• Nenhum resultado encontrado

Participação na reunião da equipa local do Sistema Nacional de Intervenção Precoce

No documento Apêndices do Relatório (páginas 117-120)

2.JORNAIS DE APRENDIZAGENS DA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR

2.7. Participação na reunião da equipa local do Sistema Nacional de Intervenção Precoce

Nas últimas décadas, o desenvolvimento social e económico e o melhoramento das condições de vida da população, como a existência de água potável, saneamento básico e a nutrição, têm sido fatores importantes na obtenção de um maior número de resultados positivos na área da saúde infantil. Os cuidados de saúde primários, além de assumirem um compromisso de combate às causas sociais, económicas e políticas da morbilidade infantil, têm vindo a estabelecer estratégias de intervenção, cujo intuito é produzir uma resposta eficaz e equitativa das necessidades básicas de saúde, existindo cada vez mais a preocupação com o acesso universal à saúde.

Segundo a DGS estas equipas têm a missão de garantir a intervenção precoce na infância, desenvolvendo um conjunto de medidas de apoio integrado centrado na criança e na família, com objetivos preventivos e de reabilitação, na saúde, educação e ação social. A mesma entidade afirma que a intervenção precoce em crianças até aos 6 anos de idade, com alterações ou em risco de apresentar alterações nas estruturas ou funções do corpo, permite a concretização do direito à participação social dessas crianças e dos jovens e adultos, em que se irão tornar. Além do mais, salienta que quanto mais precoce forem acionadas as intervenções e as políticas que influenciam o desenvolvimento das capacidades humanas, maior será a capacidade de se tornarem pessoas partcipativas na na vida social e mais longe se pode ir na correção das limitações funcionais de orige (DGS, 2011).

27

No meu entender, é fundamental existir um permanente investimento na prevenção, proteção e melhoria da saúde física, psicológica e emocional da criança e família, na comunidade. A integração da dimensão de saúde implica envolver novos parceiros nos cuidados e criar equipas, que se descentrem das doenças que afetam a criança. Enquanto especialista acredito que é imprescindível a existência de uma revolução cultural entre os profissionais de saúde, para que olhem para a criança como os adultos do amanhã. Dentro deste âmbito tive a oportunidade de acompanhar o meu orientador de estágio, numa das reuniões quinzenais, da equipa local pertencente ao SNIPI. O que tive oportunidade de verificar é que esta equipa reúne elementos que garantem a continuidade de cuidados e uma coordenação de serviços técnicos, que proporcionam a cada criança, todas as oportunidades de desenvolvimento ao nível físico, mental e emocional.

Para atingir esta meta a equipa local traça um plano individual para cada criança e família, de acordo com as suas necessidades, que orienta as famílias no sentido da não existência de hiatos entre a prevenção, a deteção e uma avaliação adequada de cada caso, acionando os mecanismos necessários. Em comum, os intervenientes têm em conta não só problemas de cada criança, mas também o potencial de desenvolvimento de cada criança.

No decorrer da reunião tive a oportunidade de constatar que uma das dificuldades da equipa é conciliar os diferentes pareceres dos vários elementos da equipa, pois as instituições que colaboram nesta intervenção fazem parte de diferentes ministérios (Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da Educação e da Saúde), os quias são regidos por normas regulamentares próprias, que por geram a dificuldades na coordenação de tarefas. Além disso, temos ainda a “instituição” família que é sempre considerada nas decisões que são tomadas.

A equipa estava representada pelos vários profissionais de saúde, dos diferentes ministérios, como enfermeiros, psicóloga, assistentes sociais e ajudantes familiares, professores e educadores. A presença destes profissionais permite a integração e articulação dos vários setores de intervenção, tão precocemente quanto possível, no que diz respeito às determinantes essenciais relativas à família, aos serviços de saúde, às creches, aos jardins-de-infância e às escolas.

28

Esta reunião teve início com uma sessão de formação, ministrada pela psicóloga clínica da equipa, com atemática “assertividade e trabalho em equipa”. Em primeiro lugar, a psicóloga apresentou um questionário intitulado de “Serei assertivo? Com os colegas, com as famílias, com os amigos…”, em que as respostas eram dadas segundo uma escala numérica de 1 a 5, em que o numero 5 representava “nunca é problema” e o numero 1 “É sempre um problema”. Esta aplicação numérica era feita em várias áreas da comunicação assertiva, em que se focava, por exemplo, em dar elogias, fazer pedidos, iniciar e manter uma conversa, expressão de opiniões e a expressão de emoções positivas. Após todos terem respondido ao questionário a psicóloga apresentou dois role play, que constituíam oportunidades de treino da assertividade nos contextos de saúde e doença.

Resumidamente, a ideia a transmitir à equipa era como cada um de nós deve expressar de forma simples e direta os seus interesse e direitos, bem como expressar o seu contentamento ou descontentamento através da expressão de emoções negativos ou positivas. Uma das estratégias apresentadas foi como dar resposta ao que nos é pedido, seja a nossa intenção dizer sim ou não, e sobretudo na reflexão de como iniciamos a nossa comunicação deixa transparecer ao outro a verdadeira opinião que temos relativamente a um aspeto ou situação. Uma pessoa assertiva consegue exprimir os seus sentimentos e sabe dizer não ou mostrar a sua posição face a uma realidade específica. Como exemplo, em grupos de três treinamos o dizer “não” que equivale a um “sim, mas…” e treinámos também o “sim, e…”, que efetivamente transparece a nossa posição positiva, sem deixar margem para dúvidas. Esta atividade foi muito interessante e de fato o treino da assertividade levou-me a relembrar a situações já vividas, pelas quais me foi difícil concretizar uma posição firme. Tantas e tantas vezes na nossa prática profissional é necessário, mais do que dizer sim ou não, é delimitar e deixar claro aos cuidadores que tomamos uma posição clara face às decisões que tomamos, decisões refletidas, com base num julgamento clínico associado a um raciocínio que é construído com base nos nossos valores, crenças e conhecimentos científicos, e por isso, como pessoas e como profissionais de saúde. Gostaria de realçar este momento formativo, que se inclui nestas reuniões da equipa local do SNIP, que são criados em função das limitações e das dificuldades que os vários profissionais envolvidos, vão demonstrando ao longo das reuniões. Deste modo, são trabalhadas as dificuldades conjuntas da equipa, pelo que o crescimento da união e partilha entre elementos é bem visível.

29

No documento Apêndices do Relatório (páginas 117-120)