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CONTENDAS, MERUOCA – MASSAPÊ – CE MARCELO HENRIQUE VIANA SOARES

2. Metodologia de trabalho

A Sub-bacia do riacho Contendas está situada no noroeste do estado do Ceará, em parte dos municípios de Meruoca e Massapê, e compreende uma área de aproximadamente 111 Km2 (Figura 1).

Figura 1 - Mapa de localização da área de estudo

Fonte: Adaptado com base em IBGE, 2014 e USGS, 2014.

A área de estudo foi delimitada em Sistemas de Informações Geográficas, a partir de dados topográficos da missão Shuttle Radar Topographic Mission (SRTM), obtidos no site do United States Geological Survey (USGS, 2014) com resolução espacial de 30 m. Conforme USGS (2014), esses dados foram adquiridos em 11/02/2000 e publicados em 23/09/2014. Por meio desse produto, também se gerou a rede de drenagem e os valores de declividade do terreno.

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Na etapa inicial de processamento das imagens, utilizou-se o software livre gvSIG, empregando o complemento Sextante, por meio de suas ferramentas para processos hidrológicos (basic hydrologycal analysis) para a delimitação da sub-bacia e da rede de drenagem. Os procedimentos usados foram à eliminação de depressões na imagem, geração do PI (plano de informação) do acúmulo de fluxo, gerar a rede de drenagem e sub-bacias, vetorização e seleção dos polígonos das sub-bacias pertencentes ao riacho Contendas.

Posteriormente, fez-se a exportação dos dados da drenagem e do limite da sub-bacia no formato shapefile para o software livre QGIS. Neste programa foi feito a identificação das nascentes por meio da extração dos nós da rede de drenagem. Para calcular a declividade da área de estudo, fez-se a geração desta variável por meio dos dados SRTM, utilizando-se a ferramenta análise de terreno. Por fim, realizou-se a reclassificação da imagem por meio do uso da calculadora Raster, de forma a separar as áreas com declive superior a 100%.

As categorias de APP’s na área de estudo foram identificadas tendo como referência o Código Florestal (BRASIL, 2012), de acordo com seu capítulo III, seção I do Art. 4º:

I – as faixas marginais de qualquer curso d`água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d`água de menos de 10 (dez) metros de largura;

II – nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados olhos d`água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 m de largura;

III – nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 100% ou 45°, na sua linha de maior declive.

Assim, a partir do conhecimento dos limites de APP’s a serem aplicadas em cada categoria, fez-se o uso da ferramenta de buffer (mapa de distâncias), considerando-se 30 m para a rede de drenagem e 50 m para as nascentes. Para delimitar as APP’s de encostas, fez-se a vetorização da imagem de declividade para em seguida extrair apenas os polígonos com valores de declive acima de 100%.

Uma vez concluídos os produtos gerados em laboratório, realizou-se levantamento de campo para verificar possíveis impactos ambientais

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decorrentes das formas de uso e ocupação que ocorrem nas APP’s delimitadas.

4. Resultados e Discussão

A Figura 2 apresenta a localização dos três tipos de categorias de APP’s identificados na Sub-bacia do riacho Contendas: a) nas encostas, b) em torno das nascentes, c) nas margem dos cursos d’água.

Figura 2 - Localização das APP’s delimitadas na área de estudo.

Fonte: Soares, 2015.

Na análise das APP’s das encostas, verificou-se que estas se concentram na parte central da sub-bacia, apresentando afloramentos rochosos e variedades no porte da vegetação (Figura 3).

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Figura 3: Vegetação preservada em APP’s de encostas.

Fonte: Soares, 2015

Nas APP’s das nascentes foram constatadas apenas pequenas alterações na cobertura vegetal. Isso pode ser interpretado por se tratarem de áreas de difícil acesso, geralmente com declive acentuado.

Nas APP’s dos cursos d’água, foi onde foram identificados os maiores problemas de degradação ambiental, principalmente no trecho da cidade de Massapê. Entre os problemas observados, constatou-se: a) a retirada da cobertura vegetal de mata galeria, b) instalação de residências no seu entorno (principalmente por famílias de baixa renda) e c) lançamento de esgoto doméstico e lixo nas margens dos canais e no leito (Figura 4).

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Figura 4: Impactos ambientais na APP do curso d’água em trecho na cidade de Massapê.

Fonte: Soares, 2015 5. Conclusões

O uso de Geotecnologias com o apoio em levantamentos de campo propiciou a delimitação e a análise das APP’s da Sub-bacia hidrográfica do riacho Contendas, bem como o reconhecimento dos impactos ambientais. Assim, o uso dessa metodologia permitiu obter resultados precisos com baixo custo, tendo em vista a disponibilização dessas ferramentas de forma gratuita.

Em decorrência dos problemas identificados, é necessária a tomada de medidas de recuperação da cobertura vegetal, principalmente por meio de práticas de reflorestamento e de educação ambiental junto às comunidades da área urbana de Massapê.

Referências

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EMBRAPA. Geotecnologias e Geoinformação: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Editores técnico: Sérgio Gomes Tôsto ... [et al.]. – Brasília, DF : Embrapa, 2014. 248 p. : il. – (Coleção 500 Perguntas, 500 Respostas).

Florenzano, T.G. Geotecnologias na Geografia Aplicada: difusão e acesso. Revista do

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ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA A PARTIR DE DADOS SRTM: MUNICÍPIO