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SUSTENTABILIDADE DE AGROECOSSISTEMAS FAMILIARES DE BOM JESUS – RN: PRIMEIRAS ETAPAS DE AVALIAÇÃO DO MESMIS

SILVA, Ranielle Freire1, SILVA, Valdenildo Pedro da2 e REIS, Leci Martins Meneses3

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Norte - Campus Natal Central, 2Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Norte – Campus Natal Central e 3Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Rio Grande do Norte – Campus Natal Central ranyfreire@hotmail.com – valdenildo.pedro@ifrn.edu.br – leci.reis@ifrn.edu.br

RESUMO

Desde os primórdios, a interação da humanidade com o meio ambiente tem ocasionado desequilíbrios devido ao uso irracional dos recursos naturais. Em conseqüência disso, o termo desenvolvimento sustentável tem sido amplamente difundido e trouxe a tona um desafio a ser perseguido: a avaliação da sustentabilidade. Portanto, este trabalho trata-se de uma pesquisa tipo estudo de caso que objetiva avaliar a sustentabilidade de agroecossistemas familiares, situados no município de Bom Jesus no Rio Grande do Norte, em suas dimensões social, econômico e ambiental. Baseando-se nos fundamentos do método MESMIS, inicialmente selecionamos dois agroecossistemas, sendo um convencional e outro alternativo para um estudo comparativo de sustentabilidade. Em seguida, por meio de visitas realizadas a esses agroecossistemas foi possível dar início ao ciclo avaliativo, concentrando-se nas duas primeiras etapas que são: determinação do ambiente do estudo e a determinação dos pontos críticos do sistema agrícola. A partir dessas etapas, serão selecionados os indicadores estratégicos que contribuirão para a determinação do nível de sustentabilidade desses dois agroecossistemas familiares de Bom Jesus.

1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios a interação da humanidade com o meio ambiente trouxe desequilíbrios devido ao uso irracional dos recursos naturais. Em decorrência disso, nos últimos tempos, a discussão sobre sustentabilidade veio à tona e tornou-se um novo valor a ser legitimado (VEIGA, 2010) por todos os segmentos da condição humana. Dentre esses segmentos, merece destaque o da produção agrícola, modernizado por práticas e princípios difundidos pela Revolução Verde1, que baseada no uso intensivo de produtos industrializados, tem afetado as condições socioeconômicas e ambientais de agroecossistemas (ALTIERI, 2004; GLIESSMAN, 2009).

Diante desse novo contexto, as atividades agropecuárias passaram a ser praticadas, nos moldes dessa revolução, modificando assim sistemas agrícolas. Nem os agroecossistemas de base familiar têm conseguido se manter distantes das influências dessa revolução. Ou seja, consoante com o período atual, a agricultura familiar tem, de maneira seletiva e desigual, se apropriado, também, de instrumentos da agricultura moderna ou tecnológica, mesmo com a hegemonia de aspectos de um sistema agroalimentar diversificado de produção, de autoconsumo e de gerenciamento do agroecossistema por meio de membros familiares (LAMARCHE, 1993; WANDERLEY, 1999).

Particularmente, os agroecossistemas familiares situados no município de Bom Jesus-RN têm apresentado situações em que as condições socioeconômicas e ambientais demonstram níveis (in) sustentáveis quanto ao uso e fertilidade do solo, biodiversidade, qualidade da água, contaminação do homem e dos recursos naturais, dentre outros.

Em função do pressuposto considerado acima nos questionamos: em que medida os agroecossistemas familiares, situados no município de Bom Jesus no Estado do Rio Grande do Norte, podem ser considerados sustentáveis, a partir dos fundamentos do método MESMIS?

Nessa perspectiva, com o intuito de responder a essa indagação, o presente trabalho objetiva avaliar a sustentabilidade de agroecossistemas familiares, situados no município de Bom Jesus no Rio Grande do Norte, tendo por base o Marco para Avaliação de Sistemas de Manejo de Recursos Naturais Incorporando Indicadores de Sustentabilidade (MESMIS), a fim de garantir uma metodologia sistêmica que contemplasse as dimensões ambiental, econômica e social.

Seguindo o ciclo de análise proposto pelo MESMIS, neste momento nos propormos a alcançar as duas primeiras etapas do ciclo avaliativo desse método, onde primeiramente foi selecionados dois agroecossistemas familiares, aqui denominados de agroecossistema 1 (caracterizado como alternativo) e agroecossistema 2 (caracterizado como convencional) situados no município de Bom Jesus – RN, que está a 51 Km da capital do estado e limita-se com os municípios de São Pedro, Boa Saúde, Senador Elói de Souza e Macaíba (mapa 1). Em seguida, através das visitas realizadas nas propriedades agrícolas foi possível identificar os pontos críticos, utilizando registros escritos e entrevistas semiestruturadas com familiares, o que possibilitou uma ampla gama de informações sobre as dimensões social, ecológica e econômica (SACHS, 2005) da unidade de produção de base familiar e assim compreender a real situação da sustentabilidade do agroecossistema de produção local.

1Esse é um modelo ou processo que surgiu, por volta de 1960, buscando melhorar o desempenho dos índices de produtividade agrícola por meio de substituição dos moldes de produção locais ou tradicionais, por um conjunto bem mais homogêneo de práticas tecnológicas, uso de variedades vegetais geneticamente melhoradas, muito exigentes em fertilizantes químicos de alta solubilidade, agrotóxicos com maior poder biocida, irrigação e motomecanização (EHLERS, 1999; FERREIRA, 2008).

Mapa 1 – Localização de Bom Jesus – RN Elaboração: Lopes (2010).

Fonte: IBGE.

2. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Com base nos procedimentos propostos pelo método MESMIS que apresenta um ciclo de seis etapas (figura 1), primeiramente definimos e caracterizamos os dois agroecossistema locais selecionados, em seguida procuramos vislumbrar as suas principais características socioeconômicas e ambientais, identificando os eventuais pontos críticos (características positivas e negativas dos agroecossistemas), ou seja, aos aspectos que põem em risco ou fortalecem os atributos da sustentabilidade quanto à produtividade, estabilidade, resiliência, confiabilidade, adaptabilidade, equidade e autogestão de cada agroecossistema em estudo.

A partir da realização dessa fase inicial, verificamos que os pontos críticos diagnosticados no agroecossistema 1, refletiram nas dificuldades na produção, no acesso ao crédito, na disponibilidade e

na qualidade da água, dentre outros de menor relevância. Por outro lado no agroecossistema 2, foram apontados problemas no controle de pragas e doenças, dificuldades financeiras, problemas fitossanitários e escassez de mão-de-obra.

Em suma, o levantamento desses pontos críticos contribui para dar início a um novo ciclo de avaliação da sustentabilidade estabelecido pelo MESMIS, considerando os atributos de produtividade, estabilidade, resiliência confiabilidade, adaptabilidade, equidade e autogestão que permitirá a determinação dos critérios de diagnósticos para a avaliação de cada um desses atributos.

Figura 1- Ciclo avaliativo do MESMIS Fonte: Adaptado de Masera, Astier e Ridaura (1999)

3. CONCLUSÃO

Mesmo sem a conclusão de todas as etapas do ciclo avaliativo propostas pelo MESMIS, pode-se diagnosticar que os agroecossistemas familiares em processo de avaliação (determinação do ambiente do estudo e dos pontos críticos do sistema) apresentam algumas fragilidades que podem estar, de certa maneira, afetando as condições de sua sustentabilidade ambiental, econômica e social. De acordo com o ciclo de avaliação proposto pelo MESMIS, essas etapas são indispensáveis para a condução da definição dos indicadores que serão agrupados de acordo com os atributos acima mencionados e as dimensões de natureza ambiental, econômica e social, e assim, contribuir para a determinação do nível de sustentabilidade dos agroecossistemas familiares de Bom Jesus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTIERI, M. Agroecologia: bases científicas para uma agricultura sustentável. Rio de Janeiro, RJ: Ed. Agropecuária, 2004, 592p.

EHLERS, E. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. Guaíba: Agropecuária, 1999.

FERREIRA, C. M. Fundamentos para a implantação e avaliação da produção sustentável de grãos. Santo Antonio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 2008, 228p.

GLIESSMAN, S. R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2009.

LAMARCHE, H. (Coord.). A agricultura familiar: comparação internacional. Campinas: Unicamp, 1993. MASERA, O.; ASTIER, M.; LÓPEZ-RIDAURA, S. Sustentabilidad y manejo de recursos naturales: el marco de evaluación MESMIS. México: Mundi Prensa, 1999.

SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Garamond, 2000.

VEIGA, J. E. da. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.

WANDERLEY, M. de N. B. Raízes históricas do campesinato brasileiro. In: TEDESCO, J. C. (Org.).

SUSTENTABILIDADE DE AGROECOSSISTEMAS DA BANANA IRRIGADA DO VALE