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Condicionantes Internos à Realização da Fase Exploratória

5. MERGULHAR NAS TECNOLOGIAS PARA SAIR DO CORPO: EXPLORAÇÃO E EXPLICAÇÃO DO CASO

5.2. Utilização das TIC no Processo de Ensino-Aprendizagem

5.2.1. Visita Guiada À Escolinha do IPO

A escola do serviço de Pediatria do IPO, coordenada pelo CANTIC/CRTIC, iniciou a sua actividade com o Projecto TeleAula: Espaços Virtuais de Aprendizagem, no ano lectivo de 1999/2000, após a assinatura de dois protocolos realizados entre a Administração do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPOLFG), a Direcção Regional de Educação de Lisboa e Vale do

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Tejo (DRELVT), o ex-Instituto de Comunicação de Portugal, a Portugal Telecom e a Associação Acreditar. A Escolinha do IPO, assim designada pelo tamanho, pois funcionava numa pequena sala no sétimo piso do Serviço de Pediatria e por apoiar alunos internados naquele serviço e em outros do IPOLFG, recebia alunos em permanência temporária no Lar do Hospital ou na Acreditar, alunos em tratamento ambulatório no Hospital de Dia ou na Unidade de Transplante de Medula (UTM), alunos das escolas de referência29 e da Escola do Hospital de Santa Maria, independentemente da duração da sua estadia e situação de internamento.

Apesar do espaço restrito, a Escolinha do IPO englobava diversas valências pois servia de biblioteca de livros infantis e juvenis, de manuais escolares e de outros recursos didácticos; de repositório de materiais diversos como pincéis, tintas coloridas, telas e colas para o desenvolvimento de trabalhos manuais e artísticos; de laboratório de TIC (que era constituído por três computadores

desktop, três portáteis com ligação à Internet e um kit de videoconferência

equipado com o software Picturetel 55030 e a respectiva câmera); um arquivo de jogos e vários CD-ROM e DVD educativos; uma zona administrativa onde se encontrava uma máquina fotocopiadora com scanner, fax e um armário com os arquivos e os processos de todos os alunos que por ali passavam, e ainda um local especial de grande visibilidade onde existiam dois quadros de cortiça e outro branco, onde eram expostos os trabalhos dos alunos e destacadas as actividades do dia e a agenda da Escolinha. No centro da divisão entre a porta e a janela estava uma mesa e um conjunto de cadeiras onde os alunos trabalhavam todos os dias. Enquanto se realizou esta investigação (no ano lectivo de 2006/2007) a Escolinha do IPO completou o seu sétimo aniversário e para além de ter sido visitada pela então Ministra da Educação, em jeito de comemoração, os desktops fornecidos originalmente pelo CANTIC/CRTIC foram substituídos por moderno hardware e

29 Escolas de origem, nas quais os alunos estavam matriculados antes de internados.

30 O PictureTel 550 é um conjunto hardware/software direccionado para a videoconferência para o

sistema operativo Windws 98/NT/ME e 2000 (constituído por uma placa de vídeo, uma câmara de vídeo, um microfone, um par de colunas e software de comunicações) que aproveita as potencialidades da linha RDIS e que possibilita, por exemplo: estabelecer comunicações telefónicas e de videoconferência, partilhar ficheiros ou aplicações e trabalhar de modo cooperativo. Este Kit era instalado pela Portugal Telecom a pedido do Cantic/CRTIC em cada escola do hospital e esporadicamente em casa de alunos em regime de ambulatório.

144 software, embora permanecesse o sistema de videoconferência e respectivo

computador (do século passado!) para a realização da TeleAula semanal.

A Escolinha do IPO permitia aos alunos contactar com as suas escolas de origem, enquanto estivessem internados ou com qualquer tipo de incapacidade, dando-lhes a possibilidade de completar fichas e efectuar as avaliações formativas e sumativas, participar nas TeleAulas (duas por semana com as escolas parceiras anteriormente citadas).

Os procedimentos seguidos pelas professoras na Escolinha do IPO eram diferentes daqueles em uso nas outras escolas observadas no âmbito deste estudo, devido ao horário a tempo inteiro (das 9h às 17h). Todos os dias era efectuada uma lista das crianças internadas, de acordo com a idade e o nível de escolaridade, com indicação de isolamento ou tratamento. Caso estivessem em tratamento e sem nenhum impedimento médico os alunos podiam frequentar a escola naquele dia. Se, pelo contrário, estivessem isolados, mas em condições psicológicas e físicas de aprender e interagir com outros, uma das professoras ficaria destacada para fornecer a esses alunos orientações concretas de trabalhos ou projectos a desenvolver, fornecendo-lhes material escolar esterilizado e um computador portátil com acesso à rede sem fios com uma capa especial desinfectada, de modo a protegê-los contra eventuais riscos de infecção. Toda a comunicação era efectuada através de um telefone que se encontrava do lado de fora de uma divisão de vidro, onde a professora explicava a matéria e os procedimentos a seguir para executar as tarefas propostas. Entretanto, na Escolinha, as outras professoras ligavam os computadores à Internet, verificavam a longa lista de mensagens de correio electrónico, provenientes das escolas de origem dos alunos hospitalizados (entretanto contactadas assim que era preenchida a ficha de identificação e referenciação do aluno). Para além disso, as professoras eram responsáveis pela distribuição de material educativo a pedido, como livros, jogos, CD-ROM e DVD que se encontravam no armário da biblioteca; preparavam os temas a desenvolver na TeleAula, enquanto os alunos presentes faziam exercícios, elaboravam fichas de leitura, de várias áreas disciplinares, nomeadamente ciências e matemática. Ao lado da Escolinha situava-se a sala de reunião das educadoras de infância e a sala

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de convívio com televisão e computadores, onde os voluntários dinamizavam espaços de leitura, actividades e música várias vezes por semana. O trabalho das professoras do IPO transcendia o espaço físico do sétimo piso. O número elevado de crianças e jovens em idade escolar levou à parceria pedagógica com as educadoras de infância, que se ocupavam da dinamização de actividades no Hospital de Dia (uma sala de ambulatório onde se realizavam as sessões de quimioterapia e outros tratamentos) e da Sala/Pavilhão Lions Club – um espaço de brincadeira com passatempos diversos, como jogos Playstation, cinema, música, jogos e outras actividades lúdicas onde os utentes do serviço de pediatria aguardavam consultas ou tratamentos, nomeadamente na Unidade de Transplante de Medula (UTM). As professoras da Escolinha do IPO tinham ainda de gerir o acompanhamento de alunos em permanência temporária no Lar do Hospital ou na Acreditar, onde também eram auxiliados, nas tarefas escolares, por voluntários coordenados pela Escolinha e, finalmente, as TeleAulas que aconteciam com a presença virtual dos alunos das duas escolas de origem e da Escola do Hospital de Santa Maria. No ano lectivo de 2006/2007 estiveram e passaram pela Escolinha do IPO noventa e quatro alunos dos seis aos dezoito anos em diferentes níveis de escolaridade. Na tabela 5.2. descreve-se resumidamente as características da Escolinha do IPO.