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4.9 Processo da entrevista

4.9.1 Instrumento norteador

Realizada a etapa das definições iniciais do tipo e dos sujeitos da pesquisa, o instrumento que melhor atendeu ao estudo foi o questionário norteador para a entrevista, combinando perguntas abertas e fechadas, onde o pesquisado tem a autonomia e liberdade de discorrer sobre o tema proposto nos questionamentos.

A construção desse norteador metodológico foi apoiada em Sampieri, Collado e Lucio (2006), que sugerem perguntas abertas porque não delimitam as alternativas do pesquisado, o que favorece um número considerável de categorias da pesquisa. No presente trabalho, essas foram restringidas com o foco nos objetivos da pesquisa.

Outro ponto relevante é que as perguntas abertas também ajudam o pesquisador em situações em que se deseja aprofundar uma opinião ou os motivos de um determinado comportamento do sujeito. A pesquisa se desenvolveu com esse cuidado, ou seja, as perguntas abertas foram trabalhadas e contextualizadas pelos professores para justificar as práticas pedagógicas e conceitos que cada um desenvolveu ao longo da sua experiência. Com os objetivos traçados na elaboração das questões, busca-se clareza e concatenação das ideias em situações que atendam e contemplem os objetivos como um todo, bem como seguem uma lógica de complexidade e abrangência (FALCÃO 2012).

Para tanto, utilizou-se questões abertas simples, que colocam o sujeito em uma vertente de abordagem, ou seja, em que ponto específico se pretende discorrer; em seguida, ou mesmo no decorrer da fala, as perguntas fechadas servem para nortear o pesquisado ou ratificar conceitos, e a fala em geral, na pesquisa e entrevista, as questões realizadas são de caráter aberto, e, no decorrer da entrevista, foram trabalhados os direcionamentos com as perguntas fechadas, para ratificar ou mesmo retificar eventuais conceitos.

Com esse processo, o seu desenrolar norteou a fala sobre as práticas dos docentes em diversos âmbitos do trabalho acadêmico do docente e em sala de aula.

O processo de entrevista se faz com a interpretação do entrevistado em relação à questão a ele apresentada, que responde de acordo com um dado que lhe parece relevante frente ao questionamento; para tanto, o pesquisado filtra no momento de transmiti-la, de acordo com sua vontade e motivação (FALCÃO 2012).

Categorizar é o passo importante para a construção do método, e constitui conceitos abrangentes que possibilitam compreender os fenômenos que precisam ser construídos pelo pesquisador; da mesma forma como há muitos sentidos em um texto, sempre é possível construir vários conjuntos de categorias a partir de um mesmo conjunto de informações; as categorias aqui apresentadas são esse construto das entrevistas e estão

agrupadas conforme quadro n.º2 – Eixos temáticos da pesquisa, categorias de análise. Para Moraes e Galiazzi (2011, p.89), “[...] os sistemas de categorização correspondem ao processo de síntese dos elementos que mais se destacam nos fenômenos investigados”. O texto final emerge do processo de auto-organização e recursividade reestruturante da categorização, por meio da expressão das novas compreensões, sempre em interlocução com teóricos e com a realidade empírica, na perspectiva de obter argumentos válidos e aceitos em comunidades de especialistas nos temas tratados.

Na investigação proposta, o corpus é composto por uma série de entrevistas realizadas com professores de instituições de ensino superior, que efetivamente trabalham em sala de aula com alunos surdos, que vivenciam diferentes experiências e modo de trabalho acadêmico diante dos diferentes contextos e obstáculos da aprendizagem do surdo.

Para tanto, compreende-se que essa parte da pesquisa apresenta um caráter eminentemente qualitativo, que objetiva a compreensão das relações existentes entre a formação e os saberes docentes, as abordagens pedagógicas com os referenciais teóricos que historicamente estão construindo e reconstituindo os ambientes escolares na academia e a vida de cada um dos sujeitos que se envolvem pessoal e coletivamente nesse processo de ensino e aprendizagem.

A pesquisa contemplou algumas áreas que, de acordo com as pesquisas realizadas, abrangem o objeto que se pretende estudar. No quadro nº1 foram organizadas em cinco áreas temáticas compreendidas como a) formação docente; b) política pública; c)

educação do surdo; d) acessibilidade educacional por fim e) tradutor intérprete . Áreas

que se traduziram em categorias de análise.

Com os pilares apresentados, pretende-se abranger as grandes áreas temáticas e atender aos objetivos da pesquisa, que versam sobre quais seriam os saberes e fazeres importantes para a promoção da educação e aprendizagem do aluno surdo.

Quadro n.º 2 - Eixos temáticos da pesquisa – categorias de análise Relação de Perguntas e Categorias de Análise

Perguntas Categorias de Análise

1. Professor, qual é a sua formação?

Formação Docente

2. Professor, quanto tempo você tem de experiência em ensino superior? 3. Professor, quanto tempo de experiência em ensino superior com aluno surdo?

4. Professor, você pretende se capacitar em Libras, para apropriar-se do mundo do surdo?

5. Na sua opinião, quais os saberes docentes fundamentais para que se promova a aprendizagem do aluno surdo no ensino superior?

7. Professor, como você avalia as ações afirmativas empreendidas nos últimos anos a respeito dos surdos?

Política Pública

8. Professor, qual lei você destacaria como importante no seu ponto de vista sobre essa inclusão ou ação afirmativa?

10. Professor, em que efetivamente as ações favorecem a inclusão do surdo no ensino superior ou mesmo na educação brasileira?

12. Professor, quais as ações que a instituição vem fazendo que você destaque no reconhecimento dessa preocupação de inclusão e promoção da aprendizagem do aluno surdo?

6. Qual é, na sua visão, a melhor maneira de promover a educação do aluno surdo em sala de aula de ouvintes, no ensino superior?

Educação do Surdo

9. Professor, na sua prática docente há necessidade de adaptação metodológica/atitudinal da aula que é ministrada ao aluno ouvinte em relação ao aluno surdo em sala? Se positivo, comente esse pro- cesso.

11. Professor, como você lida com a situação de ter um aluno surdo em sala de aula? 13. Professor, como você analisa a inserção do surdo no ensino superior?

15. Professor, no seu trabalho docente, quais são as principais dificuldades encontradas para a promoção da aprendizagem do aluno surdo?

14. Professor, em geral os vestibulares garantem o acesso do aluno surdo no ensino superior?

Acessibili- dade Educa-

cional

16. Professor, a instituição promove no seu entender, o acesso à educação de qualidade ao aluno sur- do?

17. Professor, como você avalia o ensino a distância da instituição em relação ao aluno surdo?

18. Professor, no seu entendimento, qual a função do intérprete em sala de aula?

Tradutor Intérprete 19. Professor, qual a interação que você desenvolve com o intérprete?

20. Professor, quais considerações você faz sobre o intérprete em sala de aula para o auxílio do surdo? Fonte: Elaborado com base nas entrevistas

Da maneira que está organizado, é possível identificar as áreas temáticas, assim como as unidades da pesquisa nas entrevistas e como estão distribuídas; nas subunidades há perguntas referentes a essas e que foram agrupadas para melhor ajustar e agrupar os resultados que serão apresentados no capítulo 5.