• Nenhum resultado encontrado

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 INFLUÊNCIA DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS NO GRAU DE CRISTALINIDADE.

Os tratamentos térmicos foram realizados visando à variação do grau de cristalinidade das blendas e dos polímeros puros.

A Figura 45 apresenta os valores do grau de cristalinidade para as blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não tratadas e submetidas ao tratamento T1. O parâmetro ∆%C1 representa a variação entre o grau de cristalinidade antes e após o tratamento térmico T1 e é dado por ∆%C1 = %CT1 - %CNT.

O valor do grau de cristalinidade para o PMMA puro não está presente na Figura 45, pois esse é um polímero amorfo e mesmo após o tratamento térmico essa condição permaneceu inalterada.

Figura 45. Valores do Grau de cristalinidade das blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec /MMA-GMA-

EA não tratadas e submetidas do tratamento T1. ∆%C1 representa a variação do grau de

cristalinidade após tratamento térmico T1.

Em concordância com os valores de densidade mostrados na Tabela 2 (Densidade NT e Densidade T1), observou-se que as blendas compatibilizadas e as blendas ricas em PMMA apresentaram os menores valores de %CNT e %CT1. Esses foram ainda menores à medida que o percentual de PMMA aumentou.

As blendas compatibilizadas mostraram valores %CNT e %CT1 ainda menores quando comparadas às suas blendas binárias semelhantes. Os menores valores de %CNT e %CT1 para essas blendas foi atribuído à blenda 87,5/7,5/5, %CNT = 0,77± 0,32% e %CT1 = 1,07 ± 0,25%, enquanto que a blenda 92,5/7,5 apresentou %CNT = 1,10 ± 0,03% e %CT1 = 1,45 ± 0,04%.

Dentre as blendas os maiores valores de %CNT e %CT1 foram observados para as blendas ricas em PETrec, em especial para a blenda 15/85 (%CNT = 23,89± 0,3% e %CT1 = 33,24± 0,41%).

Os maiores valores %CNT e %CT1 foram atribuídos ao PETrec puro (%CNT = 30,27 ± 0,4 % e %CT1 = 42,83 ± 0,78 %). Em seu estudo Canetti e Bertini (2010) obtiveram valores de grau de cristalinidade para o PET recozido a 226 °C em diferentes tempos de tratamento. O material tratado a 226 °Cpor 2 horas apresentou cerca de 40% de cristalinidade.

Observa-se que o tratamento T1 proporcionou elevação no grau de cristalinidade para as blendas, sendo que esse aumento foi mais proeminente para as blendas 30/70, 15/85 e para o PETrec puro. Esse tratamento foi realizado a 130 °

C, sendo essa temperatura bem abaixo da temperatura de fusão cristalina do PETrec puro (Tm = 252,3 °C). Segundo Rabello (1989) para tratamentos térmicos realizados em temperaturas abaixo da Tm, ocorre o aumento na velocidade de cristalização secundária pelo movimento das cadeias poliméricas, resultando em um aumento na espessura das lamelas e, consequentemente, aumento do grau de cristalinidade.

Canetti & Bertini (2010) observaram esse efeito ao estudarem a variação do grau de cristalinidade para o PET tratado por recozimento. Por meio de medições por SAXS (Espalhamento de raios X a baixo ângulo) perceberam que à medida que o tempo de recozimento aumentava ocorria um aumento na espessura das lamelas e por análise de DSC constataram que maiores tempo de tratamento provocavam uma elevação no grau de cristalinidade das amostras.

A partir dos dados observados na Figura 45 foram construídos gráficos que relacionam a variação do grau de cristalinidade apresentado pelas blendas e componentes puros após o tratamento T1 (∆%C1) com o percentual em massa de PMMA presente na composição.

A Figura 46 apresenta o gráfico que relaciona a variação do grau de cristalinidade (∆%C1) como o percentual mássico de PMMA presente (PMMA (%)) para as blendas PMMA/PETrec e para os polímeros puros.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 2 4 6 8 10 12 14   C 1 (% ) PMMA puro 97/3 92,5/7,5 85/15 70/30 50/50 30/70 15/85 PETrec puro PMMA (%)

Figura 46. Gráfico ∆%C1 versus percentual de PMMA (%) para as blendas PMMA/PETrec e

componentes puros.

A Figura 46 mostra que o PETrec puro apresentou a maior variação do grau de cristalinidade e que para as blendas essa foi reduzida com o aumento do percentual de PMMA. Desta forma as blendas ricas em PETrec mostraram maiores variações no grau de cristalinidade. Esse comportamento é observado em especial para blenda 15/85 que apresentou ∆%C1 = 9,35 ± 0,62 %, sendo essa a maior variação para as blendas binárias. Comparando ∆%C1 da blenda 15/85 com o valor de ∆%C1 = 0,28 ± 0,13 % atribuído à blenda 97/3 pode-se afirmar que, com a redução do PMMA presente na blenda observou-se uma maior facilidade de cristalização.

Bishara et al. (2006) e Al Mulla (2007) relataram a cinética de cristalização não-isotérmica e isotérmica da blenda PMMA/PET, respectivamente, e perceberam esse mesmo efeito. Os autores expuseram que este comportamento pode ser causado pela diminuição da mobilidade das cadeias de PET na presença de quantidades crescentes de PMMA, o que dificulta a ordenação espacial das cadeias de PET, reduzindo a disponibilidade de cristalização da blenda.

A Tabela 3 mostra que valor de Fcalculado é menor que o Fcrítico, indicando que a diferença entre os valores médios do grau de cristalinidade apresentadas pela blenda 50/50, pelas blendas ricas PETrec e pelo PETrec puro não pode ser considerada significativa para um nível de significância de 5%.

Tabela 3. Tabela ANOVA dos valores médios do grau de cristalinidade apresentados pela blenda 50/50, blendas ricas em PETrec e pelo o PETrec puro não tratadas e submetidas ao tratamento T1.

ANOVA Fonte da variação SQ GL MQ F calculado valor P F crítico Entre grupos 134,89 1 134,89 1,41 0,28 5,98 Dentro dos grupos 573,61 6 95,6 Total 708,5 7

As blendas ricas em PMMA apresentaram valores de ∆%C1 muito baixos, quando comparados às demais blendas. Conforme mostra a Tabela 4, os valores de ∆%C1 para as blendas compatibilizadas, ricas em PMMA e para o PMMA puro não foram considerados significativos. A Tabela 4 mostra que o valor do Fcalculado foi menor que o Fcrítico, assim a diferença entre as médias não foi estatisticamente significante para o nível de signifiância adotado (5%).

Tabela 4. Tabela ANOVA dos valores médios de grau de cristalinidade apresentados pelas blendas compatibilizadas, ricas em PMMA e pelo PMMA puro não tratados e submetidos ao tratamento T1.

ANOVA Fonte da variação SQ GL MQ F calculado valor P F crítico Entre grupos 1,24 1 1,24 0,122 0,731 4,60 Dentro dos grupos 141,35 14 10,09 Total 142,59 15

A Figura 47 apresenta o gráfico que relaciona a variação do grau de cristalinidade (∆%C1) como o percentual mássico de PMMA presente (PMMA (%)) para as blendas compatibilizadas (PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA), suas blendas binárias semelhantes e os polímeros puros.

As blendas compatibilizadas mostraram valores de ∆%C1 ainda mais baixos que suas blendas binárias semelhantes. Esses resultados apresentam indícios de que a presença do agente compatibilizante reduziu ainda mais a mobilidade das cadeias do PETrec, já que este agente contem de 88% em massa de MMA e os grupos epóxi, existentes na cadeia do polímero GMA, reagem rapidamente com os grupos carboxila e hidroxila do final da cadeia do polímero PET. Esse comportamento foi mais evidente para a blenda 65/30/5 que apresentou ∆%C1 = 0,54 ± 0,09 %, enquanto que para a blenda 70/30 ∆%C1 = 1,50 ± 0,31 %. Lui et al.

(2010) observaram um comportamento de cristalização semelhante ao utilizar o metacrilato de glicidila enxertado no poli(etileno-octeno) como agente compatibilizante da blenda poli(tereftalato de etileno) reciclado/poli(etileno-octeno) (PET-R/ PEO). 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 2 4 6 8 10 12 14   C 1 (% ) PMMA puro 92,5/7,5 87,5/7,5 85/15 80/15/5 70/30 65/30/5 PETrec puro PMMA (%)

Figura 47. Gráfico ∆%C1 versus percentual de PMMA (%) para as blendas compatibilizadas

(PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA), suas blendas binárias semelhantes e os polímeros puros.

A Figura 48 apresenta os valores do grau de cristalinidade para as blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não tratadas e submetidas ao tratamento T2. ∆%C2 representa a variação entre o grau de cristalinidade antes e após o tratamento térmico T2 é dada por ∆%C2 = %CNT - %CT2.

O PMMA puro não foi submetido ao tratamento T2, pois esse tratamento foi realizado com o intuito de reduzir o grau de cristalinidade do material, sendo o PMMA um material amorfo isso não seria possível.

Corroborando com os valores de densidade T2 apresentados na Tabela 2, observou-se que as blendas compatibilizadas e as blendas ricas em PMMA apresentaram os menores valores de %CT2. Da mesma forma que foi observado para os valores de %CNT e %CT1, o grau de cristalinidade das blendas após tratadas por T2 reduziu conforme o aumento do percentual de PMMA na composição.

Figura 48. Valores do Grau de cristalinidade das blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec /MMA-GMA-

EA não tratadas e submetidas ao tratamento T2. ∆%C2 representa a variação do grau de

cristalinidade após tratamento térmico T2.

O tratamento T2 proporcionou a redução no grau de cristalinidade para as blendas. Esse tratamento foi realizado a 230 °C, sendo essa próxima a temperatura de fusão cristalina do PETrec puro (252,3° C). Segundo Rabello (1989), em temperaturas de recozimento elevadas às moléculas também se ordenam, mas esses novos cristalitos ou são destruídos pela energia cinética das moléculas ou formam novas lamelas mais estreitas, reduzindo o grau de cristalinidade do material.

Ao observar o valor de %CT2 = 32,5 ± 0,39% para o PETrec puro, percebe-se que para esse material o intuito do tratamento térmico não foi atendido, confirmando o valor da Densidade T2 apresentado. Esse comportamento é um indício que, o tempo entre a retirada da amostra do forno e a introdução desta no banho de resfriamento foi suficiente para iniciar a cristalização do material, ou ainda, que a temperatura e o tempo de resfriamento não foram eficientes em congelar a estrutura conseguida durante o tratamento, ocorrendo uma cristalização subsequente do material. Isso pode explicado pela rápida cinética de cristalização do PET.

Segundo Al Mulla (2007) o tempo necessário para chegar a 100% de cristalinidade relativa aumenta com o aumento da temperatura de cristalização e que para uma temperatura de aproximadamente 221 °C a cristalização do PET se completa na faixa de 3 minutos. Segundo Rabello & Wellen (2007) essa cristalização relativa, para temperaturas inferiores a 150 °C, atinge 100% em poucos segundos.

Os valores de %CT2 não foram expressos para as blendas 97/3 e 92,5/7,5. Essas blendas mostraram sinais de degradação térmica após o tratamento T2. Durante a preparação das amostras para o ensaio de picnometría, percebeu-se que a superfície de fratura criogênica para essas blendas apresentavam vazios característicos de degradação térmica, conforme mostra a Figura 49 (a) para a composição 92,5/7,5.

Figura 49. Superfície de fratura criogênica observada por uma lupa manual. (a) superfície de fratura criogênica da blenda 92,5/7,5 (PMMA/PETrec) após tratamento T2, as setas indicam os vazios

formados pela degradação do material; (b) superfície de fratura criogênica da blenda 87,5/7,5/5 (PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA) após tratamento T2.

Segundo De Paoli (2008), a degradação térmica ocorre em polímeros com substituintes em um dos carbonos das unidades monoméricas repetitivas, e alguns desses polímeros se degradam tipicamente acima de 250 °C, sendo um exemplo típico o PMMA. Esse resultado indicou que mesmo o tratamento sendo realizado a 230 °C é possível que o tempo de exposição dessas blendas no forno tenha causado a degradação, já que segundo Dantas (2011) a temperatura do início de degradação do PMMA, utilizado no presente estudo, é 314,47 °C e para o PETrec 413,38 °C.

A Figura 49 (b) apresenta a superfície de fratura criogênica para a blenda 87,5/7,5/5, mostrando que não há indícios de degradação térmica do material. Sendo essa blenda compatibilizada semelhante à blenda 92,5/7,5 é possível que o agente compatibilizante tenha agido com um estabilizador térmico para o PMMA.

A partir dos dados observados na Figura 48 foram construídos gráficos que relacionam a variação do grau de cristalinidade apresentado pelas blendas e pelo PETrec puro após o tratamento T2 (∆%C2) com o percentual mássico de PMMA presente na composição.

A Figura 50 apresenta o gráfico ∆%C2 versus PMMA (%) para as blendas PMMA/PETrec e para o PETrec puro.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 -2 0 2 4 6 97/3 92,5/7,5 85/15 70/30 50/50 30/70 15/85 PETrec puro   C 2 (% ) PMMA (%)

Figura 50. Gráfico ∆%C2 versus percentual de PMMA (%) para as blendas PMMA/PETrec e PETrec

puro.

A Figura 50 mostra que o PETrec puro apresentou a menor variação do grau de cristalinidade após o tratamento T2, sendo ∆%C2 = - 2,22 ± 0,19 o que representa que o PETrec, ao contrário de todos os outros materiais estudados, mostrou uma elevação do grau de cristalinidade.

Os valores de ∆%C2 foram elevando-se à medida que o percentual de PMMA aumentou na composição. Esse comportamento indica mais uma vez que, a redução do percentual de PMMA facilitou a cristalização do PETrec. Outra observação importante é que, a partir de 50% em massa de PMMA, o impedimento à cristalização do PETrec foi reduzido, sendo isso comprovado pelo baixos valores ∆%C2 atribuído às blendas 50/50 (∆%C2= 0,63 ± 0,01 %) e 15/85 (∆%C2 = 0,26 ± 0,05 %).

A Tabela 5 mostra a análise de variância (ANOVA) para os valores de ∆%C2 das blendas ricas em PETrec e para o PETrec puro a um nível de significância de 5%. Observando a Tabela 5 percebe-se que o valor do Fcalculado foi menor que o valor do Fcrítico, desta forma a diferença entre os valores médios do grau de cristalinidade apresentados não foi considerada significativa.

Tabela 5. Tabela ANOVA dos valores médios do grau de cristalinidade apresentados pela blenda 50/50, blendas ricas em PETrec e pelo o PETrec puro não tratadas e submetidas ao tratamento T2.

ANOVA Fonte da variação SQ GL MQ F calculado valor P F crítico Entre grupos 0,17 1 0,17 0,002 0,96 5,98 Dentro dos grupos 428,68 6 71,44 Total 428,85 7

As blendas ricas em PMMA apresentaram os maiores valores de ∆%C2 e, de forma geral, esses mostraram que quanto maior o percentual mássico de PMMA presente na formulação maior o impedimento à cristalização subsequente. Esse comportamento indicou mais uma vez que a presença do PMMA reduziu a velocidade de cristalização do PETrec reduzindo a possibilidade de cristalização das amostras. Deste modo, as blendas 85/15 e 70/30 apresentaram os níveis mais altos de redução do grau de cristalinidade após T2, mostrando os maiores valores de ∆%C2 =0,98 ± 0,03% e 0,96 ± 0,02%, respectivamente. Os valores de ∆%C2 das blendas 97/3 e 92,5/7,5 evidenciaram a degradação térmica sofrida durante o tratamento (∆%C2 =0,37 ± 0,03% e 1,07 ± 0,04%, respectivamente).

A Tabela 6 mostra a análise de variância (ANOVA) para a diferença entre os valores médios do grau de cristalinidade para as blendas compatibilizadas e ricas em PMMA. Percebe-se que o valor do Fcalculado foi menor que o valor do Fcrítico, desta forma a diferença entre os valores médios do grau de cristalinidade apresentados pelas essas blendas não foi considerada significativa para um nível de significância de 5%.

Tabela 6. Tabela ANOVA da análise de variância dos valores médios do grau de cristalinidade apresentados pelas blendas compatibilizadas e ricas em PMMA não tratadas e submetidas ao

tratamento T2. ANOVA Fonte da variação SQ GL MQ F calculado valor P F crítico Entre grupos 6,53 1 6,53 0,91 0,35 4,74 Dentro dos grupos 85,67 12 7,14 Total 92,20 13

A Figura 51 apresenta o gráfico que relaciona a variação do grau de cristalinidade (∆%C2) como o percentual mássico de PMMA presente (PMMA (%)) para as blendas compatibilizadas (PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA), suas blendas binárias semelhantes e o PETrec puro.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 -2 0 2 4 6 92,5/7,5 87,5/7,5/5 85/15 80/15/5 7030 65/30/5 PETrec puro   C 2 (% ) PMMA (%)

Figura 51. Curva ∆%C2 versus percentual de PMMA (%) para as blendas compatibilizadas

(PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA), suas blendas binárias semelhantes e o PETrec puro.

As blendas compatibilizadas apresentam os maiores valores para ∆%C2, sendo esses ainda maiores que as blendas binárias semelhantes. A blenda 65/30/5 apresentou ∆%C2 = 2,70 ± 0,14%, enquanto que a blenda 70/30 %CT2 = ∆%C2 = 0,96 ± 0,02%. Esse comportamento mostrou, mais uma vez, que a presença do agente compatibilizante reduziu a mobilidade das cadeias do PETrec, dificultando a sua cristalização. Uma exceção para esse comportamento foi apresentada pela blenda 87,5/7,5/5. Conforme exposto anteriormente é possível o agente compatibilizante tenha se comportado como estabilizante térmico para a blenda 92,5/7,5/0. O valor de ∆%C2 = 0,20 ± 0,09 % atribuído à blenda 87,5/7,5/5 reforça o indício da ação estabilizante do agente compatibilizante.

5.3 INFLUÊNCIA DOS TRATAMENTOS TÉRMICOS NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

Na Figura 52 são apresentados os valores de resistência à tração para as blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não tratadas.

Uma das vantagens adicionais do desenvolvimento de uma blenda polimérica é a obtenção de composições que apresentem melhoria nas propriedades, quando comparadas as seus componentes puros. Observando a Figura 52 percebeu-se que nenhuma blenda apresentou valor de resistência à tração acima do apresentado pelo PMMA puro, mas que todas as composições mostram valores para essa propriedade acima do atribuído ao PETrec puro. Sendo esse um indício da compatibilidade da blenda para essa propriedade. Esse indício de compatibilização para resistência à tração não foi observado nos resultados apresentados por Dantas (2011).

Figura 52. Resistência à tração para as blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não

tratadas.

O valor da resistência á tração apresentado pelo PMMA puro (59,14 ± 0,1 MPa) é semelhante ao valor mostrado por Dantas (2011) para o mesmo material (60,6 ± 0,4 MPa ). Entretanto a resistência à tração do PETrec puro (52,68 ± 0,88 MPa) foi inferior a do PETrec puro (58,3 ± 2,8 MPa) do estudo de Dantas (2011). Esse resultado pode ser atribuído à diferença entre a velocidade de ensaio do presente estudo e a velocidade de ensaio adotada por Dantas (2011). No presente estudo adotou-se 1 mm/min. como velocidade constante durante todo o ensaio, enquanto

que Dantas (2011) adotou a velocidade de 1 mm/min. até 0,5% de deformação para o cálculo do módulo de elasticidade e, após essa deformação, a velocidade foi alterada para 5 mm/min. permanecendo a partir daí constante. Esse resultado foi um indício que a mudança de velocidade no ensaio de tração tem efeitos mais expressivos sobre os polímeros semicristalinos.

Todas as blendas compatibilizadas apresentaram um discreto aumento nos valores de resistência à tração em relação às blendas semelhantes. Esse efeito foi mais pronunciado para a composição 65/30/5, essa apresentou um valor para resistencia à tração de 60,93 ± 0,25 MPa, enquanto que para blenda 70/30 o valor da resistência à tração foi de 58,95 ± 0,7 MPa. Esse comportamento foi tomado como um indicativo que a adição do MMA-GMA-EA promoveu a interação entre as fases da blenda, fortalecendo a interface do sistema, o que é fundamental para a transferência de tensões entre essas fases. Sendo o valor de resistência à tração da blenda 65/30/5 ligeiramente superior ao PMMA puro, esse é um indício que para tal propriedade a ação do agente combatibilizante foi eficiente. Dewangan & Jagtap mostram efeitos de compatibilização semelhante para a blenda 75/25 (PMMA/PET) utilizando 7% em massa do agente compatibilizante do copolímero em bloco poli(acrilato t-butila-co-metacrilato de metila) (PtBA-MMA).

As Figuras 53 (a), (b) e 54 (a) e (b) apresentam curvas comparativas de tensão versus deformação de uma amostra representativa de cada polímero puro e blendas não tratadas construídas com valores de resistência à tração que mais se aproximaram da média. Os valores de deformação na ruptura foram determinados a partir do deslocamento do cabeçote móvel da máquina.

Observou-se que não houve mudança significativa em relação à rigidez, tanto para os polímeros puros como para as blendas binárias. Com relação à deformação na ruptura, de uma forma geral, ocorreu uma redução em função do aumento da concentração de PETrec presente na blenda.

A Figura 53 (a) apresenta curvas σ x Ɛ dos componentes puros e blendas ricas em PMMA. Percebeu-se que as composições ricas em PMMA e o PMMA puro mostraram curvas com maiores níveis de deformação, em especial a blenda 97/3. O PMMA é um polímero amorfo que apresenta o microfibrilamento como mecanismo de deformação, o que explica o nível de deformação mostrado por esse material e pelas blendas ricas em PMMA.

0 1 2 3 4 5 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 T E NSÃO (M Pa) DEFORMAÇÃO (%)

PMMA puro (59,10 MPa) 97/3 (55,92 MPa)

92,5/7,5 (58,16 MPa)

85/15 ( 55,28 MPa)

70/30 (58,55 MPa)

PETrec puro (52,45 MPa)

(a) 0 1 2 3 4 5 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 T E NSÃO (M Pa) DEFORMAÇÃO (%)

PMMA puro (59,14 MPa)

50/50 (55,18 MPa)

30/70 (57,12 MPa) 15/85 (60,50 MPa) PET rec puro (52,68 MPa)

(b)

Figura 53. Curvas comparativas de tensão versus deformação dos (a) componentes puros e blendas ricas em PMMA (b) componentes puros e blendas ricas em PETrec.

A Figura 53 (b) apresenta curvas σ x Ɛ dos componentes puros e blendas ricas em PETrec. Observou-se a mesma tendência da deformação na ruptura mostrada na Figura 53 (a), ou seja, a deformação foi reduzida à medida que o percentual de PETrec presente nas composições aumentou (a). A blenda 50/50 ainda apresentou um comportamento bem semelhante ao PMMA puro, mas para a blenda 15/85 o comportamento foi semelhante ao apresentado pelo PETrec puro. Esses resultados mostraram que a deformação na ruptura foi influenciada pelas propriedades individuais dos polímeros puros, indicando que esses possuem diferentes mecanismos de deformação.

Dantas (2011) observou essa mesma tendência na deformação na ruptura para os componentes puros e para as blendas PMMA/PETrec. Relatando que era esperado uma maior deformação para PETrec puro e atribuiu esse efeito a uma possível cristalização do material durante a moldagem por injeção.

A Figura 54 (a) apresenta curvas σ x Ɛ para os componentes puros e blendas compatibilizadas.

As blendas compatibilizadas apresentaram a mesma tendência de queda na deformação na ruptura observada na Figura 53 (a). Quanto à rigidez, a presença do agente compatibilizante não provocou mudanças significativas em relação ao apresentado pelos polímeros puros, indicando que a ação do agente compatibilizante não foi eficiente para essa propriedade.

Na Figura 54 (b) foi possível observar que a deformação na ruptura da blenda 65/30/5 foi levemente maior que a da blenda 70/30. Relacionando esse comportamento com os valores de resistência à tração, confirmou-se a ação eficiente do agente compatibilizante, já que esse promoveu uma melhoria na resistência à tração da blenda 70/30 sem comprometer a sua a deformação na ruptura.

0 1 2 3 4 5 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 T E N O ( MPa) DEFORMAÇÃO (%)

PMMA puro (59,10 MPa)

87,5/7,5/5 ( 59,15MPa)

80/15/5 ( 57,97 MPa)

65/30/5 (60,83 MPa)

PETrec puro ( 52,45 MPa)

(a) 0 1 2 3 4 5 6 7 0 10 20 30 40 50 60 70 T E NSÃO (M Pa) DEFORMAÇÃO (%) 70/30 (58,95 MPa) 65/30/5 (60,93 MPa) (b)

Figura 54. Curvas comparativas de tensão versus deformação (a) dos componentes puros e as blendas compatibilizadas. (b) das blendas 70/30 (PMMA/PETrec) e 65/30/5 (PMMA/PETrec/MMA-GMA-

A Figura 55 apresenta os valores de resistência à tração para as blendas PMMA/PETrec e PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não tratadas e submetidas ao tratamento T1.

O tratamento térmico T1 proporcionu um aumento da resistência à tração para as blendas. Foi exposto anteriormente que as cadeias de ligação presentes nos polímeros semicristalinos são responsáveis pela resistência mecânica desses materiais e o número dessas cadeias pode ser aumentado pela elevação do grau de cristalinidade do polímero. Desta forma, quanto maior o incremento no grau de cristalinidade do polímero maior o número de cadeias de ligação presentes entre os cristais lamelares, aumentando a força coesiva entre eles e, consequentemente, maior a resistência à tração do polímero.

Figura 55. Resistência à tração para as blendas PMMA/PETrec ePMMA/PETrec/MMA-GMA-EA não

tratadas e submetidas ao tratamento T1.

As Figuras 56 e 57 apresentam os gráficos ∆σ1 versus ∆%C1 para as blendas PMMA/PETrec, PMMA/PETrec/MMA-GMA-EA e para os polímeros puros. Esses gráficos foram construídos a partir dos dados observados nas Figuras 45 e 55