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PARTE I – O PROBLEMA E OS FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

CAPÍTULO 4. DA INDÚSTRIA DE PAPEL NÃO-INTEGRADA À INTEGRAÇÃO

4.3. INTEGRAÇÃO AGROINDUSTRIAL ESPONTÂNEA: A EMERGÊNCIA DO

Na década de 1950, com exceção do papel de imprensa, o país era praticamente auto-suficiente na produção de papel, mas importava 70% da celulose consumida (HILGEMBERG e BACHA, 2001).

O processo de integração entre a manufatura de papel e a produção de celulose, com base na exploração de madeira nativa apresentava suas limitações, por um lado, pelo obstáculo oferecido pela disposição espacial das fontes da matéria-prima, por outro, pelo próprio esgotamento destas pelo uso intensivo e pelo

desmatamento para dar lugar à atividades agrícolas, infra-estruturas e expansão urbana.

A experimentação em torno de alternativas para a celulose importada, com base em matéria-prima nacional continuou nos anos 1950, como se observa no trecho a seguir:

O universo da fabricação de polpa era bastante diversificado. Utilizam-se coníferas (pinheiro-do-Paraná) para obter celulose de fibra longa, tal qual nos países do hemisfério norte, mas também se testavam outras alternativas, como o bagaço da cana, o sisal e a palha de arroz, além do eucalipto. (JUVENAL e MATTOS, 2002, pg. 3).

Provas deste cenário são os financiamentos estatais para o setor. No contexto de re-aparelhamento do Estado para sua intervenção na economia, surge em 1952 o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico – BNDE.

O banco inaugura sua atuação no setor de papel e celulose no ano de 1955, financiando o projeto da Celulose e Papel Fluminense, localizada em Campos (RJ). O projeto caracterizava-se por uma fábrica integrada para produzir 20 toneladas diárias de celulose não branqueada e 25 toneladas diárias de papel de embrulho, usando como uma de suas matérias-primas o bagaço da cana. No mesmo ano, o banco concede um aval de 2,8 milhões de dólares à Celubagaço Indústria e Comércio, também em Campos no estado do Rio de Janeiro, tendo como escala a produção de 18 mil toneladas/ano, igualmente a partir do bagaço da cana-de-açúcar (JUVENAL E MATTOS, 2002).

Apesar do fracasso dos projetos, tais ações denotam um contexto de busca por uma matéria-prima de origem cultivada, ou o aproveitamento de subprodutos de outras atividades, que pudessem atender a produção de celulose. Pode-se retirar desses fatos também um processo de evolução, com o ensaio de instituições formais de natureza propositiva, que visam dar suporte aos empreendedores. Temos então o início de uma formatação de espaço banal onde encontram-se instituições informais que movem o espírito empreendedor dos pioneiros da indústria, os primeiros esboços de instituições mais formais e por fim, a ausência de instituições

proibitivas tanto formais quanto informais a respeito da dimensão ambiental. Em suma, neste período o território é um espaço para a livre experimentação das técnicas, o que vai se reverter num rápido processo de desenvolvimento tecnológico, embora tais soluções passem a ser aplicadas somente a posteriori.

A década de 1950 é o momento da emergência do eucalipto como a matéria- prima vegetal, resultado de uma trajetória de desenvolvimento tecnológico, através das pesquisas realizadas pelas empresas, juntamente com o fato da espécie ter sito inserida no Brasil comercialmente desde o início do século XX, o que permitia observar as características de crescimento do vegetal.

Segundo Juvenal e Mattos (2002), no ano de 1952, técnicos da S/A Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo produzem papel de escrita utilizando a celulose de eucalipto. No entanto, a atuação mais significativa do período seria a do empresário Leon Feffer.

Os Feffer haviam mudado do ramo da produção de artefatos de papel (envelopes, sacos, etc.) para a produção de papel simplesmente, no início dos anos 1940, antevendo possíveis dificuldades de importação do material vindo da Europa, em decorrência da II Guerra Mundial. Liquidaram os ativos da produção de artefatos de papel, fundando a Indústrias de Papel Leon Feffer S.A., a qual, segundo Soto (1992), receberia a atual denominação de Companhia Suzano em 1956, após a aquisição da indústria de papel Euclides Damiani S. A. em Suzano – SP. Fundada a empresa, construíram durante dois anos uma planta para a produção de papel, a qual foi inaugurada no ano de 1941, utilizando pasta mecânica, aparas de papel e celulose importada. Adquiriram uma segunda máquina, usada, no ano de 1942 e com o final da guerra, uma terceira (1946), fornecida por uma fábrica na Suécia.

Segundo o depoimento de Leon Feffer (AQUINO, 1991), com a escala de produção de três máquinas, de aproximadamente 45 toneladas/dia, surgia um novo problema, a celulose para atender tal demanda. O empresário decide então investir na produção de celulose, tomando como iniciativa imediata a avaliação de qual espécie vegetal se adequaria melhor à produção: “Incumbi meu filho Max – ele já era

quais os materiais que poderíamos usar na fabricação da celulose. (AQUINO, 1991,

p. 127)”.

Conforme apontamos no capítulo 1, os dois obstáculos à reprodução do capital quando este se articula ao espaço rural erguiam-se neste momento para a indústria de celulose e papel. Tempo de rotação do capital (ciclos biológicos) e necessidade de espaço (terras) para a produção eram problemas que estavam presentes no processo decisório, como se vê:

No mundo inteiro o normal é usar pinho. Mas pinho é uma madeira que demora 25 anos para crescer. Cresceu, cortou, acabou. É preciso limpar o terreno e plantar de novo. Então precisaríamos de muita área de terreno e muito dinheiro para investir. Acontece que o Brasil tem várias fibras que poderiam servir, mas ninguém, até então, havia pesquisado o eucalipto. A idéia pioneira de tentar o eucalipto na fabricação de celulose foi do meu filho, que obteve excelentes resultados, posteriormente confirmados por um laboratório especializado, nos Estados Unidos, para onde enviamos madeira de eucalipto. Meu filho acompanhou pessoalmente as experiências e destas comprovaram que a melhor fibra para papel de imprimir e escrever era mesmo a de eucalipto. (AQUINO, op cit., loc. cit.).

A afirmação a respeito do caráter inédito do uso do eucalipto na produção de celulose é equivocada, considerando que tal experiência havia sido realizada no Brasil já nos anos 1920, por Navarro de Andrade, conforme já mencionamos. No entanto, o papel histórico de tal empresa reside no fato de ter dado início à utilização efetiva da espécie na produção de celulose e papel. A produção teve início a partir de uma planta-piloto, com capacidade de 30 toneladas/dia, sendo que a celulose de eucalipto foi inicialmente utilizada em conjunto com outras fibras (30 a 50%). A partir dos resultados satisfatórios, os Feffer, cuja empresa assumiria em 1956 a denominação de Cia. Suzano, adquiriram de uma empresa sueca o maquinário para a instalação de uma planta de 120 toneladas/dia de celulose, a qual iniciou sua produção em 1957 (AQUINO, 1991).

Embora a utilização do eucalipto na produção de celulose (fibra curta) tenha se ampliado somente a partir de meados dos anos 1960, é importante ter em mente que começa já nos anos 1950 o processo que caracterizamos como integração agroindustrial, considerando que o eucalipto não se tratava de espécie nativa, mas variedade cultivada. Nos estados de São Paulo e Minas Gerais havia extensas reservas de eucaliptos, previamente cultivadas por companhias ferroviárias, e que no pós-guerra tornaram-se ociosas devido à mudanças na matriz energética das ferrovias, a partir da adoção de motores à diesel e elétricos. No entanto, além dessas reservas herdadas, também se inicia ainda nos anos 1950, através da Cia Suzano o cultivo de eucaliptos por parte das empresas, como se lê no depoimento de Leon Feffer:

Não falei de um ponto muito importante: para fazer a celulose é preciso eucalipto, não é verdade? Em 1958, nós tomamos a iniciativa de plantar eucalipto, organizando para isso o Departamento Florestal, pois o eucalipto é a nossa principal matéria-prima para a produção de celulose.” (AQUINO, 1991, p. 128)

Surgia o modelo de empresa de celulose e papel que cultiva a própria floresta, neste momento, de forma espontânea, já que ainda não existiam os incentivos ao florestamento que caracterizariam e formatariam definitivamente o setor nas décadas de 1960 e 1970. O trecho a seguir permite avaliar a relação prévia entre indústrias de celulose e atividade florestal:

A produção de celulose até o final dos anos 50 utilizava o pinho como matéria-prima, explorando florestas nativas. Prova disso é que até 1962 a indústria apenas havia implantado no país uma área de 18.700 ha de florestas para sua exploração comercial. Essa situação impunha limites rígidos à dinâmica da indústria, que foram superados com a utilização da celulose de eucalipto. É fundamental notar que é neste período que se mostra viável a produção de papel integralmente com celulose de eucalipto, embora ainda com muitas incertezas que somente serão reduzidas ao longo da década de 1960. (SOTO, 1992, p. 77)

Quanto às repercussões territoriais, embora nos anos 1950 grande parte das maiores empresas produtoras de papel desenvolvam ainda suas atividades no estado de São Paulo, a consolidação do uso desta nova matéria-prima e do desenho agroindustrial permitiriam a maior mobilidade para a fixação dos capitais em território nacional.

A tabela a seguir permite observar que São Paulo apresentava participação francamente superior na produção nacional de papel na metade dos anos 1950, seguido pelo estado do Rio de Janeiro (juntamente com o então Distrito Federal).

Tabela 8: Produção de Papel, em toneladas, por unidades da federação. 1954.

Total São Paulo Paraná Rio de Janeiro * Minas Gerais Rio Grande do Sul Outras** Toneladas 314.286 177.327 39.837 57.114 13.597 10.754 15.567 % 100 56,42 12,68 18,17 4,33 3,42 4,95 * Somado o Distrito Federal. ** Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.

Fonte: IBGE. Anuário Estatístico do Brasil. 1956. Organização do autor.

No entanto, o Paraná, com o advento da exploração das florestas de araucárias pela Klabin (período da integração extrativa) assumira a terceira colocação em volume produzido de papel, mas responsável por boa parte da produção de celulose no país.

Do ponto de vista da estatal, a segunda metade dos anos 1950 caracteriza-se pelo esforço do Estado em intervir em diversos setores da economia e infra- estruturas do país, através do Plano de Metas iniciado em 1956. O plano elaborado pelo governo de Juscelino Kubistchek previa entre suas metas a ampliação da capacidade de produção de celulose de forma a atingir a auto-suficiência (HILGEMBERG e BACHA, 2001). As metas estabeleciam uma produção anual de 200.000 toneladas/ano de celulose, 450.000 toneladas de papel e 150.000 toneladas de papel de imprensa. Com exceção da meta do papel de imprensa, as demais foram atingidas (LAFER, 1975).

Objetivamente, as políticas inseridas no bojo do Plano de Metas que produziram impacto substancial sobre o incremento nos investimentos do setor de celulose e papel foram, segundo Soto (1992): a) a lei aduaneira de 1957 e a política cambial, as quais asseguravam a rentabilidade de tais indústrias e b) o acesso ao

crédito de longo prazo a partir de baixas taxas de juros e longos períodos de carência e pagamentos.

No quesito crédito, a atuação do BNDE, o qual tinha em seu histórico apenas duas operações de crédito para o setor, realizadas em 1955, tornou a conceder empréstimos a partir de 1957. A terceira operação de crédito deu início à trajetória de financiamentos da instituição às indústrias produtoras de celulose a partir do eucalipto. No caso em questão, tratou-se da empresa Panamericana Têxtil, localizada em Mogi-Guaçu, estado de São Paulo. O financiamento cobriu tanto o investimento na planta industrial quanto a atividade florestal. A Panamericana Têxtil concluiu seu projeto em 1959 e foi adquirida em 1961 pela empresa norte-americana Champiom (SOTO, 1992; JUVENAL E MATTOS, 2002), a qual, por sua vez, foi adquirida em 2000 pela também norte-americana International Paper.

Soto (1992) avalia o final dos anos 1950 como um momento no qual se consolida um padrão para a indústria de celulose e papel marcado pela predominância do capital nacional, ao contrário dos demais setores de bens intermediários. Do ponto de vista das características técnico-produtivas, pode-se acrescentar que neste momento consolida-se o eucalipto como a nova matéria- prima para aquelas empresas que optam pela integração entre a produção de papel e a produção de celulose. Institucionalmente, diversos mecanismos de ordem financeira oferecem um ambiente de maior previsibilidade para os empreendedores, os estimulando a investir na produção de papel.

Os dados de produção dos dois tipos de celulose (fibras longas e curtas) (Figura 12) permitem observar que o final da década de 1950 trata-se do momento de inflexão, no qual a produção de celulose proveniente das fibras curtas, a partir da produção das empresas Suzano e Panamericana Têxtil, ultrapassa a tradicional produção de celulose de fibras longas, obtidas dos pinheiros. Outro fator relevante diz respeito à concentração da produção já neste momento, característica que se preservaria no período seguinte, no que tange à produção de celulose de fibra curta. A produção de pastas de madeira e papéis para embalagens a partir de fibras longas apresentava uma maior diversidade de pequenas e médias empresas (SOTO, 1992).

Figura 12: Brasil - Produção de pastas químicas e semi-químicas (celulose), em toneladas por ano (ton/ano).1950 - 1960.

Fonte: BRACELPA, (s/d).

A afirmação do autor é corroborada pelo exame do Censo Industrial de 1960 (IBGE, 1960), o qual aponta para o ano de 1959 a existência de 51 estabelecimentos de pasta mecânica e 10 de celulose. O mesmo censo apontou um número de 82 estabelecimentos produtores de papel e 58 fabricantes de papelão e cartolina.

Estes dados podem ser decompostos a partir das tabulações do referido censo, o que permite a observação da distribuição espacial da produção. Antes, no entanto, deve-se alertar para o fato de que os dados sofrem da perda de detalhamento nos níveis estadual e municipal. Se no censo em escala nacional pode-se obter o número de estabelecimentos de celulose e pastas mecânicas separadamente, no nível estadual tal dado aparece somado. No caso municipal o nível de generalização é ainda maior. Os estabelecimentos são agrupados na categoria “Papel e Papelão”, a qual engloba desde a produção de celulose, os

0 20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000 140.000 1950 1951 1952 1953 1954 1955 1956 1957 1958 1959 1960 (t o n e la d a s /a n o )

diferentes tipos de papéis, até a produção de artefatos de papel e papelão. Desta forma, uma desejável representação cartográfica da distribuição dos estabelecimentos dedicados à produção de celulose ou à de papel em território nacional inviabiliza-se devido à impossibilidade de localizá-los por município de maneira fidedigna.

Feita a ressalva à limitação dos dados, pode-se extrair algumas conclusões da configuração espacial da atividade no final dos anos 1950, no contexto de um somatório de heranças no território provenientes dos diferentes períodos pelos quais passou a produção de papel e celulose.

Os dados por estado necessitam ser tomados em seu conjunto para uma compreensão mais ampla. Comparando o número de estabelecimentos, força motriz, pessoal ocupado e valor da produção, é possível vislumbrar a capacidade produtiva instalada nos principais estados com atividades no ramo, em outras palavras, o tamanho das indústrias.

Tabela 9: Estabelecimentos do setor de papel e papelão. 1959.

Estabelecimentos RS SC PR SP RJ GB MG PE Celulose e pasta mecânica 5 43 5 6 - - 1 1 Papel, papelão e cartolina 15 14 10 64 9 8 13 4 Total 20 57 15 70 9 8 14 5

Fonte: Censo Industrial do Brasil. Série Regional. Vol. III. Tomos V,VI e VII. IBGE. 1967. Organização do autor.

São Paulo concentrava a grande maioria dos estabelecimentos de papel, com igual intensidade na força motriz (Tabelas 9 e 10). Com 13.456 pessoas ocupadas (Tabela 11) e um valor da produção (Tabela 12) francamente superior aos demais estados, São Paulo apresentava-se como o centro de gravidade da indústria papeleira. O estado do Rio de Janeiro ocupava a segunda posição, se considerados os valores do então estado da Guanabara.

Tabela 10: Força motriz do setor de papel e papelão Força Motriz C.V. RS SC PR SP RJ GB MG PE Celulose e pasta mecânica 1.821 8.002 37.613 7.768 - - 250 450 Papel, papelão e cartolina 8.315 15.438 9.535 130.862 33.755 8.369 6.651 4.557 10.517 23.534 47.157 138.630 33.755 8.369 6.901 5.007 * Cavalo-vapor.

Fonte: Censo Industrial do Brasil. Série Regional. Vol. III. Tomos V,VI e VII. IBGE. 1967. Organização do autor.

Santa Catarina apresentava grande quantidade de estabelecimentos enquadrados na categoria “Celulose e pasta mecânica”. No entanto, considerando a elevada demanda energética das indústrias de celulose, os valores de força motriz instalada no estado indicam que se tratavam de estabelecimentos produtores de pasta de madeira, em pequena e média escala. No entanto, apresentava um valor da produção de papel superior aos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Pernambuco e Minas Gerais ocupavam um estrato abaixo, mas com valores não negligenciáveis, considerando que no restante do país praticamente inexistiam exemplares de indústrias do setor.

Se São Paulo era o grande espaço produtor de Papel, o Paraná apresentava- se como o maior espaço da produção de celulose (fibra longa), certamente devido à localização da Klabin.

Tabela 11: Pessoal ocupado nos estabelecimentos de celulose, pastas mecânica, papel, papelão e cartolina. 1959.

Pessoal ocupado RS SC PR SP RJ GB MG PE Celulose e pasta mecânica 607 595 2.459 872 - - 88 146 Papel, papelão e cartolina 1266 1648 985 13.456 2.733 1.197 1.009 932 Total 1.873 2.425 3.481 14.328 2.733 1.197 1.097 1.078

Fonte: Censo Industrial do Brasil. Série Regional. Vol. III. Tomos V, VI e VII. IBGE. 1967. Organização do autor.

Apesar de apresentar um número de estabelecimentos de celulose e pastas similares ao Rio Grande do Sul e São Paulo, a força motriz instalada de mais de 37 mil cavalos-vapor (Tabela 10), o maior contingente de pessoal ocupado (Tabela 11) e valor da produção também superior aos demais estados (Tabela 12) situavam o estado sulino como o grande espaço da produção de celulose no país no final dos anos 1950.

Tabela 12: Valor da produção dos estabelecimentos de celulose, pastas mecânica, papel, papelãoe cartolina. 1959.

Valor da Produção RS SC PR SP RJ GB MG PE Celulose e pasta mecânica 328.899 328.677 1.324.044 890.609 - - 22.058 55.000 Papel, papelão e cartolina 727.948 924.158 355.332 13.690.830 2.771.327 940.614 718.197 712.787 Total 1.446.632 1.340.019 1.679.376 14.581.439 2.861.178 3.118.656 3.118.656 3.118.656

Fonte: Censo Industrial do Brasil. Série Regional. Vol. III. Tomos V,VI e VII. IBGE. 1967. Organização do autor.

Convém relembrar que a produção no Paraná centrava-se na celulose de fibra longa, proveniente dos pinheiros. Como apontamos anteriormente, no final dos anos 1950, a produção de celulose de fibra curta, proveniente especialmente do eucalipto, alcançava a produção de celulose de fibra longa. O fato desta nova produção localizar-se no estado de São Paulo, permite compreender os dados de valor da produção de celulose e pasta mecânica, onde se observa a segunda colocação de São Paulo.

Assim, São Paulo apresentava a herança do período da não-integração, com a presença das fábricas de papel. O Paraná representava o período da integração

extrativa, especialmente com a fábrica da Klabin produzindo celulose de fibra longa.

O período da integração agroindustrial espontânea é marcado pelo retorno de São Paulo como espaço de excelência. Tem-se de um lado, as origens dos capitais e a presença no território do trabalho morto (SANTOS, 2002 [1996]) legado pela atividade ferroviária, ou seja, as reservas de eucaliptos.

Embora a utilização do eucalipto como matéria-prima tenha se consolidado, o desenho agroindustrial apresentava-se incipiente. A etapa a seguir representaria a consolidação do modelo e a formatação do setor nas características hoje conhecidas, através da consolidação das instituições formais tanto propositivas (leis e incentivos) quanto o surgimento de algumas instituições negativas, mas ainda de caráter econômico, responsáveis por concentrar o foco de atuação do Estado.

CAPÍTULO 5. O NOVO ARRANJO INSTITUCIONAL: LOCALIZAÇÃO