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3. CAPÍULO II HISTÓRICO DA EJA: REFLEXÃO SOBRE AS POLÍTICAS DE

3.1. Histórico da educação e da EJA no Brasil: elementos de

3.1.4. LDB 9394/96 e as políticas de EJA no Brasil

Lembremos que a partir da década de 1940 a educação de jovens e adultos passou a integrar as negociações políticas no cenário brasileiro, naturalmente pela grande densidade

demográfica de analfabetos nesta época da nossa história, conforme Di Pierro, Joia e Ribeiro, 2001, p.59:

No Brasil, a educação de adultos se constitui como tema de política educacional sobretudo a partir dos anos 40. A menção à necessidade de oferecer educação aos adultos já aparecia em textos normativos anteriores, como na pouco duradoura Constituição de 1934, mas é na década seguinte que começaria a tomar corpo, em iniciativas concretas, a preocupação de oferecer os benefícios da escolarização a amplas camadas da população até então excluídas da escola. Essa tendência se expressou em várias ações e programas governamentais, nos anos 40 e 50. Além de iniciativas nos níveis estadual e local, merecem ser citadas, em razão de sua amplitude nacional: a criação do Fundo Nacional de Ensino Primário em 1942, do Serviço de Educação de Adultos e da Campanha de Educação de Adultos, ambos em 1947, da Campanha de Educação Rural iniciada em 1952 e da Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo em 1958

A declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 trouxe luz a uma questão que ainda não estava de todo sendo praticada, ou seja, o direito que cada cidadão(ã) tem de ter acesso à educação, no que diz respeito ao ensino elementar, ou ensino de base, que no nosso caso compreende o ensino fundamental e médio, incluindo a EJA.

A Constituição Federal de 1988, em atendimento aos reclames da sociedade, também incluiu no texto da carta que é dever do estado garantir o acesso gratuito de todos ao ensino fundamental, abrangendo assim aqueles que não puderam fazê-lo na idade própria. Em 1996 a LDB confirmou o direito dos adultos à educação de jovens e adultos, inscrevendo-a na modalidade de educação básica, buscando reparar, assim, um erro histórico, pois até essa data ainda havia muitos adultos não alfabetizados.

A Lei de Diretrizes e Base da educação Brasileira – LDB teve sua primeira versão através da Lei 4024/61, contudo, com a promulgação da Constituição de 1988 esta Lei foi considerada ultrapassada, fazendo-se necessário uma nova versão, mais atualizada e abrangente, devido às grandes transformações ocorridas na sociedade como um todo e na educação, principalmente. Depois de um grande debate envolvendo toda a sociedade educacional, a nova LDB foi promulgada no dia 20 de dezembro de 1996, pela Lei 9394/96, pelo então presidente Fernando Henrique, tendo como Ministro da Educação, Paulo Renato, trazendo no seu bojo diversas alterações em relação à anterior como a inclusão da Educação Infantil, composta de creche e pré-escola como primeira etapa da educação básica.

A LDB 9394/96 foi planejada para regulamentar todo o sistema educacional brasileiro, tanto público quanto privado, desde a educação básica até o ensino universitário. Ela ratifica o direito de todos à educação, como reza a Constituição Federal quando diz que é dever do Estado, através das três esferas de governo, a responsabilidade do ensino, ficando o município com a atribuição sobre o Ensino Infantil (creche e pré-escola), e Fundamental I (1° ao 5° ano),

e Fundamental II (6° ao 9° ano), e o Governo Estadual comprometido com o Ensino Médio, ficando o Governo Federal com o encargo sobre o Ensino Universitário ou Ensino Superior.

A nova LDB deu uma nova definição ao termo educação, pois:

O modo como a LDB define a educação indica que a formação diz respeito a espaços sociais diversos, marcados por questões de justiça. Segundo a referida Lei, em seu artigo 1º, a “educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”. As bases normativas apresentadas permitem analisar essa concepção de educação.

As instituições sociais, na LDB, se apresentam, de certo modo, como espaço de reconhecimento, redistribuição e participação. A família é marcada pela esfera do amor e das exigências de justiça ligadas ao gênero, à distribuição. Que tipo de benefícios donas de casas teriam ou não direitos em termos de renda, previdência social e demais questões de bem-estar? Quais famílias deveriam receber recursos para manter suas crianças nas escolas e para ter acesso à cultura e às tecnologias que são decisivas em termos de diferenciação do perfil intelectual dos alunos? Por sua vez, o mundo do trabalho está permeado por questões de distribuição, de reconhecimento de diferenças sexuais, étnicas e de acesso a cargos e níveis salariais, bem como de participação na gestão coletiva do trabalho e nos “lucros”. (SILVA, 2013, pp.187,188).

A LDB, portanto, traz uma preocupação com a formação integral do educando, voltando seu olhar para a cidadania e, consequentemente, para o mundo do trabalho, procurando dar a todos, indistintamente, as mesmas chances de obtenção de bons resultados. Infelizmente as desigualdades sociais e históricas a que fomos, e ainda somos, submetidos não permitem que esses avanços atinjam aos que mais precisam deles. Daí os resultados pífios em termos educacionais mundiais que o Brasil vive em relação aos países mais desenvolvidos, tanto financeira, como educacionalmente falando.

A Educação de Jovens e Adultos está contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96, e foi inserida no capítulo II e seção V, e fazem parte desta os artigos 37 e 38. Esta lei regulamenta e normatiza esta modalidade de ensino, que passa a ser uma política de governo pensada como forma de erradicação do analfabetismo no Brasil.

O artigo 37 em seus três parágrafos trata do público a quem ela é oferecida, determina que o poder público deve garantir o acesso e a permanência do aluno, e que ela deve se articular preferencialmente com a educação profissional, posto que é voltada para o aluno trabalhador, aquele que por uma circunstância qualquer não pode estudar na idade certa, se é que esta idade existe.

O artigo 38 tem dois parágrafos que dizem que a EJA se destina a conceder diplomas de ensino fundamental e também do médio. Finaliza dizendo que os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

Portanto, por ser ofertada a um público diferenciado precisa ter suas particularidades, as quais a LDB veio a contemplar, mas, mesmo assim,com algum grau de inferioridade, frente às outras modalidades. Desta maneira:

O caráter de educação com “status” inferior no mercado de bens culturais, conferido à Educação de Jovens e Adultos, está também evidenciado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394/96 de 1996. Contemplando a EJA com apenas dois artigos, o texto refere à necessidade de que sejam oferecidas aos jovens e adultos, “oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do aluno, seus interesses, condições de vida e de trabalho” (LDB 9.394/96, Art. 37). Entretanto os jovens das frações mais desfavorecidas da classe trabalhadora foram duramente atingidos pela redução das idades para a prestação dos chamados exames supletivos. No Ensino Fundamental a idade mínima para a prestação do exame passou de 18 para 15 anos e, no Ensino Médio, de 21 anos para 18 (Idem, Art. 38). Tal dispositivo legal, que expulsou da escola regular diurna, do Ensino Fundamental, os jovens a partir de 14 anos de idade, evidencia a ênfase atribuída à certificação, em detrimento da vivência plena dos processos pedagógicos necessários ao efetivo domínio das bases do conhecimento científico e tecnológico. (RUMMERT, 2007, p.39).

A Educação de Jovens e Adultos realmente sofre com essa discriminação. Não é vista, por muitos, com bons olhos, pelo contrário, o aluno vai transferido para ela como um castigo por ter se atrasado em relação aos demais. Uma vez lá, se depara com os que tiveram seu direito à educação negado, não tendo nem o direito que os primeiros tiveram de se atrasar, mas que estão, já na fase adulta, chegando à escola, muitos, pela primeira vez.

4. CAPÍTULO III - EVASÃO NA EJA: FALTA DE INTERESSE OU FALTA DE

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