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3 O REGIME JURÍDICO DO PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO EM SEU

4.1 O Banco de Experiências e a Audiência do Plano Diretor

4.1.2 Bancos de Experiências no Paraná

4.1.2.3 Londrina: capacitação pré-revisão do Plano Diretor (2005)

A cidade de Londrina é parte de região metropolitana e possui mais de 20.000 mil habitantes – categorias que, segundo o EC, exigem a criação de PD. O Banco de Experiências de Londrina, do ano de 2005, descreve o processo de revisão do Plano Diretor, mediante o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL)367.

A primeira audiência pública, realizada na Câmara de Vereadores, data de 04 de julho de 2005, com 400 pessoas presentes, de diversos segmentos da comunidade e com participação da imprensa local – segundo o relatório, a audiência teve ampla divulgação nos diversos meios de comunicação368. Para os presentes, foi apresentado os seguintes conteúdos: i) o que é o

366 Todos os dados utilizados para este item foram retirados da ficha padrão do Banco de Experiências do

Município de Londrina. BRASIL. Ministério das Cidades. Banco de Experiências de Planos Diretores Participativos. Londrina. Disponível em: <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Experien ciasEstados/Londrina_MobilizacaoPR.pdf>. Acesso em: 11 nov. 2014.

367 BRASIL, Londrina (2014). 368 Ibid.

Plano Diretor; ii) Estatuto da Cidade; iii) proposta geral de metodologia de trabalho (gestão democrática e decisão sobre a criação de canais de participação popular). Desta forma, o IPPUL realizou, de acordo com o relatório, um processo de “mobilização e sensibilização” para revisão do PD, em três seguimentos:

(i) mobilização interna da Prefeitura; (ii) mobilização da sociedade civil organizada e (iii) mobilização da população em geral. Paralelo a este processo estavam sendo elaborados os Termos de Referência para a contratação da consultoria que elaboraria a parte técnica do trabalho. Sob a coordenação do IPPUL, o Plano Diretor seria elaborado de maneira integrada entre: (i) Poder Público; (ii) equipe consultora contratada e (iii) sociedade civil369.

A mobilização interna da Prefeitura se deu mediante capacitação de funcionários públicos, técnicos e secretários dos setores da Prefeitura e compilação de dados para a revisão do Plano. As reuniões com cada Secretaria Municipal deram conhecimento ao IPPUL de como o PD vigente era utilizado pela administração pública municipal de Londrina: “foi constatado que a maioria dos funcionários (incluindo diretores e técnicos) desconhecia o conteúdo do Plano Diretor vigente, e este não fazia parte do cotidiano da gestão”370. Ainda, de acordo com

o documento, as secretarias eram desarticuladas e apenas aquelas envolvidas com obras tinham conhecimento do PD.

O IPPUL realizou oficinas para os técnicos da prefeitura de Londrina para esclarecimento acerca do conteúdo do Estatuto da Cidade e o instrumento Plano Diretor. Organizou-se, nessas oficinas, cinco grupos de trabalhos para levantamento de dados, metas e diretrizes a serem considerados durante a criação do PDP: (i) sustentabilidade para o desenvolvimento urbano, rural e regional; (ii) infraestrutura; (iii) legislação urbana; (iv) equipamentos sociais e; (v) gestão democrática.

No relatório está expresso que os trabalhos do quinto grupo, referente à gestão democrática, não haviam iniciado suas atividades de sistematização de informações dos conselhos do município e sua relação com a gestão municipal, na época de conclusão dos relatos. Entretanto, é sinalizado que o objetivo da compilação desses dados seria auxiliar na compreensão e no enfrentamento do processo de dissolução de espaços de decisão e a fragmentação de políticas públicas371.

No segundo seguimento – mobilização da sociedade civil organizada – retira-se do documento a realização de audiência pública em 04 de julho de 2004, com objetivo de

369 Ibid. 370 Ibid.

envolver as diversas entidades, tais como sindicatos, ONGs, movimentos sociais, empresários, etc. e definir uma comissão para acompanhar a construção do PDP. Formaram-se seis grupos de trabalhos nos mesmos temas dos grupos da Prefeitura, incluindo instrumentos do Estatuto da Cidade, responsáveis por formularem proposições. Ocorre que, na data de conclusão do documento, esse segmento solicitou mais tempo ao IPPUL para concluir sua tarefa e a segunda audiência pública, da categoria sociedade civil organizada, realizou-se em dezembro de 2005.

No que se refere à mobilização da população em geral (terceiro seguimento), o IPPUL teve auxílio do Núcleo de Participação Popular (criado para desenvolver atividades referentes ao Orçamento Participativo). Desta forma, o município de Londrina foi dividido em 23 regiões e ocorreu uma reunião de debate sobre o PDP em cada uma dessas regiões e o público presente era de lideranças populares, não havendo dado acerca da quantidade de participantes. Veja-se a metodologia utilizada para as reuniões, constante do relatório:

As reuniões foram realizadas de julho até agosto de 2005, nas quais foram escolhidas, pelos próprios participantes, 03 pessoas de cada região para participar de um curso sobre Plano Diretor, Estatuto da Cidade e Participação Popular. Este curso foi preparado por Neiva Alves B. de Almeida (do Núcleo de Participação Popular), com duração de 20 horas e ministrado por técnicos do IPPUL e do Núcleo de Participação Popular. Como resultado, foram formados 40 multiplicadores. Ao final do curso, foi definido pela equipe do IPPUL e pelos participantes uma agenda de reuniões com a população de cada região da cidade (norte, sul, leste, oeste, centro e rural). Os responsáveis por mobilizar e organizar estas reuniões foram os próprios multiplicadores formados no curso. O IPPUL colaborava com o apoio técnico e logístico, levando a discussão dos temas relacionados a Plano Diretor, como Estatuto da Cidade e Participação Popular a uma grande parte da sociedade londrinense372.

O relatório é finalizado sem que todos os procedimentos (reuniões, oficinas e audiências) programados fossem realizados, uma vez que algumas dessas atividades ocorreriam no ano de 2006. Nesse ponto, há um rompimento de informação que acaba por dificultar a análise qualitativa, tendo em vista que somente com todos os dados desta experiência seria possível afirmar de forma conclusiva seu papel na construção do PDP de Londrina. Entretanto, como já mencionado anteriormente, a coleta de informações por parte do Ministério das Cidades optou por selecionar também experiências em curso na época da sistematização das fichas de cada município.

De todo o modo, o relatório informa, na seção recomendações, alertas e aprendizados, que as experiências ali relatadas contribuíram para o fortalecimento da participação popular, ocorrida em momento anterior à contratação da equipe de consultoria (responsável pela

elaboração do PDP), com objetivo de monitoramento e qualificação do processo de maneira coletiva. Dos métodos utilizados para abordagem da temática com a população e funcionários da Prefeitura, as dinâmicas de teatro e criação de cidades em papel auxiliaram na produção de conhecimento de maneira diversificada. Fala-se ainda que, mesmo com orçamento baixo foi possível garantir a gestão democrática contínua, nas etapas concluídas, mediante estrutura existente na Prefeitura.

O Plano Diretor de Londrina foi aprovado em 29 de dezembro de 2008, Lei 10.637/2008373. Posteriormente, foram realizadas 06 conferências para aprovação das minutas das leis complementares do Plano Diretor, nas seguintes temáticas: usos e ocupação do solo, parcelamento do solo, Código de Obras, Código Ambiental e Lei do Perímetro Urbano, Código de Posturas e Lei de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural, todas no ano de 2010374, de acordo com as informações disponíveis no sítio eletrônico da Prefeitura.