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5 METODOLOGIA

6.5 Legislação

Ter conhecimento da legislação local é um princípio que precisa ser observado para a consolidação de qualquer projeto com foco na educação bilíngue, conforme já explicitamos no item 4.2.2 dessa tese. Hoje, no Brasil, não temos uma política clara que contemple a educação bilíngue, tal qual se tem em outros países, como, por

Bundesverwaltungsamt – Der zentrale Dienstleister des Bundes | 17.03.19 | Seite 16 PASCH – Institutionen / Kräfte

FIT-Schulen DSD-Schulen DAS

Zentraler Ausschuss

Sprachdiplom Abitur Lehrkräfte

exemplo, no Canadá.

É importante que a escola comunique aos órgãos competentes as intenções em relação à implementação de um currículo bilíngue, a fim de buscar o apoio legislativo para a autorização. No caso do CI, o interlocutor é o Núcleo Regional de Educação em Guarapuava, com o qual reuniões estão sendo realizadas entre as partes. Vale ressaltar que a escola tem liberdade para construir o seu currículo, desde que não desrespeite a carga-horária curricular estabelecida para a Educação Básica. Assim, na Educação Infantil, um dos pontos a se levar em conta, hoje, é a importância de se observar os campos de experiência trazidos pela BNCC, para a construção da proposta.

A Lei de Diretrizes e Bases (LDB)79 reconhece a existência de um modelo de

educação bilíngue, que é a educação intercultural indígena. O artigo 78 das Disposições Gerais da LDB 9394/96 nos traz as informações:

O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilingue e intercultural aos povos indígenas, com os seguintes objetivos:

I – proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências;

II – garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não-índias. (BRASIL, 2005, p. 31).

Geralmente, a língua materna dos povos indígenas é a língua indígena. A língua portuguesa é a segunda língua e, dessa forma, o bilinguismo não é eletivo. Logo, a educação bilíngue é necessária para garantir acesso à cidadania e à língua oficial do país. Então, para escolas particulares, em que o bilinguismo é opcional, é preciso seguir a legislação normal de qualquer escola. Vejamos os trechos que tratam disso na LDB:

Seção III: Do Ensino Fundamental Art 32 º, parágrafo 3º

79 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) é a legislação que regulamenta o

sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica ao ensino superior). Está disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf. Acesso em: 24 fev. 2019.

O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. (BRASIL, 2005, p. 17).

Seção IV: Do Ensino Médio Art. 36º

O currículo do ensino médio observará o disposto na seção I deste capítulo e as seguintes diretrizes:

I – Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;

II – Adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;

III – Será incluída uma língua estrangeria moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro da disponibilidade da instituição. (BRASIL, 2005, p. 18-19).

A partir disso, oficialmente, as escolas precisam seguir oferecendo 200 dias letivos, aulas dos componentes obrigatórios em língua portuguesa e carga horária mínima diária de 4 horas. Muitas escolas oferecem muito mais do que isso, justamente para poder incluir opções como as de educação bilíngue.

Assim, uma forma de organizar o currículo é usar o item “parte diversificada”, apresentado na LDB:

Art. 26º. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

§ 3º. A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. § 4º. O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e europeia.

§ 5º. Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.80 (BRASIL, 2005, p. 16).

80 Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pd. Acesso em: 24 fev.

Ainda que, hoje, os conselhos estaduais estejam discutindo a questão da educação bilíngue e, inclusive, nos diferentes estados, estabelecendo novos referenciais para a abordagem, ainda não temos uma instrução que leve em conta as realidades multilíngues brasileiras. Então, para que seja feita uma educação bilíngue séria, verdadeira e de qualidade, é fundamental que sejam respeitadas as leis brasileiras, oferecendo um currículo normal, brasileiro, enriquecido com a oferta de um currículo bilíngue que se integre ao normal.