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Avaliação do professor

2.3.6 Investigações nacionais em avaliação do desempenho docente

Se a promulgação do Decreto-Lei n.º 15/2007, de 19 de janeiro, fomentou nos docentes algum mau estar, suspeitamos que para parte destes profissionais, onde nos incluímos, também irrompeu o desejo de perceber mais detalhadamente em que medida tal insurreição era coerente e legítima.

Perdoe-nos quem nos lê a expressão popular, mas se nos últimos seis anos a temática da ADD fez “correr muita tinta” no seio da comunicação social e blogosfera, não temos receio em afirmar que a mesma também proporcionou incontáveis motivos que fomentaram o desenvolvimento de inúmeras investigações ancoradas no campo da referida avaliação dos professores.

Inicialmente havíamos optado por estabelecer uma premissa que julgávamos fundamental: conceder alguma primazia às investigações desenvolvidas a partir do ano 2007. No entanto, se a produção de trabalhos associados à ADD dilatou desde a promulgação do supracitado Decreto-Lei, não era de todo racional olvidar as investigações precursoras do diploma que tamanha celeuma provocou. Resolvemos assim, indagar, com a abrangência possível, em que medida tais contribuições académicas podiam enriquecer esta investigação sem contudo esquecer de atribuir o devido mérito a quem de direito.

Por opção, realizámos uma análise de pendor descritivo dos trabalhos produzidos apenas no seio das academias portuguesas. Como é evidente assumimos as devidas limitações decorrentes destas escolhas que advieram fundamentalmente da necessidade de enfocarmos a nossa atenção nos elementos que poderiam aportar mais-valias ao nosso trabalho, sem contudo consumirem demasiados recursos essenciais. Desta forma,

limitámos inicialmente os nossos ímpetos investigativos a uma dezena de trabalhos que posteriormente nos conduziram à análise de perto de duas dezenas de investigações ancoradas na temática da ADD. Embora da nossa análise tenha, maioritariamente, resultado uma proza descritiva, procurámos incluir no término de cada uma das apreciações que realizámos uma breve referência de cada um dos investigadores/ autores que subliminarmente poderiam coadunar-se com as nossas inquietações e interrogações.

O primeiro estudo analisado foi realizado para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação e remonta ao ano de 2001. Foi desenvolvido por Ilda da Silva e intitula-se “Avaliação de Desempenho: contributo para um estudo de Avaliação de Desempenho dos Professores.” A autora norteou o estudo qualitativo implementado em três escolas do concelho de Faro, a docentes em funções desde o primeiro ciclo do ensino básico até ao ensino secundário procurando:

" [...], saber se os professores consideram o actual47 modelo de avaliação de desempenho potenciador do seu desenvolvimento profissional." (Silva, 2001, p. 17)

As conclusões do estudo apontaram que os inquiridos concordaram que a relação educativa estabelecida entre docentes e discentes, a adequação das metodologias e estratégias utilizadas em sala de aula, o envolvimento e o empenhamento do professor em atividades da escola e a sua ação em sala de aula deviam de ser objetos de avaliação. Ficou também patente que os inquiridos apontaram o desenvolvimento profissional como um dos aspetos fundamentais a associar aos propósitos da ADD, muito embora o modelo, então em vigor, não satisfizesse os intentos de promoção do desenvolvimento profissional dos respondentes. Ficou também evidenciada a concordância dos participantes no estudo quanto ao carácter regulador, de prestação de contas que a avaliação dos professores também deve proporcionar. Foi também salientada importância do avaliador ser mais experiente, do mesmo nível de ensino e grupo disciplinar que o avaliado. Foi também realçada a necessidade do modelo de avaliação ser vincadamente mais participativo onde a auto e heteroavaliação ocupam um lugar de destaque e a utilização de diversas fontes e vários instrumentos de recolha de informações prevalece sobre o recurso a um único relatório.

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“ Face aos resultados apurados parece recomendável que os responsáveis pela política educativa ponderem a implantação de um novo modelo de avaliação de desempenho para os professores, que responda de forma mais consentânea e adequada às suas expectativas e necessidades. Referimo-nos a um modelo de avaliação participativa, onde se partilhem caminhos de corresponsabilização, de autonomia e de democracia.” (Silva, 2001, p. 231)

Em 2006, Carlos Santos Ferreira, publicou, no âmbito de uma dissertação de Mestrado, um estudo intitulado “Avaliação do desempenho docente – Expectativas dos professores” implementado em duas escolas do ensino básico dos 2º e 3º ciclos do distrito do Porto. Definida a seguinte pergunta de partida:

“ Quais são as expectativas e opiniões dos professores do 2º e 3º ciclos, de duas escolas do grande Porto, relativamente à forma, critérios, objecto e finalidades da avaliação do seu desempenho?” (Ferreira, 2006, p. 16)

O autor conclui que segundo a opinião dos inquiridos, a avaliação do desempenho deve desenvolver-se contextual e formativamente sustentando-se na reflexão pessoal dos docentes, na análise do trabalho desenvolvido com os alunos com particular incidência nas atividades letivas. Deve envolver um número reduzido de intervenientes, não solicitar observações e pareceres externos à escola, não recorrer a qualquer tipo de entrevistas ou provas escritas realizados pelos avaliados. A utilização dos resultado dos alunos em provas de âmbito nacional como elemento a ter em conta na ADD foi totalmente rejeitado.

De notar que a referência do autor à avaliação de processo (formativa) assim como a enfâse aportada à contextualização da avaliação do desempenho docente:

“ […] na avaliação do desempenho organizacional é indispensável uma avaliação de processo e não apenas dos impactos educativos; uma avaliação participada e com uma forte presença dos actores directamente envolvidos; uma avaliação grupal, colectiva, sistémica assente na construção de critérios e parâmetros discutidos em cada escola, aferidos pelo Projecto Educativo, atentos aos contextos concretos da acção pedagógica.” (Ferreira, 2006, p. 249)

Já com o advento do novo modelo de avaliação promulgado em 19 de janeiro de 2007 pelo Decreto-Lei n.º 15/2007, Dídia Lourenço, elaborou em 2008, um estudo de natureza qualitativa, denominado “A Avaliação do Desempenho Docente: necessidades de formação percebidas pelos professores avaliadores – Um contributo para a definição de um plano de formação” que implementou junto dos professores coordenadores de conselho de docentes com funções de avaliador no primeiro ciclo do ensino básico em seis agrupamentos do distrito de Setúbal. Tratou-se de uma investigação que objetivou:

“ – Identificar necessidades de formação percebidas pelos professores avaliadores (coordenadores de Conselho de Docentes), no 1º ciclo do ensino básico, em ordem ao exercício das novas funções que têm que desempenhar ao nível da avaliação dos seus pares;

– Contribuir para a elaboração de um programa de formação adequado a estes profissionais, de modo a fornecer-lhes um conjunto de procedimentos, capacidades, valores, competências e técnicas que lhes possibilitem responder mais adequadamente às exigências das novas funções que lhes são pedidas;” (Lourenço, 2008, p. 47)

A autora concluiu que, maioritariamente, os respondentes concordaram com a implementação de uma avaliação potenciadora do desenvolvimento profissional. Apontaram as dificuldades associadas às novas funções definidas pelo novo modelo de ADD, para as quais não se sentiram preparados e que promoveram alguns constrangimentos no decorrer de um processo avaliativo que passou a ter como protagonistas colegas no papel de avaliadores. Os entrevistados identificaram necessidades de formação em termos de metodologias e estratégias de ensino, na avaliação da relação pedagógica docente/ discente e ainda na aferição das aulas observadas. Demonstraram também interesse em frequentar ações de formação desencadeadas pelo respetivo centro de formação do qual dependem onde, sob a orientação de um especialista, avaliadores e avaliados poderiam clarificar aspetos associados ao processo avaliativo. Lourenço (2008) inferiu também a necessidade da ADD ponderar o contexto no qual o avaliado exerce funções, de promover momentos de partilha entre avaliadores no intuito de detetar necessidades de formação, de formar avaliadores com regularidade implementando estruturas de apoio sistemático e efetivo e ainda de fomentar junto dos avaliadores uma atitude de rigor.

Para concluir realcemos que a autora recorreu aos elementos recolhidos junto dos respondentes para traçar o perfil do avaliador:

“ [...] o perfil traçado é o de um profissional altamente qualificado, integrado na profissão com um elevado nível ético e moral. Todas estas “qualidades” não deixam de ser compatíveis com a profissão de professor, no entanto também não são inatas em todos os professores, e, mais concretamente em todos os professores avaliadores.” (Lourenço, 2008, p. 77)

Ainda no decorrer do ano 2008, Joaquim Messias desenvolveu, no âmbito de uma dissertação de Mestrado, um estudo intitulado “Avaliação do desempenho de professores e o papel da supervisão - Um Estudo Exploratório com Professores do 1º

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alicerçando-o em duas questões fundamentais:

“ – Como é que o modelo de Avaliação do Desempenho dos Docentes vigente em Portugal é visto pelos professores do 1º ciclo, nomeadamente quanto à sua contribuição efectiva para o seu desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional?

– Como é que os professores vêm o papel que assume a figura do supervisor nesse modelo e nas práticas que o operacionalizam, nomeadamente quanto à orientação pedagógica e formativa do professor?” (Messias, 2008, p. 17)

Segundo o autor, os inquiridos apontaram que o modelo de avaliação em vigor até ao dia 19 de janeiro de 2007, que preconizava a utilização de um relatório crítico (de autoavaliação) como principal/ única fonte de informações acerca do desempenho do docente, não potenciava uma avaliação efetiva dos docentes nem promovia a sua distinção pelo mérito. Em relação ao novo modelo de avaliação, promulgado por um diploma que à data da implementação da componente empírica do estudo ainda permanecia algo desconhecido pelos participantes, foi apontado como sendo promotor de um sistema de avaliação de cariz administrativo, seletivo e não contributivo do desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional. Na ótica dos respondentes, a avaliação deve centrar-se nas dimensões que dependem da ação do professor (relação pedagógica com os alunos, trabalho colaborativo, preparação e organização das atividades letivas), apelando a evidências extirpadas dos produtos do avaliado quer em termos de materiais didáticos ou de relatórios de autoavaliação. A intervenção dos Encarregados de Educação ou a utilização dos resultados escolares dos alunos foram rejeitadas pelos inquiridos. Tendo em conta os objetivos do estudo, o seu autor concluiu que os respondentes menosprezaram o papel do avaliador relativamente à observação das atividades letivas e à avaliação do trabalho desenvolvido pelos docentes. No entanto, foram realçadas as suas funções administrativas no que respeita à orientação pedagógica e formativa dos professores no decorrer do período probatório onde o supervisor se afigura relevante.

Concluímos com as palavras de Messias (2008) que reavivam a importância que deve ser atribuída ao pleno conhecimento de um sistema de avaliação:

“ Num processo avaliativo que se configura promotor do desenvolvimento profissional dos professores parece-nos urgente informar para formar através de actividades de apoio, orientação e regulação dos sujeitos desse mesmo processo.” (Messias, 2008, p. 102)

estudo intitulado “Avaliação de Desempenho Docente – A perspectiva de professores de Educação Física”. Implementado junto de dez docentes propostos para cumprirem funções de avaliação na qualidade de titulares em exercício de funções em escolas pertencentes à então denominada Direção Regional de Educação do Norte.

Neste estudo, foram estabelecidos como objetivos específicos:

“ - Compreender o significado que a avaliação tem para os professores titulares em Educação Física;

- Perceber a atitude dos professores de Educação Física face ao sistema de avaliação em vigor;

- Identificar eventuais problemas do nosso modelo de avaliação.” (Borges, 2009, p. 101)

O autor do estudo conclui que os participantes consideraram a ADD como uma oportunidade para, se corretamente implementada, influenciar positivamente a qualidade da instrução e da educação em Portugal. Embora estes anuíssem com a supressão do sistema de avaliação anterior, o novo modelo foi rotulado de economicista objetivando apenas a redução de custos, o que contribuiu para uma notória ausência de adesão ao mesmo. A falta de legitimidade dos avaliadores para avaliarem, assim como a burocratização de um processo avaliativo consumidor de tempo letivo, não letivo e pessoal dos avaliados só piorou a sua opinião. Desta forma, o autor inferiu a necessidade de implementar um modelo piloto utilizado para detetar os pontos fracos a melhorar e os fortes a destacar. Para além da implementação de uma fase de experimentação, ficou também patente a relevância de desenvolver ações de formação generalistas e específicas, relativas à temática da avaliação de professores, dirigidas a todos os envolvidos no processo permitindo-lhes não só adquirir novas valência como inteirar-se plenamente do modelo em vigor.

Borges (2009) concluiu apontando a importância da observação de aulas no processo de ADD, no entanto a sua utilização não deve impedir o recurso a outras fontes de informações e não apenas aos elementos recolhidos no decorrer da observação de aulas. A pluralidade dos afazeres dos docentes assim o exige:

“ [...] a observação de aulas deve ter primazia em qualquer modelo de avaliação de desempenho docente, mas teremos sempre de guardar espaço para outros aspectos fundamentais, onde se destaca a análise de todo o processo de planeamento e a intervenção do professor na escola, no sentido de valorizar dentro da comunidade onde se insere.” (Borges, 2009,

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docentes de Educação Física, vamos agora examinar o trabalho de Luísa Figueiredo que concluiu, no mesmo ano, uma dissertação de Mestrado intitulada “A Avaliação de desempenho docente – Estudo do processo de implementação com professores de Educação Especial” que como o título indica envolveu docentes detentores de formação complementar em educação especial. Para nortear a sua investigação a autora estabeleceu uma pergunta de partida, a saber:

“ […] de que forma os professores de educação especial se organizam para responder às exigências normativas da avaliação de desempenho?” (Figueiredo, 2009, p. 98)

Os resultados obtidos no estudo conduziram a autora a inferir que os entrevistados entenderam classificar o modelo de avaliação, então em vigor, como um mecanismo de controlo e prestação de contas e não como um instrumento de promoção do desenvolvimento profissional. Sustentaram as suas opiniões num processo de seleção de avaliadores que suscitou muitas dúvidas aos docentes assim como no facto de terem sido utilizados instrumentos de recolha de informações demasiadamente complexos (grelhas de registo de avaliação) e burocráticos (portfólio). Por sua vez, a observação de aulas realizada no seio do processo de ADD, foi entendida como um prolongamento da observação concretizada no decorrer do estágio profissional, o que contribuiu para que os avaliados associassem propósitos certificativos a uma avaliação que não objetiva apenas a certificação de competências para a docência. Foi também pejorativamente apontado o número reduzido de aulas observadas que, antecipadamente agendadas, concorriam significativamente para o exercício de funções num ambiente educativo comedido e previamente ensaiado. Ainda em relação à observação de aulas, os participantes realçaram o facto da presença em sala de aula de um elemento estranho a uma turma onde se inserem alunos com necessidades educativas especiais, neste caso o avaliador, poder criar alguma instabilidade que, para além de constranger a aprendizagem destes alunos também pode motivar resultados inferiores àqueles que foram previamente planeados pelo avaliado. A autoavaliação, embora merecedora de alguma relevância por parte dos entrevistados, foi igualmente identificada como algo subjetiva e passível de incluir dados de reduzida fiabilidade. Já a utilização dos resultados obtidos pelos alunos para efeitos de ADD foi considerada correta desde que devidamente contextualizada e adaptada às características dos alunos com necessidades educativas especiais.

relativamente à importância da utilização de referenciais de competências:

“ [...] é necessária a construção de referentes bem definidos, aplicados de forma adequada aos objectivos perseguidos pela avaliação, sob pena do processo de avaliação se tornar substantivamente inútil.” (Ibidem, p. 175)

Ainda em 2009, Virgínia Mota, desenvolveu uma investigação intitulada “O novo modelo de avaliação do desempenho docente: formação e perceções dos agentes avaliativos” destinado a analisar, junto de quatro docentes em exercício num agrupamento de escolas do distrito de Santarém, as suas perceções relativamente à primeira ação de formação que frequentaram, associada ao novo modelo de ADD e disponibilizada pelo Ministério da Educação. Desta forma, a autora pôde constatar que os participantes realçaram a importância dos docentes e seus superiores hierárquicos mais diretos, as direções executivas, procurarem selecionar os aspetos positivos da avaliação dos professores e de adaptá-los à realidade das suas escolas. Os entrevistados apontaram que a formação frequentada, apesar de não ter decorrido da forma mais eficaz, não os deixou indiferentes e que a mesma só poderia produzir alguns efeitos se fosse realizada de forma continuada, o que foi confirmado pela autora do estudo:

“ Consideramos, assim, que a implementação deste modelo será uma mais- valia, desde que os aspectos mais controversos do mesmo venham a ser devidamente ponderados e reformulados. Neste sentido, a continuidade do desenvolvimento de acções de formação acerca desta execução, revelar-se-á indispensável.” (Mota, 2009, p.84)

Terminado o primeiro ciclo de avaliação (2007-2009), o segundo biénio avaliativo também foi profícuo em investigações no campo da ADD. Em 2010, Célia Chagas apresentou uma dissertação de Mestrado denominada “A avaliação do desempenho dos professores no quadro da regulação da educação – Um estudo de caso numa escola secundária”. Mais uma vez o estudo foi timonado por uma questão inicial cuidadosamente colocada:

“ Quais as representações dos professores acerca da avaliação de desempenho docente, na sequência da aplicação do novo dispositivo de avaliação de desempenho docente?” (Chagas, 2010, p. 4)

Da formulação da questão anterior derivaram perguntas às quais a autora procurou dar resposta, o que lhe permitiu inferir que os respondentes apontaram alguma relação de influência entre a qualidade do desempenho dos docentes e os resultados escolares dos alunos, sem contudo se conseguir alcançar alguma forma de consenso entre tal

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participantes que também realçaram o seu reduzido contributo para a qualidade da aprendizagem ou aperfeiçoamento das práticas pedagógicas, assim como para a promoção do trabalho colaborativo e de entreajuda. A prova de acesso à categoria de professor titular não foi entendida como essencial para garantir a qualidade do desempenho do cargo. Foi sugerido que o número de aulas a observar (três) fosse revisto. A participação dos Encarregados de Educação no processo avaliativo, a taxa de abandono escolar e os resultados dos alunos não foram entendidos como relevantes no processo avaliativo.

De realçar a referência da autora à importância da vertente formativa da ADD “ [...], pudemos constatar que os professores concordam em absoluto com o

carácter formativo da sua avaliação de desempenho e que esta deve contribuir para o seu desenvolvimento profissional, devendo também incidir sobre todas as funções dos docentes.” (Chagas, 2010, p. 110)

Maria do Céu Gomes publicou, em 2010, uma dissertação de Mestrado denominada “Avaliação do Desempenho Docente – Objectivos e Controvérsias” que utilizou uma abordagem qualitativa suportada na grounded theory – estudo de caso. Envolveu dois grupos de professores de uma escola secundária integrando avaliadores e avaliados no sentido de:

“ Aferir as potencialidades e limitações do actual modelo de avaliação do desempenho proposto pelo DR nº 2/2008, de 10 de Janeiro, tendo em conta as opiniões dos avaliadores e avaliados.” (Gomes, 2010, p. 7)

A autora concluiu que, segundo os respondentes, o processo de avaliação sofria de limitações, entre elas a sua excessiva burocratização, o recurso a uma avaliação realizada pelos pares sem formação adequada para o efeito, a desvalorização das dimensões sociais, profissionais e éticas, a inexequibilidade de objetivos conotados com mecanismos de controlo e pressão, a responsabilização dos docentes pela taxa de abandono escolar, o insuficiente número de aulas a observar e a subjetividade associada a tais observações, a promoção da individualização do trabalho e a deterioração do ambiente nas escolas.

Para concluir evidenciamos algumas das características apontadas por Gomes (2010) relativamente a um sistema de avaliação idealizado pelos participantes no estudo:

“ […], os mesmos privilegiam a avaliação promotora do desenvolvimento profissional; de subida de escalão e incremento salarial; de auto-avaliação; e realçam o fomento de uma cultura de avaliação fundamentalmente contextualizada, […].” (Gomes, 2010, p. 125)

Concluímos a nossa análise dos trabalhos académicos publicados no ano de 2010, com a dissertação de Mestrado de Abílio Tarrinha, intitulada “Observação do ensino no âmbito da Avaliação do Desempenho Docente”. Tratou-se de uma investigação implementada junto de oitenta e cinco docentes em funções em escolas do Ensino Básico e Secundário dos distritos de Aveiro e Coimbra e que objetivou determinar:

“ Quais as percepções que os professores têm da avaliação do ensino docente e da hetero-observação do ensino em contexto de sala de aula