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Lei n 10.471 de 1° de Outubro de 2003 – Estatuto do Idoso

O Estatuto do idoso (Lei Federal n° 10.471/03) é, em relação à pessoa da terceira idade, a lei mais abrangente de todas. Juntamente com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei Federal n° 8.069/90), tais leis fazem jus aos autênticos clamores sociais no tocante à proteção de segmentos da sociedade que formam categorias merecedoras de uma tutela diferenciada e exclusiva, nada mais sendo tal tutela do que uma decorrência direta do Princípio da Igualdade na busca da realização da dignidade das pessoas formadoras desses grupos, visando garantir-lhes a cidadania.

Nesse contexto, ao se referirem ao Estatuto do Idoso afirmam Veiga Júnior e Henrique Pereira que:

O Estatuto contém institutos de direito protetivo, disciplinados por normas de direito assistencial ou tutelar, todos voltados a regular os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Acha-se dividido em 7 títulos, alguns com subdivisões em capítulos, totalizando 118 artigos. Os dispositivos acham-se voltados para os direitos sociais dos

idosos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como instrumento de cidadania.42

Por ser o Estatuto do Idoso o diploma legal que possui caráter mais extenso em tal assunto é imprescindível que mereça especial destaque no presente estudo monográfico que é embasado em idéias voltadas para amenizar as adversidades por que passam as pessoas mais velhas, especialmente no mundo trabalhista, caracterizado pelo preconceito que se recusa em ceder lugar à valorização do trabalho do idoso.

A seguir passa-se a exposição e explicação de artigos retirados da letra da Lei n. 10.471/2003, que por serem considerados bastante pertinentes ao assunto aqui tratado serão destacados e expostos para estudo mais apurado. Iniciando-se pelo artigo 1° da referida Lei temos que:

Art.1° - É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.

Depreende-se da leitura do primeiro artigo do Estatuto do Idoso acima referido, que foi adotado como critério definidor de idoso o critério cronológico, por força do qual, estabelece-se uma idade padrão e os que se encontrarem com idade igual ou superior à que foi estabelecida são consideradas pessoas idosas. O Estatuto do Idoso adotou como essa idade mínima a idade de sessenta anos.

Existem vários outros critérios para dizer se uma pessoa é idosa ou não, podemos citar como exemplos o psicobiológico e o econômico-social, mas o critério cronológico é o de maior objetividade e de mais fácil constatação, por isso é o mais utilizado por órgãos oficiais que realizam pesquisas atinentes aos idosos e pela legislação que se refere a eles. Nesse sentido temos a seguinte afirmação de Moreno:

O critério cronológico considera como idosa a pessoa que tem idade superior a um certo limite preestabelecido. Por se tratar de um critério objetivo, de fácil constatação, geralmente é adotado pela legislação básica, como, por exemplo, a que trata da aposentadoria por idade, da concessão

da imunidade fiscal, da facultatividade do voto, do amparo assistencial etc.43

Porém, se faz imprescindível ressaltar que no tocante ao mundo do trabalho, como já relatado em capítulo anterior, o preconceito em relação à idade atinge pessoas bem mais jovens que os de sessenta anos, afetando obreiros que ainda estão por volta dos quarenta anos de idade, o que dificulta a entrada e permanência dessas pessoas no mercado do trabalho, haja vista que sem serem ainda realmente idosas já enfrentam a mesma realidade discriminatória na seara trabalhista que aqueles que já atingiram a terceira idade.

Nesse contexto, onde temos que o mercado de trabalho encontra-se profundamente contaminado pelo preconceito em desfavor dos mais velhos e onde prepondera um conceito de idoso que se caracteriza por ser extremamente antecipado, é que assevera Furtado:

Ora, se é pretensão do corpo normativo evitar a discriminação, como visto em seus artigos, há que, ao menos na seara do trabalho, relativizar essa consideração de idade a partir de 60 anos, podendo ser acrescentado no próprio corpo do art. 1° o complemento de que a lei resguardará os direitos do trabalhador que, mesmo antes dos 60 anos, venha a ser discriminado por conta de sua idade. Seria uma postura complementar, como a tomada pelo Código Civil Brasileiro, que em seu art. 2° estabeleceu que a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas que a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

[...] uma vez que no mundo do trabalho a discriminação por conta da idade começa precocemente, não pode olvidar o Estado, mormente enquanto detentor do poder legiferativo, que é necessária uma proteção específica ao trabalhador que, mesmo sob qualquer critério, não sendo idoso, assim é considerado por boa parte da sociedade, que erradamente como tal o enxerga, o trata e o discrimina.44

A sugestão do referido autor é visivelmente plausível e proporcional, pois se um idoso é discriminado no trabalho e pelo mesmo motivo dessa discriminação é afetada uma pessoa em sua vida laborativa, merece esta a mesma proteção que o idoso, por sofrer o mesmo preconceito apesar de não ser idosa. O Estado, detentor de poder, não pode olvidar que esse trabalhador discriminado, merece também amparo.

Estabelece o Estatuto do Idoso em seu artigo 4° que:

43 MARTINEZ apud MORENO, Denise Gasparini. O Estatuto do Idoso. 2007. p. 10.

Art. 4° - Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

Analisando-se tal artigo do Estatuto, percebe-se facilmente que deve ser punido quem discrimina de alguma forma o idoso. Discriminar, como já bem relatado no discorrer do presente estudo, é menosprezar alguém em razão de ter essa pessoa algo diferente em relação às demais pessoas ou em relação ao que a sociedade considera como melhor, a exemplo da nossa que cultua a juventude com sua beleza e seu vigor físico em detrimento dos idosos que ficam renegados a uma posição não valorizada.

A discriminação com o idoso se dá nas mais variadas searas, mormente na trabalhista, onde se percebe que o preconceito é mais evidente, achando os que o discriminam que ele, idoso, nada mais tem a oferecer à sociedade, quando na verdade, sua experiência, sua sabedoria adquirida ao longo dos anos e sua vivência são verdadeiras riquezas que em muito podem ajudar os mais jovens.

Todo o contexto de precocidade da discriminação em relação à idade no campo do trabalho já acima explicitado quando se falou a respeito do artigo 1° do Estatuto do Idoso é perfeitamente cabível na interpretação do referido artigo 4°, haja vista, a discriminação, como dito, alija dos postos de trabalho, até os que estão por volta dos quarenta anos de idade e nesse contexto, é possível declarar que é plausível a interpretação extensiva que amplia o campo de incidência dos efeitos das normas para tornar passível de punição todo aquele que discriminar por conta de idade mais avançada, até mesmo que o trabalhador discriminado tenha menos que sessenta anos que é a idade estabelecida em lei. Dessa forma nada mais se estaria fazendo do que obedecer ao espírito da lei, realizando a vontade do legislador ao elaborar a norma que foi coibir várias condutas maléficas aos idosos e dentre elas a discriminação em função da mais idade.

É com base nessa linha de raciocínio que se deve fazer uma interpretação extensiva da lei, adaptando-a para açambarcar a realidade atual que é

profundamente marcada pelo preconceito, visando se alcançar o verdadeiro objetivo da norma, atingindo a real vontade do legislador.

Nesse sentido, ao se referir à interpretação extensiva, Magalhães Filho assevera que:

A interpretação extensiva ocorre quando o espírito da lei é mais amplo que a letra da lei. O Legislador disse textualmente, em palavras, menos do que pretendia. Por meio de outras técnicas interpretativas diferentes da gramatical, obtém-se um resultado mais amplo do que aquele a que se chega pela utilização única da interpretação gramatical. O intérprete terá, então, de ampliar o sentido da norma.

[...] A interpretação extensiva é resultado de uma interpretação lógica, pela qual se conclui ser necessária a ampliação do sentido das palavras por se constatar, de forma objetiva, que o Legislador disse em palavras menos do que intencionava.45

O que se deseja é que a lei específica que estabelecerá qual será a punição para tais posturas presente em tal artigo, seja rigorosa com as pessoas que tenham essas atitudes descritas, impedindo ao máximo, a prática de tais atos funestos contra aqueles que pelo simples e só fato de serem humanos não merecem tal tratamento.

O Título II do Estatuto do Idoso trata dos direitos fundamentais e em seu Capítulo VI é abordado a profissionalização e o trabalho do idoso. Os artigos que compõem esse capítulo serão a seguir analisados:

CAPÍTULO VI

DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TRABALHO

Art. 26 – O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

O art. 26 do Estatuto é uma decorrência do mandamento constitucional estabelecido no art. 5°, inciso XIII que diz que:

Art. 5°. [...]

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

Interpretando-se conjuntamente esse dois artigos podemos facilmente concluir que é direito do idoso o exercício de atividade profissional. Estabeleceu ainda o legislador que no exercício do direito ao trabalho devem ser respeitadas as condições físicas, intelectuais e psíquicas do idoso bem como devem ser atendidas as qualificações profissionais que a lei exigir, então se tem certo que se um idoso, dentro de suas limitações e qualidades, atender as exigências legais para exercer um trabalho, não pode ser a ele negada a oportunidade de trabalhar sendo tal negação baseada exclusivamente na sua idade. Nesses termos é que vários classificados de jornais que anunciam vagas de trabalho com limite máximo de idade sem qualquer justificativa ligada às exigências que o exercício da profissão anunciada requer, são notadamente inconstitucionais e se perfazem numa afronta direta ao direito ao trabalho dos idosos.

Nesse sentido nos assevera Furtado:

Destarte, se a lei encara como direito do idoso a atividade laboral, é de fácil conclusão que qualquer prática que consista em óbice ao exercício do trabalho pelo de mais idade escoria o espírito e a carne da lei, não sendo tolerável, por exemplo, que se divulgue anúncio de emprego no qual se vislumbre o limite de idade máxima, posto que se estará ao mesmo tempo praticando uma discriminação e criando óbice ao pleno exercício de atividade profissional ao de mais idade.46

Não olvidou o legislador de ter a sabedoria e a devida prudência em estabelecer que referida atividade profissional para a pessoa de mais idade deve ser adequada às suas condições físicas, intelectuais e psíquicas, pois é lógico que uma pessoa já mais velha não tem a mesma capacidade e vigor físico que um jovem na sua plena capacidade corporal. Foi justamente pensando em fazer com que o trabalho seja algo capaz de trazer benefícios para o idoso que o realiza que o legislador estabeleceu que devem existir essas adequações, para que o trabalho não seja para o idoso algo penoso e prejudicial a sua qualidade de vida.

Forçoso se faz aqui ressaltar que enquanto a capacidade física é a que, inegavelmente, mais se deteriora com o passar dos anos, a capacidade intelectual, por seu turno, se aprimora no decorrer do tempo, ressalvados os casos de alguma doença mental ou de atingimento de elevadíssima idade. Porém ainda

assim, encontramos idosos com elevada idade e em pleno gozo de sua consciência, discernimento e inteligência tendo como exemplos o famoso arquiteto Oscar Niemayer (nascido em 1907, casou-se som sua secretária em novembro de 2006 e atualmente está planificando um balneário em Potsdam, na Alemanha com inauguração prevista para esse ano de 2007) que já bastante velho, tem produção profissional, de natureza intelectual, exercendo seu trabalho brilhantemente, nada deixando a desejar em relação a qualquer jovem com a mesma profissão. Outro exemplo é o ator brasileiro Oswaldo Louzada, pioneiro na teledramaturgia brasileira, que com 91 anos de idade em 2003 interpretou de forma magnífica juntamente com a também idosa atriz Carmem Silva (87 anos na época), um casal que sofria discriminações e agressões físicas e morais por parte da neta numa telenovela de bastante sucesso no ano em que foi exibida, servindo inclusive essa telenovela para levantar nacionalmente a questão da violência e da discriminação contra o idoso.

Vale aqui ainda mencionar que se os mais jovens aprendem mais rapidamente o trato com o mundo da tecnologia e suas constantes e rápidas novidades, isto não significa dizer que uma pessoa mais velha não possa também aprender e lidar com os avanços tecnológicos, fazer tal afirmação seria apenas uma atitude que reforçaria o preconceito tão já disseminado entre nós. Frize-se ainda que muitas vezes a tecnologia facilita a realização do trabalho, tornando-o menos dificultoso e até mais adaptável às condições de um idoso para que este possa realizá-lo. Nesse sentido temos a afirmação de Moreno:

[...] o idoso tem poder e capacidade de trabalho, podendo trazer e oferecer grandes contribuições para nossa sociedade. A diminuição da capacidade funcional não equivale a da capacidade laboral, ainda mais que as exigências físicas de muitos trabalhos foram reduzidas pelos avanços tecnológicos, permitindo inclusive o trabalho a muitos deficientes físicos.47

O artigo 26, como os demais já citados, também se aplica não só aos sexagenários, mas protege também, por sofrerem idêntico preconceito, aquelas pessoas que ainda não atingiram 60 anos de idade e são despojadas do mercado de trabalho pelo simples e só fato de não serem mais tão jovens assim.

Decorre ainda do artigo 26 que, em respeito às condições físicas dos idosos, que em muitos casos não são tão boas quanto às de um jovem, deve o empregador propiciar condições de trabalho diferenciadas para eles, ou seja, se existir na empresa empregado mais jovem que possa realizar um trabalho que exige esforços físicos, este mais novo deverá realizá-lo e não ser tal atividade incumbida ao idoso. Tal assertiva decorre da fiel obediência ao Princípio Constitucional da Igualdade que busca o tratamento desigual para os desiguais na medida de suas diferenças.

Ainda em obediência ao Princípio da Igualdade deve o empregador lotar o empregado longevo no lugar da empresa mais adequado para a realização de seu trabalho, evitando ao máximo os desgastes físicos e emocionais, já que podemos dizer que os idosos são mais suscetíveis ao estresse, portanto o ambiente de trabalho para o idoso deve ser o máximo possível adaptado às suas condições físicas.

O preconceito em desfavor dos idosos deve ser condenado e combatido no campo trabalhista quer seja na fase pré-contratual, quer na vigência do contrato e na finalização do mesmo. Na fase pré-contratual, quando se avalia as qualidades do candidato à vaga, a discriminação reside justamente em deixar de contratar pelo simples e só fato de o trabalhador ter mais idade que os demais candidatos. É justamente sobre isto que se trata no artigo 27 do Estatuto dos Idosos a seguir explícito:

Art. 27 – Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvadas os casos em que a natureza do cargo exigir.

Incorrem em desobediência ao artigo 27 os já mencionados anúncios de jornais que sem nenhuma plausibilidade inserem em seu texto limite máximo de idade para ser admitido na vaga anunciada. Esses anúncios devem ser delatados às Delegacias Regionais do Trabalho ou à Procuradoria Regional do Trabalho visando que sejam completamente rechaçados pela justiça laborista brasileira, sofrendo os responsáveis pelo anúncio a devida punição por terem discriminado os trabalhadores mais velhos.

Nesse sentido nos assegura Moreno que:

O limite de idade para o trabalho é, ainda, um sério obstáculo ao progresso humano e ao desenvolvimento do país. Provoca frustração, enfraquece as qualidades humanas da personalidade, impede o desenvolvimento das possibilidades da segunda idade, e provoca o envelhecimento precoce. É só tomarmos por base os anúncios em jornais, em que impõem limite de idade – “até 35 anos”.48

Inferimos das palavras da autora acima aludida que, como já dito, o preconceito no trabalho em razão da mais idade atinge até os que não são ainda sexagenários, estando isso visível nos anúncios, tão comuns, que impõem limite máximo de 35 anos como citou a mencionada escritora.

A Justiça do Trabalho deve ser intolerante com qualquer tipo de preconceito no mundo laborista e deve não perdoar qualquer forma de depauperação em relação ao trabalhador de mais idade e seus direitos, uma vez que o magistrado, guiado pela Constituição Federal de 1988 em sua função, deve sempre decidir em favor do respeito à dignidade da pessoa humana bem como à igualdade, que são princípios que excomungam qualquer forma de discriminação, inclusive no mundo do trabalho e em relação à pessoa de mais idade.

Em decorrência da mentalidade altamente discriminatória em relação ao trabalhador de mais idade que paira entre nós, prevalece o pensamento errôneo de que a capacidade produtiva e laborativa são ínsitas apenas aos mais jovens, desprezando-se a enorme experiência acumulada com o passar do tempo por aqueles que já alcançaram uma idade mais avançada.

É nesse contexto, portanto, que deve existir a participação atuante do Poder Público não só no intuito de coibir e punir qualquer forma de discriminação ao trabalhador idoso, como também, elaborar e divulgar campanhas públicas educativas no sentido de esclarecer a população em geral sobre as mazelas causadas pelo preconceito e sobre a grande relevância que a pessoa idosa tem e a grande contribuição que ela pode prestar através de seu trabalho à sociedade na tentativa de fazer com que o respeito assuma o lugar da discriminação.

Como exemplo, temos a Campanha da Fraternidade realizada no ano de 2003, lançada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos no Brasil), que adotou como tema “Fraternidade e pessoas idosas” e como lema “Vida, Dignidade e Esperança”, que teve como meta a mobilização nacional para que todas as pessoas idosas sejam respeitadas, valorizadas e amadas, visando conscientizar as pessoas no que diz respeito à responsabilidade de todos em relação aos idosos, esclarecer sobre os preconceitos que rodeiam os idosos na nossa sociedade para que eles sejam superados, realizar parcerias com entidades civis para unir esforços em prol da melhoria de vida do idoso brasileiro, atuar junto aos órgãos oficiais da vida pública brasileira em todas as instâncias (federal, estadual e municipal) para a promoção de programas oficiais voltados para o idoso e educar as pessoas para o envelhecimento.

Dessa maneira, não basta apenas o trabalho de repressão ao preconceito em relação ao obreiro de mais idade. Deve haver concomitantemente uma intensa conscientização da sociedade brasileira como um todo sobre a importância do trabalho para os idosos e sobre a importância do trabalhador idoso enquanto pessoa humana detentora de dignidade e de direito a tratamento isonômico em relação aos demais trabalhadores, bem como a formação de uma consciência geral de valorização à contribuição que a pessoa de mais idade, com sua experiência, vivência e sabedoria pode trazer ao ambiente de trabalho, às gerações mais novas e à sociedade de uma forma em geral.

Em relação ao parágrafo único do artigo 27 temos que:

Parágrafo único – O primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada.

Quis o legislador, tratando desigualmente os diferentes, aplicar plenamente a idéia de isonomia trazida em nossa Carta Magna. Num certame, em caso de empate, o critério a ser primeiramente observado será a idade mais elevada, ficando o candidato mais velho com a vaga. Resta claro que esse mandamento da lei decorre do fato de que para o trabalhador de mais idade é mais difícil se conseguir trabalho, pois no mercado os jovens têm maiores oportunidades de colocação. Contudo, deve-se compreender que essa previsão não deve ser