• Nenhum resultado encontrado

RESGATE DA LAVOURA DO SISAL (Agave sisalana, Perrine) NO CURIMATAÚ/SERIDÓ PARAIBANO MITO OU REALIDADE?

4. RESULTADOS E DICURSSÕES

Em uma produção de sisal os principais atores são o proprietário e seus trabalhadores. No sítio Olho Dഺágua do Dedo o proprietário também é dono de um dos motores responsáveis pela extração da fibra na época da colheita.

A época da extração da fibra varia de acordo com o período das chuvas, mas geralmente começa em maio e termina em outubro. Um motor de agave emprega 8 trabalhadores, fora o dono do sisal, são eles: o dono do motor (virador) que é responsável pela turma, 2 puxador que trabalha diretamente no motor desfibrando o sisal, 1 cambiteiro o qual leva as folhas do sisal até o motor em burros, 2 cortadores que cortam as folhas, 1 campeira que trabalha com o processo de secagem das fibras e 1 bagaceiro que recolhe o bagaço das folhas deixados pelo motor.

O preço do sisal esse ano era de 0,90 centavos o kg. Esse dinheiro é dividido com os empregados e o dono do sisal da seguinte forma: 0,55 centavos ficam para os empregados que dar uma média de 0,07 para cada um e os 0,30 restantes é do produtor. Por exemplo, em uma semana que se consiga até 1000 kg de sisal, cada empregado tem direito a 70,00R$ e o proprietário com 340,00R$. Com esses dados podemos observar o quanto o preço do sisal tem decaído, uma vez que o apurado com a venda

mal dar para subsistir a produção e as famílias empregadas, que não são apenas os 8 da época da colheita, mas também entram em cena os que tratam da cultura e da propriedade bem antes desse período.

Com base nas respostas colhidas através do proprietário que trabalha há 30 anos com esse tipo de cultura a área do plantio vem diminuindo a cada ano e a fazenda produz anualmente 40 toneladas sem nenhum incentivo do governo. Essa diminuição vem sendo ocasionada devido ao preço que o mercado paga que não é suficiente para manter a produção, pois é de apenas 0,90 centavos o kg, havendo possibilidade de prejuízo. A produção já foi destinada a antiga cooperativa do município, mas atualmente ela é destinada a Remígio-PB. Segundo o proprietário a tendência do sisal é “se acabar,” tendo em vista que o preço pago no mercado não compensa os gastos e o governo não oferece incentivo aos produtores, conforme observa-se na tabela 1.

Tabela 1: Coeficientes técnicos do sisal na Paraíba

No caso dos trabalhadores eles exercem essa atividade em média há 20 anos, na qual, desempenham diversas funções tais como: cortador, bagaceiro, puxador, etc. A participação das mulheres nessa atividade se restringe a função de campeiras. Todos relataram o conhecimento sobre pessoas que sofreram algum tipo de acidente na máquina paraibana que é popularmente como motor de sisal. E com relação a renda semanal obtida por esses trabalhadoras mal dar para sustentar suas famílias.

A produção do sisal tem passado por altos e baixos desde a sua introdução no país. Considerando o contexto atual a produção é mais desorganizada e pouco incentivada pelo governo o que impulsionou a decadência do sisal na região, outro fator que contribuiu também foi a redução do preço por kg/pagos, desestimulando principalmente os grandes produtores que necessitam de uma grande quantidade de mão-de-obra para manter a produção. O kg de sisal na região custa 0,90 centavos nos dias de hoje, o que mal dar para atender as demandas dos produtores, pois as empresas exigem uma fibra de ótima qualidade.

Então, a partir dos relatos do grupo pesquisado afirma-se que os fatores limitantes no desenvolvimento do sisal no sítio Olho Dഺágua do Dedo e região são: o preço que decaio muito, a falta de incentivo, de fábricas ou associações que recebam o sisal produzido, proporcionando um mito no que refere-se ao resgate na lavoura no Curimataú e Seridó paraibano.

5. CONCLUSÃO

Constatou-se com essa pesquisa que o produtor do sisal (agave) no sítio Olho Dഺágua do Dedo demonstra o interesse em continuar com a produção dessa cultura, mas, atualmente está sendo barrado pela falta de incentivação na região e o preço que também mal dar para bancar as despesas com a produção.

Neste contexto, o desenvolvimento de novos sistemas de produção que viabilizem a competição da fibra com os fios sintéticos, a redução de custos de produção, o aproveitamento dos subprodutos do desfibramento e a maior eficiência no processo de descortiçamento, são fundamentais para elevar a sustentabilidade da atividade sisaleira e promover a inclusão social das comunidades que subsistem desta cultura (ALVES, 2004).

Aconselha-se a criação de uma cooperativa particular ou comunitária que além de receber o sisal dos produtores consiga empregar os trabalhadores que participam da colheita do sisal.

Conclui-se, com base nas informações obtidas através das pesquisas literárias e entrevistas na propriedade que o resgate da lavoura do sisal no curimatau e serido paraibano é um mito, uma vez que, os produtores não recebem incentivos por parte do governo e o preço pago pelo mercado não atende aos custos de produção inviabilizando o processo produtivo.

REFERÊNCIAS

ALVES, M.O.; SANTIAGO, E.S.; LIMA, A.R.M. Diagnóstico socioeconômico da região nordestina

produtora de sisal (versão preliminar). Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004. 75p.

GOVERNO DO ESTADO DA PARAÍBA. Secretaria de Agricultura, Irrigação e Abastecimento. Tabela. Disponível em: <www.saia.pb.gov.br/Produtos/Culturas/ sisal.shtml>. Acesso em: 29 jun. 2003

MEDINA, Júlio César. O sisal. São Paulo: Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo/Diretoria de Publicidade Agrícola, 1954. 285p. Distribuição gratuita

MEDINA, J.C. Freqüência e severidade de corte das folhas de sisal. Bragantia, v.13, n.3, p.27-53, 1954b. SILVA, O.R.R.F. da; BELTRÃO, N.E. de M. org. Agronegócio do sisal no Brasil. Brasília: Embrapa- SPI/Embrapa - CNPA, 1999. 205p.

REPETIBILIDADE SOBRE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE PLANTAS DE