICA, OFICINA INTERNACIONAL DEL TRABAJO, 2004)

Considerando o diálogo entre esses autores, é imprescindível a educação perma- nente como estratégia para que os trabalhadores de saúde desenvolvam consciência sobre a necessidade de proteção quando atuam com radiação ionizante, pois essas inovações tecnológicas demandam profissionais cada vez mais preparados para usá -las com segurança.

Ademais, as instituições de saúde que utilizam a radiação ionizante precisam atender às recomendações da Portaria nº 453, de 1º de julho de 1998 do Ministério da Saúde (MS) e da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS), que traça as Diretrizes de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico. Essa Portaria estabelece, no item 3.25, que compete aos titulares e empregadores dos estabeleci- mentos que utilizam radiação ionizante em seu processo de trabalho, assegurar que

relato de experiência: educação permanente sobre proteção radiológica... 51

estejam disponíveis os trabalhadores necessários em número e capacitados para con- duzir os procedimentos radiológicos, bem como a necessária competência em matéria de proteção radiológica.

Além disso, atos legais de órgãos estaduais instituem a capacitação para atuar com a radiação ionizante, como é o caso da Instrução Normativa nº 002, da Diretoria de Vigilância Sanitária de Santa Catarina (DIVS/SES/SC), que regulamenta e orienta os serviços de radiologia do estado de Santa Catarina, estabelecendo a necessidade de capacitação para os serviços que atuam no radiodiagnóstico médico.

Do mesmo modo, a Resolução COFEn-211/1998 dispõe sobre a atuação da enfer- magem na prestação da assistência aos pacientes em radioterapia, medicina nuclear, tomografia computadorizada, entre outros serviços envolvendo exposição à radiação ionizante e estabelece normas de proteção radiológica aos trabalhadores de enfer- magem. (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 1998)

Complementando essas diretrizes, em 2004, o Ministério da Saúde implantou a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), por meio da Portaria GM/MS nº 198, de 13 de fevereiro de 2004, propondo uma ação estratégica que integra prática ao cotidiano do trabalho de forma estruturada e reflexiva. Assim, a educação permanente em saúde (EPS) mantém como princípio que o conteúdo a ser estudado deve ser gerado com base em dúvidas e necessidades de conhecimento emergidas em situações vivenciadas pelos próprios trabalhadores. (BRASIL, 2004)

Diante do exposto, o presente projeto de extensão surgiu de uma demanda identi- ficada pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) em capacitar os trabalhadores que atuam em radiologia diagnóstica e terapia, assim como os demais trabalhadores de áreas afins sobre proteção radiológica.

Sendo assim, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Campus Florianópolis, em parceria com a SES/SC, realizou um projeto de extensão com duração de dez meses no ano de 2018. O projeto envolveu como equipe executora alunos e professores do Curso Superior de Tecnologia em Radiologia e do Mestrado Profissional em Proteção Radiológica, do Departamento de Serviço e Saúde do IFSC, Campus Florianópolis e com a participação de uma professora voluntária da SES/SC, que acompanhou todas as etapas do processo de capacitação.

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O projeto de extensão teve por objetivo capacitar trabalhadores da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina que atuam na radiologia diagnóstica e terapia, assim como de áreas afins, para trabalhar com segurança e protegidos da radiação ionizante.