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TEORES DE NPK EM PLANTAS DE ARROZ VERMELHO SOB DOSES DE BORO E FÓSFORO

3. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado em casa de vegetação, no Departamento de Solos e Engenharia Rural da UFPB- CCA, localizado no município de Areia-PB. A unidade experimental foi composta por uma caixa plástica de tampa perfurada, revestida com papel laminado e com capacidade para onze litros, contendo cada caixa onze plantas de arroz vermelho. Os tratamentos constaram de doses de: 0,135; 0,270; 0,540 e 1,080 mg L-1 de B e, 15,50 e 62,00 mg L-1 de P, utilizando-se como fontes o H3BO3 e o

(NH4)H2PO4, respectivamente; sendo fornecidos às plantas por meio de solução nutritiva. As doses de

boro e fósforo são equivalentes às sugeridas por Hoagland e Arnon (1950). A solução nutritiva utilizada no experimento foi à solução modificada por Epstein & Bloom (2004), composta por água destilada e pelos reagentes químicos nas formas p.a.: KNO3, Ca(NO3)2.4H2O, (NH4)H2PO4, MgSO4.7H2O, KCl,

H3BO3, MnSO4.H2O, ZnSO4, CuSO4, H2MoO4 e FeSO4-EDTA. O delineamento experimental utilizado foi

inteiramente casualizado, distribuídos em esquema fatorial 4 x 2 (4 doses de boro, 2 doses de fósforo), com onze plantas por tratamento. A aeração das caixas foi realizada com o auxílio de “bombinhas” de aquário de 60 Hz, para o suprimento de oxigênio para as plântulas. O volume da solução nutritiva foi completado com água destilada diariamente e renovada semanalmente.

As sementes de arroz vermelho cv. crioula, foram colocadas para germinar em bandejas plásticas, contendo substrato de areia lavada. As plântulas foram transplantadas após apresentar três pares de folhas para recipientes contendo a solução nutritiva, inicialmente, com 1/5 da força da solução

normal sendo que a partir da segunda semana a solução recomendada passou a ter a quantidade total para 11 litros. O pH variou entre 5,0 e 6,0. A coleta do experimento foi realizada aos 42 dias após a germinação – DAG, onde se realizou a separação da parte aérea e raízes. Em seguida, foram secas em estufa a 65°C até peso constante, para determinação dos teores de N, P, K e B, conforme metodologia descrita por TEDESCO et al. (1995). Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade e para as doses de B os dados foram submetidos à análise de regressão polinomial. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados apresentados na tabela 1 revelam diferenças estatísticas para o teor de P e K na parte aérea e na raiz. Os teores de N na parte aérea e na raiz não foram significativos estatisticamente a 5% de probabilidade pelo teste F. Para o teor P na parte aérea a dose de 62 mg L-1 apresentou valores superiores, no entanto, foram muito acima do exigido pela cultura do arroz, causando toxidez. Já o teor de K na parte aérea foi maior na dose de 15,5 mg L-1, porém os valores apresentados estão na faixa recomendada para a cultura do arroz. Para o teor de N e K na raiz não houve diferenças significativas, tanto em relação às doses de P quanto as doses de B, entretanto, os valores de P na raiz apresentaram maiores valores com a aplicação da dose de 62 mg L-1.

Tabela 1. Teores de NKP na parte aérea e na raiz de plantas de arroz vermelho cultivado em solução

nutritiva em diferentes doses de fósforo. Doses de P (mg L-1) Teor de N na parte aérea (g kg-1) Teor de P na parte aérea (g kg-1) Teor de K na parte aérea (g kg-1) Teor de N na raiz (g kg-1) Teor de P na raiz (g kg-1) Teor de K na raiz (g kg-1) 15,50 44,99ª 5,18b 49,07ª 24,78a 4,10b 18,25a

62,00 44,8ª 54,34ª 47,34b 24,02a 60,25a 22,44a

*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem estatisticamente a (P<0,05) de probabilidade pelo teste F.

As análises de variância mostraram que houve interação entre as doses de P e de B nas variáveis, teor de P na parte aérea, teor de K na parte aérea e teor de B na parte aérea e na raiz, sendo analisando nestas o desdobramento da regressão. Para o teor de P na parte aérea observa-se na Figura 1 que o teor de P adequou-se ao modelo linear de regressão, na dose de 62 mg L-1 de P, havendo decréscimo do teor de P na parte aérea com o aumento da dose de boro na solução, alcançando o valor mínimo na maior dose de boro que foi de 46,98 g kg-1. Na dose de 15,5 mg L-1 de P, as doses de B não influenciaram no teor deste elemento na parte aérea, obtendo-se média de 5,18 g kg-1. Vale salientar que o teor de P na parte aérea na dose de 62 mg L-1 que está muito acima do recomendado e provavelmente provocou efeitos maléficos ao crescimento das plantas. Tendo em vista que os teores considerados como adequados variam entre 0,5 e 3,0 g kg-1 de matéria seca (MALAVOLTA, 1980, MALAVOLTA et al., 1989, PAIS e JONES JÚNIOR, 1996, FURLANI, 2004).

Estes resultados indicam que doses acima de 15,5 mg l-1 elevam o teor de fósforo na parte aérea para quantidades tóxicas, isso porque o P em solução estando disponível a planta absorve sem seletividade, ocasionando em intoxicação na planta (MALAVOLTA, 2006).

Erro! Vínculo não válido.

Figura 1. Teor de P na parte aérea de arroz vermelho cultivado em solução nutritiva nas doses de 15,5

mg L-1 (y1) e 62 mg L-1 (y2) de fósforo, em função das doses de boro.

Para os teores de K observa-se na Figura 2 que houve ajuste ao modelo linear de regressão na dose de 15,5 mg L-1 de P, com a queda do teor na parte aérea a medida que se eleva as doses de B, no entanto, de acordo com Malavolta (1980), Malavolta et al., (1989), Pais; Pais Júnior (1996) e Furlani (2004) os valores estão na faixa ideal para o crescimento e desenvolvimento das plantas de arroz vermelho. Na dose de 62 mg L-1 de P não houve diferenças estatísticas com média de 47,34 mg L-1 de K, na folha.

y1 = -4,9416x + 51,569 R² = 0,9191 y2 = 47,34 45 46 47 48 49 50 51 52 0 0,135 0,27 0,405 0,54 0,675 0,81 0,945 1,08 Te o r d e K ( g kg -1) Doses de B

Figura 2. Teor de K na parte aérea de arroz vermelho cultivado em solução nutritiva nas doses de 15,5

mg L-1 (y1) e 62 mg L-1 (y2) de fósforo, em função das doses de boro.

O teor de boro na parte aérea apresentou diferenças estatísticas para as doses de boro na dose 15,5 e 62 mg L-1. Na dose de 15,5 mg L-1 houve um comportamento quadrático com um aumento do teor de boro na parte aérea até a dose de 0,61 mg L-1, com teor máximo de 289,39 mg kg-1 de matéria seca da parte aérea. Na dose de 62 mg.L-1 houve comportamento quadrático com a menor de dose de 0,43 mg L-1, aumentando o teor de B na parte aérea a partir desta dose, alcançando o teor máximo de 286,04 mg kg-1 de matéria seca (Figura 3).

Erro! Vínculo não válido.

Figura 3. Teor de B na parte aérea de arroz vermelho cultivado em solução nutritiva nas doses de 15,5

mg L-1 (y1) e 62 mg L-1 (y2) de fósforo, em função das doses de boro.

Furlani et al. (2003), trabalhando com trigo observaram que as concentrações de B aumentaram na parte aérea conforme o aumento da dose aplicada deste nutriente, atingindo até 318 mg kg-1 de MS nas folhas com a aplicação de 2,0 mg L-1 de B em solução nutritiva. O nível crítico de deficiência de B no trigo foi de 25 mg kg-1 na parte aérea e o limite crítico de toxicidade variou de 44 a 318 mg kg-1, dependendo da cultivar.

Para o teor de boro na raiz, a análise de regressão do desdobramento do fator concentração de boro apresenta significância. Onde se observa que para as duas concentrações de boro chega a um maior acúmulo de boro na raiz a partir de uma dose de 0,54 mg L-1 com um acumulo de 90 mg kg-1 de B o que segundo Oosterhuis, (2001) considera que em geral, o nível crítico para deficiência de B está entre 0,4 mg Kg-1 e 0,55 mg Kg-1 (Figura 4).

Erro! Vínculo não válido.

Figura 4. Teor de B na raiz de arroz vermelho cultivado em solução nutritiva nas doses de 15,5 mg L-1 (y1) e 62 mg L-1 (y2) de fósforo, em função das doses de boro.

Estes resultados ocorrem porque o boro é exigido em pequenas quantidades pela cultura do arroz, exigindo-se cautela na aplicação por ser o intervalo de deficiência e toxidez bastante estreito (Scivittaro & Machado, 2004) uma vez que a toxidez pode ser constatada com baixos níveis (Fageria,

1999). Corrêa et al., (2006), utilizando doses de B no solo em diferentes variedades de arroz observaram efeito prejudicial em doses a partir 6 mg dm-3.

5. CONCLUSÕES

x A dose de 62 mg L-1

de P foi responsável por altos teores de P na parte aérea, provocando efeito tóxico as plantas.

x A dose de 62 mg L-1

de P aliado ao aumento das doses de B provoca uma queda no teor de K na parte aérea das plantas de arroz vermelho.

x Doses de P acima de 15,5 mg L-1

provoca altos teores de P na planta, causando toxidez nas plantas.

x O B influencia os teores P e K na parte aérea do Arroz vermelho. 6. REFERÊNCIAS

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