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Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil,

PERÍODO DE 1970 A

2. Materiais e métodos

Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizados dados pluviométricos diários obtidos da rede de postos da Agência Nacional de Águas (ANA), através do portal “hidroweb” (http://hidroweb.ana.gov.br/), sendo selecionadas as informações do posto de Rio Branco (INMET). Os dados foram organizados e tabulados com a finalidade de se obter primeiramente os totais mensais e posteriormente os totais anuais, para a obtenção do Índice de Anomalia de Chuva (IAC) da série histórica (1970/2014). Este índice proporciona analisar a frequência que ocorrem os anos secos e chuvosos e a intensidade destes eventos, avaliando o seu grau de severidade e duração, através das seguintes fórmulas:

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2) Anomalia negativa

Nas equações utilizadas, N corresponde a precipitação total (mm) do ano que será gerado o IAC; , representa à média (anual) da série histórica (mm); equivale a média das dez maiores precipitações anuais da série histórica (mm); e compreende a média das dez menores precipitações anuais da série histórica (mm).

Diante disto, as anomalias positivas e negativas são representadas respectivamente por valores acima da média e abaixo da média, e seus graus de intensidade podem ser avaliados segundo a tabela 2.

Tabela: Classes de intensidade do Índice de Anomalia de Chuva

Índice de Anomalia de Chuva

Faixa do IAC Classe de intensidade Maior que 4 Extremamente úmido

0 – 2 Úmido

0 a -2 Seco

-2 a -4 Muito seco

Menor que -4 Extremamente seco

FONTE: Adaptado de Araújo et al. (2007)

Após aplicar o Índice de Anomalia de Chuva na série correspondente a Rio Branco (1970/2014), os resultados foram comparados com as informações disponibilizadas sobre a ocorrência e a intensidade do fenômeno ENOS na página do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

3. Resultados e discussões

Uma das causas nas mudanças de temperatura global para Molion (2008) é a variação na frequência de ocorrência do fenômeno ENOS, que interferem na precipitação. Esse processo relaciona-se diretamente com a ODP, que para Mantua et al. (2002) e Molion (2005;2008) apresentam duas fases distintas. Os

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autores admitem que a última fase fria ocorreu no período de 1947-1976. Esta fase é assinalada por anomalias negativas da TSM no Pacífico Tropical e, concomitantemente, anomalias de TSM positivas no Pacífico Extratropical em ambos os hemisférios. Em sua fase quente, que ocorreu no período de 1977- 1998, apresenta um aspecto contrário, ou seja, com anomalias de TSM positivas no Pacífico Tropical e negativas no Pacífico Extratropical. Na figura 1 é possível identificar os períodos em que ocorreu cada uma das fases da ODP, no período entre 1990 e 2000. Ademais, há indícios de uma nova fase a partir de 1999, porém Molion (2005) afirma que o período ainda é muito curto para caracterizar uma nova ODP.

Figura 1: Série temporal do Índice da Oscilação Decadal do Pacífico.

Fonte: Molion (2005)

Através da figura 2 destacam-se os anos de 1986, que foi influenciado por um El Niño moderado, e 2012, que após a aplicação do IAC configuraram-se como extremamente úmidos. Nestes anos, houve a precipitação de 2442,5mm e 2589,8mm, respectivamente. Os anos de 1988 e 1998 foram influenciados por El Niño moderado sucedido de La Niña Forte e El Niño forte, respectivamente, configurando-se como “muito úmidos”. Em 1988 o volume pluviométrico correspondeu a 2340,1mm, enquanto em 1998 foi de 2296,1mm. Os anos classificados como “úmido” são: 1971 (La Niña moderada), 1977 (El Niño fraco), 1978 (El Niño fraco), 1984 (La Niña fraca precedida de um El Niño forte), 1985 (La Niña fraca sucedido de um El Niño moderado), 1989 (La Niña forte sucedido de um El Niño forte), 1990 (El Niño forte), 1993 (El Niño forte), 1994 (El Niño moderado), 1997 (El Niño forte), 1998 (El Niño forte), 1999, 2004 (El Niño fraco), 2006 (El Niño fraco), 2009 (El Niño fraco), 2013 (estabilidade) e 2014 (estabilidade).

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No que tange aos “anos secos”, apenas o ano de 1970, que foi influenciada pela ação de uma La Niña moderada, configurou-se como ano extremamente seco, quando precipitaram 1531,3 mm, ou seja, um valor 30% menor que a média histórica. Sob a perspectiva de anos “muito secos”, configuram-se nesta classificação os anos de 1972 (El Niño forte precedido de uma La Niña moderada), 1974 (La Niña forte), 1979 (El Niño fraco), 1980 (El Niño fraco), 1983 (La Niña fraca precedida de um El Niño forte), 1987 (El Niño moderado), 1991(El Niño forte), 1995 (El Niño moderado sucedido de uma La Niña fraca), 2000 (La Niña moderada), 2005 (El Niño fraco) e 2011 ), 2011 (La Niña fraca). E os anos classificados como secos são: 1973 (El Niño forte), 1975 (La Niña forte), 1976 (La Niña forte sucedido de um El Niño fraco), 1982 (El Niño forte), 1992 (EL Niño forte), 1996 (La Niña fraco), 2001 (La Niña moderado), 2002 (El Niño moderado), 2003 (El Niño moderado), 2007 (La Niña forte precedido de um El Niño fraco), 2008 (La Niña forte) e 2010 (El Niño fraco).

Figura 3: Índice de Anomalia de Chuva em Rio Branco/Acre (1970/2014).

Semelhante à figura 1, após utilizar a variação do Índice Multivariado de ENOS (IME), entre 1950 a 2010, Molion mostrou que a frequência de eventos El Niño (La Niña) foi maior durante a fase quente (fria). Assim, constata-se que a partir do final da década de 1990 a atividade de La Niña se mostra mais significativa que a do fenômeno El Niño. Ainda conforme Molion (2005) especula-se que a fase ou predomínio de La Niña possa continuar até aproximadamente o ano de 2025, com consequente aumento da frequência de eventos La Niña e possível redução de eventos El Niño.

-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5 1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978 1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Ín d ic e d e an o m al ia d e C h u va

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Física Aplicada. Teresina- Piauí. Home: http://www.ojs.ufpi.br/index.php/equador 4. Considerações finais

A aplicação do Índice de Anomalia de Chuva ao conjunto de dados da cidade de Rio Branco (1970/2014) permitiu constatar que os valores positivos e negativos apresentaram uma forte relação com os anos e principalmente com o caráter sazonal sob a ação da fase positiva e negativa, respectivamente, do fenômeno ENOS. Além do que, quando o conjunto de valores obtidos pelo IAC foi comparado com a fase quente e fria da Oscilação Decadal do Pacífico encontrou-se forte relação entre os eventos, inclusive considerando a ocorrência de seus eventos extremos positivos e negativo. Apesar de autores como Molion (2005) afirmarem que após 1999 corresponde a um período ainda muito curto para caracterizar uma nova ODP, observa-se que após esta data por meio da aplicação do IAC parece indicar uma possível tendência a uma nova fase negativa da ODP.

4. Referências

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A INFLUÊNCIA DO LAGO DA UHE DE PASSO FUNDO (RS) NAS