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Perfil do Público Participante da Pesquisa

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4 ESTUDO DE CASO As ações e contribuições dos Pedagogos no IFAP/Campus

4.1 Perfil do Público Participante da Pesquisa

O público participante da pesquisa envolveu, além de 03 (três) pedagogos, 05 (cinco) coordenadores de curso técnico e 24 (vinte e quatro) docentes da formação geral e profissional. O levantamento do perfil desses atores relacionou aspectos como sexo, faixa etária, formação e experiência profissional na educação. Em conformidade ao princípio da ética em pesquisa, todos tiveram sua identidade mantida sob sigilo, sendo, portanto, identificados da seguinte maneira: coordenadores de curso técnico, CCT; docentes da formação geral, DFG; docentes da formação profissional, DFP; pedagogos, letras do alfabeto (A, B e C).

Quadro 1- Perfil do público pesquisado

GRUPO (nº = 32) PEDAGOGOS (Nº = 03) COORDENADOR CURSOS TÉCNICOS (Nº = 05) DOCENTES FORMAÇÃO GERAL (Nº = 13) DOCENTES FORMAÇÃO PROFISSIONAL (Nº = 11) TOTAL SEXO - Feminino 03 01 07 05 16 - Masculino -- 04 06 06 16 IDADE 25-30 01 02 01 04 08 30-35 -- 01 02 04 07 35-40 01 01 04 01 07 40-45 -- 01 04 01 06 45-50 01 -- -- 01 02 +50 -- -- 02 -- 02 GRADUAÇÃO - Licenciatura 03 -- 12 -- 15 - Tecnológico -- -- 06 06 - Bacharelado -- 05 01 05 11 PÓS- GRADUAÇÃO -Especialização 03 05 13 11 32

- Mestrado 02 04 12 09 27

- Doutorado -- 02 02 04 08

Fonte: Resultado do questionário e das entrevistas aplicados de março a julho de 2016.

Os dados evidenciam a predominância de pedagogas do sexo feminino em atuação no campus Macapá. Historicamente, essa realidade tornou-se comum nas instituições de ensino do país, uma vez que o Curso de Pedagogia, desde sua origem, foi caracterizado como uma “profissão feminina” (SILVA, K., 2011). Segundo a estudiosa, por muito tempo a profissão de pedagoga esteve associada à realização dos “serviços domésticos”, visto que suas atividades eram consideradas como o “cuidar das crianças”, trabalho semelhante aquele realizado pelas mulheres em seu lar.

Por outro lado, à frente das coordenações dos cursos técnicos predominam coordenadores do sexo masculino, sendo 03 (três) do total de 04 (quatro). Há apenas uma coordenadora do sexo feminino, que assumiu no início do ano letivo/2016, em substituição a um coordenador, do sexo masculino. Muito embora a área técnica tenha sido caracterizada como uma profissão eminentemente masculina, em parte pelos ramos de atividades profissionais e pela natureza das atividades desenvolvidas, percebe-se, atualmente, a crescente inserção das mulheres nessa área. Ressalta-se que as atividades de gestão ainda são, preferencialmente, exercidas por homens, conforme nos mostra o Quadro 1.

No grupo dos docentes, constituído por aqueles da formação geral e da formação técnica, há certo equilíbrio entre os sexos feminino e masculino. Do total de 13 (treze) DFG, 07 (sete) são do sexo feminino e 06 (seis) do sexo masculino. Por sua vez, dos 11 (onze) DFP, 05 são do sexo feminino e 06 (seis) do sexo masculino. A presença da mulher no mercado de trabalho é uma discussão em avanço na sociedade contemporânea, mas que não nos cabe discutir nesse estudo. A intenção era apenas mostrar um pequeno recorte do atual quantitativo de profissionais ligados ao ensino, do sexo feminino e masculino.

No que se refere à faixa etária, todos os sujeitos pesquisados se enquadram na classificação do IBGE (2011) como população adulta, que corresponde entre 20 a 59 anos de idade. A grande maioria possui de 25 a 50 anos de idade, tendo apenas 02 (dois) DFG com mais de 50 anos. Outro aspecto importante relacionado à faixa etária desse grupo diz respeito a sua inserção como população em idade economicamente ativa, que, segundo determina o IBGE (2011), compreende de 15 a 64 anos de idade. Portanto, o

campus Macapá possui um determinado grupo de profissionais em plena fase de

produção e, ainda, com um tempo expressivo de trabalho a ser prestado na instituição. A formação inicial do grupo sinaliza uma realidade peculiar dos Institutos: profissionais de diferentes modalidades de formação, licenciatura, bacharel e tecnólogo, e variadas áreas do saber, trabalhando em uma instituição de ensino que se propõe a ofertar cursos de formação e qualificação profissional, da educação básica à educação superior.

Também sobre o nível de formação do grupo, verificou-se um índice significativo de profissionais com titulação em mestrado no grupo dos docentes e coordenadores de curso. Ainda nesse grupo, há aqueles que estão em processo de formação em cursos do referido nível, a exemplo tem-se 01 (um) DFG e 03 (três) DFP, bem como outros em curso de doutorado, no caso 02 (dois) coordenadores de curso técnico e 06 (seis) docentes, conforme Quadro 1. No caso dos pedagogos, percebe-se o mesmo interesse visto nos demais grupos em busca de qualificação. Ressalta-se que 01 (um) está em processo de formação em curso de mestrado e 01 (um) já possui o título de mestre, obtido no mesmo programa do qual esta pesquisadora integra. Ressalta-se que

essa realidade observada no campus Macapá pode representar melhor atuação desses servidores no exercício de seus cargos e, por consequência, melhores resultados dos serviços prestados à população.

Outro aspecto importante levantado sobre o perfil do grupo participante da pesquisa diz respeito a sua atuação profissional, delimitada da seguinte forma: tempo de exercício da docência, na educação em geral e no IFAP, relacionado aos docentes e coordenadores; tempo de exercício como pedagogo, na educação em geral e no IFAP; bem como a experiência na educação profissional, considerando todo o grupo.

Figura 1 - Tempo de exercício na docência na educação em geral

Fonte: Resultado do questionário e das entrevistas aplicados de março a julho de 2016.

Figura 2 - Tempo de exercício na docência no IFAP

Figura 3 - Experiência na Educação Profissional

Fonte: Resultado do questionário e das entrevistas aplicados de março a julho de 2016.

Quadro 2 - Tempo de exercício no cargo de Pedagogo

GRUPO DE PEDAGOGOS (nº = 03) TEMPO DE

EXERCÍCIO

NA EDUCAÇÃO EM GERAL

NO IFAP RESPONSÁVEL PELO

ACOMPANHAMENTO DOS CURSOS TÉCNICOS Até 5 anos 01 02 03 5 a 10 anos 01 01 - 10 a 15 anos 01 - - Total 03 03 03

Fonte: Resultado das entrevistas aplicadas de maio a julho de 2016.

Nas Figuras 1 e 2 verifica-se que os DFG se sobressaem em relação ao tempo de exercício na docência, comparado aos DFP e aos CCT: 09 (nove) DFG têm mais de 10 (dez) anos de docência na educação (Figura 1); 10 (dez) DFG têm mais de 04 (quatro) anos lecionando no IFAP (Figura 2). Os DFP são os que têm menos tempo de magistério, sendo a maioria, 07 (sete), com até 05 (cinco) anos exercendo a docência em geral (Figura 1); 05 (cinco) DFP com apenas 02 (dois) anos em atuação no IFAP (Figura 2). Um indicador relevante sobre os 03 (três) grupos, DFG, DFP E CCT, refere-se à experiência na educação profissional, anterior ao ingresso no IFAP, conforme mostra a Figura 3. Em cada um dos grupos há um quantitativo de docentes que já trabalhou na educação profissional, um aspecto positivo pela vivência adquirida, que, de algum modo, poderá ser compartilhada com a instituição, corroborando na construção de sua identidade e proposta educativa.

Para Domingues (2014, p.66) a socialização das experiências profissionais docentes concorre para a criação de processos de “formação contínua na escola”, uma das modalidades de formação continuada em evidência no país, que visa “ao desenvolvimento profissional, teórico e prático do educador no próprio contexto do trabalho”. Nesse sentido, a “socialização profissional” representa uma ação importante para o fortalecimento da escola, haja vista favorecer entre os agentes educativos (calouros e veteranos) a troca de saberes, reflexão das práticas desenvolvidas,

construção do trabalho coletivo e, sobretudo, desenvolvimento profissional.

Em se tratando da atuação profissional dos pedagogos, constatou-se que 02 (dois) apresentam mais de 05 (cinco) anos de exercício na área, na educação em geral e um deles com mais tempo de exercício no IFAP, pois está lá desde a sua implantação, em 2010, segundo o Quadro 2. Todavia, essa servidora foi designada para o trabalho de acompanhamento pedagógico dos cursos técnicos há apenas 02 (dois) anos. Os outros dois pedagogos realizam tal trabalho há mais tempo no campus Macapá, desde que tomaram posse no respectivo cargo.

Diferentemente dos docentes e coordenadores de curso, nenhum desses pedagogos possuía experiência na educação profissional, conforme mostra a Figura 3. Muito embora a falta de experiência possa representar um aspecto negativo em algumas situações para os pedagogos, por outro lado pode ser positivo pela ausência de preconceitos, ranços e práticas tradicionais particulares dessa modalidade de ensino. Aliado a falta de experiência profissional, os pedagogos destacaram em seu processo de formação inicial a falta de densidade na abordagem dos conhecimentos específicos da educação profissional. Todavia, consideram que os estudos realizados no Curso de Pedagogia, contribuíram para uma formação pedagógica sólida que lhes permite desenvolver as atribuições inerentes ao cargo exercido no IFAP. Dois deles se formaram em universidade federal e uma em instituição privada. Ressaltaram ainda a participação em cursos de qualificação nessa modalidade de ensino, como estratégia para aquisição e aprofundamento de conhecimentos, conforme relatos abaixo:

Considero minha formação inicial satisfatória...O curso de Pedagogia me deu uma base pedagógica sólida, conhecimentos técnicos e pedagógicos da educação de uma forma geral, para atuar como pedagoga. Não tive uma disciplina específica da educação profissional. Foram contemplados alguns assuntos dessa modalidade em algumas disciplinas... Tenho participado de formação continuada sobre a educação profissional, complementando a formação inicial e contribuindo para o desenvolvimento do meu trabalho na instituição (Pedagogo A).

No geral, eu avalio minha formação inicial como satisfatória...Mas lembro que meu curso teve carências... Temas voltados para a educação profissional foram discutidos... como competências, habilidades, mundo do trabalho, mas não de forma satisfatória... faltaram mais estudos sobre essa área. A legislação da educação profissional ficou a desejar.... Tenho participado de cursos sobre educação profissional, alguns ofertados pelo Instituto e outros por conta própria (Pedagogo B).

A graduação foi satisfatória, na área da educação básica, educação infantil e ensino fundamental...Na área da educação profissional e educação de jovens e adultos a formação não foi boa, porque não contemplou estudos sobre essas modalidades de ensino...Tenho participado de cursos na área de educação profissional (Pedagogo C).

Pelo exposto, percebe-se que o curso de graduação dos pedagogos não contemplou alguns pressupostos indicados na Resolução CNE/CP nº 01/2006, em seu art.5º, que trata do perfil profissional do pedagogo, particularmente, os incisos IV, V e IX, já mencionados nesse estudo. Nesse caso, não lhes foi oportunizado estudos relacionados à teoria e prática da educação profissional, sendo imprescindível, nesse

momento, buscá-los, haja vista seu domínio, para uma atuação competente. A busca por formação continuada (Quadro 1) associada às experiências anteriores como pedagoga na área da educação em geral (Quadro 2), bem como o desejo em interagir com seus pares, entre outros fatores, podem minimizar as lacunas apontadas, contribuindo para o bom desempenho profissional das mesmas.

Conforme já mencionado, a formação continuada na escola configura-se em uma das estratégias importantes para o desenvolvimento profissional dos educadores. No caso dos pedagogos, os momentos de formação representam uma via de mão dupla, uma vez que assumem os papéis de agente e sujeito desses processos (DOMINGUES, 2014). São agentes à medida que lhes compete a posição de articulador dos encontros com os docentes, desenvolvendo a tarefa de mediar a “socialização dos conhecimentos profissionais”, numa perspectiva “crítica e reflexiva”. São sujeitos porque o processo de troca de “saberes e experiências profissionais” resultam em novas aprendizagens.

Diante dos dados apresentados, a formação continuada dos docentes do campus Macapá constitui-se em espaço profícuo para a atuação dos pedagogos, uma vez que se percebe a necessidade e relevância de estudos e discussões coletivas no referido espaço, seja pelos motivos de falta de experiência profissional por parte de uns ou de troca de experiência por parte de outros.

4.2 Planejamento e Execução das Ações Pedagógicas Voltadas aos

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