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No âmbito organizacional, a inovação é considerada, de acordo com Tidd, Bessant e Pavitt (1997), mecanismo central de renovação em qualquer organização. Sob a forma do

desenvolvimento de novos produtos, novas tecnologias, novos processos de produção e novos métodos gerenciais, a inovação exerce considerável influência no modo como as organizações são estruturadas e geridas. Observa-se, particularmente no contexto das organizações, que o relacionamento entre a inovação e a organização é complexo, dinâmico e multidimensional.

Por suas características, a inovação nas organizações envolve um processo cognitivo, bem como um processo sócio-histórico por meio do qual um produto criado é aceito ou assimilado num campo particular (DASGUPTA, 2003). Para que a inovação se concretize, é necessária a transposição das novas ideias para a esfera social, onde serão (ou não) confrontadas, aprimoradas e assimiladas (TIDD; BESSANT; PAVITT, 1997).

De acordo com Scott e Bruce (1994), a inovação nas organizações envolve múltiplos estágios, e a produção de novas ideias é apenas um deles. Nessa perspectiva, a inovação começa com o reconhecimento de um problema e a geração de ideias e soluções, sejam inteiramente novas, sejam adaptadas de outras já existentes. Em seguida, o(s) indivíduo(s) inovador(es) completa(m) e implementa(m) a ideia, produzindo um protótipo ou modelo de inovação, que pode ser testado e experimentado, de forma a ser difundido, utilizado, produzido em massa ou institucionalizado.

A respeito da inovação organizacional, observa-se, de acordo com Birkinshaw, Hamel e Mol (2008), que pouca atenção tem sido dada à dinâmica desse fenômeno, considerando como práticas, processos e estruturas gerenciais evoluem e, talvez, avançam ao longo do tempo. Ao investigar a natureza e as causas da inovação organizacional, ou seja, “a implementação de uma nova prática, processo ou estrutura administrativa que altere significativamente o modo pelo qual o trabalho de gestão é realizado, com vistas ao alcance dos objetivos organizacionais” (BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2008, p.831), os autores salientam que maior compreensão a respeito das origens da inovação bem-sucedida, no contexto organizacional, parece ser um requisito para aprimorar a produtividade e os impactos de estudos sobre gestão nas organizações.

West e Farr (1990, p.3), por sua vez, definem a inovação organizacional como a “introdução e a aplicação de procedimentos, dentro de um grupo ou organização, sempre que seja nova para a unidade de adoção e concebida para beneficiar significativamente o indivíduo, o grupo, a organização ou a sociedade em geral". Nessa definição, adota-se uma visão mais ampla dos benefícios previstos, que não são apenas econômicos. Assim, ao mesmo tempo em que são consideradas medições de competitividade e ganho econômico,

outros benefícios possíveis seriam: efetividade funcional, crescimento pessoal, aumento da satisfação, aprimoramento da coesão do grupo; e melhor comunicação interpessoal.

A inovação envolve, assim, a aceitação e a implementação de novas ideias, processos e produtos, bem como o reconhecimento, por parte daquele contexto social, do caráter útil que tais novidades proporcionam. Porém, Bessant (2003) afirma que há uma dose considerável de incerteza na inovação, seja tecnológica, mercadológica, social, política. Desse modo, há poucas chances de sucesso a não ser que o processo seja gerenciado cuidadosamente. A incerteza é, assim, apontada por Bessant (2003) como intrínseca ao processo de inovação.

A esse respeito, Eliasquevici (2007, p.28) argumenta que a incerteza se deve principalmente ao “incompleto conhecimento e a um inadequado entendimento dos processos sociais, econômicos e ecológicos, pelo indeterminismo intrínseco dos sistemas dinâmicos complexos e pela variedade de escolhas e objetivos humanos”. A autora acrescenta que:

As incertezas nem sempre estão no centro da discussão na tomada de decisão, embora possuam um papel importante em muitas questões, principalmente nas complexas. Atores diversos atuando em contextos variados terão percepções diferenciadas sobre incertezas, por serem adeptos de modos de vista diferentes. O reconhecimento da existência da incerteza acompanhou a evolução da ciência e seus pressupostos (ELIASQUEVICI, 2007, p.28).

Nesse sentido, a inovação pode ou não ser bem-sucedida, em decorrência de suas interações, caracterizadas por caráter dinâmico e complexo, com fatores técnicos, mercadológicos, econômicos, políticos e sociais, entre outros, de modo que o êxito não pode, de forma alguma, ser tomado como certo ou garantido.

King e Anderson (2002, p.149) ressaltam o caráter dinâmico da inovação, de modo que “aqueles que são responsáveis por iniciativas para gerir a introdução de inovações em uma organização sabem que há muito mais envolvido do que tomar a simples decisão de adotar uma nova ideia ou implementar uma mudança”.

Armbruster et al. (2008), por sua vez, salientam a importância de que se busque mensurar e monitorar a adoção e a performance da inovação nas organizações, considerando a dinâmica que permeia o fenômeno, em termos da implementação de novos e concretos elementos organizacionais.

A respeito do caráter complexo da inovação, Garud, Gehman e Kumaraswamy (2011, p.760) afirmam que a complexidade é:

(...) inerente ao processo de inovação, na medida em que se manifesta por meio da proliferação de resultados que emergem por meio de interações (entre atores, artefatos e práticas) regulados pelas diretrizes organizacionais. A complexidade da inovação também é aparente na dinâmica temporal que desencadeia momentos caracterizados como falsos inícios, términos e coincidências.

Wolfe (1989, p.170) também argumenta acerca da relevância de que se considere o caráter complexo, dinâmico e incerto em relação aos resultados da inovação organizacional, salientando que a incerteza, embora seja implicada pela própria natureza do fenômeno, “curiosamente não é considerada por diversos modelos de inovação organizacional”. Adicionalmente, o autor argumenta que o termo inovação tem sido usado pela literatura para se referir a duas concepções distintas: a primeira focaliza o objeto do processo de inovação, ou seja, quando pesquisadores se referem à inovação como o novo produto resultante, por exemplo; e a segunda diz respeito à inovação como o processo de implementação de novos produtos, equipamentos e sistemas, colocando-os em utilização.

Neste estudo adota-se a segunda concepção da inovação, como um processo de implementação de uma ideia, prática ou objeto, que é percebido como novo. Como argumenta Van de Ven (1986, p.595), “o processo de inovação é definido como o desenvolvimento e a implementação de novas ideias por pessoas que, ao longo do tempo, se envolvem em transações com outras, dentro de um contexto institucional”.

Nessa concepção, a inovação é a implementação de uma nova ideia que pode ser uma recombinação de ideias antigas, um esquema que desafia a ordem atual, uma fórmula ou uma abordagem única, tida como nova pelos indivíduos envolvidos. Observa-se, assim, a importância a respeito da percepção acerca da inovação por parte do indivíduo ou da unidade que a adotará. A inovação corresponde a uma ideia ou uma prática adotada por uma pessoa ou organização, de modo que é percebida como nova pela unidade relevante de adoção.

De acordo com Van de Ven e Engleman (2004), tal nova ideia é considerada inovadora pelos integrantes de um dado contexto, mesmo que embora ela possa parecer para outros como sendo uma imitação de algo que já exista em algum outro lugar. Em sua concepção, os autores se basearam na caracterização da inovação como um processo que envolve geração, adoção, implementação e incorporação de novas ideias, práticas ou artefatos dentro da organização.

Assim, no sentido de compreender a natureza complexa e multifacetada da inovação, converge-se para uma concepção integradora do fenômeno de um modo adequado à compreensão de sua natureza dinâmica: a inovação é tida como um processo, ou seja, é

concebida como “um meio de múltiplos fins ao invés de um fim em si mesma” (TOTTERDELL et al., 2002, p.345).

Como afirma Lundvall (1992, p.9),

Em modelos econômicos, as inovações geralmente aparecem como eventos extraordinários, exógenos, que temporariamente perturbam o equilíbrio geral. Após um processo de ajuste, refletindo os mecanismos de oferta e demanda, um novo estado de equilíbrio é estabelecido. Essa abordagem pode ter sido adequada para sociedades pré-industriais onde as inovações pareciam ocorrer raramente. No capitalismo moderno, contudo, a inovação é um fenômeno inerente e fundamental; a competitividade de longo prazo das empresas – e das economias nacionais – reflete sua capacidade inovadora e, além disso, as empresas devem se engajar em atividades que visam a inovação de modo a preservar suas posições no mercado. Assim, a inovação, mais que um simples evento, deve ser vislumbrada como um processo.

Nessa perspectiva, inovação é um processo, não um simples evento, e precisa ser compreendida e analisada como tal. Diversos estudos (ZALTMAN; DUNCAN; HOLBEK, 1973; DAFT, 1978; KIMBERLY; EVANISKO, 1981; NELSON; WINTER, 1982; ROGERS, 1983; KANTER, 1984, VAN de VEN, 1986; LEONARD-BARTON, 1988; DAMANPOUR, 1991; SCOTT; BRUCE, 1994; AMABILE, 1996; GALLOUJ, 1997; SUNDBO, 1997; TIDD; BESSANT; PAVITT, 1997; KING; ANDERSON, 2002; CARAYANNIS; GONZÁLEZ, 2003; BIRKINSHAW; HAMEL; MOL, 2008) alinham-se à concepção da inovação como um processo.

O estudo de Zaltman, Duncan e Holbek (1973) foi um dos primeiros estudos a investigar a inovação no âmbito das organizações humanas, procurando integrar variáveis comportamentais, em nível individual, com aspectos propriamente estruturais da organização, investigando como se processa a inovação no âmbito da organização. Nesse sentido, os autores consideram que o processo de inovação contém duas etapas, que são passíveis de subdivisão: a primeira é a de iniciação, e a segunda, a de implementação. Mencionam, ainda, variáveis estruturais em função do processo de inovação, tais como: complexidade, formalização e centralização decisória. E concluem que uma característica importante da organização inovadora é sua habilidade para lidar com a incerteza.

Downs e Mohr (1976) são alguns dos primeiros estudiosos da inovação organizacional a salientar a relevância de esforços para desenvolvimento de uma teoria geral da inovação. Caracterizando a inovação como fenômeno complexo e dinâmico, os autores também fazem referência à investigação acerca de tipologias para a inovação, as quais podem estar associadas às razões pelas quais algumas organizações são mais bem-sucedidas

do que outras, ao adotar determinadas inovações. Considerando que os determinantes da inovação podem ser diferentes de acordo com diferentes categorias de inovações, Downs e Mohr (1976, p.704) mencionam a terminologia “radical versus incremental” para caracterizar tipos de inovação conforme o grau de novidade.

Daft (1978), por sua vez, investiga o processo de inovação considerando um modelo de dois núcleos – um técnico e um administrativo – que explicam peculiaridades na forma como inovações técnicas e administrativas se desenvolvem. Dessa forma, variáveis organizacionais e ambientais podem estar associadas com a atividade inovadora em um núcleo, mas não no outro. E, assim, a concepção da inovação em núcleo técnico e em núcleo administrativo tem implicações sobre a gestão da inovação.

Kimberly e Evanisko (1981) também compreendem a inovação como um processo, e distinguem as inovações em dois grandes grupos: inovações técnicas e inovações administrativas. As inovações técnicas se referem a produtos, processos e serviços novos ou significativamente melhorados. Por sua vez, as inovações administrativas se referem a inovações no contexto organizacional – mudanças na forma de organização e gestão da empresa ou do processo produtivo, nas estruturas ou nas estratégias corporativas – e a inovações relacionadas à comercialização – novos métodos na entrega dos produtos, em seu empacotamento, ou em sua embalagem.

Leonard-Barton (1988) menciona a complexidade como um dos elementos característicos da inovação organizacional, particularmente no tocante à implementação, por meio da qual a inovação deve ser aceita pelo contexto social – no todo ou em parte – em que foi inserida, o que remete ao estudo de Rogers (1983) acerca da difusão da inovação. Adicionalmente, a autora salienta a relevância de que sejam desenvolvidas estratégias específicas para a implementação, de modo que tais estratégias podem influenciar o êxito ou a falha da inovação.

De acordo com Kanter (1984), a inovação deve ser vista como um processo, ao invés de objetos ou resultados da introdução de novos produtos. Assim, a inovação passa por uma fase de geração de ideias, em que variações podem ser feitas por meio de agentes externos ou internos, e depois por uma fase de implementação, impulsionada por uma coligação necessária para patrocinar a ideia, desenvolver testes e protótipos, e concretizar a produção da nova ideia sob a forma de produto ou serviço.

Kanter (1988) salienta o caráter complexo e multidimensional do processo de inovação. Nessa perspectiva, a inovação envolve, além da criatividade dos indivíduos,

questões como: estrutura organizacional, poder e sua utilização, comunicação intra e extra- organizacional, condições econômicas externas, entre outros fatores situacionais que podem afetar a inovação ao longo do tempo, como processo dinâmico e em contínuo movimento.

Percebe-se que a literatura pertinente ao tema da inovação organizacional, já há algumas décadas, vem investigando não apenas componentes do processo de inovação, como também suas características. Com base nessa literatura, a inovação pode ser caracterizada, de modo geral, como um processo:

- social (que se concretiza por meio de interações coletivas em dado contexto); - complexo (caracterizado por múltiplas dimensões, fatores, estágios, agentes,

determinantes e impactos);

- incerto (pois o êxito da implementação não pode ser tomado como garantido, nem seus resultados tomados como certos, diante de variações, riscos e influências aos quais o processo é submetido);

- interativo (de modo que requer a participação de indivíduos e grupos ao longo da implementação, influenciando-a);

- fluido(caracterizado por adaptabilidade, maleabilidade e permeabilidade em relação a influências ambientais);

- não-linear (com etapas e fases que não necessariamente seguem ordenamento sequencial, de modo que pode haver alternância e/ou sobreposição entre elas); - ubíquo (pode estar relacionado a todas as áreas e aspectos da organização);

- dinâmico (que se caracteriza pela ocorrência de diversas forças e movimentos, inclusive simultaneamente).

A inovação pode ser caracterizada, ainda, como um processo que envolve aprendizagem organizacional (FLEURY; FLEURY, 1997) e que se relaciona com a criatividade e a mudança organizacional (BRUNO-FARIA, 2003), imerso em certo grau de incerteza e potenciais de mudança inerentes a partir de fatores individuais, tecnológicos e culturais (CARAYANNIS; GONZALEZ; WETTER, 2003), e solução de problemas ao longo do processo (TIDD; BESSANT; PAVITT, 1997).

É oportuno ressaltar, contudo, que a literatura é bastante diversa em definições para o fenômeno, e que há certa “confusão conceitual”, como apontado por Bruno-Faria (2003, p.138), quando o processo de inovação é considerado em termos de suas inter-relações com outros fenômenos, em especial, o fenômeno da criatividade.

Por sua vez, Amabile (1996, p.1) define criatividade como “a produção de ideias novas e úteis em qualquer domínio da atividade humana [de modo que] o produto ou a ideia também deve ser apropriado para o objetivo visado, valioso e de significado expressivo”, enquanto que a inovação é conceituada pela autora como “a implementação bem-sucedida de ideias criativas dentro da organização”.

Contudo, a ideia deve ser sempre bem-sucedida, para que seja considerada inovação? Conforme apontado por Van de Ven (1986), o que ocorre, não raro, é que a própria percepção de que tal nova ideia é uma inovação parece depender da percepção acerca de dimensões associadas a sua efetividade, uma vez que, quando as novas ideias não são bem- sucedidas, elas tendem a ser apontadas não como ‘inovações’, mas como ‘erros’. Denota-se, assim, o grau de incerteza que pode ser inerente aos resultados do processo de inovação. Diante de tais argumentos, este estudo discorda da conceituação de inovação desenvolvida por Amabile (1996), de modo que muitos ‘erros’ percebidos nas organizações, em seu esforço para inovar, correspondem, sim, a inovações, e cabe ao administrador investigar tanto razões para seu êxito, quanto causas para seu insucesso.

Observa-se que a criatividade conduz ao fenômeno da inovação, mas pode-se indagar: há inovação sem criatividade? Dasgupta (2003) afirma que inovação presume criatividade, mas criatividade não necessariamente gera inovação. Por sua vez, Lundvall (1992) argumenta que há casos em que a inovação requer enorme esforço intelectual ou uma mente extremamente criativa, de modo a identificar uma nova combinação potencial.

De acordo com Westwood e Low (2003, p.235), “(...) é evidente que a criatividade está relacionada a processos cognitivos em nível individual. Contudo, também envolve fatores que vão além da dimensão individual; a criatividade tem dimensão social”. Assim,

(...) criatividade é parte do processo de inovação. Inovações são a aplicação prática de ideias criativas, e uma organização não pode inovar a menos que tenha a capacidade de gerar ideias criativas. (...) criatividade e inovação não apenas são vitais para as empresas, como para o desenvolvimento econômico das sociedades (WESTWOOD; LOW, 2003, p.236).

A concepção do processo de inovação adotada neste estudo se opõe aos argumentos de Westwood e Low (2003), uma vez que a organização pode, efetivamente, inovar, ainda que não tenha a capacidade para gerar ideias criativas próprias, por meio de monitoramento da concorrência, por exemplo, e da incorporação ao contexto organizacional de práticas e ideias que tenham sido geradas externamente.

Outra forma de conceber inter-relações entre os conceitos de inovação, criatividade e competitividade foi desenvolvida por Carayannis e Gonzalez (2003). Dessa forma, a criatividade é um fator necessário, embora não suficiente, para a inovação, e a inovação de diferentes tipos pode aprimorar a competitividade econômica nacional e global. Obtém-se, assim, uma relação com três níveis de análise: criatividade (nível micro ou individual), inovação (nível meso ou organizacional) e competitividade (nível macro ou nacional).

Em analogia à composição dos filetes de DNA em hélice dupla, Carayannis e Gonzalez (2003) desenvolveram o modelo da espiral ‘Criatividade-Inovação- Competitividade’ – CIC – e da cadeia de valor agregado entre esses conceitos. A espiral é ascendente, de modo que a invenção e a produtividade são concebidas como etapas intermediárias entre criatividade, inovação e competitividade. O modelo proposto por Carayannis e Gonzalez (2003) é esquematizado na Figura 7.

Conforme a Figura 7, percebe-se que, para Carayannis e Gonzalez (2003), a inovação assume a posição de componente central na aceitação e transformação de ideias criativas dos indivíduos em vantagens competitivas que geram impactos sócio-econômicos. Uma etapa intermediária entre criatividade e inovação corresponde à invenção. E, para que a inovação culmine em competitividade setorial, nacional e/ou regional, há uma etapa intermediária, que corresponde aos ganhos de produtividade por parte de organizações e nações.

Por oportuno, a respeito de inter-relações entre a inovação e a competitividade, Dosi, Pavitt e Soete (1990) salientam que a capacidade para inovar denota em que medida a

Invenção Inovação Produtividade CRIATIVIDADE

COMPETITIVIDADE

Criatividade Cadeia de valor agregado Competitividade (CIC)

Nível Micro Nível Meso Nível Macro

Individual Grupal Organizacional Setorial Nacional Regional Micro Macro Meso Cognição individual e inspiração Impacto sócio- econômico

Figura 7. Espiral CIC e cadeia de valor agregado Fonte: Carayannis e Gonzalez (2003, p.594).

organização é capaz de produzir e adotar novos conhecimentos de forma contínua. Em mercados onde se prega a livre concorrência, a atuação de organizações com elevadas capacidades para inovar tende a favorecer a competitividade em âmbito nacional, regional e/ou internacional.

Por outro lado, Carayannis e Gonzalez (2003), ao vislumbrar a criatividade apenas em âmbito individual, não reconhecem a existência da criatividade grupal. Bruno-Faria (2003, p.116) salienta que, dentre aspectos comuns às diversas concepções de criatividade, pode ser mencionado “o fato de a criatividade ser oriunda de indivíduos e grupos na organização”. E a respeito de criatividade grupal, como argumenta Bruno-Faria (2007), consideram-se características que os grupos devem ter a fim de que atuem com criatividade em nível grupal, de modo que a criatividade individual e a criatividade grupal correspondem a processos diferenciados.

Quanto ao conceito de invenção, Bessant (2003) argumenta que há confusão considerável na literatura pertinente ao termo ‘invenção’, em relação tanto à inovação como à criatividade. Para Carayannis, Gonzalez e Wetter (2003), a invenção corresponde a um processo criativo de progresso e geração de ideias originais. Inovação, por sua vez, é definida pelo impacto que tem nas sociedades e mercados por meio de uma atualização. Nessa perspectiva, uma invenção não é tão significativa para a organização a não ser que a nova ideia possa ser usada para agregar valor, por meio de elevação de vendas, redução de custos e outras melhorias similares.

Ainda que possa ser considerada por alguns estudos como essencial para o início do processo, a invenção não é suficiente para que seja considerada como inovação, que envolve conduzir essa nova ideia por “uma jornada frequentemente penosa até que se torne algo amplamente aceito e utilizado, envolvendo muitos recursos e solução de problemas ao longo do caminho” (BESSANT, 2003, p.767). E como Schumpeter (1997, p.61) argumenta, “o processo essencial para as empresas é a inovação, não a invenção”. Dessa forma, observa-se que o conceito de invenção na literatura pertinente ao tema é diverso.

Nesse sentido, embora seja reconhecida a originalidade e a pertinência da abordagem desenvolvida por Carayannis e Gonzalez (2003) a respeito do processo de inovação, há discordâncias conceituais entre tal perspectiva e a concepção de inovação adotada no presente estudo, conforme argumentado anteriormente.

Considerando particularmente as pesquisas sobre inovação no contexto organizacional, Wolfe (1994) aponta, por meio de revisão conceitual da literatura, três linhas

de pesquisa relativamente bem-caracterizadas: estudos sobre a difusão da inovação, ou seja, sua adoção pela população envolvida; estudos sobre a capacidade para inovar, investigando fatores que determinam a capacidade de uma empresa para produzir inovação; e estudos de teoria de processo, em que se procura investigar a natureza do processo de inovação.

Um exemplo de estudo sobre a difusão da inovação corresponde à abordagem desenvolvida por Rogers (1983, p.5), em obra originalmente publicada em 1962, na qual a difusão é concebida como “o processo pelo qual uma inovação é comunicada por certos