Jurisprudência

No âmbito jurisprudencial, aqueles que condicionam a concessão do efeito suspensivo aos embargos à execução fiscal ao preenchimento dos requisitos previstos no art. 739-A do CPC41, aduzem, principalmente, que a Lei nº. 6.830/80 seria omissa quanto à regulamentação desse efeito, de modo que, diante de tal lacuna, aplicar-se-iam, subsidiariamente, as regras previstas no CPC.

A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça já se manifestou pela aplicabilidade do art. 739-A do CPC às execuções fiscais, por considerar omissa a Lei de Execução Fiscal, conforme se depreende da leitura da ementa dos acórdãos proferidos:

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DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros. 2009, p. 819.

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ART. 739-A DO CPC. APLICABILIDADE. 1. As alterações promovidas pela Lei 11.382/2006, notadamente o art. 739-A, § 1º, do CPC, são plenamente aplicáveis aos processos regidos pela Lei nº 6.830/1980. Precedentes. 2. Agravo regimental não provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin (Presidente), Mauro Campbell Marques e Cesar Asfor Rocha votaram com o Sr. Ministro Relator. (AgRg no AREsp 88226/PR, 06/03/2012).42 (grifo nosso)

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EFEITO SUSPENSIVO. ART. 739-A, DO CPC. APLICABILIDADE. 1. Nos termos do art. 1º da Lei n. 6.830/80, aplica-se, subsidiariamente, o Código de Processo Civil às execuções fiscais. 2. Os embargos à execução só serão recebidos no efeito suspensivo, se preenchidos todos os requisitos determinados no art. 739-A do CPC. Precedentes: REsp 1.195.977/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 17.8.2010, DJe 20.9.2010; AgRg no Ag 1.276.180/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 6.4.2010, DJe 14.4.2010. Agravo regimental improvido. Decisão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Cesar Asfor Rocha e Castro Meira votaram com o Sr. Ministro Relator. (AgRg no Ag 1401473/PR, 16/06/2011).43 (grifo nosso)

Neste mesmo sentido, os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça têm decidido:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ATRIBUIÇÃO DE EFEITO

SUSPENSIVO. NÃO CABIMENTO. NULIDADE DA CDA. NÃO

CONFIGURADA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA. CABIMENTO. ENCARGO LEGAL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. Os embargos à execução fiscal, recebidos já na vigência da Lei n°. 11.382/06, somente terão o condão de suspender a execução fiscal se, além de houver garantia do juízo, haja verossimilhança na alegação e o prosseguimento da execução, manifestamente, possa causar grave dano de difícil ou incerta reparação, ex vi do art. 739-A, §1º, do CPC. Na hipótese, a mera prossecução do executivo fiscal não preenche o suporte fático atinente ao dano contido no art. 739-A do CPC, sendo necessária, para tanto, a demonstração de risco concreto, não demonstrado no caso. [...]5.A Corte Especial deste Tribunal reconheceu a constitucionalidade do encargo legal de 20% previsto no Decreto-Lei nº 1.025/69, na sessão realizada em 24.09.2009, rejeitando a Arguição de Inconstitucionalidade na AC nº 2004.70.08.001295-0/PR. 6. Sentença mantida. (TRF4, AC 5034503-

42 _{BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental em Recurso Especial n° 88.226. Relator: Castro}

Meira, Brasília, DF, 06 de março de 2012. Disponível em:

<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=1127285&sReg=201102104944&sData=20 120316&formato=HTML>. Acesso em: 14 maio 2012.

43 _{BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Agravo Regimental em Agravo de Instrumento n° 1.401.473.}

Relator: Humberto Martins, Brasília, DF, 16 de junho 2011. Disponível em:

<https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=1070271&sReg=201100462825&sData=20 110624&formato=HTML>. Acesso em: 14 maio 2012.

04.2010.404.7100, Segunda Turma, Relatora p/ Acórdão Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E. 11/07/2011).44 (grifo nosso)

AGRAVO DE INSTRUMENTO - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - PROPOSITURA NA VIGÊNCIA DO ART. 739, § 1º, CPC - RECEBIMENTO - SUPERVENIÊNCIA DA REDAÇÃO DO ART. 739-A, CPC - EFEITO SUSPENSIVO - REFORÇO DA PENHORA - POSSIBILIDADE - RECURSO PROVIDO. 1. A jurisprudência já se manifestou, outrossim, a respeito do recebimento dos embargos à execução fiscal com efeito suspensivo , afirmando que o art. 739A do Código de Processo Civil se aplica à execução fiscal, já que a Lei específica, nº 6.830/80, não disciplinou o tema. Assim, os embargos do devedor, em regra, não terão efeito suspensivo, podendo ser deferido somente nas hipóteses descritas no § 1º do art. 739A do CPC. Nesse sentido, são os precedentes do STJ (RESP 1024128 da Segunda Turma) e deste Tribunal (AI 350894, processo 200803000397024, de relatoria da Desembargadora Federal Vesna Kolmar; AI 343842, processo 200803000299956, de relatoria da Desembargadora Federal Consuelo Yoshida; e AG 319743, processo 200703001010674, de minha relatoria). 2. Para que os embargos recebam efeito suspensivo deve haver, cumulativamente, requerimento do embargante nesse sentido e devem estar presentes os seguintes requisitos: garantia suficiente da execução; relevância dos fundamentos dos embargos; e possibilidade manifesta de grave dano de difícil ou incerta reparação (art. 739-A, § 1º, CPC) 3. Tratando-se de norma processual, o disposto no art. 739-A, CPC, deverá ter aplicação imediata, incidindo nas ações de execução fiscal em regular tramitação. [...]7. Agravo de instrumento provido. (TRF3, Agravo de Instrumento: AI 36324 SP 2009.03.00.036324-9, Rel. Des. Fed. Nery Júnior).45 (grifo nosso)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 739-A, DO CPC. NÃO APLICAÇÃO DO EFEITO SUSPENSIVO. POSSIBILIDADE. 1-O agravante pretende a atribuição de efeito suspensivo aos embargos de execução interpostos em execução fiscal, sob a alegação de não ser aplicável, in casu, o artigo 739-A do CPC, que dispõe no sentido de os embargos do executado não terem efeito suspensivo. 2- A Lei 6830/80 é omissa em relação aos efeitos em que se deve receber os embargos. Em consequência, aplicam-se subsidiariamente as regras previstas no artigo 739-A do citado diploma legal, nos termos do art. 1º da LEF. 3- Agravo de instrumento desprovido. Decisão mantida. (TRF2, Agravo de Instrumento: AG 200802010055508, Desembargador Federal FREDERICO GUEIROS, 30/06/10, 6ª turma especializada).46 (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ART. 739-A DO CPC. INCIDÊNCIA. EFEITO SUSPENSIVO. CONCESSÃO. REQUISITOS. PEDIDO EXPRESSO. Segundo resulta inequívoco do art. 739-A do CPC [cuja incidência às execuções fiscais já foi proclamada em iterativa jurisprudência do Eg. Superior Tribunal de Justiça], a agregação do efeito suspensivo aos embargos à execução fiscal depende de requerimento expresso do interessado. Agravo de instrumento desprovido. (Agravo de Instrumento nº 70037246493, Vigésima

44 _{BRASIL. Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Apelação Cível n° 5034503-04.2010.404.7100/RS.}

Relator: Luciane Amaral Corrêa Munch, Brasília, DF, 11 de julho 2011. Disponível em:

<http://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=4288097>. Acesso em: 14 maio 2012.

45 _{BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Agravo de Instrumento n° 0036324-52.2009.4.03.0000.}

Relator: Fred Nery Junior, São Paulo, SP, 05 de setembro de 2011. Disponível em: <

http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/1523631>. Acesso em: 14 maio 2012.

46

BRASIL. Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Agravo de Instrumento nº 2008.02.01.005550-8. Relator: Frederico Gueiros, Rio de Janeiro, RJ, 30 de junho 2010. Disponível em: <http://www.trf2.gov.br/cgi-

Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mara Larsen Chechi, 28/10/2010.47

Agravo de instrumento. Execução fiscal garantida por bens penhorados. Oferecimento de embargos. Pedido de efeito suspensivo. Inteligência do art. 739-A do CPC. Possibilidade. Recurso provido. Nos termos da reforma do Código de Processo Civil produzida pela Lei n. 11.382/2006, aplicável subsidiariamente à Lei n. 6.830/1980, a suspensividade dos embargos à execução fiscal, que antes era regra, agora passou a ser exceção. A concessão de tal efeito no momento está condicionada ao preenchimento dos requisitos insculpidos no § 1º do art. 739-A do CPC. Considerando que a execução fiscal foi garantida por meio de penhora de bens, bem como que os demais requisitos exigidos pelo § 1º do art. 739- A do CPC foram atendidos, a atribuição de efeito suspensivo aos presentes embargos é medida que visa a previnir hipótese de prejuízo, além de garantir a ampla defesa e o devido processo legal. (TJ/SC, Agravo de Instrumento n. 2010.067870-1, de Joinville, rel. Des. Pedro Manoel Abreu – 18/10/11)48 (grifo nosso).

AGRAVO. DECISÃO ISOLADA DO RELATOR. NEGATIVA DE

SEGUIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À

EXECUÇÃO FISCAL. EFEITO SUSPENSIVO. APLICAÇÃO DO ART. 739-A, § 1º DO CPC. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DOS REQUISITOS DO REFERIDO DISPOSITIVO. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. AUSÊNCIA DE PREVISÃO NA LEF QUANTO À SUSPENSÃO DOS EMBARGOS. APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC. DECISÃO MANTIDA. (TJ/PR, 888267702, Pericles Bellusci de Batista Pereira, 17/04/12, 2ª Câmara Cível).49

Apresentada essa corrente doutrinária juntamente com os posicionamentos da jurisprudência, parte-se para a apresentação dos posicionamentos contrários daqueles apresentados neste tópico em específico.

4.4.2 Incidência do caput do art. 739-A do CPC à Execução Fiscal: posicionamentos desfavoráveis

Muitos doutrinadores tem se posicionado no sentido de que a Lei de Execução Fiscal, apesar de não veicular expressamente regra acerca do efeito suspensivo dos embargos à execução, apresenta em seu bojo, uma sistemática que terminaria por conduzir ao aludido

47 _{RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº 70037246493. Relator: Mara}

Larsen Chechi, Porto Alegre, RS, 28 de outubro 2010. Disponível em:

<http://www.tjrs.jus.br/busca/?q=70037246493&tb=jurisnova&pesq=juris&partialfields=tribunal%3ATribunal% 2520de%2520Justi%25C3%25A7a%2520do%2520RS.%28TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25C3%25A3 o%7CTipoDecisao%3Amonocr%25C3%25A1tica%7CTipoDecisao%3Anull%29&requiredfields=&as_q=>. Acesso em: 17 maio 2012.

48 _{SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº 2010.067870-1. Relator: Pedro Manoel}

Abreu, Florianópolis, SC, 18 de outubro 2011. Disponível

em:<http://app.tjsc.jus.br/jurisprudencia/html.do?q=&id=AAAbmQAABAAC72UAAA&categoria=acordao>. Acesso em: 17 maio 2012.

49 _{PARANÁ. Tribunal de Justiça. Agravo nº 888267702. Relator: Pericles Belucci, Curitiba, PR, 17 de abril}

2012. Disponível em:

<http://www.tj.pr.gov.br/portal/judwin/consultas/judwin/DadosTextoProcesso.asp?Linha=9&Processo=1626189 &Texto=Acórdão&Orgao= >. Acesso em: 17 maio 2012.

efeito, impossibilitando desta forma, a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil, principalmente o caput do art. 739-A do CPC50, conforme se verá a seguir.