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JUSTIFICAÇÃO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO

No documento Apêndices do Relatório (páginas 175-178)

APÊNCICE I. Apresentação das respostas ao questionário de avaliação da ação de formação “A gestão de emoções no cuidar em enfermagem

1. JUSTIFICAÇÃO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO

O cuidar em enfermagem e a tecnologia estão interligados, existindo um cruzamento de diferentes dimensões, que permitem a compatibilidade de entendimento entre a humanização de cuidados e a apropriação de equipamentos indispensáveis para o cuidar. Backes e Lunardi (2006) referem que a apropriação de tecnologias é fundamental na assistência de enfermagem, pois elas contribuem para a ampliação da exigência de um alto grau de qualificação profissional em enfermagem.

As unidades de cuidados intensivos pediátricos apresentam uma grande diversidade tecnológica, auxiliares na manutenção da vida da criança, que contribuem para um ambiente que incute nos profissionais constantes desafios e questionamentos. Este ambiente é caracterizado por um contexto altamente assustador e stressante, onde impera indiscutivelmente uma vasta diversidade de sentimentos e emoções (Barbosa e Rodrigues, 2004).

A humanização de cuidados não deixa de ser um desafio, pois perante todo o aparato de materiais e equipamentos, facilmente se prioriza as intervenções tecnicistas, que não dão lugar a um espaço de reflexão e partilha entre os elementos da própria equipa e entre esta e a criança e família (Barbosa e Rodrigues, 2007). Assim, quando nos referimos a uma unidade de cuidados intensivos é frequente associarmos o nosso pensamento à tecnologia, a máquinas e equipamentos. Esta visão pode ser redutora e simplista, e não pode constituir uma barreira na garantia da qualidade dos cuidados de saúde à criança e família. Aliás, inconscientemente, Oliveira, Collet e Vieira (2006) salientam que a visão de uma criança internada nos cuidados intensivos remete-nos para uma imagem altamente artificial, em que a criança e família se constituem apenas como um detalhe aos olhos de alguns profissionais. O próprio ambiente de cuidados, suportado por uma tecnologia sofisticada que assegura a vida da criança, torna-se também hostil pela agressividade das técnicas e procedimentos invasivos a que a criança é submetida. Toda esta tecnologia contribui para que os enfermeiros envolvidos evidenciam a racionalidade e a tecnicidade conjugada pela ciência. E quando me refiro à tecnologia falo num ambiente onde coexistem aparelhos, fios, equipamentos, em que as técnicas e os procedimentos invasivos determinam a complexidade do tratamento.

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A verdadeira complexidade reside na compreensão e na vivência das relações e interações humanas que acontecem neste ambiente. A unicidade das crianças e suas famílias, o próprio contexto do cuidar e as características de quem cuida não podem ser regidas por normas ou instruções de que se fazem acompanhar todos os materiais tecnológicos. As relações humanas são bem mais complexas, pelo que muitas das vezes não existe um empenhamento ou dedicação do nosso tempo para parar e investir numa prática reflexiva. O reconhecimento e a gestão das nossas emoções passam precisamente por quebrar esta visão tecnológica, ainda que necessária, destruindo-se tudo o que desumaniza, objetifica e despersonaliza a prestação de cuidados de enfermagem à criança e família em cuidados intensivos. É necessário valorizar as interações e relações que se estabelecem no cuidar, adequando-se os diversos saberes, para um cuidar individualizado, seguro, ético e humanizado.

A ação de formação aqui planeada teve como finalidade permite fazer uma ligação, entre a importância de conjugar a imperatividade de um ambiente tecnológico e de inovação, e um contexto de cuidados valorativo da escuta, das necessidades do outro, das suas emoções e sentimentos na construção das interações afetivas. Para além da sensibilização da equipa de enfermagem para a gestão das emoções na unidade de cuidados intensivos, com intencionalidade, apresentei como estratégia do cuidar o brincar terapêutico.

O desenvolvimento desta ação de formação dirigida à equipa de enfermagem da unidade de cuidados intensivos permitiu-me contribuir positivamente para a qualidade das práticas de enfermagem à criança e família e, em concomitância, proporcionar a todos os intervenientes um espaço de partilha de experiências. A dimensão desta partilha foi grandiosa no sentido em que a nossa realidade de cuidados nos remete para uma imposição diária de agir face às necessidades contextuais, em que muitas das vezes não se privilegia um tempo das nossas vivências para uma prática reflexiva, contemplando-se uma análise crítica e um pensamento estruturado, sobre o que sentimos e como gerimos todas as emoções emergentes. Indubitavelmente, é da responsabilidade de todos os profissionais de enfermagem criar desafios no seu contexto de trabalho, incentivando o questionamento das rotinas já enraizadas e induzindo à mudança das práticas do cuidar em pediatria.

Esta formação permitiu-me também refletir que o enfermeiro pode investir no desenvolvimento de competências específicas, constituindo-se como um elemento da

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equipa de saúde facilitador e indutor de novas e atuais aprendizagens. Enquanto especialista foi notório o contributo desta atividade para o desenvolvimento das minhas competências enquanto futura enfermeira especialista.

Esta ação de formação permitiu-me desenvolver competências relacionadas com a melhoria da continuidade dos cuidados, mais especificamente, atuando como agente na unidade de cuidados intensivos com um papel dinamizador na conceção e colaboração de programas de melhoria contínua da qualidade, contribuindo para a criação e manutenção de um ambiente terapêutico e seguro (Ordem dos Enfermeiros, 2010a). Com base neste autor saliento que esta atividade de reflexão e de partilha permitiu-me também aprimorar competências no domínio das aprendizagens profissionais, em que existiu um empenhamento no desenvolvimento dos meus conhecimentos e da assertividade, para uma praxis clínica especializada em sólidos e válidos padrões de conhecimento. Atendendo a que o brincar é um dos direitos da criança, com base no Regulamento das Competências Comuns do Enfermeiro Especialista, posso referir o investimento pessoal e profissional na promoção dos direitos humanos, através do seu respeito e defesa, face aos valores, costumes, às crenças espirituais e às práticas específicas da equipa de enfermagem onde estive inserida. Ao mesmo tempo, existiu um reconhecimento e aceitação dos direitos dos outros, mantendo um processo efetivo de cuidados, mesmo no confronto com valores diferentes (Ordem dos Enfermeiros, 2010b).

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2.IMPLEMENTAÇÃO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO

TEMA DA FORMAÇÃO O tema é “A gestão de emoções em enfermagem

pediátrica: O brincar terapêutico como estratégia no cuidar”.

DATA E LOCAL A ação decorrerá no dia 17 de Janeiro de 2013, na

unidade de cuidados intensivos pediátricos de um hospital da região de Lisboa.

No documento Apêndices do Relatório (páginas 175-178)