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7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

7.1 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL (4I's)

7.1.3 Integrando

Como já mencionado, no processo de AO indicado pelo modelo de Crossan, Lane e White (1999), há uma sequência e progressão por entre os diferentes níveis, mas pode haver algum transbordamento de um nível para outro. Desse modo, em nosso entendimento, o processo de interpretar e integrar estão intimamente ligados. Esse aspecto fica evidente, pois, para que se possa alterar o mapa cognitivo dos indivíduos, a linguagem tem papel fundamental.

Essa, por sua vez, é parte intrínseca da comunicação, do diálogo, que irá levar a entendimentos compartilhados e ajustamentos mútuos no nível do grupo e que forma o processo de integração previsto por Crossan (1999). Porém, para fins de análise, tratamos como partes específicas, buscando explicitar esses episódios e, assim, caracterizar esses processos. A integração pode ser observada no trecho adiante, quanto ao diálogo com os sócios:

[...] eu tenho que contar com ele, ele tem que contar comigo. Tem cobrança? lógico, tem cobrança. Tem parâmetros, tem metas, tem reuniões, tem discussões, tem, tem bastante. E eu costumo dizer para os meus sócios: olha com vocês eu brigo bastante, eu adoro brigar com sócio. Eu não posso fazer isso com funcionário, mas com sócio não, porque, se você tem os mesmos interesses que o meu e alguma coisa não está acontecendo, espera ai, nossos interesses talvez então não estejam tão alinhados.” (E1)

Existe uma linha mestra, existe cobrança, existe reuniões entre nós, troca de informações, direcionamentos é tem que ter, mas isso ai assim. (E1)

Essa integração, por meio da conversação, visa a um entendimento compartilhado, um alinhamento de objetivos para uma ação comum, e pode ser observada a seguir:

[...] e os valores dele são os nossos. quando ele tem dúvida ele liga a noite, ele liga domingo, ele liga sábado, a gente conversa fora do/ da rotina, porque às vezes não dá para conversar, mas ele está lá cuidando, está cuidando dos interesses, e ele foi como sócio. (E1)

Mesmo quando em alguns momentos esse diálogo é mais duro, a busca é por uma ação mais alinhada a um modo único de pensar, o que pode ser observado no texto a seguir, diante de dificuldades de postura e atendimento em uma das unidades de revenda:

A gente teve que falar claramente, eu tive que falar claramente, eu falei: oh, eu não gosto de vir aqui, eu não me sinto bem aqui, porque eu fico aqui, vocês estão torcendo para eu ir embora, eu estou vendo que isso está acontecendo.. mas eu imagino que com o cliente acontece a mesma coisa. Vocês não querem atender as pessoas, vocês não querem, ai é melhor vocês não atenderem. Melhor vocês irem embora, fecha a loja, some, desaparece. (E1)

[...] eu conversei já com o DV. falei: DV nós temos que resolver, porque assim, está um grupinho aqui, está um grupo ali ,e um grupo aqui e a loja que é a estrela da Companhia, ela está ficando para trás, está perdendo o foco. (E4)

Como no processo de interpretação, o contexto que envolve o processo de integração é crítico. As comunidades de prática captam a importância do contexto integrativo. Observações a partir de estudos etnográficos revelam que a prática real não é o que é explicado em manuais ou necessariamente ensinado nas salas de aula. Pelo contrário, é capturada e promulgada por histórias contadas por membros da comunidade. Essa compreensão de integração está bastante alinhada com o que ocorre no relacionamento entre as organizações estudadas. Como o conhecimento no campo, e entenda-se aqui o termo campo como o espaço da lavoura, da área do produtor rural com suas plantações, está constantemente mudando, o conhecimento técnico na prática é bastante necessário e valorizado. Assim, o processo de integração se dá não só por meio do diálogo, mas por muito da experiência transferida por meio da prática. No texto adiante, de um dos sócios da unidade de produção de insumos, responsável pela área técnica, essa integração se mostra mais claramente:

[...] então, semana que vem eu estou em Rio Pardo, dois dias. Então o que eu faço? eu rodo, dou suporte técnico, eu rodo com os meninos vendedores no campo, e no final do segundo dia a gente senta e faz um debate, um treinamento, fica duas ou três horas solucionando os problemas, tirando dúvidas tal.” (E4)

Alguns recursos tecnológicos também têm se mostrado eficientes e significativos no processo de integração, uma vez que, nesse segmento, há a questão da distância física; os produtores estão distantes, as unidades das empresas que formaram a aliança se encontram em cidades, quando não Estados, diferentes (Apêndice C). Assim, a tecnologia aproxima e se torna ferramenta relevante no processo, como se percebe a seguir:

[...] eu tenho experiência assim, no whatsApp por exemplo...eu tenho um resultado excelente de um tratamento, eu penso lá, vou fazer um tratamento que ninguém fez. Eu vou, eu monitoro, eu faço esses tratamentos todos e ai eu faço testemunho e tratamento; e o resultado assim, é fantástico, eu já posto, tiro foto, monto uma planilhinha e já posto no whatsApp. Casa Bugre, por exemplo...isso ai gera uma demanda estranha, porque quando você posta uma coisa assim, já começa vir retorno de monte, olha, tem um trabalho assim, começa ai isso aqui ela vai assim parece um morteiro não é...tum...lá anima, mas a TCS (outro distribuidor, cliente da CBIS) é mais uniforme, toda semana está vindo, olha o resultado SZ. Oh, SZ, uma dúvida aqui, aqui, aqui assim, tal faz isso, faz isso, faz isso, ai já abre um resultado. Oh, o resultado que você passou tal, vamos fazer o tratamento. Oh, o resultado que deu, produtor tá satisfeito, tal. E4)

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