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Capítulo III: Metodologia e projeto de intervenção

2. Instrumentos e métodos de recolha de dados

Para podermos avaliar o nosso projeto foi-nos necessário recolher um conjunto de dados. Assim, como instrumentos de recolha de dados decidimos utilizar em todas as sessões a observação participante, a videogravação e a fotografia. Contudo, na sessão 2 houve um problema com a máquina de filmar (a bateria esgotou-se) sendo que, nessa mesma sessão, recolhemos dados sobretudo através da fotografia e da observação participante. Em algumas sessões utilizámos como instrumentos de recolha de dados os registos individuais das crianças, nomeadamente os desenhos e a folha de registo.

Assim, o quadro que se segue permite-nos ter uma visão mais precisa dos instrumentos/métodos de recolha de dados e dos dados recolhidos ao longo de todo o projeto.

Sessões Instrumentos/ métodos de recolha de

dados Dados recolhidos

Sessão 1 “A família do papagaio” - Observação participante; - Videogravação; - Fotografias; - Desenhos;

- Interações verbais e não verbais das crianças nas atividades;

- Registo escrito (desenho) que identifica a família do papagaio e denota as diferenças entre os animais; Sessão 2 “Nós conhecemos muitas línguas” - Observação participante; - Videogravação; - Fotografias;

- Interações verbais e não verbais das crianças nas atividades;

- Imagens das situações educativas;

Sessão 3 “Os animais falam línguas diferentes”

- Observação participante; - Videogravação;

- Fotografias; - Desenhos;

- Interações verbais e não verbais das crianças nas atividades; Sessão 4 “Nós também falamos línguas diferentes” - Observação participante; - Videogravação; - Fotografias; - Desenhos;

- Interações verbais e não verbais das crianças nas atividades;

- Registo escrito (desenho) das línguas que são capazes de falar;

94 Quadro 3- Instrumentos/métodos de recolha e dados recolhidos

2.1. Observação participante, videogravação e registos fotográficos

A observação, segundo Pardal e Correia (2011), pode ser considerada técnica científica quando é planeada constantemente e passível de controlo, tendo como funcionalidade gerar informação. Uma das modalidades da observação é a participação do observador, sendo que quem observa pode manter-se exterior ou não à situação que observa (Pardal & Correia, 2011).

Assim, na observação não-participante, “o observador é essencialmente um espectador; (…) na observação participante, vive a situação, sendo-lhe, por isso, possível conhecer o fenómeno em estudo a partir do interior” (Pardal & Correia, 2011, p. 50). O mesmo afirma Estrela (1994), ao dizer que a observação é participante quando o observador participa, de alguma forma, na vida do grupo por ele estudado. Como tal, “se o observador não interage de forma alguma com o objecto de estudo no momento em que realiza a observação, não poderá ser considerada como participante” (Carmo & Malheiro Ferreira, 1998, p. 106). Assim sendo, na observação participante, o investigador é o instrumento principal de observação pois este pode compreender o interior do grupo em que participa, uma vez que vive o que observa (Lessard-Hébert, Goyette, & Boutin, 1994). Portanto, tendo conhecimento das características da observação participante optámos pela mesma uma vez que “a observação participante permite, em regra, um nível mais elevado de precisão na informação do que a observação não participante” (Pardal & Correia, 2011, p. 50).

Contudo, conhecendo algumas limitações da observação participante, nomeadamente, por exemplo, que os testemunhos emergentes da mesma são muitas vezes considerados subjetivos e parciais (Cohen & Manion, 1989 in Bell, 1997) e que os registos das observações nem sempre são permitidos e desejados (Campenhout & Quivy, 1998), optámos por proceder à videogravação pois a videogravação ajuda a tornar o fenómeno apreendido pelo observador mais preciso e coerente, pois permite a reprodução repetida da mesma

Sessão 5 “As nossas famílias falam muitas línguas”

- Folha de registo; - Videogravação; - Fotografias

- Interações verbais e não verbais das crianças nas atividades;

- Registos das línguas que a família das crianças fala;

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ocorrência, permitindo ao investigador reconsiderar o observado e analisar com maior rigor (Mello, Figueiredo, & Nascimento, 2003). Assim, considerámos que a videogravação completa a observação participante, tendo sido um instrumento fundamental para a análise dos resultados do nosso projeto. Através da videogravação foi-nos possível observar não só as interações verbais, como as não verbais, situação que não nos seria possível apenas com a observação.

Os registos fotográficos foram meios utilizados em todas as sessões pois permitiram captar ações que permanecem atuais e verosímeis no presente. Assim, “as fotografias tiradas pelos investigadores no campo fornecem-nos imagens para uma inspecção intensa posterior que procura pistas sobre relações e atividades” (Bodgan & Biklen, 1994, p. 189).

2.2. Registos das crianças

Em algumas sessões do nosso projeto recorremos aos registos das crianças, nomeadamente nas sessões III, IV e V. Nas sessões III e IV utilizamos os desenhos das crianças e na sessão V a ficha de registo das línguas que os seus pais afirmaram dominar.

Considerámos importante utilizar os desenhos para entender o que as crianças compreenderam e interpretaram da história (sessão I) e para compreender qual ou quais as suas posições relativamente às línguas, ou seja, se se sentiam capazes de falar outras línguas e/ou se contactavam com outras línguas (sessão IV). Os desenhos permitiram-nos fazer esta análise pois estes são também "uma forma de escrita e […] os dois meios de expressão e comunicação surgem muitas vezes associados, completando-se mutuamente” (Ministério da Educação, 1999, p. 69). Através dos desenhos foi ainda possível compreender quais as aprendizagens conseguidas pelas crianças e compreender se estas compreenderam o sentido das atividades e se sentiram prazer nas atividades em questão.

A ficha de registo permitiu-nos recolher informação acerca das línguas que a família das crianças fala. As crianças ao solicitarem a ajuda da família estão a tomar consciência das competências linguísticas dos seus familiares e, por sua vez, a perceber que também a sua família fala outras línguas. Por isso, a ficha de registo das línguas que a família das crianças fala permitiu-nos compreender a perceção que as crianças tinham das línguas que falavam as suas famílias.

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Em Síntese…

Neste capítulo começámos por apresentar a metodologia de investigação-ação, uma vez que os procedimentos de trabalho utilizados ao longo deste estudo foram semelhantes aos utilizados na investigação-ação.

Seguidamente, começámos por apresentar o projeto realizado, fazendo uma breve contextualização e uma breve contextualização curricular da temática. De seguida, apresentámos as questões e objetivos de investigação que deram forma ao nosso projeto de intervenção. Pretendemos, portanto, analisar de que forma a animação de leitura pode educar para a diversidade linguística e para a diferença e, desta forma, compreender as potencialidades educativas da animação da leitura na educação para a diversidade linguística e para a diferença de crianças em idade pré-escolar.

Posteriormente, passámos a caracterizar o contexto de intervenção e de implementação do projeto de intervenção, caracterizando o meio onde se localiza e as crianças intervenientes neste estudo.

Seguidamente, passámos a apresentar o projeto de intervenção concretizado “O papagaio tagarela: viagens por histórias e línguas!”, explicitando os procedimentos seguidos e os objetivos principais de cada sessão.