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A Lei nº 11.892/2008: um marco histórico

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3 EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO BRASIL

3.7 A Educação Profissional após a Redemocratização do País

3.7.4 A Lei nº 11.892/2008: um marco histórico

Em 29 de dezembro de 2008, o Presidente Lula sancionou a Lei nº 11.892, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e criou 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Brandão, M. (2010) ressalta que foi a primeira Lei a instituir legalmente a rede federal. De fato, um marco para a história da educação profissional que, após quase 100 anos de trajetória, conquistava uma estrutura orgânica, com potencial para alavancar os índices educacionais do país.

A respeito do significado do termo Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, Pacheco o explicada seguinte forma:

...rede, pois congrega um conjunto de instituições com objetivos similares, que devem interagir de forma colaborativa, ...tendo como fios as demandas de desenvolvimento socioeconômico e inclusão social...federal por estar presente em todo o território nacional, além de ser mantida e controlada por órgãos da esfera federal. De educação por sua centralidade nos processos formativos...profissional, científica e tecnológica...foco em uma profissionalização que se dá ao mesmo tempo pelas dimensões da ciência e da tecnologia, pela indissociabilidade da prática com a teoria (PACHECO, 2011, p.57).

A instituição da referida rede no país garantiu para cada Estado, no mínimo, 01(um) Instituto Federal. Em alguns casos, oriundo da fusão de instituições existentes na mesma unidade federativa, em outros, da implantação de uma nova instituição. Todos ligados a um único marco regulatório, seguindo os mesmos parâmetros de organização e funcionamento, com o objetivo de ampliar a oportunidade de acesso à educação a todos e contribuir para a promoção do desenvolvimento social e econômico do país.

De acordo com o art. 1º da Lei nº 11.892/2008, a rede federal de educação profissional e tecnológica insere-se no âmbito do sistema federal de ensino e está vinculada ao MEC. É composta pelas seguintes instituições, conforme os incisos do referido artigo:

I- Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia – Institutos Federais;

38 Dos 33 CEFETs existentes apenas os CEFETs de Minas Gerais e do Rio de Janeiro decidiram pela não adesão em IFET, pois ainda pleiteiam a transformação em universidade, haja vista sua atuação no ensino superior, com a oferta de diferentes cursos, quadro de professores constituído, em grande parte, por mestres e doutores, bem como realização de pesquisas (OTRANTO, 2010, p.96).

II- Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR;

III- Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET-RJ e de Minas Gerais – CEFET-MG;

IV- Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais.

Essas instituições, exceto as Escolas Técnicas Vinculadas, possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar (parágrafo único do art.1º). Em se tratando dos Institutos Federais são originários da integração voluntária de “76 instituições de educação profissional: 36 EAFs, 31 CEFETs, 8 Evs e 1 ETF” (OTRANTO, 2010, p. 105).

Ainda segundo a Lei, em seu art.2º, os Institutos Federais estão caracterizados como instituições de educação profissional e tecnológica com atuação ampla e diversificada abrangendo a educação básica, superior e profissional, a partir da oferta de cursos em diferentes níveis e modalidades de ensino. São, portanto, pluricurriculares, devido à variedade de currículos, áreas de conhecimentos e formações. E multicampi, pois cada Instituto deve possuir várias unidades, sendo cada uma delas denominada de

campus.

No âmbito de atuação da educação superior, os Institutos Federais foram equiparados às universidades federais, seguindo as mesmas normas legais quanto à avaliação, regulação e supervisão direcionadas a estas. Ademais, foi lhes conferido autonomia para criar e extinguir cursos na sua respectiva área de atuação geográfica, da mesma forma que registrar os diplomas dos cursos a que se propõe ofertar (Ibid).

Portanto, conforme determina o art.7º da Lei nº 11.892/2008, é de competência dos Institutos Federais ministrar educação profissional e tecnológica, mediante cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores; cursos de educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente, na forma integrada ao ensino médio para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos; cursos superiores de tecnologia, licenciatura, bacharelado e engenharia; cursos de pós graduação lato sensu e stricto sensu. Toda essa abrangência tem como objetivo a formação e qualificação de profissionais para os diferentes setores da economia e áreas do conhecimento.

Outro aspecto inerente a essa oferta educativa, presente no inciso III do art.6º, concerne à busca da integração e verticalização da educação básica à educação profissional e superior, a fim de otimizar recursos humanos, físicos, materiais e financeiros. Certamente, a integração de currículos de níveis de ensino distintos, sob a perspectiva de uma trajetória formativa presente no mesmo eixo tecnológico, implicará em benefícios para a instituição e para os alunos. A partir da definição dos eixos tecnológicos e seus respectivos cursos, a instituição delineia sua identidade e vocação institucional, sendo possível um planejamento mais objetivo e racional. Para os alunos, representa a oportunidade de percorrer, no âmbito da mesma instituição e do mesmo eixo tecnológico, níveis de formação diferentes, conforme seus interesses e necessidades.

Em conjugação com o ensino, os Institutos Federais devem promover atividades de pesquisa e extensão, explicitadas nos art. 6º e 7º da Lei nº 11.892/2008, haja vista o desenvolvimento de conhecimentos e soluções técnicas e tecnológicas, voltadas às reais necessidades e problemas enfrentados, sobretudo, pela localidade na qual se inserem. Nesse sentido, tais atividades configuram-se como estratégias para desenvolver nos alunos o espírito crítico, investigativo, a autonomia e a criatividade, bem como para buscar alternativas às demandas socioeconômicas locais e regionais.

art.9º da Lei nº 11.892/2008, o formato multicampi, conforme mencionado anteriormente, com proposta orçamentária anual identificada para cada campus e a reitoria, exceto nas questões relativas a pessoal, encargos sociais e benefícios aos servidores. A estrutura multicampi foi possível graças ao Plano de Expansão da Rede Federal lançado em 2006, com a implantação de novas unidades de ensino em várias cidades brasileiras, gerando o crescimento expressivo da rede federal e, por conseguinte, o aumento do número de matrículas na educação profissional e tecnológica.

Como desdobramento da criação de campi pelos municípios do país, propicia-se uma relação mais estreita entre os Institutos Federais e a região na qual estão inseridos, viabilizada pela articulação entre as ofertas educativas de cada campus com as peculiaridades e os arranjos produtivos locais. A proposta é que os Institutos possam contribuir para promover formação e qualificação dos cidadãos e, igualmente, o desenvolvimento social e econômico local (PACHECO, 2011).

Esses e outros aspectos relativos aos Institutos Federais consubstanciam o discurso do governo sobre sua relevância para o país, referendando-os como uma política pública, inserido no conjunto das políticas para a educação profissional e tecnológica. Certamente, tal caráter atribui-se tanto por sua manutenção pelo poder público central, mas, sobretudo, pelo compromisso que assumem para a promoção do desenvolvimento socioeconômico do país, mediante o diálogo com outras políticas sociais e econômicas, principalmente aquelas voltadas às demandas locais e regionais (BRASIL, 2008).

Desse modo, os Institutos Federais se colocam a serviço da sociedade, antenados com os seus problemas sociais e econômicos, tendo em vista contribuir para a superação dos mesmos, a partir da produção e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos. Com substrato em processos educativos voltados para a formação de profissionais, numa perspectiva emancipatória e transformadora. Uma nova realidade que traz para os profissionais da educação inseridos nesse contexto, novos desafios e exigências, no que tange a concepção, elaboração e execução de um projeto pedagógico que contemple a integração e verticalização de diferentes níveis e modalidades de ensino, balizadas pelas dimensões da educação, ciência, tecnologia e cultura. Um projeto de educação nos moldes do que a sociedade brasileira verdadeiramente necessita e deseja de uma instituição de educação profissional e tecnológica, que definiu como fator primordial a qualidade social.

4 ESTUDO DE CASO - AS AÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DOS PEDAGOGOS

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