• Nenhum resultado encontrado

Informação contábil específica e genérica

2.4 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL DA ÓTICA DO USUÁRIO

2.4.1 Informação contábil específica e genérica

Segundo o FASB (1998, p. 1009), os objetivos da divulgação financeira decorrem em grande parte das necessidades daqueles aos quais a informação se destina, o que, por sua vez, depende muito das atividades econômicas e das decisões com as quais os usuários estão envolvidos. Para os diversos grupos de usuários, as demonstrações contábeis podem ter finalidades distintas, e há, inclusive, diferenças de interesse entre os grupos. Conforme Hendriksen (2007, p. 94), há divergências entre administradores e auditores quanto a percepção dos objetivos apropriados para a contabilidade.

Fazendo a reflexão das finalidades das informações contábeis de acordo com Iudícibus (2009, p. 3), o objetivo da contabilidade é fornecer ao usuário um conjunto básico de informações, que, presumivelmente, deverá atender igualmente bem a todos os tipos e usuários ou a contabilidade deveria ser capaz e responsável pela apresentação de cadastros de informações para todos os tipos de usuários.

Com a quantidade de usuários e a variedade de pontos de vista de cada um deles, aponta-se para conveniência de relatórios específicos, para usuários específicos. Na ótica do usuário, se a contabilidade dispusesse de um banco de dados em que o usuário pudesse acessar somente as informações necessárias, seria muito conveniente ele. Desse modo, verificar-se-ia a contabilidade muito mais como de um banco de dados. No entanto, existem algumas críticas quanto a esse modelo, principalmente porque, até então, não se elaborou um modelo perfeito decisorial e preditivo dos usuários. A contabilidade poderia ter um volume considerável de informação da qual poderia ser irrelevante para muitos usuários.

Atualmente aponta-se a contabilidade para outra direção. Argumenta-se que muitos usuários têm muitas finalidades em comum, por isso no conjunto a apresentação dos relatórios contábeis devam ter de finalidade genérica. Segue o APB (1970):

A ênfase em informações de finalidades genéricas na contabilidade baseia-se na presunção de que usuários significativamente numerosos demandam informações semelhantes. A informação de finalidade genérica não visa satisfazer necessidades específicas de usuários individuais.

De acordo com Iudícibus (2009, p. 7) “ não conhecemos suficientemente, ainda, todos os modelos decisórios de cada usuário. Enquanto isso não for conseguido, não poderemos atender igualmente bem, em todo e qualquer tempo, a todos os usuários”.

Inclusive Iudícibus (2009, p. 4) afirma que o modelo decisório do usuário deve atender às seguinte condições:

a ) estabelecimento claro da função-objetivo que desejamos maximinizar; b ) coleta e avaliação do tipo de informação utilizada para maximizar a função;

c ) provimento do modelo preditivo a fim de promover o suprimento do modelo decisório para maximizar a função-objetivo.

A necessidade de informação específica ou genérica se faz muito importante para esta pesquisa, já que se pode apontar que o EBITDA é informação específica que pode ser obtida por meio da contabilidade.

Apesar de atualmente estar voltada ao fornecimento de informações genéricas, pôde-se observar a crescente preocupação das entidades contábeis quanto à necessidade das informações específicas. Tanto o FASB quanto o IASB abriram grupos de pesquisa dessas informações específicas ou acessórias , incluindo o EBITDA.

2.4.2 Usuários e suas necessidades de informação

Para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (2008, p.6), os usuários utilizam demonstrações para satisfazer algumas das diversas necessidades de informação”. De certa forma, há algumas necessidades divididas por grupos de usuários específicos.

a) Investidores. Os provedores de capital de risco e seus analistas que se preocupam com o risco inerente ao investimento e o retorno que ele produz. Eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar, manter ou vender investimentos. Os acionistas também estão interessados em informações que os habilitem a avaliar se a entidade tem capacidade de pagarem dividendos.

b) Empregados. Os empregados e seus representantes estão interessados em informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores. Também se interessam por informações que lhes permitam avaliar a capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e suas oportunidades de emprego.

c) Credores por empréstimos. Estes estão interessados em informações que lhes permitam determinar a capacidade da entidade em pagar seus empréstimos e os correspondentes juros no vencimento.

d) Fornecedores e outros credores comerciais. Os fornecedores e outros credores estão interessados em informações que lhes permitam avaliar se as importâncias que

lhes são devidas serão pagas nos respectivos vencimentos. Os credores comerciais provavelmente estarão interessados em uma entidade por um período menor do que os credores por empréstimos, a não ser que dependam da continuidade da entidade como um cliente importante.

e) Clientes. Os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo- prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante.

f) Governo e suas agências. Os governos e suas agências estão interessados na destinação de recursos e, portanto, nas atividades das entidades. Necessitam também de informações a fim de regulamentar as atividades das entidades, estabelecer políticas fiscais e servir de base para determinar a renda nacional e estatísticas semelhantes.

g) Público. As entidades afetam o público de diversas maneiras. Elas podem, por exemplo, fazer contribuição substancial à economia local de vários modos, inclusive empregando pessoas e utilizando fornecedores locais. As demonstrações contábeis podem ajudar o público fornecendo informações sobre a evolução do desempenho da entidade e os desenvolvimentos recentes”. ( Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2008, p.6 )

A partir do pronunciamento acima, a contabilidade gera informações aos usuários internos e externos à empresa. Dessa forma, utilizam-se as informações convenientemente a cada tipo de usuário. Em muitas ocasiões, os objetivos da utilização da informação contábil podem divergir; em outras, convergir. Embora os objetivos com as informações contábeis possa convergir para o processo de tomada de decisão entre os usuários, a utilidade da informação para a tomada de decisão para cada usuário pode ser distinto. Conforme Hendriksen (2007 p. 135), é necessário estudar como os usuários de informações contábeis tomam decisões afim de determinar como isso ocorre, poderíamos ser capazes de deduzir que informação teria mais valor a eles.

2.5 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Segundo Iudícibus (2009, p 32), “ uma vez definidos os objetivos da contabilidade, temos de pensar uma estrutura conceitual de cúpula apta a favorecer a atingi-las”. Nesse sentido, pode-se analisar a estrutura em forma de hierarquia, para facilitar a estruturação e o entendimento.

Na visão de Iudícibus, a estrutura conceitual obedeceria à seguinte hierarquia: - objetivos;

- postulados; - princípios - normas;

- procedimentos.

Na mesma lógica Hendriksen (2007, p. 90-91), comenta sobre a estrutura conceitual do FASB, que se define em referencial conceitual, a partir de :

- objetivos; - informação necessária; - características qualitativas; - fundamentos; - padrões; - interpretações; - praticas.

Com a convergência das normas internacionais, outra estrutura conceitual importante a ser destacada é do IASB, pois segundo Iudícibus (2009, pág 80), “ ela dá muita ênfase aos usuários e suas necessidade, e em seguida, dá muitas ênfase as características qualitativas das demonstrações contábeis”.

Para esta pesquisa será utilizada a estrutura conceitual da contabilidade, mais especificamente das características qualitativas da informação contábil, com o intuito de dar subsídios a atingir os objetivos propostos.

Documentos relacionados