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A influência das agências internacionais na agenda educacional brasileira no quadro da reorganização do sistema capitalista dos anos de 1990: a formação de

CAPÍTULO 1 FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: UMA POLÍTICA INOVADORA A PARTIR DO PERÍODO 1960-1980.

1.5 A formação de professores, do processo constituinte às reformas educacionais dos anos de

1.5.1 A influência das agências internacionais na agenda educacional brasileira no quadro da reorganização do sistema capitalista dos anos de 1990: a formação de

professores integrando acordos de financiamento internacional

A formação de professores nos anos de 1990, no universo das reformas educacionais implantadas nesse período, ocorre em meio a uma disputa entre o ajuste dos sistemas educacionais às demandas da nova ordem do capital, e as outras que reivindicavam uma efetiva democratização do acesso ao conhecimento em todos os níveis, num amplo movimento empreendido pela sociedade civil. A formação docente, nessa conjuntura, ganha centralidade no escopo das políticas educacionais, sob a crença de que, pela elevação do nível de qualificação dos profissionais da educação, os indicadores educacionais se alinhariam ao

crescimento econômico dos países latino-americanos em consonância com o projeto neoliberal de sociedade.

As mudanças estruturais nos Estados nacionais, à égide da nova ordem, situam-se na base do processo de reestruturação capitalista e de internacionalização e globalização da economia que triunfou de maneira incisiva naquele período. A década de 1990, notadamente, traz a marca dessa configuração neoliberal como modelo hegemônico, que privilegia as relações de mercado como reguladoras da vida social, despossuindo o Estado das suas funções assistenciais, elegendo as políticas sociais dentro do universo das suas pretensões.

Os desafios que se colocam para a educação são múltiplos, posto que o período que marca essa década trouxe significativas formulações e propostas no campo das políticas educacionais, particularmente pela imposição das novas demandas para a gestão (da educação e escolar) e para a formação de professores, onde a escola é tida como espaço/tempo para o desenvolvimento das novas gerações, nos aspectos relacionados como valores, ideias de conduta, modelos de trabalho e de relações entre os indivíduos, necessários à convivência em sociedade. A nova ordem impõe uma nova racionalidade, orientada por novas formas de pensar, de ver o mundo, o trabalho e as relações sociais, utilizando-se para esse fim, todos os recursos disponíveis, buscando produzir o individualismo exacerbado, desmobilizando os movimentos sociais e fragilizando a sociedade civil.

Como consequência, são adotadas novas práticas produtivas que produzem impactos diretos sobre a organização do trabalho e sobre as formas de qualificação, não significando, todavia, que há uma relação direta com a melhoria das condições de trabalho e com a autonomia do trabalhador. Delineiam-se, nessa perspectiva, novos conceitos e novos perfis profissionais, considerados nesse novo cenário como elementos imprescindíveis para as organizações, dentro do pressuposto de que a qualificação constrói-se mediante aprendizagem contínua, que tem início na educação básica, passa pela formação profissional e consolida-se na prática. No sentido divergente a essa nova ordem, o contexto educacional latino-americano reclama determinadas especificidades na análise dos processos de reforma e reestruturação do trabalho docente, em relação ao que se assiste no continente europeu e na América do Norte nos anos de 1990 (OLIVEIRA, 2007). As especificidades se justificam pela contradição dos propósitos das reformas que são implantadas na América Latina nos limites de sua realidade em que o mínimo não é garantido à maioria da população.

O campo educacional, enquanto subsistema do sistema social atravessa e é atravessado pelas mesmas crises que perpassam o tecido social, tencionando em conformidade com os desafios que a sociedade enfrenta. Desse modo, o projeto social da

modernidade ancora-se ao polar da regulação, protagonizada pelo mercado, no momento em que o desenvolvimento da ciência e da tecnologia determina e subordina o sujeito e, no mesmo sentido, se o Estado revela-se regulador, descortina-se um novo contorno na formulação e implantação das políticas educacionais. Porquanto, evidencia-se, no âmbito das políticas educacionais, a defesa da redução da atuação do Estado, pregando-se a privatização crescente em todas as esferas dos bens públicos, particularmente, a educação, disseminando- se um viés mercantil que atinge, principalmente, as concepções de formação docente, presentes nas reformas em implantação no período que se segue a aprovação da atual LDBEN.

As políticas de descentralização no marco das reformas educacionais dos anos 1990 realizaram-se em sociedades com diferentes tradições políticas e associativas, fazendo emergir diferentes modelos de desenvolvimento que tiveram, implícita ou explicitamente, um componente social. Ao tratar dessa questão, Sader (1995) enfoca que a superação radical das políticas e práticas tradicionais de descentralização adotados na América Latina, geralmente se limita em transferir a responsabilidade formal pela educação de uma esfera do poder (governo central) a outras instâncias (governos estaduais e municipais). Esses fatores, aliados a outros, configuram a complexidade do processo histórico, em que as reformas no âmbito do Estado e seus sistemas educacionais nas últimas décadas apresentam uma uniformidade nas políticas educacionais no âmbito do projeto neoliberal, nas suas variadas frentes de ação no campo das políticas públicas.

Essas reformas, segundo Oliveira (2007) trazem uma nova regulação educativa caracterizada pela centralidade atribuída à administração escolar, tomando a escola como campo e núcleo do planejamento e da gestão; o financiamento per capita, a regularidade e ampliação dos exames nacionais de avaliação; e a avaliação institucional e a participação da comunidade na gestão escolar. Nesse sentido, a configuração dos sistemas educativos é alterada nos seus aspectos físico e organizacionais, sob critérios de produtividade e excelência, apresentando uma regulação que, embora dirigida à instituição pública estatal, a noção de justiça vê-se mesclada e confundida com os princípios de eficiência que passaram a orientar as políticas educacionais e, especificamente a formação de professores e o trabalho docente.

É desse modo que os anos noventa registram a presença dos organismos internacionais que entram em cena em termos organizacionais e pedagógicos, com investidas que ganharam visibilidade através dos grandes eventos, por assessorias técnicas e por farta produção documental. Torna-se, pois, relevante apresentar e discutir o contexto internacional

que impulsionou a gestação e a implantação das reformas educacionais no campo da formação docente na América Latina, particularmente no Brasil, trazendo implicações diretas para a formação inicial e continuada de professores.

As reformas educacionais realizadas ao longo dos anos de 1990 na América Latina e Caribe fazem parte de um processo de intensas mudanças estruturais impulsionadas cuja gênese se encontra nos anos oitenta, orientadas, principalmente, pelo FMI e pelo Banco Mundial e que se inscrevem no arcabouço do projeto neoliberal de sociedade, como parte de um processo histórico de globalização do capital. Os elementos que apresento no decorrer deste estudo, com as luzes teóricas que dão suporte ao mesmo, permitem afirmar que estas reformas se realizam como parte integrante do projeto neoliberal de sociedade, constituído de metas específicas para os países periféricos de capitalismo dependente, tendo como premissas a atribuição de novas funções ao Estado e a redução da pobreza, dentro de um processo de liberalização, privatização e desregulamentação.

Apoiado em Neves (1994) para fundamentar a discussão sobre as reformas educacionais implantadas nos anos de 1990, dirijo a análise no sentido de que a educação enquanto política social do Estado capitalista assume também suas contradições, no sentido de que as mudanças nos sistemas educacionais nos países capitalistas (hegemônicos e dependentes) respondem, de modo específico, às necessidades de valorização e acumulação do capital, ao mesmo tempo em que se consubstanciam numa demanda popular efetiva de acesso ao conhecimento socialmente produzido. O movimento e a direção do desenvolvimento das políticas educacionais, em determinada formação social concreta capitalista na atualidade, segundo essa autora, estão imbricadas, por um lado à consolidação dos níveis de participação popular alcançadas, ou seja, com o alargamento dos mecanismos de controle social das decisões estatais e, por outro lado, com o nível de desenvolvimento das forças produtivas e das relações de produção.

Desse modo, as complexas reformas no campo da educação realizadas na América Latina e, particularmente no Brasil, impulsionadas pelo projeto neoliberal, a partir do final dos anos de 1980, além de cumprirem a meta de redução do gasto público, com o progressivo desmonte das agências do Estado do Bem-Estar-Social e da preocupação dos organismos internacionais com a redução da pobreza e a governabilidade desses países (MELO, 2003), são também resultado dos movimentos reais de deslocalização da produção e dos imperativos de criação científica e tecnológica para os países de capitalismo dependente, assim como dos movimentos de flexibilização do trabalho e das relações trabalhistas, afetando diretamente as propostas e demandas por educação nesses países.

A educação, nesse contexto, apresenta-se como eixo das ações de redução de pobreza, pelo incremento individual de capital humano, à luz das propostas econômicas, políticas e sociais do BM e do FMI. Depreende-se dessa análise que ao tentar sua qualificação para o trabalho, por meio do desenvolvimento de competências, habilidades e valores, cada indivíduo pode potencializar suas possibilidades de emprego remunerado e produtivo, além de garantir melhor qualidade de vida, contribuindo, dessa forma, para o crescimento e o desenvolvimento do país.

As reformas educacionais passam, então, a fazer parte de um projeto neoliberal de educação que se realiza na direção de uniformização de integração global e também de instituição de novas condicionalidades para a concessão de empréstimos e doações para o setor educacional (FONSECA, 2005) que é postulada e se realiza de forma excludente, provocando em muitos casos: o desmonte dos sistemas de ensino públicos já existentes, estimulando a privatização competitiva em diversos níveis; restringe e secciona os vários níveis de ensino, bem como o acesso ao conhecimento, à criação e produção científica e tecnológica e à formação profissional, tornando a educação seletiva, impedindo que a educação seja para todos, em todos os níveis.

Analisando esses cenários, Peroni (2003) assevera que a lógica de mercado passa a preponderar na formulação de políticas públicas sociais, particularmente, as políticas educacionais dos anos de 1990. A inflexão neoliberal da década de 90 se reconfigura e passa a influenciar, decisivamente, na redefinição do papel do Estado, frente às novas demandas de mercado.

Em tal contexto, as políticas sociais, incluindo-se a política educacional, se situam, segundo Hölfling (2001), no interior de um tipo particular de Estado e assumem feições diferentes em diferentes sociedades e diferentes concepções de Estado que se inscrevem numa concepção de Estado capitalista. Portanto, as ações empreendidas pelo Estado, segundo a autora, não se implementam automaticamente, têm movimento, têm contradições e podem gerar resultados diferentes dos esperados e, portanto, por atenderem a diferentes grupos, o impacto das políticas sociais implementadas pelo Estado capitalista neoliberal sofrem o efeito de diferentes interesses expressos nas relações de poder37.

37Nos informes anuais e nos relatórios sobre o desenvolvimento mundial, a avaliação dos impactos causados pelas políticas econômicas e sociais do BM para a América Latina é geralmente negativo do ponto de vista da pobreza e dos índices de crescimento dos países, principalmente nos anos 80, apesar de resultados positivos de vários programas específicos. Não obstante, a análise deste estudo se concentra nas reformas educacionais, capitaneadas pelo BM, dando ênfase às diretrizes definidas no âmbito das conferências internacionais, onde são postas as estratégias do projeto neoliberal para a educação para os países de capitalismo dependente da América Latina e Caribe, particularmente para o Brasil. Os relatórios que foram sendo produzidos pelo BM mostram que

Ao tratar sobre o papel do Estado, Vieira (1995) situa a relação com a questão da privatização, que surge como resposta à crise do sistema capitalista que demanda urgentes estratégias de reestruturação de suas bases teóricas (neoliberais) ante implicações políticas e econômicas. Para Vieira (1995, p. 28) as reformas educacionais decorrem dessas mudanças e cujas origens devem ser buscadas fora deste campo, todavia,

[...] essas reformas vieram a trazer novos enfoques sobre a questão. Assim, o questionamento que se fez ao Estado no plano internacional veio a exercer no Brasil uma influência sobre o direcionamento, tanto na esfera econômica quanto na social. É nesse quadro que emerge o debate sobre o neoliberalismo e, consequentemente, sobre a privatização, o qual se incorpora rapidamente à pauta das discussões de diversos setores da sociedade. No campo educacional, a agenda neoliberal é introduzida por organismos internacionais como Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, que já no início dos anos 80 conceberam programas de avaliação do ensino e de projetos de reforma em diversos países da América Latina. Essa discussão tem se focalizado sobre a eficiência do Estado na condução do sistema escolar e em sua capacidade de resposta às demandas educativas. Tal questionamento, muitas vezes tem sido feito em moldes semelhantes àqueles dirigidos à intervenção estatal na esfera econômica.

Em relatório publicado pelo BM em 1995, fica evidente o forte poder de intervenção e decisão sobre as políticas reformistas já definidas e implantadas no panorama educacional

a preocupação do Banco em relação às políticas sociais para a América Latina e Caribe situam-se na geração de políticas e programas específicos de educação e saúde. A partir dos anos 80 as políticas vão se materializando em projetos específicos direcionados à erradicação da pobreza, sendo a educação tida como fator de desenvolvimento. Todavia, as informações que relacionam o investimento em educação e em outros setores, na América Latina e no mundo não apresentam o nível de realização e nem o impacto dos projetos das políticas educacionais regionais, nem de cada país. Nessa direção, foram produzidas inúmeras mudanças no âmbito da economia internacional, implicando transformações da sociedade e na própria organização dos Estados Nacionais, atingindo diretamente o setor educacional. Esse processo foi acompanhado por uma intensa exclusão de grandes parcelas da sociedade mundial, produzindo um aumento das desigualdades sociais. Nesse complexo contexto, a partir do início dos anos 1990, foi se implantando um conjunto de reformas na área da educação, que objetivam uma maior equidade no acesso à educação escolarizada, acompanhada pelo discurso da melhoria da qualidade do ensino, sobretudo o oferecido pela escola pública. Esse propósito estava contido nas propostas dos organismos internacionais para a área social através das reformas no âmbito da educação e, ao mesmo tempo, representam o reordenamento da área educacional, de modo que os países da AL, na maioria das vezes, são impigidos a assumir o papel de intermediadores, com pouco poder decisório na definição das políticas educacionais. Um grande volume de documentos é produzido por tais organismos, contendo análises, diagnósticos e recomendações que devem orientar as reformas no âmbito do Estado. No Brasil, pode-se observar a articulação de proposições e ações definidas pelo Estado, sob a orientação desses organismos, para reestruturação da educação básica. Ao se considerarem as relações de interdependência e determinação do processo de imersão dos países tidos como em desenvolvimento no cenário das transformações sociais decorrentes do processo de globalização política e econômica e conforme as matrizes teóricas que optei neste estudo, justifica-se identificar e explicitar as perspectivas do processo de formação docente no interior dos padrões implicados nas práticas sociais reformistas. Desse modo, cabe delinear as peculiaridades, os limites e as possibilidades de tais práticas em sociedades periféricas, posto que existem fortes indícios de contradição no quadro das relações internacionais contemporâneas e nos processos de reconceptualização que envolvem a relação entre instituições, reformas, educação e o modelo de profissionalização docente.

internacional e que reserva para si o direito de estabelecer procedimentos uniformes e, ao mesmo tempo, prescrever o mesmo modelo de reforma para todos os países da AL. No documento ficam patentes as estratégias do BM quando este recomenda o aproveitamento das lições de uma ampla variedade de experiências de diversos países, a fim de incentivar o processo de análise e a escolha de políticas nos países de capitalismo dependente, empenhados em melhorar a eficiência e a qualidade dos seus sistemas de ensino.

É, pois, dessa forma que se desenha a perspectiva que tem orientado a condução das intervenções dos órgãos oficiais, conduzidas e patrocinadas pelas orientações de políticas externas que abrangem todas as instâncias da sociedade e cujos desdobramentos criam as condições para que a educação possa responder às demandas da esfera produtiva em vista da crise do modelo econômico. A educação, nessa perspectiva, passa por um processo de redefinição do seu papel na formação do indivíduo, sobretudo na sua formação social e política, como condição para que o país possa se inserir, sob a ótica neoliberal, no processo de desenvolvimento globalizado.

O modelo de formação docente passa a integrar o projeto de expansão e diversificação da profissionalização, como parte constitutiva dessa globalização ao nível das políticas públicas sociais de Estado. Nesse sentido, como nos demais países da América Latina, as reformas educacionais implantadas no Brasil, a partir da década de 1990 se caracterizam pela adoção de políticas sociais neoliberais de caráter reformista, através das quais os governos implantam programas de ajuste estrutural, obedecendo diretrizes de órgãos e agências internacionais. No que se refere à reforma do Estado e sua relação com as políticas educacionais, cabe uma reflexão sobre esta relação, mediada por setores representativos da sociedade civil, para se verificar as implicações destas na prática educativa e acadêmica e como são afetados os professores enquanto mediadores e produtores do currículo e das práticas engendradas em sala de aula.

Corroborando com essa análise, Höfling (2001) aponta que as políticas propriamente ditas foram tomadas como dimensão da política social empreendida pelo Estado, pressupondo-se que, por meio de seu poder e de suas instituições, este a empregue como referência para sua intervenção na educação escolar e para desenvolver uma pedagogia que visa difundir e consolidar, segundo sua ótica, determinados consensos relativos ao conhecimento como algo hegemônico e universal.

No plano mais profundo da materialidade das relações sociais está a crise da forma do capital. O fim da idade do ouro, assim denominada por Hobsbaw (1995) para caracterizar um período em que o capitalismo alcançou elevada expansão, obtendo, inclusive, ganhos reais

para uma parcela da classe trabalhadora, particularmente nos países que representam o centro do poder capitalista, o sistema entra em crise em suas taxas históricas de lucro e exploração.

Nessa mesma linha de análise Frigotto (2003) assevera que a natureza da crise conduz o capitalismo a um novo ciclo de acumulação, primeiramente, através do capital financeiro, instaurando-se uma competição feroz entre grandes grupos econômicos, corporações transnacionais concentradoras da riqueza, da ciência e da tecnologia de ponta. Ganham importância, nesse cenário, as noções de globalização, Estado mínimo, reengenharia, reestruturação produtiva, sociedade pós-industrial, sociedade da informação e do conhecimento, qualidade total, empregabilidade, como meio de justificar a necessidade de reformas profundas no aparelho do Estado e nas relações capital-trabalho.

No que se refere à educação concorrem, ao mesmo tempo, o ajuste dos sistemas de ensino às demandas da nova ordem do capital e as demandas por uma efetiva democratização do acesso ao conhecimento em todos os níveis. Por via dos ajustes dos sistemas educacionais nos países latino-americanos nos anos 1990, entram em cena os organismos internacionais que passam a registrar sua presença através de grandes eventos internacionais38, para discutir as condições de pobreza, desigualdades sociais e educação no mundo.

O estudo de Barreto (2007) mostra que na década de 1990 constituíram-se marcos de referência para a educação básica dos países em desenvolvimento as conferências internacionais apoiadas, principalmente, pelas agências de crédito como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de outras organizações vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU), como o UNICEF, a UNESCO e a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL).

Entre elas, destaca-se a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia, em 1990, considerada referência para a formulação de políticas educacionais desse período. Dessa conferência resultou a Declaração Mundial de Educação para Todos, da qual foram signatários os países mais populosos do mundo, inclusive o Brasil. As diretrizes e metas ali estabelecidas referenciaram as políticas educacionais dos países signatários e, no caso brasileiro, influenciaram a LDB 9394/96, além de ter fundamentado o Plano Decenal de Educação 1993-2003.

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