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TEORIA DA INFORMAÇÃO E INFORMAÇÃO CONTÁBIL NO MERCADO DE

2.2.1 Teoria da Informação

Guerreiro (1989, p. 105) em sua tese afirma que “ informação na forma de conhecimento especializado, tem se tornado, de acordo com muitos economistas, o fator decisivo de sobrevivência de muitas empresas grandes e complexas”. No mesmo intento, Glautier e Underdown (1976, p. 37) afirmam que:

O propósito da informação é capacitar uma organização a alcançar seus objetivos pelo uso eficiente de seus outros recursos, isto é, homens, matérias, máquinas e outros ativos e dinheiro. Desde que informação também é um recurso, a teoria da informação considera o problema de seu uso eficiente.

Seguindo conceito semelhante para Hendriksen (2007, p. 139), a informação não possui valor a menos que altere ou possa alterar as escolhas de uma pessoa.

Para Murdick e Ross (1979, p. 216), contabilidade é um sistema de informação. Mais precisamente, é o emprego da teoria geral da informação aplicado no problema de uso eficiente das operações. Seguindo esse conceito, os autores afirmam que informações ou dados sempre serão a matéria prima para a contabilidade, e que a contabilidade é a linguagem dos negócios por séculos. Uma das principais funções da contabilidade é transformar dados em informações.

Para Fernandez (1989, pág 74), o propósito da informação é o de habilitar a organização a alcançar os objetivos pelo uso eficiente dos recursos disponíveis, nos quais inserem pessoas, materiais, equipamentos, tecnologia, dinheiro e além da própria informação. Na abordagem de Guerreiro, o uso eficiente do emprego da informação é um recurso para relacionar os custos associados com a produção da informação com os benefícios derivados de seu uso. Dessa forma os custos associados com a produção informativa são os envolvidos em coleta, processamento de dados e distribuição das informações geradas. O custo total dessa produção aumenta com o volume da informação distribuída, tendendo a aumentar a uma taxa acelerada. Tanto Glautier e Underdown quanto Guerreiro mencionam,

em suas literaturas, o aspecto entre a relação do custo marginal da informação, o seu valor marginal e o valor da utilidade.

Guerreiro (1989, p. 107) salienta que:

O valor da informação repousa no uso final, isto é, na sua inteligibilidade para que pessoas tomem decisões, e sua relevância para essas decisões. Uma das técnicas, abordadas para medir o valor da informação, é baseada na redução de incerteza derivada do uso da informação.

No conceito de Fernandez (1989, pág 75), o valor da informação está associado ao seu uso final. Sua qualificação evidencia-se a que medida que possibilita a redução do grau de incerteza quando da tomada de decisão, portanto, deve sempre ser apresentada de forma compreensível ao gestor, permitindo uma melhoria na qualidade das decisões.

Em resumo, observa-se, pelos autores acima, que a informação é fundamental para a tomada de decisões, pois o processo consiste na transformação de dados em informação, ressaltando-se o aspecto da maximização do seu uso eficiente na geração de valor a fim de diminuir o grau de incerteza das decisões.

Na era globalizada em que os mercados são muito mais dinâmicos e competitivos, a utilização eficaz da informação, que já era fundamental, é questão de sobrevivência para as organizações.

2.2.2 A importância da informação contábil no ambiente do mercado de capitais

Para se esclarecer a importância da informação contábil no ambiente do mercado de capitais, é necessário inicialmente definir o que são as informações contábeis e mercado de capitais, para, posteriormente, serem analisadas as informações contábeis no contexto do mercado de capitais.

De acordo com Salotti e Yamamoto (2006, pág. 5), a informação contábil pode ser considerada como aquela que altere o estado da arte do conhecimento do seu usuário em relação à empresa e, a partir de interpretações, a utiliza na solução dos problemas, sendo a natureza da informação contábil, entre outras, econômico-financeira, física e de produtividade.

Conforme a BOVESPA (2008):

o mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem o propósito de proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar seu processo de capitalização. É constituído pelas bolsas de valores, sociedades corretoras e outras instituições financeiras autorizadas.

Para Hendriksen (2007, p. 116): “O mercado de títulos, no qual são negociados os direitos dos acionistas, é de interesse especial para os contadores. Esse mercado é conhecido como mercado de capitais pois é nele que o capital das empresas é levantado”.

O mercado de capitais foi o ambiente escolhido para se basear esta pesquisa, isso foi devido ao maior acesso a informações, na presunção de que as informações contábeis divulgadas nesse ambiente afetam direta e indiretamente o valor da ação das empresas que são negociadas nesse mercado. Nada mais óbvio que o autor escolher o ambiente da investigação onde as informações contábeis têm peso e influência significativos na tomada de decisões dos usuários da informação. Conforme será mostrado abaixo, principalmente citado por Lopes, há evidências que indicam que o preço da ação responde à divulgação das informações contábeis.

Os questionários e entrevistas, objetos desta pesquisa, foram realizados com profissionais que atuam nesse ambiente.

Lopes (2002, pág. 84) pesquisou se as informações contábeis tinham relevância para a explicação de variações de preços de ações no mercado de capitais brasileiro. Segundo Lopes (2002, p. 1):

[...] o papel da informação nos mercados de capitais tem sido uma das áreas mais estudadas em finanças. Conceitos como risco, retorno, otimização, imunização, precificação de ativos, em um primeiro momento, e precificação de opções e outros derivativos, seguidamente, passaram a ser formalizados e fazer parte da teoria econômica moderna.

Cita o autor, que recentemente, com a incorporação desses conceitos, a tradição normativa começou a ser substituída pela abordagem com foco na informação. Sendo que tal substituição se tornou uma verdadeira revolução das pesquisas contábeis. Surgiu então um novo conceito, o de information approuch que foi fortemente influenciado por dois modelos desenvolvidos pela economia financeira:

- modelo de precificação de ativos; - hipótese de mercados eficientes.

Esses dois conceitos, de acordo com o autor, serviram de base para que futuras pesquisas pudessem analisar como o mercado reagiria às informações contábeis e verificar o tão quanto o mercado é eficiente com relação a elas. Segundo Lopes (2002, p. 5), “ esse conjunto de evidências parece indicar que a contabilidade é relevante para os investidores do mercado de capitais e que o mercado é eficiente com respeito a informação contábil”. Segue quadro 6 elaborado por Lopes:

Quadro 6 - Resposta do preço a informação contábil

Mercado Eficiente Mercado Não Eficiente

Relevante

A resposta é rápida e imediata. O mercado é capaz de avaliar notas explicativas e outras evidenciações

complexas, como

derivativos, pensões, etc.

A resposta é rápida. Os mercados nem avaliam a informação, nem são capazes de interpretar evidenciações mais complexas

Irrelevante Sem reação Inconsistente

Fonte: Lopes. A informação contábil e o mercado de capitais. 2002

In fo rm ão Co n táb il Eficiência do Mercado

O quadro 6 é utilizado para explicar qual o comportamento do mercado com relação à divulgação das informações contábeis. Nos mercados eficientes, informação contábil relevante tem impacto direto com relação ao preço da ação, o mercado não reage à informação contábil irrelevante. Outro ponto de discussão a respeito do quadro acima é sobre o conceito de mercado eficiente. Segundo Hendriksen (2007, p. 117), as condições necessárias para se ter o ambiente do mercado eficiente são:

- toda informação está igualmente disponível a todos os participantes do mercado, sem qualquer custo;

- todos os participantes do mercado possuem expectativas homogêneas em relação às implicações da informação disponível.

Não se pode afirmar que existe mercado eficiente em 100% quanto ao grau. Ao invés disso, foram instituídos graus: fraco, forte e semiforte. Segundo Lopes, em trabalhos empíricos realizados por Ball e Brown foi analisada a reação dos preços de mercado à evidenciação de lucro contábil anormal. Beaver estudou o comportamento dos preços e do volume negociado nas semanas próximas à divulgação das informações contábeis. Tal pesquisa mostrou que tanto o preço quanto o volume reagem forte às informações contábeis. Na verdade, conforme Lopes, os dois trabalhos inauguram a nova era das pesquisas contábeis.

Numa análise ainda mais minuciosa sobre o mercado de capitais com relação à informação contábil, os autores Salotti e Yamamoto, no livro Informação Contábil: estudos sobre a sua divulgação no mercado de capitais , fizeram um estudo sobre a teoria da divulgação, em que o principal objetivo é explicar os fenômenos relacionados à divulgação da informação e os modelos existentes atualmente.

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