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Instituições do CANTIC/CRTIC da Amadora Participantes no Estudo

3.1.1 Universalidade de Acesso

4.2. Apresentação do Caso

4.2.1. Instituições do CANTIC/CRTIC da Amadora Participantes no Estudo

Nesta secção são apresentadas em pormenor as instituições e os participantes do estudo que serviram de inspiração e base experiencial para a idealização do protótipo e focalização das sinergias de ensino-aprendizagem que decorreram durante as diferentes fases do estudo (figura 4.1.).

Figura 4.1. Instituições participantes

O CANTIC/CRTIC da Amadora foi criado em 1996/97 por intervenção directa de uma professora que se manteve como sua responsável até Setembro de 2007. Segundo esta professora:

após a conclusão da dissertação de mestrado na qual descrevia as eventuais respostas dadas pelas TIC de suporte à deficiência motora severa e por ser professora de apoio da Escola Secundária de Sacavém e me ver confrontada com a ausência de meios nesse

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domínio para ajudar os alunos; após ter desafiado um colega encaminhei o pedido para a DRELVT e depois de hesitações lá iniciamos a nossa actividade (Cordeiro, Entrevista 2006, p.1).

Assim, o CANTIC/CRTIC da Amadora, como centro de recursos do DRELVT, foi criado no sentido de disponibilizar tecnologias acessíveis a todos que pudessem apoiar e normalizar a vida dos alunos do ensino básico e secundário da região de Lisboa e Vale do Tejo, vocacionado para apoio a alunos com deficiência motora severa ou doença crónica grave, situado primeiro numa escola de Sacavém e posteriormente na Escola EB 2,3 José Cardoso Pires, na Amadora.

A partir de meados de 2008, estando já encerrada a componente empírica da presente investigação, foi atribuída ao CANTIC/CRTIC da Amadora a denominação de Centro de Recursos TIC (CRTIC) da Amadora e equiparado aos outros CRTIC, sedeados em agrupamentos de escolas espalhados pelo país.

Na definição constante no site oficial do CANTIC/CRTIC da Amadora 18 (2005) referem-se outras características das suas actividades:

um serviço descentralizado, de retaguarda às escolas e aos professores, vocacionado para o suporte à escolaridade e socialização de alunos com deficiência motora severa ou com doença crónica grave; um centro que procura a articulação com as diferentes estruturas da comunidade local (Instituições, Autarquias, Universidades, Serviços de Saúde e Serviços Sociais, Equipas de Coordenação dos Apoios Educativos, etc.)

A abrangência da equipa do CANTIC/CRTIC da Amadora (até Setembro de 2007 com oito elementos) reflectia-se numa avaliação efectuada a toda a população escolar dos cinco meses aos trinta anos que fosse portadora de deficiência motora severa ou com doença crónica grave, passível de internamento ou que levasse a longos períodos fora da escola. Pretendia-se olhar os alunos numa

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perspectiva holística com vista ao acompanhamento do currículo, à identificação e adaptação de ajudas técnicas e sistemas de apoio a distância, de acordo com as suas incapacidades, de modo a permitir a sua participação nas dinâmicas de sala de aula.

Numa segunda vertente o CANTIC/CRTIC da Amadora assumia-se como aglutinador de boas práticas de ensino e como gestor de uma rede de experiências e conhecimentos facilitadora do trabalho com professores, alunos e encarregados de educação para suporte à participação plena nas actividades escolares. Neste domínio foi criada uma plataforma mista de ensino a distância (MOODLE), denominada TeleAula onde os professores realizavam formações especializadas, discutiam estratégias de acção e planeamento de projectos nacionais e internacionais acerca da área da deficiência motora e das comunicações a distância, assim como exploravam recursos tecnológicos e fichas de trabalho a apresentar nas videoconferências que aconteciam na sala de aula entre as escolas dos serviços de pediatria e as escolas de origem.

Para além da formação contínua em tecnologia era dado às docentes que connosco trabalhavam oportunidades de realização de experiências concretas em termos de escolarização e socialização dos alunos hospitalizados, de envolvimento da comunidade escolar de modo a criar respostas educativas diferenciadas e permitir o acesso de todos à aprendizagem (Cordeiro, Entrevista 2006, p.2).

A terceira intervenção do CANTIC/CRTIC da Amadora surgia no sentido da “sensibilização dos organismos estatais e civis para uma intervenção articulada que facilitasse a escolaridade e a socialização de alunos hospitalizados” (CANTIC/CRTIC da Amadora, 2005, p. 3). Da mesma maneira era também responsável pelos contactos, protocolos e parcerias nacionais e internacionais com a iniciativa HOPE (Hospital Organization of Pedagogues in Europe), para além de estabelecer o contacto com o Ministério da Educação relativamente à validação

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anual dos destacamentos de todos os docentes (até Setembro de 2007, altura em que a legislação mudou).

Longe das escolas de ensino regular estão as escolas dos serviços de pediatria dos hospitais de Lisboa (para além das que participaram no estudo, referidas anteriormente, destacavam-se as escolas do Hospital de Santa Maria e do Hospital D. Estefânia) que se estabeleceram, tal como as outras, através de protocolo assinado entre a DRELVT, o CANTIC/CRTIC da Amadora e as administrações destas instituições de saúde, salvo algumas especificidades de cada serviço de pediatria.

Numa quarta dimensão, o CANTIC/CRTIC da Amadora avançava como sendo o organismo pedagógico que avaliava os alunos no que diz respeito à capacidade motora, de escrita e formação, delineando, em termos de interfaces, as tecnologias de apoio adequadas, o hardware, o software, a proposta de metodologias e ajudas técnicas.

Procurávamos através de aconselhamento pedagógico dotar a escola, a casa ou situação de internamento compatível com a incapacidade do aluno, instalando um teclado virtual, adaptando o comportamento das teclas, disponibilizando escrita por varrimento através de infravermelhos, switches na cabeça ou na bochecha, manuais digitais entre outros recursos facilitadores. O pedido para qualquer deste tipo de tecnologia era efectuado pela escola de origem do aluno à DRELVT ou à Segurança Social, que por sua vez o enviava para os centros prescritores que acediam às linhas de financiamento. Contudo, as ajudas técnicas tardavam em chegar e por isso o CANTIC/CRTIC da Amadora tentava resolver a situação dos alunos que entretanto já tinham iniciado as aulas, com ofertas de tecnologia por empresas e algum computador entretanto adaptado (Cordeiro, Entrevista 2006, p. 4).

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Desde a sua criação o CANTIC/CRTIC da Amadora possibilitou a inclusão de centenas de alunos do Distrito de Lisboa (números oficiais não divulgados por imposição da DRELVT), mediante a sua intervenção directa disponibilizando tecnologias e indirectamente através da formação de professores e do equipamento das escolas dos serviços de pediatria dos hospitais.