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2.4 A INFORMAÇÃO CONTÁBIL DA ÓTICA DO USUÁRIO

2.5.1 Estrutura conceitual do FASB

2.5.1.5 Oportunidade

Segundo Hendriksen (2007, p. 99):

A informação não pode ser relevante quando não é oportuna, ou seja, deve estar disponível a um indivíduo que deseja tomar uma decisão antes de perder sua capacidade de influenciar a decisão, ou seja, para a informação ser relevante ela necessariamente precisa ser oportuna. A oportunidade também pressupõe que as demonstrações financeiras sejam apresentadas a intervalos frequentes, de modo a revelarem modificações na situação da empresa que possam, por sua vez, afetar as predições e decisões do usuário.

Nesse quesito, destacam-se empresas que têm capital aberto. Exige-se periodicidade na divulgação das demonstrações contábeis. Salientem-se também os relatórios trimestrais e os anuais.

A oportunidade da informação, portanto, é uma restrição importante à publicação de demonstrações financeiras. Acumulação, sintetização e publicação subsequentes de

informações contábeis devem ocorrer com a maior rapidez possível para garantir a disponibilização de dados atualizados aos usuários.

2.5.1.6 Confiabilidade

A confiabilidade, outra característica principal específica a decisões, foi definida pelo FASB (1998, p.1037) como a qualidade da informação que garante que a informação seja razoavelmente livre de erro e viés e represente fielmente o que visa representar. As qualidades secundárias e interdependentes de confiabilidade se dividem em:

- fidelidade de representação; - verificabilidade;

- neutralidade.

2.5.1.7 Fidelidade de Representação.

Para a informação ser confiável, é essencial que represente fielmente o fenômeno que pretende representar. Segundo definição do FASB (1998, p.1037), a correspondência ou concordância entre uma medida ou descrição e o fenômeno que visa representar (às vezes chamada de validade).

De acordo com Hendriksen (2007, p.99), uma das dificuldades da contabilidade com relação à fidelidade de representação é que muitas das medidas empregadas na contabilidade não possuem interpretação econômica. É apenas ao mecanismo fiel que a criou.

2.5.1.8 Verificabilidade

Segundo a definição do FASB (1998, p.1040), a verificabilidade assegura, por meio do consenso entre mensuradores, que a informação representa o que se destina a representar, ou que o método de mensuração foi utilizado sem erro ou viés.

De acordo com o dicionário Houaiss e Villar (2004, p. 756), a definição de verificar é examinar a veracidade, averiguar; provar a verdade de, comprovar, confirmar.

Verificar algo é estabelecer se é verdadeiro. Espera-se que, na contabilidade, a medida exista separadamente da pessoa que faz a mensuração. Que a informação seja elaborada em viés com avaliação subjetiva.

A existência de uma transação externa não significa, necessariamente, que haja medida objetiva da transação. O contador precisa ainda determinar o valor cedido e o valor recebido.

2.5.1.9 Neutralidade

Segundo o FASB (1998, p.1043), o termo neutralidade é muito próximo, mas não idêntico ao termo ausência de viés. Neutralidade quer dizer que não há viés na direção de um resultado predeterminado. De acordo com o dicionário Houaiss e Villar (2004, p.760) a definição de viés é meio dissimulado de fazer, conseguir ou concluir algo; tendência determinada por fatores externos.

A neutralidade não quer dizer que os as informações contábeis não tenham propósito, pelo contrário, o objetivo é que sejam úteis. Mas existe grande preocupação de que a elaboração da informação esteja isenta da influência humana.

2.5.1.10 Comparabilidade

De acordo com o FASB (1998, p.1045), a utilidade da informação é significativamente ampliada quando apresentada de maneira que permita comparar uma entidade a outra ou à mesma entidade em outras datas. Segundo Hendriksen ( 2007, p.101 ), a definição de comparabilidade é a qualidade da informação que permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenômenos econômicos.

O aspecto da semelhança depende em parte da uniformidade, já o aspecto da diferença depende em parte da consistência. As qualidades secundárias e interdependentes de confiabilidade, se dividem em:

- uniformidade; - consistência;

2.5.1.11 Uniformidade.

O termo uniformidade subentende que eventos iguais são representados de maneira idêntica. Segundo Hendriksen (2007, p.102), “o objetivo básico de comparabilidade dever ser o de facilitar predições e decisões financeiras”.

Acredita-se que a uniformidade na divulgação financeira entre empresas representa uma meta desejável por si mesma. Ou seja, estimula a apresentação de demonstrações financeiras por empresas distintas, usando os mesmos procedimentos contábeis, conceitos de mensuração, classificações e métodos de divulgação, bem como formato básico semelhante nas demonstrações.

Nesse propósito, pode-se dizer que existem duas correntes de pensamento. Uma que de certa forma se opõe à uniformidade, e outra que é a favor, observando que há mais benefícios com a uniformidade. Os argumentos dos que se opõem contra à uniformidade são: - infringiria os direitos e as liberdades fundamentais da administração;

- colocaria a contabilidade numa camisa de força de regras e procedimentos que tomariam as demonstrações financeiras menos comparáveis;

- impediria o progresso e seria um obstáculo a mudanças desejáveis. Porém, há argumentos em favor de certo grau de uniformidade são:

- impossibilitaria ou dificultaria a comparabiIidade entre empresas diferentes, a partir da grande variedade de práticas aceitáveis;

- poderia, com a liberdade da administração para escolher os próprios métodos, introduzir a possibilidade de viés por meio da manipulação da informação divulgada para atender aos interesses dos que controlam a produção dos demonstrativos;

2.5.1.12 Consistência

Segundo FASB (1998, p. 1046),

Consistência tem sido usado como referência ao uso dos mesmos procedimentos contábeis por uma dada empresa ou entidade contábil de um período a outro, ao uso de conceitos e procedimentos de mensuração semelhantes para itens afins nas demonstrações de uma empresa, num dado período, e ao uso dos mesmos procedimentos por empresas diferentes.

Exige-se consistência no uso de procedimentos contábeis ao longo do tempo por causa da dificuldade de produção de predições com base em séries históricas de dados que não sejam medidos e classificados da mesma maneira em datas distintas. Se forem usados métodos ou procedimentos de mensuração diferentes, será difícil projetar tendências ou discernir efeitos sobre a empresa, de um período para outro, causados por fatores externos (mudanças de condições econômicas, ações de concorrentes, ... ), ou separar as flutuações causadas por fatores econômicos internos e externos.

No entanto, conforme própria sugestão do FASB, a consistência não deve ser empregada para impedir a adoção de um método que proporcione informação mais precisa ou útil para predição ou tomada de decisões.

2.5.1.13 Materialidade

De acordo com FASB (1998, p.1047), é provável que o julgamento de uma pessoa razoável, com base no relatório, seja alterado ou influenciado pela inclusão ou correção do item em questão. A ideia de material é que o conhecimento dessa informação seja importante para os usuários dos relatórios contábeis. Pode-se afirmar que o conceito é muito semelhante ao de relevância, pois, se a informação é material, pode ser relevante e fazer diferença numa tomada de decisão.

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