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Marca universitária, financiamento e incubação como ligação à organização mãe

Capítulo 5 – Caracterização e funções dos organismos legais e universitários envolvidos na

5.5. Marca universitária, financiamento e incubação como ligação à organização mãe

A transferência de uma patente para uma nova empresa que possui um modelo de negócios baseado na exploração da patente universitária, pode traduzir-se numa spin-off universitária com a marca da universidade de onde a patente é originária. A Universidade do Minho possui a marca “Spin-off da Universidade do Minho”, enquanto a Universidade do Porto concede por sua vez a chancela “Spin-off U. Porto”. No caso da Universidade do Minho, a concessão da marca está dependente da spin-off ter o estatuto de spin-off da universidade. A partir do momento em que esta é considerada uma spin-off da universidade, adquire automaticamente a marca “Spin-off da Universidade do Minho.”

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Tabela 7 - Itens Critérios de Concessão da Marca da Universidade (CCMU) e Validade da Marca (VM)

TeMinho UPIN

CCMU  Ausência de critérios para a concessão da marca;  Usa da marca está dependente de ter o estatuto da

Universidade.

 Regulamento de concessão da marca;

 Empresa constituída por membros ou ex-membros da Universidade onde exista um contrato de base tecnológica;

 Conhecimento avançado e ligação com a empresa;

VM  Não existe limite, apesar do apoio está focado na fase inicial da spin-off.

 Indefinidamente.

De acordo com a tabela 7 no item CCMU, o estatuto de spin-off da Universidade do Minho é concedido quando a spin-off tem uma ligação com a universidade, estando concretamente a explorar conhecimento ou tecnologia da universidade. Deste modo, a spin- off passa a ter o estatuto de spin-off da Universidade do Minho, sendo-lhe concedida a marca desta universidade. Por seu lado, a Universidade do Porto, de acordo com a tabela 6 no item CCMU, a concessão da chancela “Spin-off U. Porto” está sujeita a critérios estabelecidos no regulamento específico para a concessão da chancela. Para que uma empresa possua a chancela da universidade é necessário que esta seja “constituída por membros ou ex-membros da Universidade do Porto no qual existe um contracto de base tecnológico, ou seja, não é qualquer tipo de empresa, em qualquer actividade. Pressupõe-se que existe aqui algo de conhecimento que seja mais avançado do que existe no mercado em geral e que tenha vínculos de colaboração com a universidade” (Engenheira Maria Oliveira). Ao contrário do que acontece na Universidade do Minho, na Universidade do Porto a chancela “Spin-off U. Porto” está sujeita a um regulamento próprio, não dependendo apenas do envolvimento de qualquer tipo de conhecimento da universidade, mas antes do envolvimento específico de conhecimento tecnológico da academia. A concessão da chancela passa ainda por um processo burocrático que após uma análise e a elaboração de um parecer pela UPIN, é reunida uma comissão de acompanhamento que delibera sobre o parecer e atribui ou não a chancela. A concessão da marca mostra-se mais fácil na Universidade do Minho, pois na Universidade do Porto existe actualmente apenas uma spin-off com a chancela Spin-off U. Porto, apesar de todas as outras usufruírem do apoio e laços da UP. Nas duas universidades, o uso da marca é

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por tempo indefinido, não existindo um limite temporal estabelecido para a spin-off deixar poder usar a marca da universidade. Tal facto pode ser constatado no item VM dos dois organismos na tabela 7.

O financiamento, uma das peças mais importantes da evolução da spin-off, habitualmente não é feito pela Universidade do Minho ou do Porto. A TecMinho investe na spin-off através do tempo que emprega com os empreendedores no aconselhamento e elaboração de candidaturas (item FS da TecMinho, tabela 8).

Tabela 8- Itens Financiamento da Spin-off (FS), Pagamento do Financiamento (PF) e Função do Gabinete no Financiamento Externo (FGFE)

TecMinho UPIN

FS  TecMinho não financia, salvo excepções como o Concurso de Ideias onde são concedidos prémios;

 Investimento é feito em tempo não paga na elaboração de candidaturas.

 Não financia.

PF  Acordos parassociais antes da entrada de capital;  Decisão e comprometimento da spin-off;

 Aconselhamento e intermediação da TecMinho nas negociações.

 Não interfere.

FGFE  Informação e intermediação do empreendedor e dos programas;

 Elaboração do plano de negócios e posterior escolha do financiamento mais adequado;

 Decisão final é do empreendedor.

 Estabelecem contacto entre os promotores da spin-off e capitais de risco, business angels ou outro tipo de financiamento.

Com a excepção do Concurso de Ideias que realizam, onde é atribuído um prémio monetário, a TecMinho informa sobre entidades e programas de financiamento, ajudando na elaboração de planos de negócios (item FGFE da TecMinho, tabela 8). Contudo, a spin-off é quem decide qual o financiamento adequado e o tipo de acordo parassocial com que se compromete. Quando a spin-off o pede, a TecMinho intermedeia os acordos parassociais e aconselha sobre este, mas tal como a UPIN, não interfere na decisão final da spin-off (item PF da TecMinho e da UPIN, tabela 8). À semelhança da TecMinho e da UM, a UPIN e a UP, não financiam as spin-offs universitárias. A UPIN, assim como os Serviços de Cooperação da FEUP, informam apenas as spin-offs sobre capitais de risco, business angels e outros tipos de

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financiamento que poderão interessar, pondo em contacto os promotores da spin-off e os possíveis financiadores (item FGFE da UPIN, tabela 8).

O aparecimento de uma spin-off traz consigo um conjunto de necessidades, nomeadamente a localização destas. Tendo em conta que esta spin-off tem origem académica, sendo que por vezes os seus fundadores são docentes e investigadores da universidade, esta acaba por ajudar no primeiro momento de incubação. Apesar, das estruturas anteriormente referidas – TecMinho e UPIN - prestarem auxilio às spin-offs durante a sua incubação, não são estas estruturas as responsáveis pelos processos de incubação.

Tabela 9- Item Período de Incubação (PI), Local de Incubação (LI) e Pagamento dos Serviços e Infra-estruturas (PSI)

TecMinho UPIN

PI  Pré – incubação dentro do campus;  Três anos aproximadamente na incubadora

universitária.

LI  Dentro do campus – inicialmente;

 Incubadora universitária, SpinPark – fase de desenvolvimento;

 Liberdade de escolha da spin-off no local de incubação pretendido.

 Liberdade de escolha do local de incubação da Spin-off ;

 Universidade tem incubadora própria: UPTEC.

PSI  Spin-off paga própria incubação. 

A Universidade do Minho, bem como a Universidade do Porto não possuem espaços de incubação dentro do campus, no caso da UM, ou dentro da Faculdade, no caso da UP. Nas entrevistas realizadas nestas duas universidades, a TecMinho e UPIN deixaram claro que não tinham funções relacionadas com a incubação da spin-off, fazendo contudo referência que as necessidades inicias da spin-off no que diz respeito à incubação, são por vezes satisfeitas através da cedência de uma sala ou do acesso a um laboratório. Nestes casos, a entidade que decide sobre essa cedência e esse acesso são os departamentos (UM) ou as faculdades (UP) envolvidos no processo. Com a evolução da spin-off e o aumento de necessidades de infra- estruturas, a spin-off procura estruturas que tenham o que precisa, nomeadamente incubadoras. A TecMinho e UPIN não interferem nesse processo de escolha ficando ao critério de cada spin-off o melhor local a incubar. No que diz respeito às universidades, estas

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possuem uma incubadora onde a spin-off pode ou não incubar. A Universidade do Minho tem o SpinPark situado dentro do AvePark, que se localiza nas Caldas das Taipas. Este situado entre Braga e Guimarães, cidades onde estão localizados os dois campus da Universidade do Minho, tem espaços mobilados para aluguer, bem como protocolos de formação, contabilidade, apoio jurídico e procura de financiamento. O pedido de incubação fica a cargo da própria spin-off, sendo esta quem paga a sua estadia no SpinPark (item PSI da TecMinho, tabela 9). A Universidade do Porto, por sua vez, tem um Parque de Ciência e Tecnologia no Pólo da Asprela no Porto, sendo este parque gerido pela UPTEC (item LI da UPIN, tabela 9). Situado o Parque perto da Faculdade de Engenharia, os Serviços de Cooperação da FEUP assumem que esta localização foi estratégica: “Não foi uma coisa ocasional. Não foi porque havia espaço disponível, foi claramente uma estratégia. Foi… Se é uma instituição que se vai dedicar à criação de empresas de base tecnológica ou pelo menos à incubação de empresas de base tecnológica, onde é que está a tecnologia? A tecnologia está junto às faculdades técnicas, onde está o conhecimento técnico” de acordo com o Doutor Pedro Coelho ( item Relação com Incubadora Universitária, tabela 10).

Tabela 10 - Item Relação com Incubadora Universitária

Serviços de Cooperação da FEUP

Relação com Incubadora

Universitária

 Proximidade geográfica e de contactos;

 Incubadora próxima da Faculdade técnica e dos seus investigadores.

A proximidade geográfica entre a Faculdade de conhecimento técnico e a incubadora tecnológica promove não só uma rápida deslocação, mas contactos entre as estruturas de forma mais célere. Ao contrário do que acontece na Universidade do Minho, os académicos fundadores da spin-off podem deslocar rapidamente entre o seu local de trabalho e a incubadora da sua empresa.

5.6. Conclusão

Este capítulo teve como objectivo apresentar e discutir as normas e os agentes no processo de patentear a invenção e transferi-la. A análise numa primeira fase apresentou as

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informações obtidas do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), onde foi apresentada a definição de patente, onde está clara a necessidade de existir um carácter técnico e de aplicação industrial do que foi inventado. Foram apresentadas as diferentes etapas do pedido de patente bem como o INPI como organismo que concede a patente em Portugal, bem como a European Patente Convention, a convenção em vigor para a concessão da patente em grande parte da Europa, e a Patent Cooperation Treaty como a via de internacionalização da patente.

Contudo, uma invenção em âmbito académico está sujeita ao regulamento de propriedade intelectual da universidade onde surgiu a nova tecnologia, tendo neste sentido a Universidade do Minho e do Porto códigos próprios. Os códigos das duas universidades são semelhantes, declarando a universidade como titular de todo o conhecimento gerado na academia, sendo todavia, o autor da invenção conhecido como tal. Em ambas as universidades existem organismos de apoio à transferência de tecnologia e empreendedorismo, diferindo estas no seu carácter. A TecMinho é o organismo de apoio da UM, enquanto a UPIN é o organismo de apoio da UP, sendo a primeira uma associação independente e a segunda um departamente da reitoria. Destaca-se a existência de organismos internos de apoio nesta área dentro de algumas faculdades da UP, como é o exemplo dos Serviços de Cooperação da FEUP. São estes organismos que elaboram parceres sobre o pedido de patente dos inventores, apesar da Reitoria de cada universidade ser a decisora no processo. O processo de transferência da patente é semelhante nas duas universidades, licenciando-se exclusivamente a patente a uma empresa constítuida, mediante o pagamente de royalities estabelecidos e dos custos de protecção da patente, até então pagos pela universidade. A UM e UP não fazem qualquer tipo de financiamento nas spin-offs, tendo os organismos universitários de apoio uma funções de intermediários no processo. A concessão da marca universitária da UM é automática assim que a spin-off é considerada spin-off da universidade, enquanto a concessão da chancela de UP está sujeita a critérios mais específicos. Nenhuma universidade faz investimentos financeiros na spin-off, tendo os organismos universitários a função de encaminhar para financiadores mais adequados a cada empresa. Por fim, as universidades possuem incubadoras próprias onde as spin-offs podem escolher incubar ou não incubar. A incubadora da UP localiza-se estrategicamente junto a uma das faculdades de conhecimento técnico – FEUP, que não acontece no caso da incubadora da UM.

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Capítulo 6 – Determinantes das spin-offs universitárias, como casos de